Departamento de Geografia TÉCNICA, SOCIEDADE E NATUREZA NA LIGAÇÃO RIO DE JANEIRO–JUIZ DE FORA Aluno: Matheus Cavalcanti Bartholomeu Orientador: João Rua Introdução O contexto deste trabalho se insere em um panorama de pesquisas, no Departamento de Geografia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), acerca do processo de metropolização do espaço verificado no estado do Rio de Janeiro. Os estudos do Prof. Dr. João Rua1 permitem captar as diferenciações internas a esse processo, cujos efeitos afetam as relações rural-urbano, criando novas territorialidades. Existem, portanto, interações variadas entre o urbano e o rural que, ainda que sejam assimétricas, centram-se nas cidades e são, em uma escala mais ampla, irradiadas a partir da metrópole. Ao fazermos uma interposição das escalas, poderíamos perceber, ora numa escala mais abrangente, uma “urbanização difusa”, em que aparecem os códigos metropolitanos, comportamentais e culturais, ora numa escala localizada, mais acurada, as leituras particulares desse processo de metropolização. É aí que emerge o rural ressignificado, mas sem deixar de existir, trazendo à tona o conceito de “urbanidades no rural”, territórios híbridos onde rural e urbano interagem [1]. O espaço das urbanidades pode ser analisado por quatro dimensões: sociocultural, socioeconômica, técnico-econômica e físico-natural. A dimensão sociocultural trata da produção cultural, turismo, arte, culinária tradicional etc., representando certo localismo conservador. Os aspectos ligados à dimensão socioeconômica são a apropriação capitalista do espaço, conflitos entre valores de uso e valores de troca, renda territorial e preço da terra, existência de residências secundárias (como casas de veraneio), entre outros. Com relação à técnico-econômica temos adoção de novas tecnologias no campo, turismo alternativo, demanda por produtos agrícolas diferenciados, presença de infraestrutura de serviços coletivos (coleta de lixo, supermercados, escolas, correios…) etc. Por fim, ao tratarmos da dimensão físico-natural, analisamos o sítio físico das construções, bem como a posição relativa de cada cidade em relação às demais e dos eixos de maior densidade de urbanidades em relação aos outros. É necessário dizer que essas quatro dimensões são presentes desigualmente ao longo do tempo [2]. O maior adensamento de urbanidades no rural pode ocorrer preferencialmente ao longo de eixos cuja consolidação de um tipo diferente de ocupação é fomentada por grandes projetos rodoviários (figura 1). A partir da constatação desses eixos no estado do Rio de Janeiro, tivemos liberdade de nos aprofundarmos na pesquisa de um deles: a ligação entre o Rio de Janeiro (RJ) e Juiz de Fora (MG), passando por Duque de Caxias, Petrópolis e Três Rios (RJ) (como evidente no mapa) e situado em um macroeixo de poder fundamental: Rio de Janeiro - Belo Horizonte - Brasília. Na atualidade, a cidade do Rio de Janeiro é uma metrópole de projeção internacional nos campos da cultura e do turismo, mas fica muito aquém de São Paulo ao tratarmos de questões como poder político e poder econômico no cenário nacional, infraestrutura de telecomunicações, centro financeiro etc., competindo mais diretamente com outras cidades brasileiras, tais quais Belo Horizonte (MG) e Brasília (DF). Juiz de Fora, por sua vez, é uma 1 Professor celetista do referido Departamento. Departamento de Geografia cidade média que exerce claro papel de centro regional sobre a Zona da Mata mineira e parte das cidades do vale do rio Paraíba do Sul fluminense. Os principais fatores de centralidade exercidos ligam-se à concentração de serviços como Educação Superior, grandes hospitais etc. A ligação ainda passa por mais dois municípios de porte médio – Petrópolis e Três Rios – e um de porte grande – Duque de Caxias – que exercem centralidade em nível local. Duque de Caxias tem situação peculiar, pois faz parte da Área Metropolitana do Rio de Janeiro (AMRJ), dependendo bastante dos serviços presentes na capital fluminense, muitos deles oferecidos de forma precária no próprio município. Há ainda, quatro municípios de pequeno porte e baixa expressividade econômica e política que integram o eixo: Areal, Comendador Levy Gasparian (RJ), Simão Pereira e Matias Barbosa (MG). Figura 1: Mapa de eixos de maior densidade de urbanidades no estado do Rio de Janeiro. O eixo na porção central, entre Duque de Caxias e Três Rios é parte da ligação Rio de Janeiro - Juiz de Fora, cujos estudos são apresentados neste relatório. [3, p. 2] Na região desse recorte geográfico encontram-se os maciços das Serras dos Órgaõs (nas proximidades de Petrópolis) e da Mantiqueira (nas proximidades de Juiz de Fora), onde a paisagem foi controlada por um sistema de falhamento em horst e graben em que nas depressões foram alojadas várias sequências sedimentares cenozoicas em bacias. Uma porção dela (a centro-norte do recorte) faz parte da Faixa Móvel Ribeira, em compartimentos orientados NE-SW. O evento tectônico foi formado por uma compressão dúctil, associada à orogenia brasiliana no Neoproterozoico [4]. Outros dois eventos de estilo tensional estão associados à abertura do proto-Oceano Atlântico durante o Jurássico e ao rifteamento continental neocretácico e paleogênico, caracterizado por um sistema de falhas normais, com planos orientados ENE e mergulho para SE, originando soerguimentos e subsidências diferenciais [5]. O deslizamento gravitacional ao longo das linhas de fraqueza pré-cambrianas Departamento de Geografia foi responsável pelo basculamento de blocos crustais, configurando cristas de altitudes apreciáveis nas Serras da Mantiqueira e do Mar e no maciço da Carioca (no município do Rio de Janeiro) e depressões intermediárias: os denominados semi-grabens do Paraíba do Sul (nas proximidades de Três Rios) e da Baixada Fluminense (nas proximidades de Duque de Caxias) [6]. Desse modo, tais serras se apresentam como escarpas de linhas de falhas com desníveis consideráveis (figura 2, para o trecho até o rio Paraíba do Sul). Figura 2: Corte esquemático segundo a direção SSE-NNW entre o Oceano Atlântico e o vale do Paraíba. [7, p. 4] Hoje é possível observar um processo de metropolização do espaço que ocorre na ligação entre as cidades do Rio de Janeiro e de Juiz de Fora. A partir da capital fluminense se disseminam o tempo, as formas e a racionalidade metropolitana. Entretanto, essa difusão de símbolos e signos não se dá uniformemente por todo o espaço, de modo que para podermos compreendê-la com mais clareza, precisamos examinar as distintas periodizações do processo de ocupação ao longo e no entorno das rodovias e ferrovias. Em cada compartimentação temporal, constatamos diferentes modos pelos quais se dá a interação entre as dimensões físico-natural e social do espaço geográfico. Baseados em marcos temporais associados à evolução da técnica rodoviária, dividimos em três o decorrer do processo de ocupação da ligação. Antes de discriminá-los, necessitamos acrescentar que a técnica precisa ser entendida como continente de aspectos “humanos” e “não-humanos” e, portanto, capaz de superar dicotomias, como a entre natureza e cultura [8]. O primeiro período se estende de 1861, ano da inauguração da Estrada União e Indústria, entre as cidades de Petrópolis e Juiz de Fora, a 1928, quando a Rodovia Washington Luís foi aberta, ligando aquela cidade a sua capital. Esse momento se caracteriza por já podermos chamar a ligação em questão de um eixo de urbanização, ainda que esta ainda se realize incipientemente. Também possui como característica o grande condicionamento do traçado das estradas aos fatores geomorfológicos e potamográficos. O segundo período compreende de 1928 a 1973, quando foi aprovado o Plano Nacional de Viação, efetivando a rodovia BR-040 como estrada de ligação entre Brasília (DF) e Rio de Janeiro, passando por Juiz de Fora. Aqui já podemos tratar da consolidação da urbanização ao longo do eixo, bem como de drástica diminuição da sujeição da técnica aos aspectos físicos do ambiente. Por fim, o terceiro momento diz respeito ao atual, desde 1973, em que a técnica se desenvolve sobremaneira, e o eixo passa a se caracterizar como um eixo de metropolização, processo que adere ao espaço características metropolitanas, como alta densidade de fluxos de informação e capitais e aumento da força das relações com outras metrópoles [9]. Objetivos Nossos principais objetivos são elucidar os diferentes momentos da ocupação ao longo das estradas (tanto rodoviárias como ferroviárias) de ligação entre Rio de Janeiro e Juiz de Fora, de modo a entender o atual processo de disseminação da lógica e da racionalidade metropolitana pelo interior, e discutir o papel da técnica na sujeição ou não aos condicionantes físico-naturais deste estabelecimento das populações, entendendo a influência que exerceram sobre ele, contribuindo para direcioná-lo alhures ou assentá-lo em Departamento de Geografia determinados locais. Assim, tentamos compreender o desenvolvimento espacial histórico da ligação mediante análise do papel das cidades, do modo de produção e de organização da sociedade e dos próprios eixos viários nos distintos períodos. Sendo assim, temos como norte a construção de um estudo que permita integrar perspectivas tradicionalmente rotuladas como de Geografia Humana e de Geografia Física, sem dicotomizá-las ou tratar a segunda apenas como um substrato ou cenário onde ocorrem as relações pesquisadas pela primeira. Por fim, também objetivamos contribuir para que moradores e estudiosos tenham olhar crítico sobre as rápidas transformações já vividas e em execução na área (ou em outras assemelhadas) e motivação para um agir político comprometido. Metodologia Amparamo-nos na abordagem pluriescalar e multidimensional do espaço geográfico, bem como nos esclarecimentos de Edgar Morin e outros sobre o Paradigma da Complexidade, para entendermos e darmos relevo aos estudos, como pretende o nosso, que procuram integrar Geografia Física e Geografia Humana. Entretanto, por ocasião da falta de um método único mais crítico que o Positivismo para abranger as diferenças entre os estudos das ciências naturais e das ciências sociais, utilizamos modelos diferentes para analisar cada dimensão do espaço geográfico. O Paradigma da Complexidade também se aplica ao querermos dizer que a análise das cidades evidencia aspectos da ligação, bem como da organização societária, assim como a análise do eixo também revela características da sociedade como um todo. É como a metáfora do holograma, em que As partes reais são tão plenas como a totalidade de que são parte. Cada parte, portanto, é a totalidade condensada na parte. Cada parte é “Aleph” do qual podemos ver, descobrir, ler ou interpretar a totalidade, mediante a expansão escalar centrada sobre a parte. [10, p. 5]2 Atentamos para o fato de que o uso de métodos e, portanto, teorizações distintas, não elimina a possibilidade de integração entre ambos. É preciso apenas tomar cuidado, como alertamos anteriormente, para não subjugarmos a dimensão física do espaço à dimensão humana, como se fosse um mero receptáculo das ações. Igualmente, não podemos cair no erro corrente do passado e sobrevalorizar aquela dimensão, retornando ao determinismo geográfico. Portanto, quanto às questões sociais, adotamos o método materialista histórico e dialético, cuja ênfase na superação de contradições e na evolução histórica nos é interessante. Por sua vez, ao tratarmos da dimensão físico-natural, recorreremos às elucidações da Teoria Geral dos Sistemas, compreendendo as diferentes escalas dos fenômenos. Por sua vez, listamos entre os procedimentos investigativos empregados o levantamento e análise bibliográfica, tanto de leituras acerca do recorte geográfico adotado quanto acerca das bases teóricas para a pesquisa; constantes observações de campo, uma vez que o autor realiza o percurso Rio de Janeiro-Juiz de Fora com frequência; reunião ou coleta e exame de dados estatísticos e documentos históricos, inclusive fotografias e vídeos, para auxiliar na compreensão da organização nos períodos passados, entre outros. Apoiamo-nos, também, ns da Geografia Histórica, como a divisão do tempo em períodos. Essas periodizações e marcos não podem ser tratados como compartimentações e datações cronológicas inflexíveis [8], apenas como aproximações didáticas. É imperativo tratá-los com maleabilidade, pois especificidades que não se adequarão às datas adotadas provavelmente ocorrerão, uma vez que é impossível sua análise exaustiva – a qual nem temos a pretensão de atingir – e, igualmente, há alto grau de subjetividade nas próprias delimitações, pois são fruto da arbitrariedade do pesquisador 2 Traduzido livremente do idioma espanhol. Departamento de Geografia A ocupação antes de 1861 No início do século XVIII deu-se o início da expressiva ocupação portuguesa no interior do atual estado fluminense e na atual Zona da Mata mineira. As reservas auríferas descobertas no sertão levaram a forte deslocamento da população para o Sudeste brasileiro. Entre os caminhos abertos para ligar o interior aos portos exportadores estava o Caminho Novo de Garcia Rodrigues Pais, e uma variante sua, mais curta, o Caminho do Proença, passando pelas áreas dos atuais municípios de Petrópolis, Paraíba do Sul (RJ), Juiz de Fora, entre outros. Ao longo da via, surgiriam roças para prover os tropeiros de pouso, alimentação e segurança [11]. Algumas delas deram origem, com seu crescimento populacional, a cidades, como ocorrido com as mineiras Simão Pereira, Matias Barbosa e Juiz de Fora. No segundo quarto do século XIX, duas importantes obras na ligação Rio-Juiz de Fora foram realizadas em paralelo. O melhoramento e ampliação do Caminho Novo desde o Rio Paraíba do Sul a Juiz de Fora foi executado pelo engenheiro alemão fundador da cidade Fernando Halfeld, criando a Estrada Nova do Paraibuna [12]. A construção da Estrada Normal da Serra da Estrela foi uma incumbência de Dom Pedro II a outro engenheiro alemão, Júlio Frederico Koeler, para facilitar a subida até Petrópolis, onde o imperador costumava passar temporadas. Esta estrada, entretanto, ia além, em direção ao rio mencionado. Em 1854, o Barão de Mauá implantou a Imperial Companhia de Navegação a Vapor e Estrada de Ferro de Petrópolis, imprimindo maior agilidade ao transporte da capital à Estrada Normal da Serra da Estrela. Animado com a economia e rapidez garantidas pelas ferrovias, o Governo Imperial decidiu criar, em 1855, a Companhia de Estrada de Ferro D. Pedro II, com o fim da integração territorial nacional. Contemporaneamente, o comendador barbacenense Mariano Procópio empreendeu a Estrada União e Indústria, a primeira rodovia brasileira, exclusivamente com trabalho assalariado e, principalmente, de imigrantes alemães trazidos para Juiz de Fora [12]. O período 1861-1928 O principal fim da construção da malha rodoferroviária, de tecnologia estrangeira, foi propiciar as condições ideais para o escoamento da produção de café, garantindo maior rentabilidade. Com a plena decadência da exploração de ouro e diamantes em ocasião da escassez das minas, a Corte e a aristocracia colonial encontraram no café novo produto primário de exportação para sustentar seus gastos e reequilibrar a balança comercial. As condições ótimas de temperatura e pluviosidade para essa cultura na região do Vale do Rio Paraíba do Sul, levaram ao sucesso da produção [13], que já na década de 1840 era a de maior representatividade na pauta de exportações brasileira [14]. Portanto, podemos dizer que o café efetivamente assentou a população neste espaço, sendo o principal fim da construção da malha rodoferroviária, de tecnologia estrangeira, propiciar as condições ideais para seu escoamento, garantindo maior rentabilidade. A centralidade carioca progressivamente se consolidava durante o século XIX, uma vez que o Rio de Janeiro assistia a modificações substanciais tanto na aparência como no conteúdo da cidade. A vinda da família real impõe ao Rio uma classe social até então praticamente inexistente. Impõe também novas necessidades materiais que atendam não só aos anseios desta classe, como facilitem o desempenho das atividades econômicas, políticas e ideológicas que a cidade passa a exercer. A independência política e o início do reinado do café geram, por sua vez, uma nova fase de expansão econômica, resultando daí a atração – no decorrer do século e em progressão crescente – de grande número de trabalhadores livres, nacionais e estrangeiros. A partir de meados do século a cidade passa a atrair também numerosos capitais internacionais, cada vez mais disponíveis e à procura de novas fontes de reprodução. Grande parte deles é utilizada no Departamento de Geografia setor de serviços públicos (transporte, esgoto, gás, etc. [sic]), via concessões obtidas do Estado. [15, p. 35] O momento que se inicia com a inauguração da Estrada União e Indústria, em 1961, abrange um processo de urbanização embrionário. Ele não se realiza em plenitude, mas já se podem notar indícios de algumas de suas contradições: formação de subúrbios, de complexos industriais etc. Evidenciam-se os aspectos iniciais do fenômeno em que o “tecido urbano prolifera, estende-se, corrói os resíduos de vida agrária” [16, p. 17, grifo do autor]. O processo em questão vive, por conseguinte, uma transformação em sua estrutura: de uma sociedade de organização protocapitalista a uma organização societária capitalista. O regime de acumulação baseado na mão-de-obra escrava gradualmente dá lugar ao de trabalhadores assalariados (imigrantes europeus ou não). A “troca comercial torna-se função urbana; essa função fez surgir uma forma (ou formas: arquiteturais e/ou urbanísticas) e, em decorrência, uma nova estrutura do espaço urbano” [16, p. 23]. As contradições entre as diferentes lógicas pode se refletir na interação do urbano com o rural ao longo do eixo. Os senhores rurais do Império “não se limitaram (…) a erigir uma poderosa estrutura econômica na cordilheira [a Serra do Mar fluminense]. Por meio dela civilizou-a, dando-lhe o máximo esplendor cultural então possível, sob um regime de escravidão.” [17, p. 316] A lógica de expansão das urbanidades e do modo de vida burguês capitalista no Brasil contrastava com uma tradição escravista arraigada. A Lei Eusébio de Queirós, de 1850, proibindo o tráfico negreiro internacional, “marca o início de um processo onde [sic] diferentes leis e decretos representam diferentes momentos ou simples – mas não inúteis – reafirmações do princípio da abolição progressiva da escravidão no Brasil” [18, p. 41]. Neste ínterim, no Rio de Janeiro, através da expansão da malha urbana, trabalhava-se para separar as classes sociais que se misturavam no centro colonial. Essa separação só foi possível, entretanto, devido à introdução do bonde de burro e do trem a vapor que, a partir de 1870, constituíram-se nos grandes impulsionadores do crescimento físico da cidade.3 Um crescimento que segue a direção das “frentes pioneiras urbanas”4 já esboçadas desde o Século XVIII, mas que é agora qualitativamente diferente, já que os usos e classes “nobres” tomam a direção dos bairros servidos por bondes (em especial aqueles da zona sul), enquanto que para o subúrbio passam a se deslocar os usos “sujos” e as classes menos privilegiadas. [15, p. 36-37] Não só os fixos sofreram os efeitos do período de transição, mas da mesma maneira os fluxos. O café sob a ótica capitalista demanda melhores redes de circulação, tanto de mercadorias e pessoas quanto de capitais. Exemplo disso, a Estrada União e Indústria foi inaugurada em 1861 pelo Imperador D. Pedro II. Como o meio de locomoção pela Estrada era a diligência, durante o percurso havia estações, servindo à distribuição do café e às mudas, ou seja, às trocas dos cavalos por outros descansados a cada trecho. No entorno dessas estações proliferaram-se povoados, como Pedro do Rio e Posse (hoje distritos de Petrópolis), Três Rios e Comendador Levy Gasparian. À medida que a rodovia avançava em construção para o interior, determinadas estações ganhavam ou perdiam importância relativa: ou por se aproximarem de novas plantações de café ou pelo fato de não convergirem mais tantos fluxos – alguns fazendeiros de terras mais distantes passavam a ter a possibilidade de escoar a produção para a estação mais próxima, como foi o caso de Pedro do Rio [12]. A técnica rodoviária da época ainda era muito pouco desenvolvida, de modo que o rasgo da rodovia (figura 3) precisou acompanhar o curso dos rios Piabanha e Paraibuna, estabelecendo a construção a suas margens ou, como de costume, à meia vertente. 3 4 Bernardes (1959), conforme citada pelo autor. Bernardes (1959), entre aspas duplas, conforme citada pelo autor. Departamento de Geografia Figura 1: Mapa altimétrico de localização da Estrada União e Indústria e dos principais condicionantes hidrogeomorfológicos de sua construção. “A Serra dos Órgãos é um bloco falhado, modelado pela erosão fluvial e basculhado para o norte” [7, p. 5], propondo a existência de possíveis “falhas transversais, orientadas sulnorte, delimitando blocos e explicando a depressão e a dissimetria do relêvo do vale do rio Piabanha e, sobretudo, seu brusco abaixamento a oeste da serra da Estrêla” [7, p. 7]. Porém, concordamos com a admissão de que a hipótese de fraturas paralelas, e não falhas, correspondendo “à orientação dos rios Ubá, Piabanha, Paquequer Pequeno e Paquequer, em grande extensão dos respectivos cursos, e, provavelmente, na margem esquerda do Paraíba ao trecho final do Paraibuna e ao seu afluente o rio Cágado” [17, p. 37] é mais razoável. A mesma fratura sobre a qual o leito do baixo Piabanha corre teria atravessado o Paraíba do Sul próximo à cidade de Três Rios, cortando a Zona da Mata mineira e condicionando os cursos do Cágado e da porção final do Paraibuna. Entretanto, a confluência tripla dos rios Piabanha, Paraíba do Sul e Preto (do qual o Paraibuna é afluente ligeiramente a oeste), bem como o cotovelo no baixo curso do rio Preto passando de uma orientação paralela à do Paraíba para uma orientação N-S, parecem indicar um falhamento [19] que deslocou a Departamento de Geografia própria fratura Piabanha-Paraibuna, em sua parte setentrional, para oeste. Desse modo, a Estrada União e Indústria se aproveitou das capturas de drenagem em favor do Paraíba do Sul para penetrar a Serra da Mantiqueira, ainda que esta fosse de transposição mais fácil em virtude do relevo já bem mais dissecado e mamelonar. Na descida do Piabanha, podiam ser notadas muitas cascatas e rápidos, porque “quando os rios se aprofundaram no nível das colinas, nas quais a espessura da camada de decomposição é geralmente grande, encontraram bancos de rochas duras que dificilmente transpuseram e onde persistem rápidos e mesmo cascatas. Os rios transversais, isto é, orientados sensivelmente sul-norte, modelaram, pois, uma série de vales largos com fundo chato, inundados por ocasião das cheias anuais, seguidos por gargantas que testemunham uma trabalhosa adaptação apalachiana.” [7, p. 10-11] Klumb [20] conta um episódio em que teve de ser reformada a Ponte do Bonsucesso por ocasião de inundação ocorrida em janeiro de 1866, reconhecidamente um período do ano de fortes precipitações, numa área em que o fator orográfico as torna ainda mais intensas. O grande obstáculo na construção da rodovia, porém, foi, de fato, a Serra do Taquaril, onde “imensas paredes de granito elevam-se verticalmente de cada lado da estrada (…). Esta parte da estrada é quase toda lavrada na rocha, pendora o precipício, no fundo do qual correm roncando as ondas iradas do Piabanha. Neste lugar do Taquaril selvagem e majestoso existe o único abaixamento desta serra que tínhamos à nossa esquerda desde Petrópolis, e portanto o único desfiladeiro possível para passar do vale superior do Piabanha ao da Posse.” [20, p. 42] Neste local, onde foram exigidos “vários altos cortes na rocha (o maior dos quais com 425m), diversos aterros e construção de muros de arrimo com até 18m de altura” [12, p. 42], a fratura do Piabanha pode passar a uma verdadeira falha [17]. Revolucionando o sistema de transportes no Brasil, a Companhia União e Indústria proporcionou, tanto para os fazendeiros quanto para os comerciantes, além de maior garantia no escoamento da produção e maior regularidade no abastecimento, uma infraestrutura fundamental que lhes permitiu certas economias de escala, libertando-os dos encargos e do ônus da manutenção de uma frota particular de muares para garantir o fluxo de mercadorias, e da morosidade e insuficiência dos transportes. [21, p. 23-24] Porém, a lucratividade da Companhia logo foi seriamente ameaçada pela Estrada de Ferro D. Pedro II. Em 1867, a ferrovia chega a Três Rios implicando na obrigatoriedade da transferência de todo o carregamento de mercadorias dos carroções da companhia para o trem, a um custo três vezes menor. Quando o trem finalmente chegou a Juiz de Fora (…) foi selado o fim definitivo da Companhia União e Indústria (…) [12, p. 24] À mesma época, a Companhia Estrada de Ferro Leopoldina “surgiu por iniciativa de fazendeiros da Zona da Mata” [22, p. 55] Posteriormente, incorporou e construiu cada vez mais trechos. Em local de encruzilhada destas ferrovias, Três Rios passou a alcançar mais relevância na dinâmica dos transportes do médio Vale do Paraíba, em detrimento do resto do município de Paraíba do Sul, impulsionando o comércio com a baldeação de mercadorias [17]. A competição entre os dois empreendimentos ferroviários na região levou ao acréscimo na qualidade dos serviços, à baixa dos preços e foi fator adicional para a derrocada da Estrada União e Indústria na disputa pela preferência do transporte até o litoral. Juiz de Fora, no início deste período, tinha possibilidades abertas devido à polarização exercida no armazenamento e transporte de mercadorias agrícolas, dentre as quais a principal era o café. A cidade “se torna o grande entreposto cafeeiro da época, em Minas, desempenhando o mesmo papel que São Paulo terá nas décadas seguintes em relação ao café produzido no interior deste estado e que tem que ser reunido para descer a serra e ser exportado” [23, p. 210]. Tanto acúmulo de dinheiro nas mãos dos transportadores de café Departamento de Geografia juiz-foranos fez com que eles procurassem novas aplicações. Seguindo a tendência internacional, algum investimento acabava atingindo setores econômicos externos àquele em que se originou, principalmente aqueles vinculados ao universo urbano do sistema, correspondendo a uma transferência intersetorial dos recursos gerados na economia e evidenciando as articulações entre os investimentos do capital agrário e o processo de expansão capitalista. [24, p. 9] Em 1868, um plano de estruturação urbana em Juiz de Fora foi criado, intensificando seu comércio, e em 1870 foram instalados um telégrafo, imprensa local, um fórum de justiça, um banco etc. Essas utilidades sacramentaram a cidade como “principal centro urbano e comercial da Zona da Mata, para o qual convergiam interesses diversos, tanto dos comerciantes como da aristocracia cafeeira” [25]. A ascensão econômica de alguns imigrantes, especialmente alemães, ocorre nesse contexto. Barros (2008), no entanto, mostra que o desenvolvimento industrial em Juiz de Fora não nasce de seu pioneirismo – os alemães eminentes dedicaram-se mais às atividades mercantis –, mas da “transferência de rendas do setor agro-exportador [sic] para bancos e casas bancárias, disponibilizando, assim, créditos para outros setores, sobretudo o fabril” [25, p. 4]. O empreendedor paraopebense Bernardo Mascarenhas, por exemplo, oriundo de família com tradição na produção pecuária, mudou-se para Juiz de Fora onde instalou diversas empresas: o Banco Territorial e Mercantil de Minas (BTMM), em 1887 – para “investir na reprodução ampliada da economia local, rompendo amarras importantes com o capital sediado no Rio de Janeiro” [26, p. 2] –; a Companhia Têxtil Bernardo Mascarenhas e a Companhia Mineira de Eletricidade (CME), em 1888; a Usina Hidrelétrica de Marmelos – a primeira do tipo na América do Sul, construída para fornecer energia para suas fábricas e iluminação pública para a cidade – e o Banco de Crédito Real (Credireal), em 1889 – a fim de financiar fazendeiros da região e firmas urbanas. Além disto, ao apoiar o setor de transportes ferroviários, se tornou o responsável direto pelo afastamento do comissário de café fluminense da órbita agro-exportadora [sic] local, elemento que fazia o lucro dos cafeicultores diminuir, uma vez que atuava como entreposto entre os produtores locais e as firmas exportadoras do Rio de Janeiro. [26, p. 7] O crescimento industrial e urbano de Juiz de Fora prosseguiu de maneira mais ou menos estável até a década de 1930. O café do planalto paulista já tinha obtido maior expressividade do que o do Vale do Paraíba e, a partir de 1907, a superprodução do café brasileiro e sua crise no mercado internacional foram fatores que abalaram esse desenvolvimento. Ainda assim, o Governo, dominado pela aristocracia cafeeira, era obrigado “a sustentar seu preço através de uma política de valorização pela retenção de estoques, e a manter o câmbio baixo, visando a incentivar sua exportação”, decisão “mais atraente ainda aos bancos e às firmas comissárias e exportadoras, que financiavam a produção” [15, p. 71]. Analogamente, a indústria em Petrópolis também cresceu durante esses anos, embora menos diversificada e forte do que em Juiz de Fora, estagnando-se, da mesma maneira, no período seguinte. As companhias têxteis, como a Imperial Fábrica de São Pedro de Alcântara e a Companhia Petropolitana, foram as mais promissoras. O êxito delas se deve a alguns aspectos naturais propícios e, principalmente, à proximidade com a capital. Com a conclusão, em 1883, da Estrada de Ferro Príncipe do Grão-Pará, entre o Rio de Janeiro e o município serrano, essa interação foi ainda mais favorecida [27]. A evolução urbana do Rio de Janeiro se deu de modo diferente. A concentração de capitais estrangeiros, a criação e acumulação de capitais nacionais, o crescimento veloz da economia brasileira, a ampliação da exportação, a inserção do Brasil no contexto do comércio internacional, o crescimento industrial carioca e o fato de a cidade ter se consolidado como Departamento de Geografia centro das decisões políticas “exigiam uma nova organização do espaço (…), condizente com esse novo momento de organização social” [15, p. 59]. A maior expressão dessa reorganização, inclusive com valores simbólicos, do espaço urbano na capital ocorreu entre 1903 e 1906, durante a gestão do prefeito Pereira Passos. Destacam-se obras viárias, de embelezamento, de saneamento e higiene, condizentes com as novas bases econômicas e ideológicas. A eclosão da Primeira Guerra Mundial, se por um lado levou a um decréscimo nas exportações de café, ocasionou, por outro, a retenção de grande parte dos capitais que se evadiam do país (através da importação, turismo das classes abastadas e remessas de dinheiro feitas por imigrantes recentes), que foram preferencialmente aplicados na criação de novas indústrias, e no desenvolvimento das preexistentes.5 E isto se deu em grande parte na capital da República, detentora do maior mercado consumidor nacional e do mais importante parque industrial do país. [15, p. 71-72] Muitas características deste período se mantiveram até perto de 1928. A partir daí, já tratamos de um eixo de urbanização consolidada entre Rio de Janeiro e Juiz de Fora, muito embora em alguns locais esta urbanização ainda seja incipiente. Além disso, aumenta a intervenção do Estado na economia, como no governo Vargas, e privilegiam-se os automóveis em detrimento dos trens, levando à erradicação de muitas ferrovias. O período 1928-1973 A pesquisa sobre o desenvolvimento espacial da ligação Rio de Janeiro – Juiz de Fora neste período ainda está em momento inicial. Entretanto, isso não nos impede de efetuar alguns esclarecimentos. Num país essencialmente agrário como o Brasil, a crise de 1929 se refletiu, também e principalmente, no campo, que passou a liberar quantidade considerável de mão-de-obra. Grande parte dessa força de trabalho deslocouse para a Capital da República, em busca dos empregos gerados tanto pela expansão das atividades comerciais e de prestação de serviços que acompanhavam o crescimento demográfico. [15, p. 96] Ao mesmo tempo, o crescimento de Belo Horizonte, a nova capital de Minas Gerais, foi redefinindo a hierarquia urbana nesse estado. Políticas econômicas estaduais no sentido de prevalecer Belo Horizonte, crise da produção cafeeira, concentração da produção industrial no setor têxtil, concorrência com São Paulo e Rio de Janeiro e baixa produtividade das empresas levaram a um declínio da indústria juiz-forana a partir da década de 1940, com indícios de crise desde 1930 [28]. Dessa maneira, o eixo entre Rio de Janeiro e Juiz de Fora, de urbanização já consolidada em grande parte dele, passa a extrapolar-se para Belo Horizonte. Essa importância do interior mineiro, diferente, desta vez, por não ser mais baseada na exploração de ouro, mas na própria indústria e na criação de gado, leva à construção de uma nova rodovia, a Washington Luís, concluída em 1928. Acreditamos que o fato de a primeira rodovia asfaltada do Brasil ter se dado nesta ligação, no trecho entre o Rio de Janeiro e Petrópolis, se associe, entre outros, ao fato de que na ligação Rio-São Paulo, mais importante economicamente, a ferrovia ainda cumpria bem seu papel, se comparada com a estrada de ferro de cremalheira que subia a Serra dos Órgãos, cuja viagem se fazia mais lentamente. Esta construção denota nova fase na relação sociedade-natureza através da técnica, em que a natureza se caracteriza como mera indutora dos subeixos preferenciais de urbanização, não mais como condicionante deles. 5 Basbaum (1976), conforme citado pelo autor. Departamento de Geografia A crise do capitalismo mundial levou à redefinição da divisão internacional do trabalho e da produção dos países dependentes, bem como a nova orientação da política econômica em âmbito mundial. Dessa maneira, o primeiro governo de Getúlio Vargas (19301945) se torna exemplo bem acabado de uma política estatal intervencionista e da busca pelo modelo de substituição de importações, incentivando a indústria de base brasileira. Obviamente, essa mudança levou à queda do principal meio de transporte do modelo agroexportador anterior, a ferrovia, contribuindo para a ascensão do desenvolvimento rodoviário-automobilístico [29]. O início deste período marca uma descontinuidade fundamental no processo de evolução social e política do país, cujas lideranças passam agora a buscar nas cidades – e não mais no campo – o respaldo necessário para sua legitimidade. Essa busca vai se refletir no espaço urbano carioca segundo formas diversas. Em primeiro lugar, através de uma atitude governamental favorável aos interesses fabris, que resultará em investimentos públicos de vulto nas áreas industriais; em segundo lugar, via a promulgação de uma série de “leis trabalhistas”, que, embora objetivando principalmente o controle da capacidade de organização da classe operária, terão também um papel importante no crescimento do fluxo migratório à capital da República, dado que sua aplicação se restringia às áreas urbanas; em terceiro lugar, e como conseqüência [sic] das duas primeiras, através do aumento da densidade populacional das áreas suburbanas, como do número de favelas da cidade. [15, p. 97-99] Logo, neste período, temos um arrefecimento da indústria que se fazia presente em maior peso em Juiz de Fora, mas também, de certa maneira, em Petrópolis e Três Rios. Também vemos o crescimento populacional da Baixada Fluminense, onde se encontra o município de Duque de Caxias, mas, nesse momento, sob uma ótica assemelhada a de uma cidade-dormitório. O Rio de Janeiro, por sua vez, perde boa parte de sua influência política e econômica para São Paulo, onde as indústrias vão se concentrar sobremaneira, gerando a efervescência econômica do ABC paulista quando elas saem do centro paulistano. Vale lembrar que, de modo análogo, o custo de manutenção industrial nas áreas centrais da cidade do Rio de Janeiro, associado à valorização imobiliária como destino das classes mais altas, as direciona para os subúrbios, reforçando a lógica dos “usos sujos” evidenciada no primeiro momento. A expansão viária para estes locais mais distantes esteve no bojo da explosão metropolitana carioca a partir da década de 1960. O que ocorreu, na transição do Governo Vargas para o Governo Kubitschek, foi uma mudança essencial na ideologia do desenvolvimento. (…) passou-se das formulações e decisões que se orientavam no sentido de criar um sistema econômico de tipo nacional para as formulações e decisões que se orientavam no sentido de desenvolver um sistema capitalista de tipo associado. [30, p. 184] Juiz de Fora não esteve presente nos grandes investimentos industriais do Plano de Metas juscelinista, centrado nos bens de capital e bens de consumo duráveis. Quando foi beneficiada indiretamente, como com a instalação da Facit S.A. Máquinas de Escritório e da Becton Diskinson Indústrias Cirúrgicas Ltda., o fato de serem de capital de internacional não mudaram a tendência de declínio industrial da cidade. Dificuldades infraestruturais em Juiz de Fora, como no setor energético, de transportes, de abastecimento de água e de saneamento), combinados ao declínio do Rio de Janeiro – inclusive perdendo o posto de capital da República com a construção de Brasília –, cuja influência sobre a cidade era maior que a de São Paulo, ainda contribuíram para agravar a situação [28]. Departamento de Geografia A crise econômica e política brasileira dos anos 60 acentuou os problemas da indústria local, entretanto, a partir do governo local de Itamar Franco (1968/72), iniciou-se um processo de reequipamento da infra-estrutura da cidade (Distrito Industrial de Benfica e sistema de telecomunicações e abastecimento de água), objetivando criar condições para uma nova fase de industrialização na cidade. [28, p. 10] O período 1973-presente Da mesma maneira que o período anterior, nosso estudos sobre este último momento da ligação Rio-Juiz de Fora também não estão tão consolidados quanto os do primeiro. Mas, também, igualmente, nos permitirmos fazer certas observações. Neste período, podemos dizer que ocorre um processo de metropolização do espaço no eixo estudado. Este processo não se dá uniformemente por todo ele, mas distintamente em espaços também distintos. O sentido que “metropolização”busca exprimir é, justamente, o sentido de ação, de processo; especificamente indica uma ação continuada, um processo. Busca expressar um processo relativo ao espaço. Assim, (…) enquanto a idéia [sic] de metrópole se relaciona a de cidade, a de metropolização a ultrapassa. Quando falamos em metropolização, estamos falando de um processo socioespacial, de um processo que imprime ao espaço características metropolitanas; por exemplo, alta densidade, em tremos relativos, de fluxos imateriais e freqüentes [sic] e significativas relações com outras metrópoles, mormente as chamadas cidades globais. Ou seja, falamos de tanto de um processo que transforma as cidades em metrópoles como de um processo socioespacial que impregna o espaço de características metropolitanas. [9, p. 47] Não se trata mais de criar cidades, de desenvolver a rede urbana ou a urbanização em sentido restrito; trata-se de desenvolver condições metropolitanas que são imprescindíveis para a reprodução do capital, subvertendo toda a lógica urbana herdada e negando a cidade. [9, p. 48, grifo da autora] Nesta ligação, pois o processo de metropolização do espaço é irradiado a partir do Rio de Janeiro. As marcas do início deste processo no eixo em questão remontam ao governo militar, quando a política econômica brasileira passa por nova mudança, em que o modelo de substituição de importações e o intervencionismo estatal dão lugar à sujeição à norma neoliberal, cujas orientações emanam principalmente de organismos e instituições econômicas e financeiras supranacionais, como o FMI e o Banco Mundial. Ocorre, pois, maior necessidade de integração do território nacional, tanto nas telecomunicações, como no setor de transportes, de modo que a prevalência é dada para os automóveis e a rodovia, conforme já se efetuava, principalmente no governo de JK. Assim, em 1973, ocorre a efetivação da BR-040 pelo Plano Nacional de Viação, ligando a cidade do Rio de Janeiro a Brasília e cortando, além do estado do Rio de Janeiro e do Distrito Federal, os estados de Minas Gerais e Goiás. Poucas alterações no percurso da antiga Rio–Petrópolis e da Estrada União e Indústria foram feitas, englobando-as no trajeto total da BR-040 (figura 4). Na década de 70, em Juiz de Fora, dois investimentos do setor metalúrgico constituíram tentativa de reindustrialização: a Siderúrgica Mendes Júnior (SMJ), posteriormente Belgo Mineira e atualmente Arcelor-Mittal; e a Companhia Paraibuna de Metais (CPM). Embora os dois projetos industriais tenham contribuído para a diversificação da estrutura produtiva local, ambos constituíram fenômenos isolados, pois não geraram um conjunto de empresas encadeadas aos processos produtivos que Departamento de Geografia viabilizassem a expansão do efeito multiplicador de renda e emprego no município. Assim, os empreendimentos constituíram-se em “enclaves” sem maiores rebatimentos interindustriais, a montante e a jusante. [28, p. 10] Figura 4: Mapa descritivo da BR-040 em relação a outras rodovias brasileiras. [31] Nos anos 1990, após o governo militar, portanto, a descentralização das decisões políticas, dando mais autonomia para as esferas municipais, foi reflexo e indutora de um processo de privatização e de concessão a empreendedores privados de investimentos industriais e em serviços. Dessa maneira, um novo esforço no sentido de retomada do desenvolvimento econômico da cidade é realizado pelo governo municipal de Custódio Mattos (1993/1996). O governo local intensificou os esforços de marketing visando atrair novos empreendimentos industriais para instalação no município, ao mesmo tempo em que obras de infra-estrutura [sic] foram retomadas objetivando tornar a cidade mais atraente para o investimento. Esta estratégia da prefeitura, que se consubstanciou na vinda da montadora Mercedes-Benz hoje, DaimlerChrysler, do setor metalúrgico, subsetor automotivo (material de transporte) para Juiz de Fora, se assemelhava com a tentativa de reindustrialização da cidade implementada na década de 70. Departamento de Geografia Apesar da grande expectativa com relação à capacidade da empresa montadora alemã em dinamizar a economia de Juiz de Fora, a instalação da planta automotiva no município foi incapaz de ampliar a renda industrial da cidade e, consequentemente [sic] reverter à tendência de queda do PIB industrial local. [28, p. 10-11] Essa orientação pôde ser verificada na própria administração da rodovia BR-040, que foi concedida à Companhia de Concessão Rodoviária Juiz de Fora–Rio (Concer), empresa de capital fechado, em 1996, por período de 25 anos. A BR-040 tem passado por diversas transformações e recebeu 932 milhões de reais em investimentos desde sua privatização [32]. Atualmente, a Concer trabalha no projeto da Nova Subida da Serra de Petrópolis, a ser implementado junto à atual pista de descida. Entre as mudanças aprovadas está a construção de um túnel de 5 km. de extensão (figura 5), o que o alçaria à condição de maior túnel rodoviário do Brasil. “O novo traçado será cinco quilômetros mais curto e terá menos curvas. A mudança permitirá ao motorista percorrer o trajeto a uma velocidade média mais alta, economizando até 20 minutos, de acordo com cálculos da empresa.” [33, p. 22] Figura 5: Túnel rodoviário previsto para construção no projeto da Nova Subida da Serra de Petrópolis (RJ). Em vermelho, com traçado hachurado, o trajeto do túnel; em verde, as áreas de preservação ou conservação ambiental do entorno. [34, frame a 1 mi. 17 s.] Entre as modificações nas pistas de subida e descida da Serra dos Órgãos está incluída a duplicação de alguns trechos, o que “gera mudanças microclimáticas – alteração na temperatura, umidade, luminosidade e força e direção dos ventos – que conduzem a respostas vegetacionais proporcionais ao tamanho da abertura no dossel” [35, p. 65]. O corte de estradas também eleva a razão perímetro/área dos fragmentos florestais ao longo da estrada. Claro, entretanto, que vias de transporte servem de facilitadoras da infraestrutura de ocupação das regiões por onde passam, podendo gerar, a posteriori, aumento do grau de isolamento das manchas e generalização de um tipo de matriz altamente prejudicial, como o de monocultura Departamento de Geografia agrícola ou a própria matriz urbana. A ampliação da influência dos efeitos de borda faz com que tais fragmentos fiquem sujeitos a gradativa redução em tamanho. Importante lembrar que, neste trecho, a BR-040 atravessa a Reserva Biológica do Tinguá e é próxima de quatro outras áreas de preservação ou conservação ambiental. Isso demanda de qualquer obra nessa rodovia estratégias para atenuação das transformações ecológicas prejudiciais aos ecossistemas; estratégias para mitigação, ou seja, minimização do teor transformador, sendo o túnel rodoviário em questão “apontado como a solução de menor impacto ambiental6” [34, transcr.]; ou estratégias de compensação, que consistem em fornecer um incremento ecológico equivalente na região. Sobre esta ação, aproximar-se-ia “a possibilidade de transformar parte do trecho [da antiga pista de subida] em área de preservação ambiental, o que levaria ao impedimento da circulação de caminhões no local” [33, p. 22]. Assim, o que podemos verificar neste momento é uma nova sujeição da técnica à natureza. Porém, agora, esta sujeição não se dá pela natureza em si, mas pela legislação ambiental, que impõe às empresas estudos de avaliação de impactos ambientais. O que podemos perceber hoje é, também, uma apropriação cada vez maior dos espaços marginais à rodovia BR-040 por grandes empreendimentos, favorecidos por políticas de incentivos fiscais municipais, que cada vez mais competem entre si pela localização dos investimentos. Podemos citar, entre empreendimentos deste tipo nos últimos anos, a Advanced Nutrition e o Condomínio Vista da Serra, em Areal; a Master, a Nestlé, a LatapackBrasil, a Ipiranga Rodo Rede e a Enter Metal, em Três Rios; o Hotel Fazenda Morro Grande, em Simão Pereira; a Sex Free Preservativos e a Pangea/Park Sul (aglomerando plantas empresariais como a Mercúrio, a Camilo dos Santos, a Natura e a BQ Pneus), em Matias Barbosa; e o Bahamas Mix e o Expo Minas, em Juiz de Fora. Considerações finais A construção das vias de ligação no primeiro período especificado, por não contar com técnicas elaboradas de engenharia, teve de se sujeitar sobremaneira aos condicionantes hidrogeomorfológicos. Exemplo disso é que a Estrada União e Indústria e um ramal da Estrada de Ferro D. Pedro II tiveram de se estabelecer seguindo o curso do rio Piabanha, geralmente à meia-vertente e aproveitando-se de uma fratura de orientação S-N, que próxima à zona de fronteira entre o graben do Paraíba do Sul e o horst da Serra da Mantiqueira foi deslocada para oeste, por onde segue o rio Paraibuna e por onde seguiu a construção das estradas mencionadas. A evolução da técnica rodoviária foi pujante na transição para o período seguinte, uma vez que a Rodovia Washington Luís, a primeira asfaltada do Brasil, teve de subir as íngremes escarpas da Serra dos Órgãos. Essa anteposição do poderio da técnica do homem em relação às dinâmicas da natureza permitiu ainda mais o espraiamento da ocupação pelo interior, num período que consolidou o processo de urbanização no espaço referido. Na atualidade, o empreendimento da Nova Subida da Serra, em execução no trecho em questão da BR-040, é atestado de que esse domínio é ainda mais claro, uma vez que dentre obras de contenção de encostas, cortes nas rochas para passagem da estrada, alargamento de vias, há a construção de um túnel de 5 km. de extensão contínua em aclive, o maior túnel rodoviário do País. No entanto, se submete às exigências de proteção ambiental de novas orientações internacionais. Concluindo, precisamos frisar que a pesquisa em questão não se encontra em estágio de conclusão, embora já possuamos material estudado suficiente para apontar observações consistentes. Nosso objeto de estudo é extenso e temos consciência de que pode servir para futuro direcionamento de pesquisas de pós-graduação, a qual pretendemos. O que se 6 Embora discordemos do termo “impacto ambiental”, não entraremos no mérito de sua discussão conceitual, cabendo-nos, no momento, aceita-lo tendo em mente certas ressalvas quanto à idoneidade que a palavra “impacto” pressupõe. Departamento de Geografia apresentou aqui, enfim, é o que temos estudado no decorrer deste ano de árduo trabalho, animados por saber que os desafios pela frente serão ainda maiores e a realidade do espaço geográfico é sempre mais difícil, porém mais instigante, de se compreender à medida que seu exame avança. Referências 1 – RUA, João. Continuidade ou ruptura na expansão da metrópole para além de seus limites formais: urbanidades no rural? In: RANDOLPH, Rainer; SOUTHERN, Barbra C. (Orgs.). Expansão metropolitana e transformação das interfaces entre cidade, campo e região na América Latina. 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