LILIAN STERTZ • O ramo da filosofia a que se dá o nome de «estética» inclui um conjunto de conceitos e de problemas tão variados. Uma maneira de desfazer tal impressão é começar por esclarecer que a estética é a disciplina filosófica que se ocupa dos problemas, teorias e argumentos acerca da arte. A estética é, portanto, o mesmo que filosofia da arte. A estética pode ser ― o que de resto é mostrado pela sua história ― uma de três coisas: • Em primeiro lugar, tanto a teoria do belo como a teoria do gosto dirigem o seu interesse de forma particular para as obras de arte. Para além do problema de saber o que é o belo, um dos problemas colocados pela teoria do belo é o da distinção entre o belo natural e o belo artístico. No mesmo sentido também os defensores da teoria do gosto procuraram compreender porque é que a arte está na origem de grande parte dos nossos juízos de gosto. •Em segundo lugar, a teoria do belo e a teoria do gosto não conseguem dar conta de muitos dos problemas que se colocam com o conceito de arte. É o caso das obras de arte que dificilmente podemos considerar belas e daquelas de que não gostamos mas não podemos deixar de considerar obras de arte. • Em terceiro lugar, o desenvolvimento da arte consegue levantar problemas acerca dos conceitos de belo e de gosto que estes não conseguem levantar acerca da arte. Isso torna-se evidente quando, por exemplo, os gostos e a própria noção de belo se podem modificar à medida que contatamos com diferentes obras de arte (a idéia de que a arte educa os gostos e influencia a nossa própria noção de belo). Definições explícitas de «arte»: as teorias essencialistas Teoria da arte como imitação •Uma obra é arte se, e só se, é produzida pelo homem e imita algo. Teoria da arte como expressão • Uma obra é arte se, e só se, exprime sentimentos e emoções do artista. Teoria da arte como forma significante • Uma obra é arte se, e só se, provoca nas pessoas emoções estéticas. • Nenhuma das teorias aqui discutidas parece satisfatória. Tendo reparado nas insuficiências das teorias essencialistas, alguns filósofos da arte, como Morris Weitz, abandonaram simplesmente a idéia de que a arte pode ser definida. • ... outros, como George Dickie, apresentaram definições não essencialistas da arte, apelando, nesse sentido, para aspectos extrínsecos à própria obra de arte; • outros ainda, como Nelson Goodman, concluíram que a pergunta «O que é arte?» deveria ser substituída pela pergunta mais adequada «Quando há arte?». •Serão estas teorias melhores do que as anteriores? Aí está uma boa razão para não darmos por terminada esta tarefa. Lilian stertz, out/2007.