Carlos Pimenta Desde o nosso último artigo o que de mais importante aconteceu na sociedade portuguesa foram os acontecimentos e a situação em Timor. Um dos aspectos interessantes da mobilização nacional foi a enorme diversidade de acções desenvolvidas, a criatividade e unanimidade existentes. E neste contexto a Internet também desempenhou as suas funções. Comunicados e apelos percorreram as caixas de correio electrónico. Todo e qualquer cidadão teve a oportunidade de manifestar as suas posições directamente à ONU e aos governantes dos países do Conselho de Segurança. Diversas páginas multimédia relatavam acontecimentos, lançavam palavras de ordem, recolhiam fundos, interligavam os milhões de indivíduos que pretendessem estar actualizados. Mobilizou-se a opinião e criaram-se locais de discussão. As mais diversas instituições manifestaram publicamente as suas posições e colocaram faixas negras nos seus espaços informáticos. Grandes agencias noticiosas como a CNN e a BBC utilizaram a Internet para diariamente fazer votações esentir a dinâmica da opinião pública mundial. As paralisações nacionais também se realizaram na Internet. O reduzido número de páginas filatélicas e a fraqueza dos nossos meios filatélicos justificam que pouco tenha sido feito nos sítios filatélicos na Internet. Se recordamos estes factos aqui é para mais uma vez lembrar a importância que a Internet já assume no relacionamento entre as pessoas e insistir no interesse que pode ter a sua utilização por comerciantes, clubes e filatelistas. Se entre os associados do Clube Nacional de Filatelia houver a manifestação de interesse em criarem páginas filatélicas pessoais estaremos disponíveis para encontrar as formas de colaboração consideradas necessárias. Os acontecimentos de Timor são a demonstração hedionda da intolerância e da razão da força das armas contra a força da razão dum povo expresso no voto. É um caso localizado levado ao extremo, mas que não deixa de reflectir uma situação mundialmente mais vasta, como o demonstra filatelicamente o Ano Internacional da Tolerância, em 1995. Que saibamos apenas o Mónaco emitiu dois selos comemorativos da efeméride, contra centenas de selos por muitas administrações postais em outros eventos similares (Anos Internacionais do Livro, da Mulher, da Criança, da Família, etc.). Contrastando com estas situações, a criação do Estado de Nunavut no Canada é um exemplo de interculturalidade, respeito e apoio da diversidade, reconhecimento que é na diferença que pode estar uma das maiores riquezas da humanidade. 25.000 cidadãos em que oitenta por cento são de uma minoria étnica radicados naquelas terras há mais de 1000 anos, com língua e cultura próprias. O acontecimento foi saudado filatelicamente como se pode ver na página dos correios canadianos. Hoje para comprar folhas de álbum já não necessita de sair de casa. Se tem um computador poderá visitar certos sítios, consultar páginas de álbum e, se estas lhe agradarem, dar as suas coordenadas, pagar e fazer a importação. Tem tudo: local para colocar os selos, texto explicativo, imagens das peças filatélicas que devem ser colocadas e, eventualmente outras informações e decorações. Normalmente vêm em tipos de ficheiro universalmente aceites e não modificáveis (como são os ficheiros .PDF, cada vez mais generalizadamente reconhecidos como padrão e passíveis de serem lidos através do Acrobat Reader, programa do domínio público possível de obter em http://www.adobe.com) e basta termos uma impressora e papel da espessura adequada para construirmos o álbum. A principal limitação, se o é, é ser impossível por esta via obterem-se páginas mais sofisticadas com casas para pôr o selo, materiais transparentes associados, etc. Estamos a falar de páginas para colecções de países (poucos) estrangeiros. Contudo a solução ideal é sermos nós a fazer as nossas páginas de álbum. Fazemo-las a nosso gosto. Não precisamos de esperar que elas apareçam, sempre com atraso, no mercado. Ao construir a folha de álbum somos obrigados a olhar com mais atenção para os selos que recebe- mos, estudá-los minimamente e passarmos a ter uma posição mais activa. Saberemos onde encaixar uma quadra ao lado de um selo isolado ou a carta circulada, isto é, podemos ajustar os espaços ao que queremos ou possuímos guardando no mesmo sítio, lado a lado, montados nas folhas do álbum, selos, carimbos, cartas circuladas, postais-máximos, carteiras, inteiros postais, etc. Além disso nunca mais nos acontecerá que a folha do álbum seja mais cara do que os selos que nela colocamos. Em síntese, temos todas as vantagens, excepto a de dar algum delicioso trabalho adicional, em fazermos os nossos próprios álbuns. E podemos reduzir para 10% o seu preço - se é vulgar uma página custar 300$00 não é nada difícil construirmos e uma e montarmos as peças apenas por 30$00. Claro que estou a pressupor que tem computador. Se está disponível para a experiência pode começar a tentar. Terá sobretudo que aprender por si e fazer o que considerar melhor, mas encontrará na Internet alguns auxiliares. Estes são programas informáticos especiais para o efeito, que provavelmente não necessitará. Também são sugestões. É o caso da página http:// www.bumperland.com/album.html. Aconselhamos o leitor a fazer uma visita a http:// www.linns.com. Esta página pertence ao jornal filatélico semanal do mesmo nome e é uma das melhores páginas existentes pela diversidade da informação que presta, pelos materiais acumulados que dispõe e pela frequente actualização, como não poderia deixar de ser numa publicação com aquela periodicidade. As informações e histórias interessantes que aí encontrará incentiva-lo-á espontaneamente, caso necessite de tal, a fazer um esforço de aprendizagem do inglês. Já em ocasiões anteriores manifestámos o desalento que sentimos ao visitar as páginas filatélicas feitas por filatelistas portugueses. Têm boas ideias, têm capacidades, têm possibilidades de se projectarem, há viabilidade de tornarem o espaço por eles criado útil mas o fogo inicial reduz-se quase a cinzas e não há ninguém para atiçar o fogo. A página Biofilatelia é um bom exemplo desta situação. Procurando explorar a relação entre a biologia e a filatelia, dando lugar, como o autor designa, à peixatelia e zootelia, revela uma apresentação bastante interessante, os seus conhecimentos da matéria permitem-lhe ir bastante longe. Foi das páginas que saudámos vivamente quando apareceu. Parecia promissora. Entretanto a última actualização tem nove meses, continua ao fim deste tempo com a indicação que está em construção, começou a explorar a relação entre biologia e filatelia mas ficou no início. Permitam-me que, antes de continuar, conte um episódio marginal. Recentemente tinha na minha caixa de e-mail uma mensagem dum jovem brasileiro agradecendo-me a colaboração que tinha dado para o seu trabalho sobre Camilo Castelo Branco. Não percebi. A resposta veio concludente: tendo que realizar um trabalho escolar sobre aquele escritor português foi encontrar grande parte das informações que pretendia na página Filatelia em Portugal, onde se apresentavam os selos daquela série e se fazia o relato da vida do escritor e da época histórica. Estamos convencidos que Biofilatelia poderia vir a receber várias mensagens semelhantes de estudantes que tivessem que estudar biologia, caso o esforço que inicialmente foi aplicado na criação da página tivesse continuado. Nunca é tarde para continuar e exortamos o autor desta página a retomar o trabalho, acabando a sua construção, ampliando-a filatélica e cientificamente. Eis o seu endereço: http://www.fc.up.pt/zoo-ant/acvalent/ filatelia/ Não tenho prazer em enganar-me, mais que não seja porque estou a induzir em erro o leitor mas, como afirmava Bento Jesus Caraça, não tenho medo do erro porque estou sempre pronto a corrigi-lo (cito de memória). O erro é mau quase em tudo mas em filatelia em muito apreciado. Também aqui acontece um pouco isso. É principalmente face aos erros que os amigos filatelistas se manifestam e temos oportunidade de sentir que as nossas palavras são lidas. Um associado informou-nos, a propósito das nossas referências sobre a PhilexFrance, que a correspondência enviada por computador a partir da exposição chegava efectivamente ao destino. Não haveria mais ligações à Internet mas aquela, dos correios franceses, funcionava. Tem razão. Também eu acabei por receber o que me foi enviado. A informação inadequada resultou o muito tempo que mediou até à sua recepção. Os meios informáticos devem ser utilizados para acelerar os processos e não para os retardar, como parece que aqui aconteceu.