CARACTERIZAÇÃO WORLD OF PRODUCTION NA
PRODUÇÃO DE LEITE VERDE
LETÍCIA NUNES NASCIMENTO MARTINS
Universidade Federal de Rondônia
[email protected]
MARILUCE PAES DE SOUZA
Universidade Federal de Rondônia
[email protected]
CARACTERIZAÇÃO WORLD OF PRODUCTION NA PRODUÇÃO DE LEITE
VERDE
RESUMO
A complexidade da cadeia de alimentos é verificada em vários estudos que mostram
especificidades na produção que se diferenciam do padrão, que acreditava-se, a globalização
traria para a produção de alimentos. Os fatores associados à produção de leite verde são
estudados por matrizes teóricas diversas, sendo uma delas a Teoria das Convenções e a Teoria
de Mundos de Produção. Esta pesquisa buscou caracterizar a produção de leite verde no
município de Porto Velho/RO a partir da teoria de Mundos de Produção descrevendo a
produção de leite verde do mini-laticínio Fresquinho analisando as suas características a partir
da teoria das convenções e caracterizando o leite em um dos Mundos de Produção. Em
entrevista aplicada em profundidade com o sócio gerente do mini-laticínio foi possível
identificar características da produção e categoriza-la em um dos Mundos de Produção. A
produção de leite verde pertence ao Mundo Interpessoal, pois apesar de um produto
padronizado, ele é dedicado a uma população específica e está ligado à convenção ecológica,
domésticas e cívicas. O mini-laticínio tem estrutura para padronizar a sua distribuição, o que
poderia agregar maior visibilidade ao seu produto, assim a produção passaria a ter um
distribuidor especializado em revenda de produtos orgânicos e com padrões de qualidade
diferenciada.
Palavras Chave: Mundos de Produção, Leite Verde, Produção de Leite.
CHARACTERIZATION WORLD OF PRODUCTION IN PRODUCTION OF GREEN
MILK
ABSTRACT
The complexity of the food chain is verified in several studies that show specific production
that differ from the standard, it was believed, would bring to the globalization of food
production. Factors associated with the production of green milk are studied by various
theoretical frameworks, one being the Theory of Conventions and the Theory World of
Production. This study aimed to characterize the production of green milk in Porto Velho / RO
from the theory Worlds of Production describing the production of green milk in mini-dairy
Fresquinho analyzing its characteristics from the Theory of Conventions and characterizing the
production green milk in the one World of Production. In applied in depth with the managing
partner of the mini-dairy interview was possible to identify characteristics of production and
categorizes it into one Worlds of Production. The production of green milk belongs to the
Interpersonal World, because despite a standardized product, it is dedicated to a specific
population and is linked to ecological, domestic and civic convention. The mini-dairy structure
has to standardize its distribution, which could add more visibility to your product, so the
production would have a retail distributor specializing in organic products and differentiated
quality standards.
Key-words: World of Production, Green Milk, Production of Milk.
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1 INTRODUÇÃO
A complexidade da cadeia de alimentos é verificada em vários estudos de caso que
mostram especificidades na produção de diversos alimentos que se diferenciam do padrão que
alguns autores acreditavam que a globalização traria para a produção de alimentos.
Os países em desenvolvimento buscam na produção agrícola, alternativas de renda,
sendo a pecuária de leite uma das atividades que mais gera renda ao pequeno agricultor
familiar. A produção leiteira é uma opção de baixo risco e pouco investimento, e hoje, é a
principal renda de pequenos produtores em todo o Brasil. Segundo Siqueira (2013), a Food and
Agriculture Organization of the United Nations (FAO) divulgou dados preliminares da
produção de leite no mundo onde o Brasil encontra-se como 4º maior produtor.
A contribuição da produção leiteira para geração de renda e para o desenvolvimento de
arranjos produtivos locais possibilita as investigações sobre os fatores de produção, os quais
são estudados e analisados a partir dos preceitos de diversas linhas teóricas, sendo uma delas a
Teoria das Convenções.
A Teoria das Convenções surge a partir dos estudos de Boltansky e Thevenont em
1986, nos últimos 28 anos vem sendo trabalhada por diversos autores que buscam caracterizar
o mercado capitalista a partir de seis convenções (WILKSON, 1999).
Inspirado por Thevenot e Boltanski, que originalmente introduziu a teoria de
convenções, Storper e Salais (1997) desenvolveram um modelo geral de diferentes sistemas de
produção ou "mundos de produção” a fim de examinar as combinações de padrões e qualidades
que compõem as redes de padronização, para tanto, os autores adotaram a teoria de
convenções, conforme Vittersø (2005) e Murdoch e Miele (2000).
A teoria de Mundos de Produção identifica a partir de suas convenções, em que mundo
a produção está enquadrada e se seu produto é dedicado ou genérico e especifico ou
padronizado. Alguns autores defendem que para a garantia da qualidade do produto oferecido,
algumas normas e convenções devem ser adotadas para que isso ocorra. (MURDOCH e
MIELE, 2000).
Pode-se chamar produto verde ou produto sustentável àquele que possui a preocupação
com o meio ambiente em toda a sua cadeia produtiva. O leite verde está sendo denominado
assim nesta pesquisa por ser a primeira característica identificada nessa produção além do
respeito aos conhecimentos tradicionais e artesanais.
Analisar as práticas adotadas pela produção de leite verde no município de Porto
Velho/RO permitiu verificar a complexidade na cadeia produtiva do leite uma vez que partiuse do pressuposto de que a cadeia é diversificada quanto às suas convenções e os atores da
cadeia produtiva fazem parte de diferentes Mundos de Produção.
Esta pesquisa busca caracterizar a produção de leite verde no município de Porto
Velho/RO a partir da teoria de Mundos de Produção descrevendo a produção de leite verde do
mini-laticínio de leite Fresquinho analisando as suas características com base na teoria das
convenções e caracterizando o leite verde em um dos Mundos de Produção buscando responder
a seguinte questão: Em qual World of Production a produção de leite verde no município
de Porto Velho/RO se encontra?
Diante da importância da produção de leite em todo o estado, faz-se necessário o
desenvolvimento de pesquisas que permitem a identificação das diversas formas de produção
tendo em vista suas particularidades e características fazendo com que os produtores possuam
mais informações para gerir de forma inteligente a sua unidade produtiva.
Em virtude do escasso material a respeito das formas de produção de leite no estado
parecer ser necessário que a partir dessa pesquisa, sejam realizados mais estudos visando
fornecer informações para a formulação de políticas públicas que possibilitem melhorar o
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2
processo de gestão de unidades produtivas que estejam de acordo com as reais necessidades
dos produtores.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Davis e Goldeberg (1957) conceituam agribusiness como a soma total de todas as
operações envolvidas na fabricação e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de
produção na fazenda.
O termo agronegócio é o resultado da evolução da agricultura, com o passar do tempo
os avanços tecnológicos transformaram bruscamente um ramo da economia, a
agricultura, fazendo com que houvesse uma verdadeira revolução no ramo; o que
resultou em mudanças tanto de ordem prática como teórica (SOUZA, 2011 p.17).
A Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD) destaca a
importância das políticas publicas de desenvolvimento agrícola para a erradicação da pobreza e
para manter os produtores rurais no campo. Essas políticas devem ser concentradas em
investimentos estratégicos para aumentar a produtividade e beneficiar o pequeno produtor
reduzindo a pobreza no campo e diminuindo a migração para o meio urbano. Devem garantir
ainda a elaboração de sistemas eficazes de proteção social para as famílias rurais, pois muito se
preocupa com a qualidade dos serviços oferecidos no meio urbano e pouco com o meio rural.
O padrão de qualidade do produto oferecido e da exigência do mercado vem
aumentando ao longo do tempo.
O padrão vigente ate inicio dos anos de 1990, que tinha como característica uma
estrutura produtiva formada em sua grande maioria por pequenos e médios produtores
com baixo nível e especialização, qualidade e organização, começou a se modificar.
Níveis de qualidade e eficiência na produção passaram a ser exigidos, forçando os
produtores a rever sua forma de produção e comercialização. (RODRIGUES 2010,
p.11).
Para o Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT (2002) as mudanças nos cenários do
agronegócio no país e no mundo têm exigido um novo padrão de inserção de políticas técnicocientíficas, afirmando que
[...] em razão da necessidade de se incorporar inovações às atividades produtivas.
Com isso, o agronegócio ganhou destaque pelo seu caráter estratégico para o
desenvolvimento sustentável em bases competitivas. Nesse cenário, que inclui a
intensificação da competição e da valorização do conhecimento e da informação, o
Brasil precisa adotar um novo modelo de desenvolvimento econômico e social (MCT,
2002, p.7).
2.1 Cadeia Produtiva do Leite em Rondônia
A cadeia produtiva do agronegócio leite no Estado de Rondônia teve inicio a partir da
explosão demográfica e do crescimento populacional na década de 1970 onde a população
passou de 111.064 habitantes para 503.128 segundo dados do IBGE (1998), ocorrendo assim a
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definição da política de colonização e a abertura de novas fronteiras agrícolas intensificando a
demanda da produção de leite. (PAES-DE-SOUZA, 2007).
Rondônia vem sendo o principal produtor de leite da região norte destacando-se
também a nível nacional. Sua produção em 2011 foi estimada em 841.092 mil litros de leite
segundo dados da EMBRAPA ficando em 9º lugar no ranking de produção de leite nacional
como apresentado no gráfico 1.
Gráfico 1 – Produção de Leite dos Estados da Região Norte de 2000 a 2012
Fonte: Elaborado a partir de IBGE (2012)
Com a abertura do mercado e a inserção de novas tecnologias na cadeia do leite em
1990, a pecuária passou por várias transformações que não se deram somente na produção, mas
também quanto ao armazenamento, comercialização e distribuição do produto para consumo,
ocasionando assim um aumento na competitividade do setor. (VIANA & RINALDI, 2010).
Para garantir a qualidade do leite e suprir a demanda de especialistas para oferecer
assistência rural, surgem diversos projetos e programas sendo um deles o Programa Nacional
de Melhoria da Qualidade do Leite – PNQL que reuniu os esforções dos ministérios envolvidos
na produção de pensando em mecanismos para regulamentação de técnicas e procedimentos
para essa produção. (DÜRR, 2009; MARTINS, 2013)
A produção de leite é favorecida pelos baixos custos de produção acompanhados de
fatores como a abundância de chuvas, pouca utilização de mão-de-obra, mercado direcionado
para a industrialização e a baixa ou nenhum emprego de insumos, sendo uma atividade onde a
agricultura familiar predomina. (PAES-DE-SOUZA, 2007)
Paes-de-Souza (2007) descreve o APL-Leite do Estado de Rondônia estudando os
municípios de Rolim de Moura, Presidente Médice, Ouro Preto, Cacoal, Jaru e Ji-paraná e as
forças e fraquezas do Arranjo Produtivo Local do Leite são descritas no quadro I, a seguir.
Em estudos recentes do Centro de Estudos Interdisciplinar em Desenvolvimento
Sustentável da Amazônia – CEDSA, 2009 a 2012, esse cenário vem se confirmando. O
CEDSA foi responsável pelo acompanhamento da instalação de tanques de resfriamento de
leite por todo o Estado de Rondônia e fez um inventário da produção de todos os que se
beneficiariam com esse tanque de resfriamento. Em relatório apresentado para
Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA, como resultado do estudo,
principalmente as fraquezas apresentadas no quadro I ainda permanecem apesar dos inúmeros
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investimentos feitos. Esta situação remete a insistir na importância da realização de mais
pesquisas sobre o tema para subsidiar as políticas públicas no Estado para o setor. (PAES-DESOUZA, 2012).
Quadro I – Forças e Fraquezas do APL Leite de RO
Forças
1.
Número significativo de estabelecimentos
produtores;
2. Tecnologia direcionada à sanidade do
rebanho;
3. Predominância de empresas familiares;
4. Custos de produção reduzidos;
5. Significativo número de indústrias;
6. Interesse dos dirigentes em programas de
gestão da qualidade;
7. Uso de estratégia de marketing pelos
estabelecimentos do varejo para atrair
consumidores;
8. Significativo capital empatado em terra;
9. Maior parte da propriedade constituída de
pastagem extensiva;
10. As áreas dos produtores apresentam alta
capacidade de suporte;
11. Maior período de produção nas águas, com
um período de 8 mes/ano de sazonalidade;
12. Baixo custo de oportunidade de mão-deobra;
13. Produtores concordam com o pagamento
por qualidade; presença de dois laticínios
que financiam tanque de resfriamento e um
que, além disso, presta assistência ao
produtor;
14. Estabelecimentos industriais inspecionados;
15. Parcerias entre fornecedor e varejista;
16. Disposição do cliente em “pagar mais” por
qualidade;
17. Promissor mercado dos produtos lácteos;
18. Relacionamento comercial do varejo direto
com a indústria estadual.
Fraquezas
1.
2.
3.
Pouca tradição de cooperativismo e associativismo;
Entidades de classes consideradas ineficientes;
Falta de treinamento para utilização da informática e
assistência técnica deficitária;
4. Pouca especialização do rebanho;
5. Baixa frequência de suplementação alimentar;
6. Falta programa de qualificação profissional, capacitação
e treinamento de funcionários;
7. Baixa participação da indústria laticinista na orientação e
modernização do produtor;
8. Informações ofertadas diferentes das demandadas;
9. Falta de capacitação em tecnologia de processamento de
leite e derivados;
10. Treinamento concentra-se em laboratório e controle de
qualidade;
11. Carência de treinamento em áreas gerenciais;
12. Não estabelecimento de metas;
13. Falta de controle sistematizado de custos;
14. Comercialização de produtos sem expectativas de
lucratividade;
15. Falta de diversificação dos produtos;
16. Baixo nível de tecnologias mecânicas;
17. Pouco uso de volumosos na dieta do rebanho;
18. Produto perecível com pouca infra-estrutura de
estocagem;
19. Baixo nível de escolaridade dos atores da cadeia;
20. Baixa qualificação profissional;
21. Grande número de pequenos produtores;
22. Tempo de transporte do leite da propriedade ao laticínio;
23. Falta de capacitação do varejo para manuseio de
perecíveis;
24. Baixa qualidade do leite;
25. Pouco valor agregado ao produto por insuficiente
plataforma de transformação;
26. Volume de leite produzido insuficiente;
27. Falta de organização dos produtores para aumentar o
volume de produção;
28. Fragilidade no relacionamento, baseado no preço e prazo
do produto;
29. Pouca sensibilização para os programas de qualidade
como BPF e APPCC.
Fonte: Elaborado a partir de PAES-DE-SOUZA (2007)
2.2 Mundos de Produção – World of Production
A teoria de Mundos de Produção foi concebida por Storper e Salais (1997) a partir de
uma analise da Teoria das Convenções pensada por Thevenot (1986).
De acordo com a teoria da convenção, uma espécie de acordo ou entendimento das
normas e expectativas compartilhadas são desenvolvidas a fim de mediar as interações entre os
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5
atores envolvidos dentro de um sistema social específico onde esses acordos podem ser
entendidos como convenções. Elas são muitas vezes nem formal, nem explícita, mas sim na
forma de conhecimento tácito, práticas e rotineiros. Segundo Wilkson (2009) as convenções
são, portanto, representações dinâmicas de negociação e, como tal, dependem da existência de
semelhanças entre os atores envolvidos. (VITTERSØ, 2005).
Foram definidas por Thevenot (1986) citadas e discutidas por Souza e Wilkson (2008)
seis diferentes convenções: (1) Comercial; (2) Doméstica; (3) Industrial; (4) Pública; (5)
Cívica; e (6) Ecológica.
Esta abordagem pode ser usada para entender a formação diferente da ação coletiva
dentro de cadeias alimentares, por isso é possível avaliar diferentes disputas em torno da
qualidade em termos dos principais conjuntos de convenções que possam ser empregados.
(MURDOCH e MIELE, 2000)
A teoria de mundos de produção surgiu visando explicar “[...] a existência de diferentes
padrões de coordenação da atividade econômica em função da priorização feita com respeito a
elementos como: padrão de inovação adotado, modelagem dos negócios e oferta de qualidade”.
(SOUZA; WILKSON, 2008).
Murdoch e Miele (2000) mostraram que o modelo de mundos de produção também se
encaixa com as características centrais do sistema alimentar e introduz as seis diferentes
convenções de Thevenot (1997) onde cada conjunto de convenções compreende a diferentes
avaliações e considerações relacionadas com os sistemas alimentares e dos alimentos. No
modelo apresentado por esses autores, os produtos alimentares são dispostos em duas
dimensões principais: Se eles são especializados ou padronizados ou se são dedicados ou
genéricos. Estas duas dimensões compõem quatro Mundos diferentes, ou categorias de
sistemas de produção e distribuição como apresentado na Figura 1.
Figura 1 – Duas dimensões de produção de Stoper
Fonte: Salais e Storper (1992) apud Murdoch e Miele (2000).
Na concepção de Storper (1997) o produto padronizado segue métodos de produção
muito conhecidos, de modo que a competição passa a ser inevitavelmente centrada no preço.
Por outro lado, o produto especializado, requer processos com tecnologia e know-how restritos,
de difícil imitação pela concorrência e está centrada na "qualidade". Na outra dimensão, o
produto genérico tem qualidades comuns, bem conhecidas e que pode ser comercializadas
diretamente no mercado, no entanto, tem previsibilidade e provavelmente os consumidores são
relativamente estáveis. Quanto ao produto dedicado, este, é direcionado a um grupo muito
particular de clientes, pois se trata de um produto personalizado, onde o "mercado" com
praticas de negociações interpessoais.
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Ressalta-se que essas dimensões de produção com seus tipos de produtos que
demarcam diferentes "mundos" produtivos são direcionados a atender exigência de qualidade,
uma vez que, para Salais e Storper (1992, p. 182) "cada mundo deve desenvolver suas próprias
convenções internas de implantação de recursos, com relação a seus fornecedores, seus fatores
de mercado, e sua própria estrutura interna".
Para Vittersø (2005) produtos de alimentos orgânicos e locais podem ser colocados
no Mundo Interpessoal, onde a concorrência é focada principalmente em qualidade, e o sistema
social é composto por um conjunto limitado de atores com uma comunicação interpessoal.
Produtos alimentares convencionais no sistema geral de alimentos pertencem ao Mundo
Industrial, onde a concorrência centrada no preço é uma característica principal. Movendo-se
para o Mundo do Mercado, a competição é mais focada na diversificação de produtos.
3 METODOLOGIA
A pesquisa considera o quadro teórico estruturalista conforme Bruyne, et al (1977)
aponta. Quanto à abordagem, a pesquisa se classifica como qualitativa e quanto aos objetivos a
pesquisa caracteriza-se como descritiva atentando para possíveis gargalos uma vez que busca
descrever a produção de leite verde no município de Porto Velho/RO e caracterizá-lo a partir
da teoria de Mundos de Produção, característica citada por Creswell (2006).
Para que fosse possível descrever a produção de leite verde no município de Porto
Velho/RO, foi feito primeiramente um levantamento em sítios e com especialistas para
encontrar atores que procuram atender a padrões de qualidade superiores e principalmente que
se preocupem com questões ambientais na sua produção de leite. Verificou-se então que um
desses atores é o mini-laticínio de produção de leite com a marca Fresquinho.
O mini-latícinio Fresquinho está situado na BR-319 km 7,5, onde encontra-se instalada
toda a planta industrial de processamento, com estrutura e infra-estrutura que atende ao
processo produtivo desde a recepção a distribuição, como descritos nos resultados deste artigo.
3.1 Coleta e Análise dos Dados
Para coleta de dados, recorreu-se a técnica de entrevista estruturada com base nas
premissas da matriz teórica, privilegiando a profundidade da temática e o conhecimento do
entrevistado. Foi efetuada com o sócio gerente do mini-laticínio responsável pelo sistema de
produção e gestão do empreendimento, o qual foi denominado de entrevistado Senior.
As questões que nortearam a pesquisa foram baseadas em cada indicador de aderência à
convenção conforme o Quadro II.
Indicador
Quadro II – Questões norteadoras da entrevista estruturada
Questões da Entrevista
Interesse Coletivo Como nasceu a ideia de implantar um laticínio? Quais os principais produtos? Foi feita alguma
pesquisa de mercado para implantar o laticínio? Qual o publico alvo?
Reconhecimento Que meios de divulgação são utilizados para promoção dos produtos? Onde os produtos são
comercializados? Como percebe a aceitação dos produtos?
Meio Ambiente Por que Leite Verde? Há alguma preocupação com o meio ambiente? Quais as práticas de
preservação ambiental? Os animais são tratados com alguma preocupação diferenciada? Há
alguma certificação do produto comercializado?
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7
Produtividade
Quais os principais fornecedores? Qual o tipo de ordenha? Qual a média de produção de litros/
vaca/dia? Qual a quantidade de leite recebido no laticínio? Qual o custo do litro de leite? Qual
o diferencial do processo de produção? Qual o processo de comercialização? Qual a
diferença do seu produto para os outros que competem no mesmo mercado?
Preço
Qual o preço de venda dos seus produtos? (Visando comparar com o preço praticado pelo
mercado) Seu objetivo é oferecer um produto com um preço baixo ou um produto diferenciado
dos demais? Que mecanismos você possui para diminuir os custos?
Fonte: Elaborado pelos autores
Complementarmente aos dados coletadas na entrevista e visita ao mini-latícinio foram
utilizadas as informações apresentadas em um panfleto que a empresa utiliza para divulgação
de seus produtos e entrevistas para jornais locais disponíveis nas redes sociais da empresa.
A produção do mini-laticínio foi analisada a partir das características de cada Mundo de
Produção e as convenções apresentadas na Figura 2, a seguir.
Figura 2 - Mundos de produção: suas convenções e características
Fonte: Elaborado a partir de Murdoch e Miele (2000); Eymard-Duvernay, el.al (2005); Souza e Wilkson (2008)
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Assim, foi possível analisar as informações coletadas a partir desses indicadores,
verificando quais convenções são predominantes na produção de leite do mini-laticínio e
caracterizar essa produção em um dos Mundos de Produção.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste item, são apresentados os resultados obtidos na entrevista com o sócio-gerente,
denominado de entrevistado Senior, do mini-laticínio de pasteurização de leite Fresquinho
(Leite Verde) e as analises a partir das convenções e dos Mundos de Produção apresentados na
Figura 2.
4.1 Produção de Leite Verde em Porto Velho/RO
A união de três produtores de leite buscando agregar valor ao litro de leite vendido
culminou na ideia da implantação de um laticínio próprio para pasteurização, embalagem e
distribuição de um produto diferenciado, conforme declara o entrevistado Senior.
Nós somos produtores de leite e achamos que o preço do produtor era muito baixo
então resolvemos fazer a nossa própria embalagem e atendendo a padrões de
qualidade que não se vê em lugar nenhum, porque o nosso leite é absolutamente
controlado quanto à origem, quanto à alimentação dos animais e aplicação de
medicamentos. (entrevistado Senior, sócio gerente do mini-laticinio de leite verde)
Relata que além da busca por agregação de valor ao seu produto, os sócios perceberam
que algumas pessoas tinham vontade e comprariam um leite de verdade, pois segundo o
entrevistado, as marcas de leite em caixinha são minerais de alta qualidade, mas são minerais e
não leite.
Declara que o leite produzido no mini-laticinio Fresquinho tem origem conhecida e
controlada, com organização da produção em lotes onde é feito todos os tipos de testes, tanto
local, quanto aos que são feitos no exterior. O entrevistado Senior enumera as seguintes
práticas que dão o diferencial na produção do principal insumo do produto leite verde,
conforme especificado a seguir:
1.
2.
3.
Produção primária do leite absolutamente isenta de pesticidas, agrotóxico e farinha
animal na alimentação do rebanho.
Sistema de manejo, sendo o pasto irrigado o ano inteiro e loteado em piquetes para que
as vacas possam pastejar em um piquete por dia.
Suplementação alimentar utilizada para as vacas em lactação - fubá o que garante a
produção de leite com mais vitaminas, mais antioxidantes e maior quantidade de ácidos
gordos e garantem uma produtividade por vaca de 12 a 18 litros por dia.
A produção de leite verde baseia-se no conceito de Happy Cow muito conhecido nas
principais regiões leiteiras do mundo como Nova Zelândia e Austrália e trás a preocupação
com o conforto animal. Registrou-se que os animais dos fornecedores de leite verde possuem
área com sombra para descanso, acesso fácil a água, são tratadas por nome e sobrenome e
cuidadosamente manejadas para evitar o stress. A sala de ordenha é um ambiente agradável
com piso emborrachado e as vacas são conduzidas sem gritos ou gestos bruscos, fazendo com
que as vacas não possuam reação de fuga ou agressividade.
Diz, o entrevistado, que todas as propriedades fornecedoras de leite verde têm ordenha
mecânica, com sistema integrado direto da ordenhadeira para o tanque de resfriamento. No
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caso do mini-laticinio que produz o leite do tipo A, o processo é instantâneo, o leite saí do teto
da vaca pela ordenhadeira mecânica, vai para o tanque de resfriamento e deste para o processo
de pasteurização e embalagem, tudo totalmente mecanizado. Nas palavras do entrevistado
Senior “O leite que é produzido aqui no sítio mesmo é um leite do tipo A, porque ele é
totalmente canalizado desde a extração do teto da vaca até a embalagem final, ninguém nem
olha pra ele, então o nível de contaminação é muito pequeno”.
Segundo sua declaração os fornecedores de leite verde são todos monitorados pela
EMATER – Associação de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia,
conforme segue com seus respectivos perfis de produção:
1.
4 propriedades na linha 43, as quais chegam a entregar 1000 litros de leite por dia.
2.
2 sítios dos dois sócios do mini-laticínio, sendo que a fazenda de um sócio entrega 300
litros de leite por dia e a do outro 700 litros de leite por dia.
3.
o sítio onde o mini-laticinio está instalado produz 150 litros de leite do tipo A.
Quanto a diversidade da produção, o entrevistado informou que atualmente o minilaticínio produz somente a pasteurização de leite, mas já produziu queijo minas do tipo frescal
e voltará a produzir, dizendo que esse produto já está em fase de testes para distribuição no
mercado.
Os dois tipos de leite produzidos no mini-laticínio são distribuídos em todos os
supermercados de Porto Velho/RO, com exceção do supermercado Araújo. Ele pode ser
encontrado na rede de supermercados Irmãos Gonçalves, Gonçalves, na indústria de pães,
bolos e doces dos supermercados Gonçalves (Granovam) e a parceria com a distribuidora
Rubens garante o seu produto em todas as padarias do município.
O mini-latícinio produz um leite de qualidade, porém, com o menor custo, pois como
mecanismos de diminuição de custo mantem uma estrutura enxuta, evitando desperdícios.
Apesar de buscar um menor custo na produção, o foco é sempre no oferecimento de um
produto como o entrevistado chama de “produto vivo”.
Na figura 3, encontram-se descritas as características de cada propriedade, as quais
apresentam o processo de produção de leite verde.
Figura 3 – Processo de Produção do Leite Verde
Fonte: Dados da Pesquisa
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Os produtores das fazendas da linha 43 recebem R$ 0,95 pelo litro de leite. Esse preço é
muito elevado se comparado com o preço praticado no estado em que o produtor recebe no
máximo R$0,50 pelo litro de leite. Somente casos específicos de investimento em produção,
pasteurização e embalagem do leite, como o caso do mini-laticínio, conseguem praticar um
preço maior. Os sócios do mini-laticínio recebem R$1,00 pelo litro de leite e a produção do
leite tipo A que é coletada diretamente no mini-laticínio é R$1,30 o litro de leite. Após o
processo de pasteurização do leite e embalagem, o leite tipo C é entregue nos distribuidores a
R$1,85 para ser vendido por R$2,00 e o leite tipo A é repassado por R$2,05 para ser vendido
por R$2,50. Por ser pasteurizado em temperatura mínima, o leite verde dura 10 dias nas
prateleiras, menos tempo do que o leite em caixinha.
A divulgação do leite como um produto diferenciado é feita principalmente nas redes
sociais e em mídia televisiva. A sua caracterização como um leite de produção diferenciada
chama a atenção da mídia local que já fez várias entrevistas mostrando toda a sua produção e
onde o leite pode ser encontrado. Às vezes utilizam outdoors para esse divulgação mas se
confiam na chamada promoção boca-a-boca, onde um cliente fidelizado acaba por convidar
outro a experimentar o seu produto.
As propriedades não possuem certificação de produção orgânica porque, segundo o
entrevistado Senior “[...] não possuímos uma agência certificadora”, mas acredita que não teria
dificuldade em conseguir tal certificação uma vez que sua produção atende a altos padrões de
qualidade.
4.2 Análise a partir da Teoria das Convenções e Caracterização do Mundo de Produção
Foi possível perceber que há uma preocupação com os animais que não é vista na
cadeia produtiva do estado. Essa preocupação ambiental torna o leite verde diferenciado dos
demais produtos oferecidos no mercado e acaba sendo dedicado a um publico específico que dá
valor a produtos que possuem essa preocupação. Essas características mostram a
predominância da convenção ecológica na produção do leite verde.
A produção utiliza ordenhadeira mecânica e no caso do leite tipo A, a padronização é
mais evidente do que as dos demais produtos. Essa padronização garante a qualidade do seu
produto, mas garante também um produto com preço acessível no mercado, pois sua estrutura é
enxuta e busca a eficiência na produção. Mesmo com essa padronização, a preocupação em
oferecer um produto que não seja igual aos oferecidos atualmente no mercado levando em
consideração a temperatura da pasteurização do leite para que ele possa oferecer um leite com
cuidados mais artesanais que os leites de caixinha, mostram a predominância também das
convenções domésticas e cívicas. Assim, pode-se observar no Quadro III onde a produção do
leite verde se encaixa segundo as convenções apresentadas.
Quadro III – Síntese das características dos Mundos de Produção e as convenções do leite verde.
Mundo de
Características
Predominância
Convenções
Produção
Mundo
Industrial
Possui padronização na produção, mas sua
prioridade não é produção em escala e nem o
preço do produto oferecido.
Produtividade e Preço
Convenções
Industriais;
Convenções
Comerciais.
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Mundo do
Mercado
Mundo
Interpessoal
Possui preocupação com oferecimento de um
produto com preço baixo (apesar de não ser seu
foco) e busca fama e reconhecimento na sua
produção, mas este mundo não trás a preocupação
ambiental.
Preço e
reconhecimento
(Fama)
Há uma preocupação com a sua reputação no
mercado buscando oferecer um produto de
Reputação, Interesse
qualidade, atendendo ao interesse de um publico
coletivo e Preocupação
específico e levando em consideração
com o Meio Ambiente.
principalmente a preocupação com o meio
ambiente e o consumo sustentável.
Convenções
Comerciais;
Convenções
Públicas.
Convenções
Domésticas;
Convenções
Cívicas;
Convenções
Ecológicas.
Convenções
Industriais
Mundo dos
Recursos
Intelectuais
Não há predominância da preocupação com a
produtividade e do preço e não há foco em
investir em recursos intelectuais.
Produtividade, preço e
reconhecimento
(Fama)
Convenções
Comerciais;
Convenções
Públicas
Fonte: Dados da pesquisa
Ao analisar as informações a partir de suas convenções para enquadrá-las no Mundo de
Produção, percebe-se que o Leite Verde enquadra-se no Mundo Interpessoal uma vez que tratase de mundo que caracteriza-se pela preocupação com a reputação do empreendimento e dos
parceiros, zela pelo interesse coletivo e possui uma predominância da convenção ecológica,
embora tenha uma organização e padronização na produção. A busca por um reconhecimento
no mercado e a sua preocupação não só com o meio ambiente mas também com a qualidade de
produção de um leite orgânico mostra a predominância das convenções cívicas e domésticas
como mostra a Figura 4.
Figura 4 – World of Producion da produção de leite verde
Padronizado
Mundo de Mercado
Mundo Industrial
Genérico
Dedicado
Mundo de Recurso
Intelectual
Mundo Interpessoal
Especializado
Fonte: Elaborado pelos autores
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Foi possível caracterizar a sua produção como leite verde pela preocupação com os
animais e ambiental diferenciada dos demais atores da cadeia. A preocupação com os animais
não é o único diferencial na produção de leite verde, o processo de pasteurização também é
diferenciado uma vez que os leites embalados em caixinhas chegam a uma temperatura de
120º, o leite verde chega somente a 65º visando manter a vida do leite, retirando somente as
bactérias nocivas ao consumo humano, procedimento que revela a preocupação com o
consumo sustentável.
O alto grau de industrialização das marcas de leite oferecidas no mercado fez surgir a
ideia da implantação de um mini-laticinio de leite pasteurizado no município de Porto
Velho/RO. A predominância da convenção doméstica na produção está ligada justamente à
esta preocupação, sendo o leite verde um produto mais artesanal uma vez que sua
industrialização consiste em tornar o processo padronizado e primar pela qualidade do produto.
Para oferecer um leite de qualidade, todos os tipos de testes são feitos para que o leite
oferecido não cause danos ao consumo humano. Essa preocupação em manter a reputação do
produto oferecido, até porque eles possuem como principal mídia a divulgação boca-a-boca,
mostra a predominância também da convenção cívica.
Sua produção é totalmente voltada às preocupações ambientais como evitar o
desperdício, a preocupação com o conforto animal e a convenção ecológica acaba por ser a
convenção que mais se destaca e está explicita nessa produção.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A teoria de Mundos de Produção é um tema recente e que vem tendo a atenção de
diversos estudiosos aplicando essa teoria no sistema alimentar buscando apresentar a
complexidade desse sistema. O agronegócio do leite no Estado de Rondônia vem sendo uma
importante atividade de geração de renda para produtores.
A produção de leite verde no município de Porto Velho é praticada pelo mini-laticínio
Fresquinho. A produção é baseada no conceito de Happy Cow que surgiu na Europa e busca o
conforto do animal. Sua produção é cerca de 2.150 litros de leite por dia e produz dois tipos de
leite, o tipo A e o tipo C.
Pode-se observar que apesar de sua padronização no processo de produção, é um
produto dedicado á uma população específica, que valoriza essa preocupação ambiental e
busca um reconhecimento no mercado fazendo parte então do Mundo Interpessoal.
Pequenas mudanças e decisões que o gestor possa tomar podem alterar
significativamente o mundo onde a produção de leite verde encontra-se. Caso a produção de
leite verde passasse a ter um distribuidor especializado em revenda de produtos orgânicos e
com padrões de qualidade diferenciadas como o caso da CarneSì apresentada por Murdoch
(2000), ele poderia agregar maior visibilidade ao seu produto, no entanto, poderia desvirtuar-se
do seu principal foco e poderia torna-se um produto do Mundo de Mercado.
Mas se os sócios optassem por especializar mais sua produção, como a produção de um
queijo especial, a sua produção passaria a ser mais dedicada afastando-se mais do Mundo de
Mercado e caracterizando com uma produção centrada no Mundo Interpessoal.
A partir dos resultados, foi possível perceber que apesar de ser possível categorizar a
produção em um Mundo de Produção, há algumas características que deixam a produção mais
próxima dos eixos e quase pertencentes à mais de um Mundos de Produção. O que foi
verificado para este estudo foi o grau de predominância de cada convenção para que fosse
possível caracterizá-la no Mundo Interpessoal.
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O mini-laticínio fresquinho possui estrutura para padronizar também a sua distribuição,
passando a ter um distribuidor com padrões de qualidade diferenciada ou certificação de
produção orgânica agregando assim maior visibilidade ao seu produto.
Por fim, ressalta-se a importância da pesquisa sobre esta temática recomendando que
outras investigações sobre outros produtos agroalimentares sejam realizadas, uma vez que em
muito contribuirá para proposição de politicas publicas que privilegiem a pequena produção
especializada, diante a preocupação mundial por um consumo mais sustentável.
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caracterização world of production na produção de