Rio Riode de Janeiro Janeiro 2009 2009 Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministra-Chefe da Casa Civil da Presidência da República Dilma Vana Rousseff Secretária-Executiva da Casa Civil da Presidência da República Erenice Alves Guerra Diretor-Geral do Arquivo Nacional Jaime Antunes da Silva Coordenadora-Geral de Acesso e Difusão Documental Maria Aparecida Silveira Torres Coordenadora de Pesquisa e Difusão do Acervo Maria Elizabeth Brêa Monteiro EQUIPE TÉCNICA Curadoria e textos Cláudia Beatriz Heynemann Maria do Carmo Teixeira Rainho Coordenação de Pesquisa e Difusão do Acervo Assistente de curadoria e textos Denise de Morais Bastos Pesquisa de imagens e textos Beatriz Helena Biancardini Scvirer, Maria Elizabeth Brêa Monteiro, Mariana Lambert, Renata William Santos do Vale, Viviane Gouvêa Assistentes de pesquisa Fernanda de Souza Antunes, Gabriela de Souza Gonçalves, Viviane de Oliveira Lima Revisão de texto José Claudio Mattar Iluminação Marcello Camargo, Sergio Penha (Coordenação de Recursos Logísticos) Coordenação de Preservação do Acervo Mauro Domingues Laboratório de Digitalização Flávio Lopes (supervisão), Cícero Bispo, Adolfo Galdino, Janair Magalhães, Fábio Martins, Luiz Fernando Nascimento Laboratório de Conservação e Restauração Lúcia Peralta, Paulo Cesar Gouvêa, Francisco Gomes da Costa, Alice de Jesus Nunes, Alda Arcoverde de Freitas, Paulo Fernando Alves Vieira, Álvaro Cesar Moura Carvalho, Tiago Cesar da Silva, Leila Ianne Pires Programação Visual e Design Gráfico Santa Sucata Jac Carrara, Maristela Pessoa, Cecília Gilson (assistente) Painéis de bambu Recicla Três Rios Manipulação de imagens e reprodução Pixel Trade Comércio e Serviços Ltda. Climatização das vitrines João Batista Francisco & Cia. Ltda. Agradecimentos José Luiz Macedo de Faria Santos e Maria Lúcia Cerutti Miguel (Coordenação de Documentos Audiovisuais e Cartográficos), Mauro Domingues e Flávio Lopes (Coordenação de Preservação do Acervo), Coordenação de Consulta ao Acervo Projeto gráfico e diagramação do catálogo Alzira Reis Imagem da capa do catálogo Santa Sucata O Aeróstato e Propulsor sistema de José Passos de Faria que denomina o Balão Brasil. Rio de Janeiro, 22 de junho de 1873. Coleção Privilégios Industriais Brasil: o Império nos trópicos O Império do Brasil situa-se entre dois exílios, o do príncipe do Antigo Regime tangido pela Revolução Francesa e o do monarca que tantas crises sucessivas empurram para a França. A chegada de Leopoldina, a partida de Pedro I, são deslocamentos que não foram exclusivos da família imperial. Outros mais trágicos foram feitos a bordo dos navios que se ocupavam “do negócio da escravatura”, além das viagens de naturalistas, artistas e de outros que vinham para ficar, os imigrantes. Arquivo Nacional (Brasil) Brasil: o império nos trópicos / Curadoria e textos de Cláudia Beatriz Heynemann e Maria do Carmo Teixeira Rainho. - Rio de Janeiro : Arquivo Nacional, 2008. 52 p.: il.color., retrs., fac-síms., mapas; 21cm ISBN: 978-85-60207-21-3 1. Brasil - História - Império, 1822-1889 2. Brasil - História Século XIX. 3. Arquivo Nacional (Brasil). - Fontes - Exposições I. Heynemann, Cláudia Beatriz. II. Rainho, Maria do Carmo. III. Título CDD 981.04 O período assinala o nosso século XIX, tal como o percebemos seguindo a escrita da história e as “pegadas” deixadas em papel. No acervo do Arquivo Nacional, que comemora 170 anos de sua criação, seguimos pela diversidade da correspondência manuscrita, manifestos impressos, fotografias, gravuras, livros raros, mapas e plantas. De origem pública ou privada, eles descrevem parte de um tempo e de uma geografia. Entre a continuidade do projeto ilustrado luso-brasileiro e a ruptura que enuncia um esboço de Nação, o Império se construiu sobre lutas violentas; a unidade garantida pela ordem escravocrata, a identidade com a natureza opulenta, o espelhamento com a Europa, entre tantas apostas e contradições. Com esse olhar segue-se também pelo diploma escolar, pelas notícias da febre amarela, vistas do Rio de Janeiro, pela Guerra do Paraguai e a Abolição, desenhos botânicos, projetos urbanos, portos, ferrovias, cartas familiares, cartas de liberdade, exposições internacionais. Também se renovam aqui documentos fundadores como a Constituição de 1824, a Lei Áurea, e a carta que eleva o Brasil a Reino Unido em 1815. Esse é o século das multidões, do nascimento do socialismo, do ideário romântico; século vitoriano, da expansão imperialista, tantas vezes evocado como o século da história. É assim que enxergamos as contradições próprias ao projeto senhorial: a fórmula do Império nos trópicos ilumina a aspiração ao modelo europeu conjugada à origem épica americana. E também o que lhe escapa, uma imagem desafiando a outra, em textos ou na ilimitada produção iconográfica que circula no oitocentos. Um reconhecido amante da fotografia e viajante ávido de terras e línguas distantes, d. Pedro II aparece pela última vez através das lentes do célebre Félix Nadar, síntese de um desfecho. Mas em outro trecho há um pouco da alegria e do olhar para o futuro que se anunciaram no oitocentos no dirigível balão Brasil, que tendo à frente a bandeira do Império, pretendia alçar voo. Cláudia Beatriz Heynemann Corte de d. João Aqui desembarcada a Corte, garante Sérgio Buarque de Holanda, não havia quem pensasse em ficar além do tempo suficiente para a derrota dos franceses, fato comemorado com luminárias e gala em 1811. Em novembro de 1807 e apenas quando as tropas do imperador dos franceses cruzam a fronteira da Espanha com Portugal, dá-se a cena no Arsenal de Marinha, permeada pelo caos ou pela serenidade conforme as descrições e alegorias. A esquadra britânica os aguarda fora da barra e descreve o início de uma longa trajetória na história do Império. Era a Revolução que em todo o continente europeu abalara o Antigo Regime e que parecia trazer enfim a remissão colonial, perspectiva lançada com a abertura dos portos e a posterior elevação do Brasil a Reino Unido. D. João reina em um Rio de Janeiro pouco afeito à sede da Corte, cabendo ao intendente de Polícia imprimir civilidade à urbe e segurança à costa. Também surgem o Teatro São João e órgãos como o Real Erário e a jurisdição do físico-mor para as práticas médicas, entre outros. Eles serão responsáveis, além dos hábitos cortesãos, do incentivo ao comércio e às manufaturas, pela ideia de que as Luzes aqui haviam chegado. O Real Horto, instalado na área da lagoa de Tretas, abastecia-se então do jardim La Gabrielle, na Caiena ocupada por Portugal em 1809 e devolvida aos franceses em 1817. Relato da partida da Corte e da família real de Portugal em novembro de 1807. Papéis relativos a vinda da família real para o Brasil. S.l., 27 de janeiro de 1808. Negócios de Portugal 6 É de um notável membro da Missão Artística Francesa, remunerada pelo Tesouro Nacional, o “pintor de história” Debret, a autoria das cenas que consolidaram nosso imaginário sobre a presença do rei aclamado na América e que, em 1821, parte com a sempre estrangeira Carlota. 7 Planta da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, levantada por ordem de Sua Alteza Real o príncipe regente, Nosso Senhor, no ano de 1808, feliz e memorável época de sua chegada à dita cidade. Rio de Janeiro, 1812. Ministério da Viação e Obras Públicas 8 Registro da carta régia de abertura dos portos às nações amigas de Portugal, enviada pelo príncipe regente ao conde da Ponte. Bahia, 29 de janeiro de 1808. Alfândega da Bahia 9 Pedro I, imperador do Brasil. S.l., s.d. Gênese do Império Panfleto distribuído pelos envolvidos no movimento confederado. S.l., s.d. Confederação do Equador O desligamento formal, em 1822, entre o governo instalado no Rio de Janeiro e aquele sediado em Lisboa, ambos nas mãos da mesma família, resultou de uma combinação de interesses: a instalação da estrutura administrativa e a alteração do pacto colonial, ocorridos em 1808, colocaram o Brasil em uma situação ambígua, e permitiram alianças em torno da ideia de independência. Embora houvesse diferentes concepções de como seria a colônia após a ruptura, o interesse comum das elites brasileiras — a manutenção do escravismo — em muito contribuiu para que as forças se aglutinassem em torno de d. Pedro e da proposta de Brasil que ele representava: um Estado monárquico unificado. Depois de um processo de independência que fragmentou a América espanhola, o Brasil viu-se cercado por repúblicas com as quais teria que disputar a integridade da ocupação territorial, herdada dos tempos da colônia. Acentuava-se a oposição latente entre as repúblicas sul-americanas e o Brasil, um Império dominado pela presença da escravidão. Essa oposição se materializa no conflito da Cisplatina, que culmina com a criação de um Estado independente, o atual Uruguai. 10 10 A aglutinação temporária em torno de d. Pedro e do projeto sustentado pela Corte não significou unanimidade. A dissolução da Assembleia pelo imperador e a outorga de uma Carta em detrimento da versão dos constituintes de 1823 reacenderam ânimos rebeldes em diversas províncias, em especial no Nordeste, onde eclode a Confederação do Equador em 1824. Na Corte, a animosidade contra o imperador se originava da sua insistência em manter alianças com os grupos lusitanos, ameaçando a autonomia brasileira e levando à sua retirada do país em 1831. Até que o príncipe regente completasse a maioridade, uma regência ocuparia a chefia do Estado, dando início a um período dos mais violentos, marcado por instabilidade, alternância de regências e tentativas de permitir maior liberdade às províncias, descaracterizando o centralismo imposto por d. Pedro I. Tais experiências fracassaram, e as sangrentas revoltas ocorridas, em especial a Cabanagem e a Farroupilha, ameaçaram esfacelar o Estado e inspiraram receio mesmo entre os ditos liberais que haviam pressionado pela partida de d. Pedro I, fazendo brotar uma campanha pela maioridade antecipada do herdeiro da Coroa, que seria concedida aos 14 anos de idade. 11 Índios A transferência da Coroa portuguesa para o Brasil promoveu uma série de medidas de força contra os remanescentes tribais localizados próximo à costa brasileira e junto aos principais rios nas regiões de Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, para onde se voltava o interesse econômico. Um esforço continuado visava à desorganização e eventual dissolução dos aldeamentos e comunidades indígenas e à consequente alienação de suas terras e absorção dessas populações como mão de obra. O caráter repressivo perdurou durante o Império quando as cartas régias que mandavam mover guerra contra os índios e cativá-los deram lugar às portarias, resoluções, decretos e leis pelos quais províncias e governo central legislavam cumulativamente e quase que caso a caso. A negação do direito dos índios a aspirar tanto à autonomia cultural e política quanto à posse das terras ocupadas tradicionalmente é um aspecto presente ao longo de todo o século XIX. Carta de d. Fernando José de Portugal a d. Rodrigo de Sousa Coutinho encaminhando ordem do príncipe regente para o pagamento de pensão a dois índios botocudos. Rio de Janeiro, 22 de novembro de 1808. Série Interior 12 12 Ornamentos, utensílios e armas dos camacã. Alexander Philipp, prinz von Wied-Neuwied. Reise nach Brasilien in den Jahren 1815 bis 1817 . Wien: Ben Raul fub und Kramer, Buchanblern, 1825-1826 A Independência não trouxe mudanças significativas em virtude da ausência de uma política indigenista e da falta de clareza na definição do ordenamento da posse de terras, embora várias propostas tivessem sido apresentadas às Cortes Gerais por representantes brasileiros. O plano para civilização dos índios bravos, formulado por José Bonifácio de Andrada e Silva, apesar da importância política de seu autor e do caráter humanístico do projeto, não se sobrepôs aos interesses dos grandes proprietários de terras que garantiram a manutenção dos velhos métodos indigenistas e o “silêncio” na Constituição quanto às populações indígenas. 13 O Brasil é geralmente representado por uma índia tupi. Richard Francis Burton. Explorations of the highlands of the Brazil: with a full account of the gold and diamond mines: also canoeing down 1500 miles of the great river São Francisco, from Sabará to the sea. London: Tinsley Brothers, 1869. Frontispício do volume 2 14 Naturalistas em aldeia dos coroados. Johann Baptist von Spix; Karl Friedrich Philipp von Martius. Reise in Brasilien auf Befehl Sr. Majestat Maximilian Joseph I Königs von Bairen in den Jahren 1817 bis 1820 gemacht und beschrieben. Munchen: Gedruckt bei M. Lindauer, 1823-1831 15 Livros da natureza Peixes Serranus carauna / Serranus niveatus / Serranus ouatabili / Centropristis nebulosus. Francis de la Porte, Comte de Castelnau. Expedition dans les parties centrales de l’Amerique du Sud, de Rio de Janeiro a Lima, et de Lima au Para: executée par ordre du gouvernement francais pendant les années 1843 a 1847 . Paris: Chez P. Bertrand, LibraireE’diteur, 1850-1857 Prope Jundicuara Praedium in Districtu Ubatuba, Prov. Rio de Janeiro. Karl Friedrich Philipp Von Martius. Flora brasiliensis: sive enumeratio plantarum in Brasilia hactenus detectarum quas cura musei caes. reg. palat. vindobonensis suis aliorumque botaniorum studiis descriptas et methodo naturali digestas. Vindobonae, Lipsiae: Apud Frid. Beck, Apud Frid. Fleischer in comm., 1840-1873 16 16 A imagem do grande livro da natureza marca a época moderna; para Galileu ele está escrito em números e significa, sobretudo, a atitude reflexiva do homem como sujeito do conhecimento. Mas os livros da natureza são também o inventário, a apreensão extensiva e que se consolida essencialmente em torno do sistema de classificação e da nomenclatura de Lineu. Apresentam-se como herbários, jardins botânicos, coleções de peixes, conchas, insetos. Desenhos científicos como os do brasileiro frei Veloso, que, reproduzidos em livros, popularizaram-se para além das academias e universidades, conservando o fascínio que desde sempre exerceram. A partir do primeiro quartel do século XIX, empreendem-se as viagens até então restritas: membros da Missão Austríaca, filiados a Alexandre von Humboldt, são responsáveis por paisagens demonstrativas da composição vegetal, de sua fisionomia, sem descurar das sociedades indígenas. Já no Império consolidado, chegam exploradores como o conde de Castelnau, que a partir de 1843 vai do Rio de Janeiro ao Amazonas, ou Descourtilz que nos anos de 1850 produziu pranchas de beija-flores nativos. Porém, o grande livro da natureza oitocentista é a Flora Brasiliensis, projetada por Karl F. Von Martius. Publicada ao longo de seis décadas, espécie de romance de formação da natureza brasileira, inclui a cultura do café, os sítios urbanos, as florestas e nestas cenas os escravos, lembrando que também de Martius é o premiado ensaio Como se deve escrever a história do Brasil. 17 17 África no Brasil O oitocentos inaugura-se com a passagem da então colônia à sede de um Império Ultramarino. Império de muitas “nações”: cabindas, monjolos, minas, nagôs, benguelas, moçambiques, convertidas em braços que nas lavouras açucareiras do Nordeste, nas minas de ouro, já decadentes, nos cafezais do Vale do Paraíba, sustentaram a economia brasileira em mais de trezentos anos de escravidão. Negócio lucrativo, o tráfico de escravos fez fortunas dos dois lados do Atlântico, e resistiu, com fôlego, às pressões inglesas pelo seu fim, mantendo-se por alguns anos na clandestinidade, após a lei proibitiva de 1851. Atravessando o Atlântico nos porões dos navios negreiros, a violência que funda a escravidão manifesta-se nos açoites, troncos, máscaras de ferro, prisões que buscam fazer frente à resistência escrava, fartamente documentada nos registros policiais. A escravidão inscreve-se no corpo, submetendo à marca comum da propriedade, indivíduos que exibem as diferentes marcas de suas terras. Apartados de sua cultura, inseridos à revelia em uma sociedade estrangeira, os diversos grupos étnicos reorganizam suas identidades, reinventando “nações” na experiência compartilhada do cativeiro. Compartimentos de um navio negreiro. R. Walsh. Notices of Brazil en 1828 and 1829. London: Frederick Westley; A. H. Davis, 1830. 18 18 O cotidiano da escravidão ganha vida nos anúncios de escravos fugidos e nas aquarelas do viajante europeu. Mais raramente, encontramos registros inusitados, como a carta escrita pelo escravo Zacarias pedindo um empréstimo para uma causa, cada vez mais comum no último quartel do XIX: a compra de sua liberdade. 19 Maria Rita Meireles da Costa Pinto com a ama de leite Benvinda. Salvador, 1880. A.Lopes Cardoso. Carte Cabinet . Coleção Fotografias Avulsas 20 Uma rua da Bahia. François Auguste Biard. Deux annes au Bresil . Paris: Librairie de L. Hachette et Cie., 1862 Lista de africanos livres transportados no brigue Ganges , aprisionado por tráfico ilegal de escravos, constando nome, nação e marcas no corpo. Rio de Janeiro, 15 de junho de 1839. Diversos (SDH) - Códices 21 21 Arquivo Nacional e instituições A centralidade conferida às artes, ciência, literatura, história e geografia no Brasil, ao longo do século XIX, deriva da busca de construção de uma identidade nacional aliada à tentativa de vincular o país às “nações civilizadas”. Neste contexto do estabelecimento de uma pauta civilizatória inspirada em modelos europeus, são criadas várias instituições científicas e culturais, entre as quais destaca-se o Arquivo Público do Império, hoje Arquivo Nacional. Fundado em 1838 com o objetivo de preservar o patrimônio documental da nação, suas atividades iniciais consistiam em recolher a documentação gerada pela administração pública e os documentos do período colonial, então dispersos pelas várias províncias. Este trabalho visava amparar as ações empreendidas por parte do Estado e também subsidiar a pesquisa histórica, segundo a prática em voga nos demais arquivos nacionais surgidos na Europa no século XIX. O Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, criado em 1838 por um grupo de políticos e letrados, distingue-se por processar o passado histórico da nação e por fortalecer o próprio campo disciplinar da história em sua recém-encampada busca por cientificidade. Diploma de sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil concedido a Eusébio de Queirós. Rio de Janeiro, 15 de abril de 1839. Arquivo Eusébio de Queirós 22 22 Arquivo Público do Império. Rio de Janeiro, S.d. Arquivo Nacional A Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro, fundada em 1816 no âmbito da chamada Missão Artística Francesa, foi responsável pela formação dos artistas que iriam disseminar as imagens da nação que se formava. 23 Saúde Rótulo de Hygia, xarope vegetal de Araújo Góes. Pelotas, 1876. Junta Comercial do Rio de Janeiro Receita de remédios para o conselheiro Teixeira Jr. pelo doutor Torres Homem. Rio de Janeiro, 8 de abril de 1885. Arquivo Visconde do Cruzeiro 24 24 Em um século devastado por várias epidemias – febre amarela, varíola, cólera, tuberculose, malária –, diversas medidas foram tomadas para a melhoria do saneamento, da limpeza pública, do abastecimento de água, e da salubridade do ar, em consonância com as teses médicas vigentes no oitocentos. Amparado pelos estudos desenvolvidos na Academia Imperial de Medicina, o governo criou algumas instituições para melhor controle e fiscalização da saúde pública, como a Junta Central de Higiene Pública, e intensificou a vigilância dos portos, por onde várias epidemias penetravam em solo brasileiro. A criação das faculdades de medicina contribuiu de forma singular para a regulamentação da profissão de médico e para a tentativa, embora não muito bem-sucedida, de eliminar as práticas de curandeirismo que vigoravam entre os tratamentos mais populares. Hospitais para os mais pobres, lazaretos para isolamento de casos graves, e hospícios para atendimento dos alienados – sendo o primeiro e mais exemplar o de Pedro II, no Rio de Janeiro – auxiliavam no tratamento dos doentes e no desenvolvimento da saúde mental no Brasil. No entanto, prevalecia o risco iminente de surtos epidêmicos nas maiores cidades, frutos da miséria e insalubridade em que vivia a maioria da população. Quanto aos indivíduos da classe senhorial, mesmo com mais recursos, a doença rondava suas casas, como a do escritor José de Alencar e a dos que se valem de um arsenal composto de bicarbonato, valeriana, estricnina, xaropes vegetais e águas minerais. 25 Educação Carta de bacharel passada a Julio Cesar Berenguer de Bittencourt pela Faculdade de Direito de Olinda. Olinda, 14 de outubro de 1844. Itens Documentais 26 26 Escudo de Minerva. Jornal manuscrito dos alunos do Imperial Colégio de Pedro II. Rio de Janeiro, 18 de maio de 1848. Arquivo Visconde do Cruzeiro Em um país no qual a maior parte da população era analfabeta, a educação reproduzia as hierarquias da sociedade, sendo o acesso ao estudo bastante limitado de modo geral e vedado aos escravos. As aulas do ensino primário, dever das províncias e do Estado, eram em sua maior parte “domésticas”, dadas normalmente nas casas dos mestres ou nas poucas escolas primárias para meninos e meninas separadamente, enquanto alguma atenção foi dispensada ao ensino dos meninos cegos e dos surdo-mudos em institutos voltados para esse fim. Criado para ser o modelo de escola secundária no país, o Imperial Colégio de Pedro II, embora admitisse alunos pobres gratuitamente, foi um instrumento por excelência para a formação dos futuros estadistas. O ensino superior nas faculdades de direito e de medicina era considerado um privilégio para poucos cidadãos e as escassas escolas técnicas e normais não interessavam aos membros da classe senhorial, que preferiam as carreiras de Estado, e não favoreciam a entrada dos mais pobres, limitados pelos cursos preparatórios e concursos de ingresso. O século XIX representou uma época de poucos avanços, na qual a educação serviu muito mais como um elemento de “distinção” do que propriamente de formação dos cidadãos. Assim, o ensino laico e a separação entre o Estado e a Igreja tiveram que esperar o programa republicano. 27 Arte e ciência No século XIX, enquanto o imperador brasileiro é chamado de cientista de cetro e coroa, a ciência e as artes são incorporadas ao programa da civilização. A ciência segue a trilha vitoriosa das Luzes, ao passo que o ideário romântico dominará a cena por boa parte do período, assistindo-se ainda a uma certa contaminação mútua entre romantismo e realismo. É assim que o eclipse total do sol em 1858, fenômeno raro visível no Brasil, foi estudado por uma expedição organizada pelo Observatório do Rio de Janeiro, contando com a presença de Emmanuel Liais, renomado astrônomo do Observatório de Paris. Em 1870, Carlos Gomes estreia O guarani, no Rio de Janeiro, após bem-sucedidas apresentações na Europa. Baseada em livro de José de Alencar, a ópera se alinha com a busca de construção de uma identidade nacional, evidenciando o tema dos índios. No teatro, delineia-se uma dramaturgia própria, com a construção de novos locais de encenação, apuro nas montagens, cenografia e figurinos, organização de elencos brasileiros e sensibilização do público. Ainda na literatura, os cenários naturais vão paulatinamente cedendo espaço ao meio urbano na forma de romances que escrutinam a vida da cidade, suas modas e modos. A formação de um público leitor impulsiona a abertura de bibliotecas e livrarias. Cartão com a representação do eclipse total do sol. Rio de Janeiro, 7 de outubro de 1858. Série Educação - Observatório Astronômico. 28 28 O desenvolvimento da imprensa periódica e ilustrada enseja a circulação de jornais satíricos e de humor, fazendo florescer a arte das charges e caricaturas e criando um novo espaço para pintores e desenhistas. 29 Cena, recitativo e balada da ópera O guarani, de Antonio Scalvini e Carlos Gomes. Milão, 30 de agosto de 1866. Itens Documentais Desenho de Bordallo Pinheiro para O Besouro, em homenagem à encenação de O guarani , de Carlos Gomes. Rio de Janeiro, 1878 30 30 31 31 Fotografia e vida privada Retrato de criança. Salvador, [1867-1882]. Alberto Henschel & Co. Carte de visite. Coleção Fotografias Avulsas Com seu custo acessível, os retratos deixam de ser exclusividade dos pintores; fotógrafos e estúdios proliferam também no Brasil. Em 1888, o Almanaque Laemmert registrava mais de trinta fotógrafos com endereço fixo na Corte, e em cidades como Salvador, Recife, Porto Alegre, São Paulo e Curitiba o número de fotógrafos também era expressivo. Boa parte desses profissionais era integrada por estrangeiros que fugiam da concorrência em seus países de origem. Outra prática comum era que os fotógrafos oferecessem seus serviços em cidades do interior, começando, naturalmente, pelos proprietários de terras. Interior da sala do imperador na sede da Fazenda Santa Mônica. [18—]. Marc Ferrez. Estereoscopia. Arquivo Família Vieira Tosta Casas Evoneas. Habitações populares. Rio de Janeiro, 10 de janeiro de 1882. Ministério da Justiça e Negócios Interiores 32 32 A apresentação do daguerreótipo na França, em 1839, marco da emergência da fotografia, conduz a uma ruptura no modo como os indivíduos são representados e se dão a ver. Ao mesmo tempo em que rompe com os padrões de representação visual, tributários da pintura, fornecendo à imagem um estatuto técnico, a fotografia aponta para a singularidade de cada um, normatizando ainda comportamentos e condutas. Se o ano de 1841 dá início à produção dos retratos, é graças à carte de visite, patenteada por André Disdéri, que a fotografia se populariza, possibilitando que toda pessoa que se “prezasse” posasse para o seu retrato ao menos uma vez na vida. Desenho da casa da família de Fernandes da Cunha Filho em fazenda no sertão da Bahia, com anotações sobre a casa e as lembranças do cotidiano familiar, dedicado a seu pai. 1881. Arquivo Joaquim Jerônimo Fernandes da Cunha A fotografia vai permitir assim que o retrato, até então restrito às paredes das residências mais abastadas, se reproduza e se difunda, ainda que se mantenha como um elemento sagrado, com os álbuns de família tendo como altar as salas das casas. 33 Ordem econômica Na fumaça dos trens que começavam a cortar o Império, no café armazenado nos portos que ainda se abriam para o mundo, no comércio crescente nas cidades que se espalhavam pelas províncias, nas obras de remodelamento das cidades e da Corte, nos salões das exposições, o Brasil dava mostras da modernidade que buscava alcançar no século XIX. Rural e arcaico, o Império pretendia mostrar-se moderno, civilizado, urbano, sem abrir mão de sua estrutura social marcada pela exclusão e pela hierarquia. Nesse século, o Brasil conheceu uma de suas lavouras mais importantes, e pela qual mais se faria lembrar: o café; porém também perdeu uma de suas atividades mais lucrativas: o tráfico de escravos. Marca do atraso, a escravidão era indispensável para a manutenção das engrenagens econômicas e sociais que trariam o progresso à nação. No contexto do fim do tráfico e expansão do café, empreendeu-se uma tentativa de industrialização marcada pelos esforços do barão de Mauá, ao passo que as ferrovias adentravam o país, levando o progresso e os imigrantes que vinham lentamente substituir a mão de obra escrava. Porto e Docas de Manutenção da Bahia. S.d. 34 34 A Europa servia ao Brasil como espelho e vitrine para nosso progresso peculiar. As exposições eram o palco das disputas entre as nações, lugar de exibir seus produtos naturais e industriais, de demonstrar seu progresso. O Brasil ainda era a natureza exuberante e exótica, mas também as novas máquinas que surgiam. Entre avanços e recuos, o século XIX representou um largo passo rumo à modernização do país. 35 Elevated Tramway - Perspectiva. Rio de Janeiro, 2 de maio de 1881. Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas Fachada do pavilhão do Brasil na Exposição Internacional de Paris. Álbum da Exposição Universal de Paris: exposição brasileira. [1889]. Coleção Fotografias Avulsas Café do Brasil - Pavilhão do Brasil na Exposição Internacional de Filadélfia. [1876] Centennial Photographic Company. Coleção Fotografias Avulsas 36 Cultura do café. Cultura coffeae - in praedio inter oppidum Magé et Montes Serra dos Orgãos. Karl Friedrich Philipp von Martius. Flora brasiliensis : sive enumeratio plantarum in Brasilia hactenus detectarum quas cura musei caes. reg. palat. vindobonensis suis aliorumque botaniorum studiis descriptas et methodo naturali digestas. Vindobonae, Lipsiae: Apud Frid. Beck, Apud Frid. Fleischer in comm., 1840-1873 37 Estado e Nação D. Pedro II foi coroado imperador de uma nação ainda por se constituir. Sobre ele eram depositadas esperanças de estabilização de um país que atravessava, com as regências, um período de indefinição política e questionamentos ao poder central. Os primeiros anos do seu reinado ainda presenciam a eclosão de revoltas liberais, em São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco. Contudo, as décadas seguintes seriam marcadas por um certo equilíbrio político calcado na imagem de um poder real vinculado ao Estado brasileiro e à própria nação. Nesse processo, o fazer político tornava-se um negócio para poucos, para as elites, a “boa sociedade”, que surgia como uma força capaz de levar a cabo este projeto. Construiu-se um imaginário que relacionava diretamente a unidade nacional à centralização, e estas, ao poder monárquico. Uniforme do Corpo da Cavalaria da Guarda Nacional. Litogravuras aquareladas. Rio de Janeiro, s.d. Litografia Imperial de Heaton e Rensburg 38 38 Paralelamente, estrutura-se em todo o território nacional um sistema eleitoral baseado em relações clientelistas e intimidações abertas, e a Guarda Nacional, força militar integrada por todos os cidadãos e que representa a ordem. A política surgia como um teatro, que reforçava a existência desse Estado centralizado e unificado. Era através dele que as instituições nas quais a política imperial se sustentava — o Senado, as câmaras locais — ganhavam existência material. 39 Charge satirizando a excessiva centralização do Estado imperial. O Mequetrefe. Rio de Janeiro, [188-] 40 40 Medalhas da Ordem Imperial do Cruzeiro. Ordens Honoríficas. S.l., s.d. 41 41 Abolição Como poderá haver uma Constituição liberal e duradoura em um país continuamente habitado por uma multidão imensa de escravos brutais e inimigos? O dilema de José Bonifácio, em 1825, resume a contradição entre o pensamento liberal e a escravidão, que se acirraria ao longo do século XIX. No entanto, a crítica ao cativeiro ainda não encontrava eco na sociedade brasileira. Papel decisivo no combate ao tráfico de escravos cumpriu a Inglaterra, pioneira na Revolução Industrial, cujo interesse na expansão de mercados e em novas tecnologias de produção determinou a perseguição ferrenha aos navios negreiros até a extinção do tráfico transatlântico em 1850. A partir da década de 1860, despontam no parlamento propostas de reformas no sistema escravista que, aliadas à participação massiva de escravos na Guerra do Paraguai, e aos efeitos do fim do tráfico, refletem-se numa maior propensão da opinião pública à causa antiescravista. Em 1871, a Lei do Ventre Livre, ao libertar os nascidos de mulher escrava, condena a escravidão no Brasil. Somente nos anos de 1880, entretanto, o movimento abolicionista passa a defender a abolição imediata e sem indenização. Fugas em massa, rebeliões, quilombos, compras de alforria e ações cíveis de liberdade multiplicamse e ganham nos abolicionistas notáveis aliados. Honra e glória ao Ministério de 7 de março pela Lei do Ventre Livre. [1871] 42 42 Lei Áurea, carta de lei n° 3.353 pela qual a princesa regente Isabel declara extinta a escravidão no Brasil. Rio de Janeiro, 13 de maio de 1888. Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas Cartaz pregado nas ruas de Recife favorável à abolição da escravidão no Ceará. [Recife,1884]. Série Justiça Antecipando o país em quatro anos, o Ceará é a primeira província a libertar seus escravos. Marco da extinção da escravidão, a Lei Áurea, que completou 120 anos, é sancionada pela princesa Isabel, em 13 de maio de 1888, oficializando o embate que já se vencia nas senzalas e ruas do Império. 43 Guerra do Paraguai O maior conflito bélico internacional ocorrido nas Américas foi um divisor de águas para os países envolvidos: Uruguai, Argentina e Brasil lutaram contra o Paraguai, o que no caso do Império brasileiro acabou contribuindo para a sua derrocada. Os custos financeiros e humanos do conflito, ocorrido entre 1864 e 1870, esvaziaram os cofres públicos e a credibilidade do governo, incapaz de dar um fim rápido à contenda. Além disso, se no início da guerra o exército imperial mostrou a sua fragilidade, ao seu fim era uma força reestruturada que recuperava o seu prestígio, ideologicamente marcada por ideias republicanas. Ocorrida em um período de definição dos Estados nacionais latino-americanos, a Guerra do Paraguai integra um complexo processo de consolidação territorial destes países e o fortalecimento das suas instituições. O recorrente intervencionismo brasileiro no Uruguai, cujo território em parte constituíra a província Cisplatina, serviu como gatilho para uma guerra total. Milhares morreram em consequência dos combates, das epidemias e da fome. No final da guerra as forças aliadas, esvaziadas dos exércitos argentino e uruguaio, ocuparam um Paraguai arrasado e territorialmente diminuído. Famílias paraguaias desabrigadas pela guerra. S.l., [1867]. Arquivo Polidoro da Fonseca Quintanilha Jordão 44 44 Posição do exército aliado em frente a Uruguaiana no dia 18 de setembro de 1865. Ministério da Guerra O exército imperial em defesa dos interesses comerciais e territoriais do Brasil na região do Prata logrou derrotar um inimigo moderno, numeroso e treinado. Contudo, a guerra viria a expor as fragilidades do Estado imperial, incapaz de contar com o mesmo tipo de força armada, dependente da escravidão e isolado em um continente republicano. 45 Família imperial Reunidos na Floresta da Tijuca, cenário exemplar da Corte e iniciativa ímpar do governo de Pedro II, retratados pelo estúdio Alberto Henschel em 1887, os membros da família imperial parecem se despedir do século. Este ainda hesita em acabar, aguardando a Lei Áurea, a República, a Exposição Internacional de Paris. Do Rio de Janeiro onde nasceu em 1825, por onde viaja o imperador, com seus hábitos frugais, rabiscos e divagações em reuniões no Paço de São Cristóvão? Dali também se vai a Petrópolis, a Filadélfia, ou em expedição ao Egito. Desenho a lápis feito pelo imperador Pedro II durante uma reunião. Acompanha um pequeno texto explicativo por José Clemente Pereira. Rio de Janeiro, 23 de novembro de 1868. Coleção José Clemente Pereira Imperador Pedro II e imperatriz Teresa Cristina, com membros da família imperial na Tijuca. Rio de Janeiro, [1887]. Henschel & Co . Coleção Fotografias Avulsas Bilhete da princesa Isabel, condessa d’Eu, convidando Maria Eufrásia e sua família para uma dança. Rio de Janeiro, 1º de março de 1867. Itens Documentais 46 46 Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bebiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga sobe ao trono com apenas quinze anos, em uma virada conservadora e, entre outros papéis, detém o Poder Moderador, “a chave de toda organização política” conforme a Constituição. Considerado por muitos um erudito, homem interessado na ciência, nos inventos como o telefone, na fotografia, membro de academias e institutos no Brasil e no exterior, alcançou grande popularidade, sobretudo após o término da escravidão. Com a Proclamação da República em 1889, precedida pelo famoso baile da Ilha Fiscal, cujo luxo despertou a crítica e a ironia, o monarca foi exilado com toda a sua família para Portugal. No mesmo ano, faleceu a napolitana Teresa Cristina com quem era casado desde 1843. Sob um banimento que seria revogado apenas em 1920, Pedro II faleceu na França em 1891. 47 Princesa Isabel com seus filhos. [188-]. Arquivo Família Vieira Tosta 48 48 Lunch oferecido à distinta oficialidade do encouraçado Almirante Cochrane . Rio de Janeiro, 1º de novembro de 1889. Coleção Festas Chilenas no Rio de Janeiro Notícia sobre a Proclamação da República no Brasil. Diário Popular . São Paulo, 16 de novembro de 1889, ano 6, n. 1999 49 49 Heloisa Ferreira Irina Aragão Pendentes em prata 950, cobre e acrílico Luiza Bomeny Pendente e anel em prata 950, cobre e citrino Fotografia póstuma do Imperador Pedro II. [Paris]. 1891. Felix Nadar. Coleção fotografias avulsas 50 Ao escolher a fotografia como tema para a criação de adornos pessoais contemporâneos, o grupo Teor 950, integrado por Aderval Cobal, Hans Stahr, Heloisa Ferreira, Irina Aragão, Leonardo De Aguiar, Luiza Bomeny e Paulino, dá continuidade à proposta iniciada em 2005, de interpretar momentos importantes da história brasileira e fluminense, no século XIX. No processo de criação, os artesãos e designers adotam a prata, combinada aos mais diversos materiais, experimentando novos conceitos e expressões. Para a exposição Brasil: o império nos trópicos, o grupo buscou o diálogo com as fotografias do acervo do Arquivo Nacional e cada autor escolheu uma imagem que orientou a interpretação do período e a criação das peças: rendas dos vestidos nos retratos das senhoras da boa sociedade oitocentista, as belas paisagens do Rio de Janeiro, as locomotivas, as curiosas molduras aplicadas em torno das fotografias e as câmeras fotográficas. Pendente e anel em prata 950, cobre, fotografia e brilhantes Hans Stahr Anéis em prata 925 com turmalina melancia 51 Paulino Pulseira e colar em prata 925, com quartzo branco, fumê e bicolor, pérolas brancas e negras Leonardo De Aguiar Anel e colar em prata 950 e quartzo transparente Aderval Cobal Colar e pulseira em prata 950, renda e acrílico 52