SIMBOLISMO
Profª. Mara Magaña
SIMBOLISMO
A valorização da Música
Simbolismo
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O Parnasianismo trouxe ao panorama literário
brasileiro a valorização excessiva da forma.
No último decênio do século XIX tomou
impulso outro movimento, que, apesar de não
abafar o Parnasianismo, constituiu ponto de
partida para a recuperação da musicalidade da
expressão poética.
Poema de Cruz e Sousa
Busca palavras límpidas e castas,
 novas e raras, de clarões ruidosos,
 dentre as ondas mais próximas, mais vastas
 dos sentimentos mais maravilhosos.
------------------------------------------------------Enche de estranhas vibrações sonoras
a tua Estrofe, majestosamente...
põe nela todo o incêndio das auroras
para torná-la emocional e ardente.
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(continuação)
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Derrama luz e cânticos e poemas
no verso, e torna-o musical e doce,
como se o coração nessas supremas
Estrofes, puro e diluído fosse.
O autor dá muita atenção ao cuidado que deve
ter o poeta com a linguagem.Propõe palavras
que tenham grande poder de sugestão, que
transmitam musicalidade aos versos.
Simbolismo
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Em vez de querer a palavra exata ou o termo que melhor
descreva um objeto, o autor incita o poeta a tornar seu verso
“musical e doce” e o poema, “emocional e ardente”, como se o
próprio coração fosse diluído nas estrofes.
Temos a valorização do ritmo, das sensações, das sugestões,
do indefinível.Enquanto o Parnasianismo compara o poeta a
um ourives, o Simbolismo o aproxima de um músico, que em
vez de sons, trabalhasse com palavras que têm o poder de
evocar sentimentos e emoções, mas não o sentimentalismo
choroso e superficial dos românticos e sim os profundos
anseios e angústias que atormentam o espírito sensível do
poeta.
Música da Morte
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A música da morte, a nebulosa,
estranha, imensa música sombria,
passa a tremer pela minha’alma e fria
gela, fica a tremer, maravilhosa...
Onda nervosa e atroz, onda nervosa,
letes sinistro e torvo de agonia,
recresce a lancinante sinfonia,
sobe numa volúpia dolorosa...
Música da morte(continuação)
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Sobe, recresce, tumultuando e amarga,
tremenda, absurda, imponderada e larga,
de pavores e trevas alucina...
E alucinando e em trevas delirando,
como um ópio letal, vertiginando,
os meus nervos, letárgica fascina...
Características do Simbolismo
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Preocupação formal que se revela na busca da palavra de
grande valor conotativo e ricas em sugestões sensoriais; o
simbolista não pretende descrever a realidade, mas sugeri-la.
Comparação da poesia com a música.
A poesia é encarada como forma de evocação de sentimentos e
emoções
Alusões a elementos evocadores de rituais religiosos(incenso,
altares, cânticos, arcanjos,salmos, etc.), impregnando a poesia
de misticismo e espiritualidade.
Preferência por temas subjetivos que tratem da Morte, do
destino, de Deus.
Enfoque espiritualista da mulher, envolvendo-a num clima de
sonho onde predomina o vago, o impreciso e o etéreo.
Origens do Simbolismo
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O movimento simbolista é de origem francesa e seu marco
inicial no Brasil é a publicação em 1893, de dois livros de
Cruz e Sousa: Missal(poemas em prosa) e Broquéis(poesias)
Por seu subjetivismo, o Simbolismo apresenta algumas
semelhanças com a poesia romântica, porém a grande
diferença reside na linguagem bem mais trabalhada dos
simbolistas, que procuram obter vários efeitos rítmicos e
sonoros.Mostram gosto por vocabulário litúrgico e religioso, o
que dá a seus textos um ar de misticismo e espiritualidade
ausente no Romantismo.
Simbolistas brasileiros: Cruz e Sousa, Alphonsus de
Guimaraens, Pedro Kilkerry, Dario Veloso, Emiliano Perneta.
O Simbolismo não suplantou o
Parnasianismo
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O Parnasianismo, com sua linguagem ornamentada,acabou
dominando o nosso panorama literário, tendo sido criticado e
abandonado somente após a década de 1920.
Para Alfredo Bosi “O Parnasianismo é o estilo das camadas
dirigentes da burocracia culta e semiculta, das profissões
liberais habituadas a conceber a poesia como a linguagem
“ornada”, segundo padrões já consagrados que garantam o
bom gosto da imitação”Isso fez com que a linguagem
parnasiana fosse considerada uma espécie de linguagem
literária oficial do Brasil, praticada por todos que se diziam
literatos e respaldada pela Academia Brasileira de Letras,
fundada nesse período e onde tiveram assento poetas
parnasianos.
Simbolismo
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O Simbolismo ficou restrito a poucos escritores não
conseguindo penetrar em círculos literários mais amplos;
assim, não pode exercer o papel que exercera em outros países,
onde libertou a linguagem poética, abrindo caminho para
experimentações ousadas e pesquisas estéticas, que criaram
um clima estimulante para o advento da poesia moderna.
No Brasil foi preciso esperar a geração modernista de 1920
para que o provincianismo e as limitações da poesia parnasiana
fossem vigorosamente combatidas, cedendo espaços a
produções literárias mais criativas.
João da Cruz e Sousa
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Nasceu em 1861 em Santa Catarina e morreu em 1898 em
Minas Gerais.
Filho de ex-escravos, teve uma vida de padecimentos, além de
sofrer o preconceito racial.
É considerado o melhor poeta do Simbolismo e um dos mais
destacados de nossa literatura.
Seus livros: Missal(poemas em prosa)e
Broquéis(poesias)únicas obras publicadas em vida que dão
origem ao Simbolismo no Brasil.
Cruz e Sousa
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Apresenta preocupação formal herdada do Parnasianismo, mas
seus temas se baseiam em torno dos mistérios da vida e da
morte, do enigma da existência de Deus, voltando-se
frequentemente para os marginalizados e miseráveis.
Sua linguagem é exuberante e riquíssima, utilizando as
camadas sonoras das palavras e obtendo bons efeitos fônicos e
grande musicalidade, sobretudo nos poemas longos.
Seu apelido: O Dante Negro.
Poemas: Vida Obscura, Triunfo Supremo, Sorriso Interior,
Monja Negra.
Livros: Tropos e Fantasias,Evocações, Faróis, Últimos
Sonetos.
Cárcere das Almas
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Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas,tardes, natureza.
Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e sonhando, as imortalidades
Rasga ao etéreo Espaço da Pureza.
Cárcere das Almas(continuação)
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Ó almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!
Nesses silêncios solitários, graves,
Que chaveiro do Céu possui as chaves
Para abrir-vos as portas do Mistério?!
Região Azul
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As águias e os astros abrem aqui, nesta doce, meiga e miraculosa claridade
azul, um raro rumor de asas e uma rara resplandecência solenemente
imortais.
As águias e os astros amam esta região azul, vivem nesta região azul,
palpitam nesta região sul.E o azul, o azul virginal onde as águias e os astros
gozam, tornou-se o azul espiritualizado, a quinta-essência do azul que os
estrelajamentos do Sonho coroam.
Músicas passam, perpassam, finas, diluídas, finas, diluídas, e delas, como
se a cor ganhasse ritmos preciosos, parece se desprender, se difundir uma
harmonia azul, azul de tal inalterável azul, que é ao mesmo tempo colorida
e sonora, ao mesmo tempo cor e ao mesmo tempo som...
Região Azul(continuação)
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E som e cor e som e cor, na mesma ondulação ritmal, na mesma
eterificação de formas e volúpias, conjuntam-se, compõem-se, fundam-se
nos corpos alados, integram-se numa só onda de orquestrações e de cores ,
que vão assim tecendo as auréolas eternais das Esferas...
E dessa música e dessa cor, dessa harmonia e desse virginal azul vem então
alvorando, através da penetrante, da sutil influência dos rubros Cânticos
altos do sol e das soluçadas lágrimas noturnas da lua, a grande Flor
original, maravilhosa e sensibilizada da Alma, mais azul que toda a
irradiação azul e em torno à qual as águias e os astros, nas majestades e
delicadezas das asas e das chamas, descrevem claros, largos giros
ondeantes e sempiternos.
Afonso Henriques da Costa
Guimarães
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É conhecido como Alphonsus de Guimaraens.
Nasceu em 1870 em Minas Gerais e aí falecido em 1921.
Levou uma vida solitária.
Sua poesia é espiritualista, com rituais religiosos, sonhos e
melancolia.
Linguagem simples de grande efeito musical.
Obras: Setenário das Dores de Nossa Senhora, Câmara
Ardente, Dona Mística,Kiriale, Pauvre Lyre, Pastoral aos
crentes do amor e da morte, Escada de Jacó, Pulvis, Nova
Primavera e Salmos da Noite.
Soneto
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Lua das noites pálidas!alheia
Ao sofrimento humano, segues no alto...
Ao ouvir-te as baladas de sereia,
Soluçam corações em sobressalto.
És minguante, és crescente, és nova e cheia,
E sempre que tu vens, é um novo assalto
Misterioso à pobre alma que vagueia,
Caravela perdida no mar alto...
Soneto(continuação)
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Atrás de ti partem gemidos:corre
O pranto ao ver-te, pela face nua
De quem de mágoa e de saudades morre...
Vais perfumando, além, montes e vales:
E nem presumes, por acaso, ó lua,
Que foste a causadora dos meus males.
Augusto de Carvalho Rodrigues dos
Anjos
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Nasceu em 1884, na Paraíba, e faleceu em 1914, em Minas
Gerais.
A originalidade de sua obra vem do vocabulário tirado das
ciências biológicas, da matéria em decomposição.
É “o cantor da poesia de tudo quanto é morto” e a
musicalidade e o poder de sugestão de seus versos revelam as
raízes simbolistas de sua poesia.Usa palavras estranhas e
inusitadas; criou efeitos rítmicos e sonoros, uma das causas da
atração que sua obra exerce sobre nossa sensibilidade.
Psicologia de um Vencido
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Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Psicologia de um
Vencido(continuação)
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Já o verme – este operário das ruínas –
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
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