Inovação Reversa Prof. Felipe Borini Objetivo O objetivo dessa linha de pesquisa é entender quais são os fatores que estimulam a inovação reversa das subsidiárias estrangeiras de países desenvolvidos instaladas no Brasil. O que é a Inovação Reversa? A inovação reversa é a inovação desenvolvida por subsidiárias instaladas em países emergentes (ex. Brasil) e que é transferida para a matriz corporativa em países desenvolvidos, assim como, para outras subsidiárias da corporação. Em outras palavras, a subsidiária de um país emergente passa a ser um centro de inovação em determinada área para uma empresa estrangeira com sede num país desenvolvido. Em geral a inovação tradicional está ancorada em atividades de alta intensidade tecnológica e pesquisa e desenvolvimento (P&D). O enfoque da inovação reversa é diferente. Em geral podemos distingui-la em dois grupos. A inovação em produto e serviços para atender a crescente classe C, mas também, as classes D e E. A inovação em processo, chamada de inovação em custo, para tornar os processos organizacionais (produção, logística, rotinas organizacionais) mais enxutos e simplificados. Por que a Inovação Reversa é importante? A inovação reversa ganhou importância com a crise internacional de 2008/2009. Muitas empresas multinacionais de países desenvolvidos observaram a diminuição do poder de compra dos seus mercados tradicionais (países desenvolvidos e classe A e B de países emergentes). Isso diminui as margens das multinacionais, logo elas precisavam sair dessa situação. A inovação reversa é uma das soluções por duas razões. Primeiro, a inovação de produtos e serviços para a classe C configura um redirecionamento para as multinacionais de países desenvolvidos. Basta observar o mercado da maior parte dessas empresas e você pode constatar que elas tradicionalmente deixaram de escanteio as classes mais baixas. Contudo, a realidade mudou. A classe C e os países emergentes despontam como um mercado imenso e ávido por compras. Após a crise, as taxas de crescimento mais altas estão nesses países. Caso as multinacionais não aprendam a atuar nesses mercados, as competidoras oriundas dos mercados emergentes vão ocupar esse espaço. Logo, os mercados emergentes servem de base para multinacional aprender a fazer a inovação de produtos e serviços. Uma subsidiária bem sucedida nessa inovação se tornaria um centro de referencia para corporação, tanto no sentido de ofertar um produto para outros mercados emergentes, mas, sobretudo, para atender uma demanda com menor poder de compra nos mercados desenvolvidos. Segundo, a inovação em custo permite com que as multinacionais aufiram ganhos nas suas margens. Para competir em países emergentes as subsidiárias dessas empresas tem que ter processos organizacionais mais enxutos. Duas razões para isso. Primeiro, a pressão pelo preço mais baixo exercido pela demanda. Segundo, a pressão pelo custo mais baixo decorrente das mazelas institucionais que elevam o custo da produção (ex. Custo Brasil, ou seja, imposto, burocracia, falta de infraestrutura, etc.). Quando a multinacional aprende essas inovações com suas subsidiárias em países emergentes e consegue transferir esses processos para a matriz e outras unidades da corporação a empresa reduz seu custo, pois será executado um projeto mais enxuto. Consequentemente, a corporação pode baixar o preço de seus produtos ou serviços caso ache necessário, ou se não for essa a necessidade, ela pode elevar suas margens cobrando o mesmo preço, mas executando a um custo mais baixo. O que as subsidiárias estrangeiras ganham ao se tornar uma referência de inovação reversa? Se uma subsidiária estrangeira se torna uma referencia em inovação reversa ela ganha relevância estratégica, pois ela é o centro mundial para o desenvolvimento da inovação. Isso significa maior aporte de recursos financeiros na subsidiária. Esse maior aporte para os executivos se traduz em um orçamento maior, possibilidade de incrementar seus bônus e salários, visibilidade mundial e, consequentemente, projeção para uma carreira internacional na corporação. Por outro lado, para o país, o maior aporte de recursos financeiros significa mais investimento na operação produtiva no país hospedeiro, logo mais empregos, mais impostos. Contudo, um aspecto para a economia é importante: a competitividade. A partir do momento que a subsidiária desenvolve a inovação reversa ela pressiona os demais competidores a ofertar produtos e serviços mais baratos, assim como, ter um custo de produção mais enxuto. A competitividade dos concorrentes é incrementada. Como as subsidiárias estrangeiras instaladas no Brasil podem se tornar importantes centros de inovação reversa? As pesquisas conduzidas e relatadas abaixo mostram alguns fatores chave para a Inovação Reversa. A rede de negócios (fazer parcerias) é importante? No artigo “Inovação Global de Subsidiárias Estrangeiras Localizadas em Mercados Emergentes” publicado na RAC, os resultados mostram que as subsidiárias estrangeiras que realizam a Inovação Reversa são aquelas que têm uma forte relação de cooperação com fornecedores e parceiros no Brasil. Por que? Lembre que essas multinacionais tem que apreender a fazer essa inovação. Para tanto, aquelas que conseguem estabelecer laços de cooperação estratégica com parceiros de negócios no Brasil entendem melhor o desejo do consumidor da classe C do país emergente e por meio da parceria se tornam capazes de desenvolver processos mais enxutos para superar as adversidades locais. O que vale mais a autonomia ou a integração da subsidiária com a matriz? No artigo “Reverse innovation as an inducer of centers of excellence in foreign subsidiaries of emerging markets” no prelo do International Journal of Business and Emerging Markets os resultados mostram que é necessário um equilíbrio entre essas duas forças opostas. A subsidiária precisa ter autonomia para desenvolver a inovação, porém se não existe a integração a inovação é difícil de ser transferida. Logo a Inovação Reversa não significa qualquer inovação, mas deve ser uma inovação integrada ao sistema operacional e gerencial da corporação. A Inovação Reversa permite que as subsidiárias se tornem Centros de Excelência? No artigo “Reverse innovation as an inducer of centers of excellence in foreign subsidiaries of emerging markets” no prelo do International Journal of Business and Emerging Markets os resultados mostram que o centro de excelência, ou seja, o ganho de reconhecimento da matriz e relevância estratégico depende fortemente da subsidiária aqui no Brasil desenvolver a Inovação Reversa.