NA PRÁTICA
Educação financeira
Especialistas dizem como
controlar os limites do
próprio bolso
ESTILO
A grama do vizinho
Olhar a concorrência
pode ajudar no
aperfeiçoamento
Junho/2014 Ano 37 - nº 336
GESTÃO
SUSTENTÁVEL
Organizações podem ter lucro e
aumentar competitividade com
responsabilidade social e ambiental
PROFISSIONAL COM SELO DE QUALIDADE,
UM DIFERENCIAL PARA AS ORGANIZAÇÕES
CERTIFICAÇÃO
PROFISSIONAL
SISTEMA
CFA/CRAs
Recursos Humanos
O Sistema CFA/CRAs oferece um novo referencial
de qualificação profissional para as organizações:
o Programa de Certificação Profissional em Recursos Humanos.
O programa atesta as aptidões e competências do profissional,
proporcionando para as empresas mais segurança e
confiabilidade na escolha das contratações.
Informe-se sobre o Programa que coloca em evidência
os melhores profissionais. Acesse: certificacao.cfa.org.br.
COMPETÊNCIA COMPROVADA, ADMINISTRAÇÃO VALORIZADA
Editorial
Um caminho mais responsável
tentabilidade faz parte dos valores e objetivos da
organização e deve estar entre as prioridades das
lideranças. Na prática, significa que as lideranças
devem ter consciência da importância do tema:
ponto chave do entendimento que possibilita implantar políticas que não se limitam a discursos
ou que visem ao lucro ou à conquista de novos
mercados, mas que considerem o planeta.
Meios não faltam para a conscientização, e
atitudes e decisões devem corresponder a uma
visão sustentável de gestão que precisa sempre se
renovar. A responsabilidade das ações divulgadas
exige compromisso com a ética e profissionalismo. Caso contrário, interfere negativamente
no mercado.
As empresas que têm o olhar para o planeta
e para as gerações futuras tendem não só a ter
uma aceitação da sociedade, mas também uma
maior garantia de longevidade de seus negócios.
Usar matérias-primas sustentáveis, ou produtos
credenciados, ou ainda exigir que sua cadeia de
produção, com os respectivos terceirizados, sigam seu modelo de respeito ao meio ambiente,
são atitudes que correspondem a uma visão sustentável de gestão. Tudo, é claro, sem perder de
vista a competitividade e sem focar na chamada
cultura de resultados imediatos.
MARCELO MARQUES
Nos anos 1990, o sociólogo britânico John
Elkington criou o termo que até hoje é considerado a definição de uma gestão sustentável: o triple bottom line. O tripé da sustentabilidade prega
que as organizações precisam dar o mesmo valor
para os termos econômicos, sociais e ambientais
de seus negócios. Muito evoluiu desde então, mas
ainda há muito o que caminhar.
Uma coisa é certa: a questão da sustentabilidade deixou de ser um recurso episódico, para
ocupar uma posição estratégica no papel desempenhado pelas corporações. Deixou de ser uma
questão apenas de ordem social e ecológica para
se tornar um diferencial de competitividade. E
a responsabilidade de ter uma gestão que abarque esses aspectos é também, sem dúvida, função
do administrador. Assim, implementar melhores
práticas e avaliar de que modo a organização se
relaciona com a sociedade e também com seu
público interno são os desafios de uma gestão
sustentável.
Como demonstra nossa reportagem de capa, a
questão da sustentabilidade tem a ver também
com a reputação e a imagem de uma organização. Exemplo disso é que os investidores buscam
alocar seus recursos em função do papel que as
empresas desempenham nesse contexto. Logo,
podemos inferir que a gestão sustentável significa credibilidade.
Também os consumidores, seja de bens ou de
serviços, já têm como critério de escolha produtos que sejam ambientalmente responsáveis. A
tendência, inclusive, é que esse comportamento
cresça exponencialmente, graças ao nível de informação e esclarecimento das novas gerações,
que deverão cobrar mais essas questões.
Olhando para dentro da organização, é necessário trabalhar com uma eficiente política de
comunicação que deixe clara a importância do
envolvimento de cada um, mostrando que a sus-
Adm. Walter Sígollo
Presidente do Conselho
Regional de Administração
de São Paulo - CRA-SP
3
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Presidente
Administrador Walter Sigollo
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A grama do
vizinho pode
ser mais verde
e aprender com
ele é bom para os
seus negócios
GETTY IMAGES
Sumário
3 Editorial
6 Perfil
Lindolfo Galvão de Albuquerque
dedica sua vida ao ensino da
administração
em Estilo
GETTY IMAGES
Educação Financeira:
Saiba como respeitar
seu próprio bolso
em Na Prática
10 Capa
Gestão Sustentável
Responsabilidade ambiental e social
é fator para competitividade
16 Na prática
Especialistas mostram como não
ultrapassar seus limites financeiros
20 Estilo
getty images
Entenda o papel do administrador dentro do
conceito de Gestão Sustentável
em Capa
Olhar para a concorrência pode ser
bom para os negócios
24 Especial
Entrevista com Humberto Luiz Dias,
presidente da Jucesp
27 Especial
CRA-SP entrega as primeiras
Certificações Profissionais de
São Paulo e premia vencedor do
Concurso Cultural Administrador
Master
29 Notícias
Bônus de final de ano, Experiência x
Formação Acadêmica e mais
34 Opinião
Adm. Mariovaldo Alves Coimbra
Perfil
por Mauricio Duarte
Lindolfo Galvão
de Albuquerque,
homenageado pelo
CRA-SP, dedica sua
vida ao ensino da
administração e
comanda o maior
programa de pósgraduação da área no
Brasil
A
trajetória do professor Lindolfo Galvão de
Albuquerque se confunde e anda lado a lado
com o crescimento da profissão do administrador no Brasil. Homenageado com a distinção Administrador Destaque, concedida pelo CRA-SP
no último mês de maio, o coordenador do programa
de pós-graduação em Administração da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da
USP) fala nesta entrevista sobre as particularidades
do profissional de administração, sobre o mundo acadêmico e, principalmente, sobre as competências do
administrador aplicadas à educação.
O professor possui graduação em Administração
pela Universidade de São Paulo (1968), mestrado
em Administração pela Universidade de São Paulo
6
educar
Luis Carlos
Administrar para
(1975) e doutorado em Administração pela Universidade de São Paulo (1982).Tem experiência na área
de Administração, com ênfase em Administração de
Recursos Humanos, atuando principalmente nos seguintes temas: Gestão Estratégica de Pessoas, Comprometimento Organizacional, Estratégias de Recursos
Humanos e Comprometimento.
Sob sua gestão, o programa de pós-graduação conseguiu o feito inédito de ter por duas vezes a nota
máxima do Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior). Para o acadêmico, essa
foi sua maior vitória como educador e também como
administrador.
“Exigiu um esforço de remodelação, de aprimoramento. Não tanto no sistema de aula em si, ou no
sistema de estímulo para fazer produção científica.
Mas é tudo isso junto feito dentro de objetivos pré-determinados. A gente sabia onde queria chegar. E
conseguir fazer com que um programa grande como
o nosso, onde entram 40 doutorandos por ano, 30
mestrandos por ano, ser o único até hoje que tirou
duas notas máximas do Capes. Isso foi um desafio, e
continuará sendo para o meu sucessor”, diz.
RAP: Fale um pouco de como teve início sua trajetória ou como foi a decisão de se tornar administrador.
Lindolfo Galvão de Albuquerque: Sou nascido no
interior, morei no interior do estado até os meus 17
anos. Hoje estou com 68. Depois vim para São Paulo
para estudar e trabalhar. Vim especialmente fazer um
cursinho para fazer administração. Eu sempre gostei
de lidar com pessoas, de negociar. Eu já procurei direto o curso de administração. Naquela época era um
curso muito recente aqui no Brasil. Estou falando de
1964. Depois do cursinho prestei em três faculdades e
consegui entrar em todas elas, até porque eu só estava
fazendo isso. Entre as três que entrei, preferi a FEA.
Era lá na Vila Nova, perto da Maria Antônia, do Mackenzie. E já eram anos efervescentes de movimento
estudantil. Eu participei de movimento estudantil, fui
diretor do Centro Acadêmico, do restaurante da escola,
que era explorado pelos alunos. Sempre gostei de me
envolver nessas coisas. Eu me formei em 1968, que
foi o ano do grande conflito.
RAP: O senhor participou dos conflitos da batalha
da Rua Maria Antônia?
Lindolfo Galvão de Albuquerque: Atingiu toda
aquela área, tinha muitas faculdades ali, muita gente
envolvida. Foi conflituoso. A gente dormiu na faculdade, tudo que tem direito. Naquela época os alunos
eram muito participativos. Chegamos a ter comissão
paritária na escola. Professores e alunos para discutir
currículo. Mas era uma discussão em nível elevado,
não na base da briga. Era discussão acadêmica. Então
tive uma atuação no movimento estudantil da época
também. Era pouca gente, mas todos muito ativos. E
isso te leva para ter certas inclinações também em
termos estudantis e depois em termos profissionais.
Então em 1968 me formei e no ano seguinte a FEA
começou na Cidade Universitária.
RAP: Foi então que se iniciou sua vida acadêmica?
Lindolfo Galvão de Albuquerque: Eu trabalhava em
pesquisa com o professor Rui Aguiar da Silva Leme.
Ele foi um dos primeiros catedráticos aqui na área de
administração. Ele era da Poli e depois veio para a FEA.
Ele tinha um monte de assistentes e eu trabalhava em
pesquisa com ele. Depois fui trabalhar como trainee
de uma multinacional. Mas, depois que saiu do Banco
Central, ele me convidou para vir para a FEA, pois já o
tinha ajudado em pesquisa. Quis que eu fizesse mestrado na Poli e trabalhasse com pesquisa. Eu disse que
não estava preparado para dar aula, mas ele disse que
não era para dar aula, e sim me preparar. Acomodei
minha vida em termos de pesquisa e de aulas. Saí do
meu trainee que era muito disputado. E assim acabei
fazendo carreira acadêmica.
RAP: O senhor teve experiências dentro de empresas, além do mundo acadêmico?
Lindolfo Galvão de Albuquerque: Trabalhei em
empresa e dei aula ao mesmo tempo. Tive várias experiências com o mercado, desde trabalhar em uma
metalúrgica, até numa trading company que tinha escritório no exterior. Naquela época isso nem era tão
normal. Foi uma experiência interessante para ter esse
lado da empresa, esse lado internacional. Trabalhei
em consultoria também. Mas depois dei continuidade
na carreira acadêmica. Sempre procurei equilibrar a
questão do aspecto prático da profissão em empresas
sem nunca desistir de investir na carreira, publicando,
fazendo pesquisa. Minha vida inteira foi nisso.
RAP: O fato de ser especialista em gestão de pessoas, ajuda na hora de lecionar?
Lindolfo Galvão de Albuquerque: Ajuda. Comunica7
Perfil
ção com as pessoas é fundamental para ensinar. Professor que fica mudo não dá. Essa coisa de aprender
a ouvir os outros, não querer impor o seu ponto de
vista. E a capacidade de negociar. Acho que essas duas
coisas eu desenvolvi ao longo da minha carreira. Eu
sei a hora de intervir, de ouvir, de aceitar. E também a
hora de rejeitar, de tirar o time de campo. Tem pessoas
com mais facilidade de fazer isso, outras têm menos.
RAP: Existe alguma característica inata que é preciso ter para se tornar um bom administrador?
Lindolfo Galvão de Albuquerque: Eu não acredito
nisso. Até porque as demandas para os administradores são muito variadas. Mesmo que você tenha uma
característica muito determinante, no seu comportamento, elas são muito diferentes de atividade para
atividade. Você pega o administrador financeiro, ele
tem uma inclinação maior para números, para o raciocínio lógico. Já o cara de marketing é muito mais a
comunicação. Enfim, cada especialidade exige certas
atribuições. E não é uma questão dicotômica: ou tem
ou não tem. São coisas que você tem em um certo
grau, algumas mais do que outras, mas que podem
ser desenvolvidas. Eu não coloco isso como algo que
nasce com a gente, que seja um DNA. As competências humanas podem ser aprendidas, adquiridas e
desenvolvidas, desde que tenha um direcionamento
adequado. Se eu não acreditasse nisso, não seria um
educador.
O professor Lindolfo de Albuquerque recebeu a distinção
Administrador Destaque do CRA-SP
8
Luis Carlos
RAP: Fale um pouco do programa de pós-graduação em Administração que o senhor coordena e
como esse cargo se relaciona com a própria administração em si.
Lindolfo Galvão de Albuquerque: O programa de
pós-graduação nosso é o maior doutorado do Brasil
na área de administração. E por duas vezes ele teve a
nota máxima da Capes. É o que mais teve essa nota. Na
área de pós-graduação você tem uma métrica muito
bem desenvolvida em termos de indicadores de produção, de resultados do programa, de produção acadêmica, de publicações internacionais, de realização
de pesquisas. Tem uma métrica levada em conta pela
Capes para fazer avaliações trienais dos programas.
Eles promovem ou rebaixam os programas. É muito
importante no sentido de estimular os programas a
investir na direção certa e ter um padrão de comparação. Porque quem não tem métrica fica muito solto,
sem orientação. De um modo geral, vejo isso como um
sistema altamente desenvolvido. É comparável aos
melhores do mundo. Você mede resultado em quantidade e qualidade com vários indicadores.
RAP: E isso envolve a administração de forma
geral?
Lindolfo Galvão de Albuquerque: Sim, se torna um
problema de gestão estratégica. Você tem que trabalhar no curto prazo, tem que olhar a longo prazo, e se
preparar para buscar o desenvolvimento do programa.
Isso para o administrador é o dia a dia. É o que ele
precisa fazer. Então eu acho que tive a felicidade de
conseguir nos meus dois mandatos a nota máxima.
Isso foi muito gratificante para todos nós. Porque é
um trabalho de administração, mas, como tal, ele não
é isolado. É o trabalho de um grupo, com diferentes
contribuições. Se você não conseguir conjugar tudo
em um sentido adequado, a coisa regride. Você está
administrando um sistema educacional e pode aproveitar todos os conceitos que a administração coloca à
nossa disposição: trabalhar em grupo, buscar resultados, ter um senso crítico sobre as limitações, lidar com
pessoas o tempo todo. Porque professor e aluno têm
problemas diferentes. Então o administrador tem que
resolver. Tem que saber discernir o que é adequado
do que não é, o que é prioritário, resolver conflitos,
aparar arestas. Esse tipo de competência ajuda nesse
cargo. A questão de saber lidar com pessoas, negociar.
Em uma empresa você tem problemas dessa ordem
e em uma universidade, também. Cada um dentro do
seu sistema.
RAP: Depois de tanto tempo lecionando, é difícil
acompanhar as mudanças geracionais dos alunos?
Lindolfo Galvão de Albuquerque: Acho que na
nossa posição tem que procurar se atualizar. Tivemos
mudanças significativas na tecnologia. Na maneira
de aprender, na maneira de se comunicar, no âmbito
de atuação. Antigamente você não pensava em âmbito internacional. Hoje isso é a coisa mais fácil. Você
pode fazer uma banca com um professor de fora por
vídeo conferência, por exemplo. A tecnologia propicia
mais alternativas. Quando eu era estudante ia fazer
pesquisa bibliográfica e dava um trabalho louco. Hoje
é tudo rápido. A tecnologia facilita o acesso à informação. Ninguém pode reclamar de não ter acesso. O
trabalho é separar o que é relevante do que não é. É
uma questão de você redirecionar seus esforços, se
manter atualizado.
RAP: O senhor vê um crescimento da profissão
ao longo dos anos em que esteve dedicado ao seu
ensino?
Lindolfo Galvão de Albuquerque: Acho que a profissão cresceu muito. Não só a demanda, como também a oferta. E hoje na administração você estuda nos
diversos degraus da carreira acadêmica. Tem PHD,
especialistas, tem os vários níveis de aprendizado e
de certificação. Existe mais facilidade. A grande dificuldade para o profissional hoje é separar o joio do
trigo. O que é relevante para você e sua carreira, para
o seu objetivo. É um volume muito grande. Eu tenho
uma lista de empresas em que já trabalhei, que fiz
algum projeto. Qualquer organização humana precisa
ser administrada. Não é só a empresa. Então esse entendimento dá uma dimensão para o administrador
muito além do que aquela que existia no passado. Um
hospital precisa ser bem administrado, uma escola,
uma ONG e por aí afora. O campo cresceu. E as técnicas de gestão evoluem junto. Esses grandes esforços
de congressos, de pesquisa, de publicações de artigos,
de trocas com os outros, tudo isso é uma avanço do
conhecimento dentro dessa área.
RAP: O fato de o administrador poder trabalhar
em diversas áreas diferentes é uma coisa positiva?
Lindolfo Galvão de Albuquerque: A administração
tem uma natureza diferente. Porque seu trabalho é
coordenar o trabalho dos outros muitas vezes. Não
é como alguém que se especializa em uma coisa específica. Como um médico que foca em um tipo de
doença, por exemplo. O campo do administrador é
amplo. Mas também existem suas áreas de especialidade. O profissional do financeiro vai dimensionar
riscos, trabalhar com números. O de marketing vai ver
as vendas. E quem trabalha com gestão de pessoas
vai levar a discussão para as relações humanas, de
trabalho, o comportamento organizacional. Você tem
presidentes de empresas que vêm de várias especialidades. Aí depois eles ampliam o conhecimento e o
escopo de atuação deles. E a administração é propícia
para isso. O fato é que todos têm que ter uma base de
administração de maneira geral.
9
Capa
Conhecimento
GETTY IMAGE
por Mauricio
Duarte
Gilberto Amendola
10
Gestão sustentável:
plantar para
colher
Organizações podem ter lucro e aumentar
competitividade com responsabilidade
social e ambiental
GETTY IMAGE
O
tema da sustentabilidade entrou definitivamente na pauta das
empresas no mundo
todo. Com a consciência dos recursos limitados do planeta, o
conceito de gestão sustentável é
cada vez mais estudado e disseminado. Nos anos 1990, o sociólogo britânico John Elkington foi
o responsável pela definição do
que atualmente é considerado
o norte desse tipo de gestão: o
triple bottom line, ou tripé da
sustentabilidade, que prega que
as organizações precisam dar o
mesmo valor para os termos
econômicos, sociais e ambientais de seus negócios.
“A questão do meio ambiente
se sobressai e as pessoas acabam associando uma gestão responsável e sustentável só a isso.
Mas é um conceito mais amplo.
Leva em consideração aspectos
sociais e também financeiros”,
explica o Administrador Marcos
Oliveira, coordenador pedagógico dos cursos de pós-graduação da Fundação Armando
Alvares Penteado (FAAP), que
possui um curso em Governança
Global e Gestão de Sustentabilidade Corporativa.
A liderança nessa área diz
respeito também à atuação do
administrador. Segundo a Administradora Denise Curi, Professora de Gestão Estratégica
da Sustentabilidade Empresarial
do Mackenzie, o administrador
precisa ter uma visão gerencial
da sustentabilidade para implementá-la nas organizações ou em
seus respectivos departamentos.
É necessário ter uma noção de
como utilizar esse conceito no
dia a dia profissional.
“É importante que o administrador fique de olho nisso. A
área financeira normalmente é a
que mais fica com o pé atrás com
11
Marcos Oliveira, da FAAP, afirma que cabe ao
gestor adotar práticas sustentáveis alinhadas às
premissas da responsabilidade corporativa
sustentabilidade, porque acaba
achando que isso é custo. Mas
quando você começa a olhar os
retornos financeiros vindos de
projetos sustentáveis, acaba se
convencendo de que é bacana.
É claro que primeiro tem um
investimento. Por exemplo, vou
trocar os interruptores de todos
os meus banheiros por sensor
de presença. Isso tem um custo.
Depois o financeiro descobre
que reduziu a conta de luz. Isso
educa as pessoas e traz melhoria
da imagem da empresa. Reverte
financeiramente”, diz.
A gestão sustentável precisa
ser incorporada a todas as
áreas de uma organização para
funcionar. É o que ensina Ale12
xandre Mac Dowell, presidente
da Abraps (Associação Brasileira
dos Profissionais em Sustentabilidade). “A ação sustentável tem
que permear a empresa inteira.
Tem que influenciar a relação
com os fornecedores. Tem que
entender e tratar da relação com
o seu público interno, com o RH.
Tem que modificar seus processos de operação. Portanto é uma
responsabilidade de todos, mas
precisa de uma liderança competente para isso”, afirma.
Oliveira afirma que o gestor precisa adotar princípios e
práticas de gestão que estejam
alinhadas às premissas de sustentabilidade e responsabilidade
corporativa. Por isso, é vital que
a organização tenha uma visão
global de seu produto ou serviço,
exigindo que seus fornecedores
tenham o mesmo compromisso
com a sustentabilidade. “Elas
acabam pressionando sua cadeia de fornecedores e, seja por
questão de compromisso com
essa nova realidade ou pelas
exigências para continuar participando da cadeia de valor,
acredito que no médio prazo
nós teremos dois tipos de organização: aquelas que vão se
adequar e aquelas que perderão
competitividade”, prevê.
Denise compartilha da opinião
do colega. “Como eu posso ser
sustentável se eu compro de
uma empresa que utiliza mão
de obra infantil, por exemplo? A
adoção da sustentabilidade por
essas grandes empresas acaba
forçando a cadeia dela a adotar
práticas sustentáveis. É um efeito
dominó. Com o tempo você vai
ter um número cada vez maior
de empresas que adotam práticas sustentáveis. Se não fizer,
está fora da cadeia”, assegura.
A empresa de meios de pagamento Cielo criou um Comitê de
Sustentabilidade, comandado
por Roberto Siggers, gerente de
sustentabilidade da empresa,
justamente para colocar em
prática esses conceitos. A empresa, além de ter campanhas
externas, foca em quem trabalha na organização, promovendo
campanhas voltadas ao consumo
consciente, programas de coleta
seletiva e de disposição responsável de resíduos, reutilização
de água captada da chuva e monitora o consumo de água, de
energia elétrica e de papel.
“Um projeto, trabalho ou planejamento sério e duradouro
nesta área deve, necessariamente, considerar todos esses
aspectos. Idealmente, eles devem permear todas as práticas
e ações da companhia, de forma
transversal, em um modelo de
gestão e operação realmente
A Adm. Denise Curi é professora de Gestão
Estratégica da Sustentabilidade Empresarial do
Mackenzie
DIVULGAÇÃO
DIVULGAÇÃO
Capa
sustentável. Trabalhamos em
todas essas frentes, com políticas de mitigação de impactos
ambientais, investimentos em
projetos sociais, culturais e esportivos e uma rígida política
de comunicação com o público
interno e externo, baseada na
ética, transparência e em nossos
demais valores corporativos”,
explica Siggers.
A sustentabilidade já se tornou
um fator determinante quando
investidores vão optar onde
alocar seus recursos. Um exemplo claro disso é o ISE (Índice
de Sustentabilidade Empresarial), da Bovespa. Iniciado em
2005, é uma ferramenta para
análise comparativa da performance das empresas listadas na
BM&FBOVESPA sob o aspecto da
sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência econômica,
equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa.
“Os investidores já consideram com outros olhos as empresas que estão no ISE. O grande
biente e com as questões sociais
sob a ótica corporativa tem um
alto custo ficou para trás. O
fruto que se colhe sendo sustentável justifica o risco. “Cada vez
mais a sustentabilidade migra
para deixar de ser um diferencial competitivo para ser uma
condição para competir”, analisa
Favaretto.
De acordo com Oliveira, a
competitividade aumenta porque “a empresa passa a atender preceitos que outras não
atendem. Esse caminho é o das
certificações, mostrando à sociedade o que está fazendo. É um
mecanismo de reconhecimento
internacional que demonstra o
compromisso”.
“Em um mercado globalizado
Roberto Siggers criou um Comitê de
Sustentabilidade na Cielo
DIVULGAÇÃO
DIVULGAÇÃO
Mac Dowell, presidente da Abraps, acredita
que a gestão sustentável tem que permear a
empresa toda
argumento é que o ISE tem se
mostrado um critério de seleção
de alocação de recursos pelo investidor. Participar melhora as
práticas internas da empresa.
Porque você tem que conversar com várias áreas para poder responder ao questionário
obrigatório para participar do
índice. Isso alinha a empresa.
E tem o ponto de reputação e
imagem. Mostra comprometimento”, avalia Sonia Favaretto,
diretora de Imprensa e Sustentabilidade da BM&FBOVESPA,
lembrando que só podem participar do índice as 200 empresas
mais líquidas da bolsa.
O Instituto Ethos também desenvolve indicadores para medir
a sustentabilidade das empresas
e trabalha lado a lado com as
organizações para ajudá-las a
implementar modelos de negócios sustentáveis. Henrique Lian,
diretor de Comunicação e Relações Institucionais do Instituto
Ethos, lembra que a mesma régua que mede o lucro deve medir a sustentabilidade.
“Os indicadores são importantes porque a gestão empresarial
é feita a partir deles. Então tem
os econômicos e os financeiros. E medir a sustentabilidade
com outra regra que não essa
não é compatível. O Instituto
Ethos, além de medir o desenvolvimento econômico, mede
o avanço social e ambiental da
mesma maneira, ajudando as
empresas a desenvolver novos
e melhores negócios”, explica.
Segundo os especialistas, é
necessário entender que uma
gestão sustentável está umbilicalmente ligada à competitividade. A visão de que a
preocupação com o meio am-
13
Sonia Favaretto, diretora de Imprensa e
Sustentabilidade da BM&FBOVESPA
e altamente competitivo, você
tem que ficar muito atento às
restrições sociais, econômicas
e naturais, para que você tenha
uma gestão dos negócios mais
responsável. Muito mais do que
pensar somente na questão ambiental, é preciso entender que
existem pilares. E a soma desses
pilares pode se transformar em
um diferencial competitivo para
a organização”, completa.
E o lucro?
No conceito de gestão sustentável, prega-se que a questão
ambiental e social seja tão protagonista quanto a econômica
dentro das organizações. Mais
do que isso: se as duas primeiras receberem a atenção devida,
14
os lucros tendem a aumentar. É
o que dizem os especialistas no
assunto.
“No começo as empresas podem se tornar sustentáveis por
questões legais ou de mercado,
mas aos poucos percebem os benefícios. Você tem que ter todo
um discurso de sustentabilidade
que vá ao encontro do discurso
da empresa. Se eu trabalho em
uma petroquímica, não adianta
ter um projeto para salvar o
mico leão dourado. Tenho que
ter projetos que são orientados
para a missão da minha empresa.
Porque o acionista também quer
lucro, faz parte do negócio. Eu
tenho que conseguir convencer
o acionista de que ele pode ser
sustentável e ainda assim ter
muito lucro”, explica Curi.
Na Cielo, Siggers afirma
que não é apenas o lucro que
cresce. A sustentabilidade reflete também na manutenção e
na existência do negócio. “Uma
companhia ou organização que
não se preocupa com isso não
sustenta suas atividades, práticas e resultados no longo prazo.
É preciso dialogar com diversos
públicos e apresentar um trabalho consistente para cada um
deles. Se uma companhia não
mantém boas relações com a
comunidade do entorno ou com
governos locais, dificilmente
será alvo da confiança do público investidor, para citar um
exemplo”, conta.
“A organização precisa sobreviver. Por outro lado, se a sobrevivência é um fator primordial,
ter boa saúde financeira, qual
é o único caminho para a organização continuar tendo seus
lucros? É continuar oferecendo
produtos e serviços que sejam
percebidos pela sociedade. O
único caminho é tendo o compromisso com os outros pilares.
Então é uma situação de causa
e efeito. Precisa estar alinhado
com todos os aspectos”, complementa Oliveira.
De acordo com Mac Dowell,
aos poucos as organizações estão entendendo que apostar em
uma gestão sustentável é investimento, e não gasto. “Entendiam
isso apenas como custos, sem
entender o valor que isso pode
ter para os negócios a médio e
longo prazo. Valor econômico
mesmo, porque tem a ver com
a longevidade da empresa. A
Henrique Lian, do Instituto Ethos, ajuda
empresa a implementar modelos sustentáveis
de negócios
DIVULGAÇÃO
DIVULGAÇÃO
Capa
Perguntas que o gestor deve se
fazer sobre sustentabilidade
O administrador precisa ter uma visão do impacto
que seu produto causa no meio ambiente e
de como melhorar isso. Para tanto, algumas
perguntas devem ser feitas:
Qual é o
impacto que
causo na
sociedade?
?
Estou
desperdiçando
recursos
naturais?
atuação sustentável não atua
em contraposição ao pilar econômico. Ao contrário. Ela ajuda
e suporta o pilar econômico”,
explica.
Desafios
Liderar uma organização de
forma sustentável gera novos
desafios para o administrador.
Como posso
promover a
inclusão
social?
Meus
fornecedores
fazem o
mesmo?
Na função de líder, cabe a ele
disseminar o conceito nos mais
diferentes níveis da empresa e,
mais importante, colocá-lo em
prática e incorporá-lo ao cotidiano de todos os envolvidos.
Por isso, de acordo com Oliveira,
a sustentabilidade precisa fazer
parte do planejamento estratégico da empresa.
“Essa é uma decisão que não
pode ficar só no tático e no operacional. Tem que ser uma decisão estratégica. Em um primeiro
momento, trazer o conceito para
esse planejamento e despois fazer um desdobramento em todos os níveis, mas que estejam
alinhados com essa estratégia.
Um profissional que pretenda
atuar nessa área precisa estar
qualificado. A formação da administração é bastante completa,
porém ele pode se especializar
na área de sustentabilidade. Seja
em governança corporativa, em
responsabilidade social ou ambiental”, opina.
Outra questão delicada, para
os especialistas, é o desconhecimento do que de fato é uma
gestão sustentável. “A palavra
sustentabilidade é usada de uma
maneira bastante ampla. É uma
prática de algumas ações específicas. Tem que ser uma prática
estratégica, fundamental da empresa. Uma maneira de atuar em
que você incorpora uma série de
premissas ambientais e sociais
que antes não eram percebidas”,
diz Mac Dowell.
Lian acredita que a insegurança jurídica e a barreira do retorno financeiro, antes temidos
pelas empresas, já estão sendo
aos poucos vencidos pelas organizações. “Constatamos que as
empresas têm um grande apetite
pelo desenvolvimento sustentável, porque elas identificaram
que pode ser uma oportunidade para novos negócios. Mas
a escala ainda deixa a desejar,
porque resta uma insegurança
jurídica. Não existem marcos regulatórios para desenvolver negócios sociais e ambientalmente
corretos”, explica.
15
Na
NaPrática
Prática
GETTY IMAGES
por Marcos Yamamoto
Educação para o seu bolso
Mesmo com cenário desfavorável de juros altos e inflação, os
brasileiros ainda gastam com produtos supérfluos. Especialistas
explicam para a RAP a importância de difundir e aplicar projetos
adequados de conscientização dos limites do próprio bolso
A
prender e levar para o
cotidiano os ensinamentos de educação financeira tornou-se artigo
de primeira necessidade. Com
os aumentos das taxas de juros
e da inflação e o clima de incerteza na economia, os brasileiros
precisam ser mais cautelosos
ao comprar bens, em especial
os de pagamento parcelado.
16
“De outubro de 2013 a abril de
2014, registramos seis meses
de aumento da inadimplência
e apenas um de diminuição. As
causas são o aumento da inflação
e o consequente desequilíbrio no
orçamento doméstico, além do
aumento dos juros, que encarecem ainda mais as dívidas contraídas. Até o final do ano, o custo
financeiro e a inflação devem
permanecer elevados, ou seja,
não vai ter alívio para o bolso do
consumidor”, alerta Luiz Rabi,
especialista da Serasa Experian.
Em um passado recente, segundo
o administrador e educador de finanças pessoais André Massaro,
o Brasil vivenciou um boom consumista e, com isso, adquirimos o
hábito de comprar antes e somente
depois checar se é possível pagar
influencia na produtividade
sem comprometer as demais despesas. “Passamos décadas sem
muito crédito para consumo e,
quando começamos a ter disponível, não soubemos lidar bem com
a oferta. O consumidor brasileiro
se revelou imaturo, deslumbrado
e sem saber o que está pagando
de taxas de juros e, por isso, acaba
em apuros financeiros”.
A falta de planejamento se evidencia em um levantamento recente do Serviço de Proteção ao
Crédito e do portal Meu Bolso Feliz: mais da metade dos brasileiros
(52%) assume ter feito pelo menos
uma compra por impulso nos últimos três meses, motivada por
anúncios de descontos e promoções em shopping centers e lojas
virtuais. Itens como roupas (29%)
e calçados (19%) lideram a lista das
compras supérfluas, seguidos por
eletrônicos/celulares (18%) e perfumes/cosméticos (12%). "A dica
neste momento, principalmente
para quem já está endividado, é
adiar o consumo por alguns meses.
Assim é possível dar entrada maior
na aquisição de um produto e di-
Comportamento inadequado
Massaro reforça que as questões
financeiras raramente estão ligadas a dinheiro, mas sim a uma falta
de percepção sobre o próprio comportamento, resultando em prejuízos. “Se, mesmo com o dinheiro,
a adversidade continua ou volta,
a questão é de outra natureza e
com consequências no bolso: di-
Segundo o “Guia de Educação
Financeira no Ambiente de Trabalho”, educação financeira é a
“capacidade de entender o que
são os recursos financeiros e de
tomar decisões que envolvam
o uso desses recursos, de forma
racional, eficiente e sustentável”.
Entre os principais pontos, fique
atento aos detalhes:
Como o dinheiro é
obtido e gasto (receitas
e despesas)
A relação do dinheiro
com o tempo
O que é taxa de juros e
como calculá-la
O preço real daquilo
que se adquire
A diferença entre
desejos e necessidades
O que é crédito,
investimento e
poupança
Os instrumentos
financeiros mais
populares (crediário,
consignado etc)
Para Rabi, inflação e juros altos devem
permanecer altos até o final do ano
O controle e
planejamento do uso
do dinheiro (controles
e orçamentos)
DIVULGAÇÃO
DIVULGAÇÃO
Na visão de Domingos, a saúde do bolso
minuir o número de prestações",
orienta o gerente financeiro do Sistema de Proteção ao Crédito (SPC),
Flávio Borges.
A Pesquisa de Endividamento
e Inadimplência do Consumidor
(PEIC) da Federação do Comércio
de Bens, Serviços e Turismo do
Estado de São Paulo (FecomercioSP) revela os “vilões” do endividamento, todos bem conhecidos.
Quase dois terços das famílias
consultadas na cidade de São
Paulo (66,2%) possuem parcelas
a vencer no cartão de crédito, à
frente de financiamentos de veículos (19%), carnês de crediário
(15,6%), créditos pessoais (10,9%),
financiamento imobiliário (13,4%),
cheque especial (5,4%); e crédito
consignado (4,2%).
Fonte: Guia de Educação Financeira
no Ambiente de Trabalho, adm.
André Massaro
17
“A desorganização no bolso pode ser
a ponta do iceberg de uma bagunça
pessoal”, analisa Massaro
ficuldades de planejamento, nas
percepções e valores”, diz. “A desorganização no bolso pode ser a
ponta do iceberg de uma bagunça
pessoal, e essa informação tem de
ser relevante para os Recursos Humanos da empresa”, completa.
E as organizações devem ter
um papel ativo de conscientizar
seus colaboradores com noções
de gestão das finanças. “As empresas têm um papel social de
difusão de educação financeira
para seus empregados e temos
a diminuição da inadimplência.
Com uma gestão dos recursos,
as pessoas consomem melhor”,
mostra a assessora da FecomercioSP, Fernanda Della Rosa.
De acordo com o presidente da
DSOP Educação Financeira, Reinaldo Domingos, existe uma relação direta entre saúde do bolso,
produtividade e motivação. “Muitas
companhias concedem um grande
número de benefícios e auxílios
aos seus funcionários, buscando
melhorar o ambiente de trabalho
e, por consequência, a produtividade. No entanto, esquecem de um
fator fundamental para o equilíbrio
psicológico de seus profissionais: a
saúde financeira. Inegavelmente,
ela é essencial para o bem-estar
das famílias e, naturalmente, é um
DIVULGAÇÃO
DIVULGAÇÃO
Na Prática
Fernanda, da FecomercioSP: empresas
devem difundir a educação financeira
aspecto importante na produtividade das empresas”, argumenta.
Isso é o que revela também o
relatório “Financial Wellness in
the Workplace (Bem-estar financeiro no ambiente de trabalho)”,
divulgado em maio pela Society
Dicas ao implantar um programa nas empresas
1
Não se limite a palestras ou cursos de
investimentos;
2
Educação Financeira é uma
responsabilidade social, devendo,
assim, beneficiar funcionários,
familiares e comunidade;
3
Adote critérios e oriente o
funcionário antes de disponibilizar
crédito consignado;
4
Crie campanhas de conscientização
e de mudança de hábitos e costumes
em relação à utilização do dinheiro;
5
A educação financeira independe do
salário do colaborador; os problemas
podem ocorrer até mesmo nos
maiores salários da empresa;
6
Oriente os funcionários a combater
a causa do problema e não apenas
os efeitos.
Fonte: DSOP
18
for Human Resource Management. Sete em cada dez profissionais de RH relatam algum
impacto dos desafios de finanças
pessoais sobre as performances
dos quadros funcionais, principalmente relacionados a estresse
e capacidade de foco no serviço.
Rabi salienta a importância de
passar os ensinamentos para o
dia-a-dia, com a adequação de
comportamento, atitude e conhecimento. “Não basta saber,
é preciso aplicar o conjunto em
sua vida. Em uma pesquisa que
elaboramos sobre educação financeira, o brasileiro mostrou
ter um bom conhecimento sobre
o assunto. Porém, seu comportamento diário não condiz com
isso
e ele 1acaba
comprando
por
MEIA
PG junho.pdf
24/06/2014
12:03:32
impulso ou ostentação. Falta vivência ao lidar com crédito”.
E para quem quer passar imediatamente para a prática, Fernanda
lista algumas medidas simples,
mas com efeitos imediatos. “Provisionar mensalmente 30% de sua
renda livre; priorizar as contas essenciais e ver o que pode deixar
para depois em uma promoção
ou uma condição pessoal melhor;
fazer a gestão de começo e término dos compromissos; atentar
para as dívidas em que o não pagamento resulte na perda do bem,
como carro e imóvel”.
Fora do ambiente corporativo,
a educação financeira tem sido
o foco do programa de voluntariado My Finance Coach, da
empresa seguradora Allianz,
lançado no país no segundo semestre de 2013. O projeto vem
sendo aplicado em escolas públicas e privadas da capital paulista
pela seguradora. Nele, desde jovens aprendizes até membros do
Comitê Executivo levam conhecimentos sobre finanças pessoais a
crianças e adolescentes de 10 a
14 anos, em temas como estratégias de propaganda, critérios
e decisões de compra, planejamento, comparação das rendas
e gastos e como usar um plano
financeiro. “É essencial para a
sociedade como um todo que
crianças e adolescentes tenham
conhecimentos financeiros. É
muito gratificante”, ressalta Ingo
Dietz, diretor de Relações Institucionais da Allianz Seguros.
19
Estilo
Estilo
por Marcos Yamamoto
A grama do vizinho
A prática de benchmarking é uma ferramenta baseada no princípio de
aperfeiçoamento constante dos processos e das relações com o público
O
lhar de que maneira seu
vizinho está cortando a
grama do jardim pode
ser uma ferramenta providencial também no mundo dos
negócios. Aprender com a concorrência para não ficar para trás.
O nome dado a isso no universo
corporativo é olhar a concorrência: classificar as atividades da empresa comparando-as com outras
semelhantes e reconhecidas por
suas melhores práticas – não ne-
20
cessariamente no mesmo setor –,
visando a identificar oportunidades de melhoria. Esse princípio se
consolidou desde sua criação, para
se tornar uma prática fundamental
para a sobrevivência de qualquer
empresa.
“O benchmarking é uma ferramenta de gestão baseada na
melhoria contínua, no aperfeiçoamento das práticas, sendo estratégica para a perenidade da empresa
e por ter a capacidade de se adap-
tar às mudanças e tendências, sempre aliada com a inovação”, explica
Marilena Lavorato, presidente do
comitê de sustentabilidade do
Instituto Mais, organizador do
ranking Benchmarking Brasil de
gestão socioambiental (confira
também a reportagem sobre Gestão Sustentável nesta edição da
RAP). Tal entendimento é o mesmo
da consultora especialista em comportamento do consumidor, Fátima
Bana. “O benchmarking traz para
quanto para aquela que se inspira.
O gestor busca conhecimento e
boas práticas e recebe uma receita de bolo, mas, de qualquer
forma, ele precisa adaptá-la com
as especificidades do seu próprio
negócio”, confirma Marilena.
tudo, para Zogbi, não basta implantar a fórmula de sucesso de outra
organização, pois nem sempre se
obterá o mesmo resultado. “O ideal
As fases básicas do
benchmarking
DIVULGAÇÃO
Compartilhar conhecimento
Para Fátima, o benchmarking contribui
tanto para as empresas que ensinam
quanto para as que aprendem
a nossa empresa a introdução de
novos conceitos e padrões que já
foram testados, e evidencia onde
estão nossas áreas mais críticas,
mostra com realidade os objetivos
que temos que alcançar e torna
todos os projetos mais realistas”.
Por ser determinante para o futuro de qualquer companhia, é de
responsabilidade do administrador
definir as políticas mais apropriadas de observação e captação de
práticas do mercado, bem como
gerenciar sua implantação nos processos das empresas. “Se você não
tiver um corpo técnico capaz, não
desenvolve o conhecimento. Logo,
não será aplicado e aperfeiçoado.
O gestor é fundamental tanto para
a empresa que serve de referência,
Para manter a alta competitividade no mercado, não basta ficar
de olho na grama do vizinho, é
necessário compreender como
ele chegou ao resultado, como ele
mantém o jardim e lida com todos
os elementos envolvidos. Edson
Zogbi, especialista em Criatividade,
Inovação, Gestão da Inovação e
Planejamento Estratégico, autor do
livro “A análise da concorrência –
Benchmarking” (Ed. Atlas), defende
que os elementos observados e
analisados servem como elementos de conhecimento e acompanhamento dos concorrentes diretos e
indiretos. “Desta forma, eliminam-se as suposições a respeito das
práticas utilizadas. Outro uso é se
aproximar de mercados onde não
estamos presentes, a fim de avaliá-los e decidir se vamos entrar e de
que forma atuaremos”.
Na opinião de Marilena, a atenção com as experiências alheias
caminha lado a lado com a inovação, outro tema predominante
na administração. “Você não consegue inovação sem boas práticas
e bons modelos de governança. E
o diálogo dessas boas práticas é
muito rico, você ensina e aprende
ao mesmo tempo, acelerando o desenvolvimento técnico-gerencial.
Ao selecionar uma prática, ela
deve ter uma boa metodologia e
resultados comprovados, porque
servirá de inspiração para que outros a adotem em seus negócios e
tenham efeitos semelhantes”. Con-
Planejamento
1
Identificar o que marcar para
referência
2
Identificar empresas que
servem como referências
3
Determinar o método de
coleta de dados e efetuar a
coleta
Análise
4
Determinar a atual “falha” de
desempenho
5
Projetar futuros níveis de
desempenho
Integração
6
Comunicar as descobertas
do benchmarking e obter
aceitação
7
Estabelecer metas funcionais
8
Desenvolver planos de ação
Ação
9
10
Implementar ações
específicas e monitorar
progressos
Renovar os marcos de
referência (benchmarking)
Maturidade
11
Posição de liderança atingida
12
Práticas plenamente
integradas aos processos.
Fonte: Livro “Benchmarking – O caminho da qualidade total, Robert Camp”
21
Estilo
legais – se prejudica perante o
público, tendo efeito inverso do
esperado. “O principal efeito negativo é a imagem que fica, de quem
sempre vem atrás, e o consumidor
percebe isso”. Fátima argumenta
que deve existir uma interação dos
conhecimentos de ambos os lados
do balcão, a referência e o que
busca novas técnicas. “Pode parecer estranho, mas o benchmarking
tem mão dupla, por isso a conversa
sempre deve acontecer, assim você
oferece a quem está te ajudando
a oportunidade de conhecer também o seu trabalho, sei que parece
surreal, mas benchmarking não é
marketing de guerrilha. É aprender
com o que está bem feito”.
DIVULGAÇÃO
Bem público
“Se você não tiver um corpo
técnico capaz, não se desenvolve o
conhecimento”, afirma Marilena
é saber o que o outro faz e diferenciar-se ou fazer melhor. A marca
que perde seu posicionamento,
sua identidade, corre o risco de
parecer genérica”, afirma. Fátima
alerta também para o risco de uma
condução sem planejamento claro
limitar os horizontes de criação das
equipes. “Essa ferramenta é ótima
e deve ser feita, mas não é simples
e deve ser muito bem analisada
para que não vire cópia do que
vem dando certo e faça com que
passemos a ter medo de ousar e,
com isso, passamos a não fazer
nada de diferente”.
Ainda para Zogbi, aquele que
simplesmente copia ou plagia as
ideias alheias – além dos riscos
22
Quando bem aproveitado, o
benchmarking é uma ferramenta
capaz de transmitir o que dá certo
para a sociedade e melhorar a qualidade de vida das pessoas. O grupo
Danone disponibilizou o acervo
técnico do Projeto Novo Ciclo,
baseado no desenvolvimento dos
catadores de materiais recicláveis e
profissionalização do trabalho das
cooperativas de reciclagem para a
melhora da coleta seletiva em cidades do sul do Estado de Minas
Gerais durante a 12ª Edição do
Programa Benchmarking Brasil,
realizado em junho, na cidade de
São Paulo pelo Instituto Mais.
Em pouco mais de dois anos, o
projeto registrou 20% de aumento
na renda média dos catadores. Segundo a Danone, no mesmo período, a média de percentual de
coleta seletiva nas cidades participantes subiu de 5% para 9% e
estima-se que mais de 1,2 milhão
de pessoas foram impactados pelo
projeto nas comunidades locais. “O
compartilhamento de experiên-
cias é importante, pois não é simplesmente o negócio em si, como
também favorece a ampliação de
contatos, metodologias e discussões para a evolução dos modelos
já existentes”, afirma José Borges,
gerente do projeto.
Outra corporação presente no
programa foi a Cargill, que compartilhou o Projeto Ação Renove
o Meio Ambiente. A empresa
apresentou o projeto de reciclagem do óleo de cozinha usado,
realizada por meio da marca Liza
e ficou entre as 32 que atingiram a pontuação necessária para
compor o Ranking Benchmarking. “Esse reconhecimento nos
estimula a continuarmos expandindo nossa atuação, oferecendo
ao consumidor uma alternativa
de descarte ambientalmente correto para o resíduo de óleo”, diz o
coordenador de Sustentabilidade
para Produtos para Consumo da
Cargill, Márcio Barela.
Por meio do projeto out of the
Box, a Avon otimizou da cadeia
de Supply Chain com o redesenho das embalagens primárias e
secundárias aliada à ocupação dos
pallets e das estruturas dos armazéns. “Criamos uma sinergia entre todos os elos da cadeia, desde
os fornecedores de cosméticos e
fashion home, até nossa embalagem enviada à nossa representante”, conta Marcelo Frias, diretor
regional de logística da Avon. Para
ele, compartilhar as práticas gera
um ciclo de modernização entre as organizações envolvidas.
“As empresas do setor avaliam
seus desempenhos empresariais,
identificam causas de sucesso e
insucesso e promovem ações de
melhoria, preparando as empresas e os parceiros de negócio às
mudanças a frente”, completa.
23
Especial
Dr. Humberto Luiz Dias, Vice-Presidente no exercício da Presidência da Jucesp
Entrevista com o presidente
em Exercício da Jucesp
A Junta Comercial é um órgão de
Registro Público de Empresas. Em
2012, a Jucesp foi transformada
em autarquia. Subordinada tecnicamente ao Departamento Nacional
de Registro do Comércio (DNRC),
ligado ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a Jucesp é um órgão estadual,
que, em janeiro de 2011, passou a
integrar a estrutura da Secretaria
de Desenvolvimento Econômico,
Ciência e Tecnologia, com o objetivo de alinhar seu trabalho às políticas públicas de desenvolvimento
econômico, desburocratização e
24
incentivo ao empreendedorismo.
Entre suas finalidades, segundo o
Dr. Humberto Luiz Dias, Vice-Presidente no exercício da Presidência
da Jucesp, estão executar e administrar, no Estado de São Paulo,
os serviços de Registro Público de
Empresas Mercantis e Atividades
Afins; fomentar, simplificar e facilitar o registro e legalização de
empresários e de pessoas jurídicas,
em consonância com as políticas
públicas de desenvolvimento econômico do Estado; coordenar o
desenvolvimento e a implantação,
manter e atualizar o CADEMP –
Cadastro Integrado de Empresas
Paulistas; e colaborar com as políticas públicas de desenvolvimento
econômico do Estado.
O Adm. Luiz Carlos Vendramini,
conselheiro suplente do CRA-SP,
ocupa a função de vogal na Jucesp e destaca “a importância de
o Conselho estar presente em um
órgão dessa relevância”. Cabe aos
vogais compor o plenário da Junta
Comercial. Eles também compõem
as turmas formadas, cada uma, por
três membros. Elas são responsáveis pelo julgamento dos pedidos
de constituição de sociedades anô-
nimas, bem como o arquivamento
de atas de assembleias gerais e
demais atos relativos a essas sociedades, além de transformações,
incorporações, fusões e cisões de
sociedades empresárias.
RAP: Como a Jucesp tem trabalhado para desburocratizar e
agilizar os processos?
Humberto Luiz Dias: A Jucesp
tem feito a uniformização dos procedimentos de análise e a edição
dos enunciados. Tem ainda adotado medidas internas, que visam
ao controle da tramitação dos documentos. Fechou convênio com
a Receita Federal do Brasil e, no
âmbito da Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, deu
início ao Projeto de Governo Via
Rápida Empresa, cuja implantação
resultará na virtualização do registro de documentos. A digitalização
dos documentos também é uma
das medidas mais importantes no
sentido de agilizar os processos.
RAP: Como a Junta Comercial
lida com possíveis fraudes nos
processos de constituição das
empresas?
Humberto Luiz Dias: Inicialmente, cumpre-nos destacar que
o Órgão de Registro Público de Empresas, como não poderia deixar de
ser, pauta-se pela observância da
regra de conduta contida no art.
1.153 do Código Civil segundo a
qual “cumpre à autoridade competente, antes de efetivar o registro, verificar a autenticidade
e a legitimidade do signatário do
requerimento, bem como fiscalizar a observância das prescrições
legais concernentes ao ato ou aos
documentos apresentados. Das
irregularidades encontradas deve
ser notificado o interessado, que,
se for o caso, poderá saná-las, obedecendo às formalidades da lei”.
Mas é importante ressaltar que
embora a necessidade de coibir
nem sempre é possível a detecção
de fraudes em documentos, porque a lei (concebida em sintonia
com a política nacional de desburocratização) dispensa o usuário
do reconhecimento de firma, nos
termos do art. 39 do Decreto n.
1800/96 (regulamentador da Lei
n. 8.934/94 – dispõe sobre o Registro Público de Empresas Mercantis) que diz que os atos levados a
arquivamento são dispensados de
reconhecimento de firma, exceto
quando se tratar de procuração
por instrumento particular ou de
documentos oriundos do Exterior.
No artigo 40, especifica ainda que
verificada a falsificação em instrumento ou documento público ou
particular o órgão deve dar conhecimento do fato à autoridade
competente, para as providências
legais cabíveis, sustando-se os efeitos do ato na esfera administrativa,
até que seja resolvido o incidente
de falsidade documental. Caso seja
comprovada a falsificação em instrumento ou documento arquivado
na Junta Comercial, por iniciativa
de parte ou de terceiro interessado,
em petição instruída com a decisão
judicial pertinente, o arquivamento
do ato será cancelado administrativamente. Assim, a Junta Comercial,
dentro de sua competência, pode
suspender a eficácia do ato quando
denunciada a falsificação.
RAP: A Jucesp faz um trabalho
em conjunto com o Instituto de
Identificação Ricardo Gumbleton
Daunt?
Humberto Luiz Dias: A Junta
Comercial do Estado de São Paulo,
dentro das limitações legais impostas, tem realizado ações que visam
ao aumento da segurança jurídica
dos documentos apresentados a
arquivamento. Assim, no dia 17
de abril de 2012, formalizou a integração do seu banco de dados
com a base de dados do Instituto
de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt, órgão ligado à Secretaria de Segurança Pública. Com o
cruzamento de informações, é possível identificar a apresentação de
documentos de identidade bloqueados por perda, furto ou roubo, nos
atos apresentados por empresários
individuais. Também foram implementadas outras medidas preventivas, como certificação digital no
cadastro “web”; armazenagem interna da cópia autenticada dos documentos pessoais apresentados
na instrução dos atos empresariais
trazidos a arquivamento; e conferência de assinaturas na análise
dos documentos, cotejando-as com
as assinaturas apostas em documentos anteriormente arquivados,
bem como com as cópias autenticadas dos documentos pessoais, já
armazenadas.
RAP: Quais informações o
cidadão pode conseguir gratuitamente por meio da Junta
Comercial?
Humberto Luiz Dias: O cidadão pode acessar o site da Jucesp
(www.jucesp.sp.gov.br), por meio
dos dados de acesso à Nota Fiscal
Paulista. Gratuitamente, é possível
a extração de fichas cadastrais,
certidões e cópias de documentos
disponíveis.
RAP: A Jucesp tem promovido
encontros com diferentes classes
de profissionais para orientação
e troca de informações. Qual o
25
Especial
Humberto Luiz Dias: A melhor
forma de se obter o registro dentro
do prazo legal é apresentar o ato
empresarial com certa antecedência, com os documentos necessários para o arquivamento. Assim,
deve o empresário ou o profissional por ele contratado utilizar-se
das normas que regem o Registro
Público de Empresas, dos enunciados disponíveis no sítio eletrônico
da Jucesp, bem como das instruções normativas do DREI – Departamento de Registro Empresarial
e Integração.
O Adm. Luiz Carlos Vendramini, conselheiro suplente do CRA-SP, ocupa a função de vogal na Jucesp
retorno desta iniciativa?
Humberto Luiz Dias: Para a
Junta Comercial do Estado de
São Paulo, é muito importante a
integração com as classes de profissionais que se utilizam do Registro Público de Empresas. Assim, a
Jucesp coloca-se à disposição das
diferentes classes, quais sejam:
advogados, contabilistas, administradores, entre outras, com a finalidade de melhorar os serviços
prestados e orientar os profissionais responsáveis pela confecção
dos atos trazidos a registro e arquivamento.
RAP: Existe algum tipo de fiscalização ou orientação para quem
exerce a função de Leiloeiro,
26
Tradutor Público e Intérprete Comercial sem a devida matrícula
na Jucesp?
Humberto Luiz Dias: A Jucesp
fiscaliza os leiloeiros e tradutores
públicos oficiais, ou seja, aqueles
agentes auxiliares que estão devidamente matriculados na Jucesp.
Os demais leiloeiros e tradutores
não possuem qualquer relação com
a administração pública. Portanto,
não são agentes em colaboração
com a administração e por essa
razão não podem ser fiscalizados
pelo Estado.
RAP: De que forma as empresas
devem se organizar para agilizar
os processos dentro da Junta Comercial?
RAP: O que é a análise colegiada
e quais processos precisam passar por este trâmite?
Humberto Luiz Dias: Os atos
submetidos ao Registro Público de
Empresas Mercantis e Atividades
Afins estão sujeitos a dois regimes
de julgamento: a decisão colegiada
e a decisão singular. Subordinam-se ao regime de decisão colegiada:
do Plenário, o julgamento dos recursos das decisões definitivas,
singulares ou de Turmas. Assim,
refere-se ao arquivamento dos
atos de constituição de sociedades
anônimas, bem como das atas de
assembleias gerais e demais atos
relativos a essas sociedades; transformação, incorporação, fusão e
cisão de sociedades empresárias;
e constituição e alterações de consórcio e de grupo de sociedades.
RAP: Com o objetivo de dar
mais celeridade aos processos,
a Jucesp aumentou, no início de
2013, de 6 para 7 o número de
suas turmas de vogais. Qual foi o
resultado desta ação?
Humberto Luiz Dias: A ação contribuiu sobremaneira para o fluxo
e fluidez dos documentos submetidos ao rito colegiado.
Especial
CRA-SP entrega as primeiras
Certificações Profissionais de São
Paulo e premia vencedor do Concurso
Cultural Administrador Master com
MBA de Gestão Empresarial
Direita: Gilmar Sérgio Costa Miranda também
recebeu o certificado do vice-presidente de
planejamento estratégico do Conselho, Adm.
Alberto Whitaker
Abaixo: O Adm. Clayton Machado Silva com os
integrantes do Conselho que compuseram a
banca que deu um MBA ao profissional
terá validade nacional e duração
de três anos.
Vencedor do MBA
Além disso, o administrador
Clayton Machado Silva, vencedor
do Concurso Cultural Administrador Master - Gestão Empresarial,
Ivan Almeida
ao encontro do meu desejo de
mostrar ao mercado a minha experiência e a chancela do CRA é
tudo de bom".
Os profissionais de administração ainda podem se inscrever
para a Certificação Profissional
por Experiência, na ênfase Recursos Humanos. O interessado
em obter a certificação deverá
acessar o site http://www.certificacao.cfa.org.br/ e realizar a
inscrição, observando os requisitos estabelecidos no Edital e no
Regulamento da Certificação. Ela
Ivan Almeida
O
CRA-SP entregou no dia
09 de junho duas Certificações Profissionais
em Recursos Humanos
a profissionais registrados no
estado de São Paulo. Durante
reunião plenária, os administradores Gilmar Sérgio Costa Miranda, gerente Financeiro e de
Recursos Humanos na Moinhos
Cruzeiro do Sul S/A e José Carlos Vidal Leite, proprietário da
Ineditta Consultoria Sindical e
Trabalhista, receberam do vice-presidente de planejamento
estratégico do Conselho, Adm.
Alberto Whitaker, os certificados
do programa, realizados nesta
primeira fase pela modalidade
experiência.
"Sou graduado desde 1981 e,
vendo a revista Administrador
Profissional, vislumbrei a oportunidade do certificado e achei
interessante para a minha vida
profissional. A certificação vai
agregar bastante ao meu currículo", disse Miranda.
Leite defendeu a importância
da Certificação na sua carreira:
"Sempre trabalhei com Recursos
Humanos, com operações de RH.
Há dez anos pensei em um plano
B. Hoje tenho uma empresa que
gerencia acordos sindicais com
as empresas. A certificação vai
27
Especial
Ivan Almeida
recebeu uma bolsa integral de
estudos do MBA em Gestão Em-
José Carlos Vidal Leite recebe do vicepresidente de planejamento estratégico do
Conselho, Adm. Alberto Whitaker, o certificado
do programa
presarial da Trevisan Escola de
Negócios. A entrega aconteceu
em sessão plenária do CRA-SP e
o administrador recebeu o prêmio das mãos do coordenador
de graduação e pós-graduação
da instituição, Ricardo Almeida.
"Queria agradecer a oportunidade dada pelo CRA-SP e pela
Trevisan. Estou junto do Conselho há dez anos e ele sempre esteve ao lado do meu crescimento
profissional. O que está acontecendo hoje é o reconhecimento
desse meu crescimento", celebra
Clayton. Ele apresentou o artigo
"Desenvolvimento de pessoas
como ferramenta na gestão empresarial", cujo assunto aborda a
importância da educação corporativa e da qualificação profissional como estratégia de negócio.
A banca avaliadora foi composta por quatro representantes do Conselho e quatro da
Trevisan: do CRA-SP, os administradores e conselheiros Luiz
Carlos Vendramini, Marco Antônio Sampaio de Jesus, Edgar
Kanemoto e Teresinha Covas
Lisboa; e pela Trevisan, Fernando Trevisan, adm. Walter
Lerner, Dalton Viesti e João
Maurício Gama Boaventura.
Começam as indicações para o Administrador Emérito 2014
Os administradores registrados
perante o CRA-SP podem indicar
o próximo líder a receber a distinção Administrador Emérito,
concedida todos os anos a um
profissional que tenha contribuído para o fortalecimento da
sociedade e das empresas.
A escolha definitiva passa por
três etapas. Na primeira, o Conselho reunirá as indicações no site
www.crasp.gov.br. Serão consideradas as sugestões de nome
que projetaram as técnicas de
administração e também a classe
do administrador mediante atos
efetivos. Na segunda etapa, os
nomes serão avaliados por uma
comissão especialmente criada
para a homenagem. No final, o
CRA-SP, por meio de decisão colegiada em sessão plenária, homologa a indicação.
Já foram homenageados os administradores Cledorvino Belini,
presidente da Fiat para a Amé28
rica Latina, Eduardo de Souza
Ramos, presidente do Conselho
da Administração da Mitsubishi
Motors, Ricardo Pelegrini, vice-
-presidente da IBM, entre outros.
No ano passado, a homenagem
foi para Fernando Alves, diretor
presidente da PwC.
COMISSÃO DO ADMINISTRADOR EMÉRITO 2014
Luiz Cornacchioni
Diretor executivo da Associação Brasileira de Agronegócio (ABAG)
Almiro dos Reis Neto
Presidente da Associação Brasileira
de Recursos Humanos (ABRH)
Amador Alonso Rodriguez
Presidente da Associação Nacional
dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (ANEFAC)
Alexandre Gracioso
Vice-presidente de relacionamento
acadêmico da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM)
Tirso de Salles Meirelles
Secretário executivo do Conselho Deliberativo do SEBRAE
Luciano Venelli Costa
Diretor acadêmico da Universidade
Metodista
Edson José Diaféria
Diretor do Sindicato dos Administradores de São Paulo (SAESP)
Adm. Alberto Emmanuel Whitaker
Vice-presidente de Planejamento do
CRA-SP
Adm. Hamilton Luis Correa
Vice-presidente para Assuntos Acadêmicos do CRA-SP
Adm. Milton Milioni
Vice-presidente de Relações Externas
do CRA-SP
Notícias
De cada 10 PMEs, uma declara ter
inadimplência superior a 10%, revela
pesquisa
PERFIL DAS PMES
INADIMPLÊNCIA
MODALIDADES DE VENDA
32%
34
%
24
%
24%
18% 18%
10%
BAIXA
MÉDIA
SOMENTE
À VISTA
ALTA
SETORES QUE MAIS
FAZEM VENDAS À VISTA
33%
MAIORIA
À VISTA
À VISTA
E A PRAZO
MAIORIA
E A PRAZO
MEIOS DE PAGAMENTO
24
%
COMÉRCIO
SERVIÇOS
Segundo pesquisa realizada pela
Boa Vista SCPC (Serviço Central de
Proteção ao Crédito), uma em cada
dez pequenas e médias empresas
(PMEs) afirma ter “alta inadimplência”, com taxa acima de 10%, considerando atrasos de pagamento
acima de 90 dias. Os dados são
de um estudo feito com empresas
desse porte, de várias regiões do
Brasil, e que revelou também que
24% indicam uma inadimplência
“de baixa a considerável”, entre 3%
e 10%. E 34% delas consideram ter
“baixa inadimplência” em seus negócios, inferior a 3%.
O levantamento da Boa Vista
SCPC revela ainda que 24% das
PMEs só fazem vendas à vista e
18% fazem a maioria delas usando
essa alternativa – mesma porcentagem dos que afirmam dividir
igualmente suas vendas entre à
vista e a prazo. Já 32% disseram
que fazem a maioria das vendas
a prazo, embora também usem a
modalidade “à vista”.
Na segmentação por setor, a
pesquisa da Boa Vista SCPC revelou que as vendas exclusivamente
à vista prevalecem em Serviços
(33%) e no Comércio Varejista
(22%). Por porte, elas são mais
comuns entre as microempresas
(32%). Quanto ao valor, prevalecem as vendas entre R$ 100 e R$
500, tanto para consumidor final
quanto para outras empresas.
Entre as formas de pagamento
aceitas pelas empresas pesquisadas prevalece Dinheiro (75%), bo-
18%
18%
32%
CARTÃO
CHEQUE
22%
DINHEIRO
MODELOS DE GESTÃO
53%
BOLETO
DEPÓSITO
PRESENÇA DA ADMINISTRAÇÃO FAMILIAR
63% 61%
14%
FAMILIAR PROFISSIONAL
52% 45%
20%
MISTA
leto ou depósito em conta (61%),
Cartões em Geral (52%) e Cheques
(50%). A soma é superior a 100%
porque várias companhias aceitam
mais de uma forma de pagamento.
Ainda segundo a pesquisa, a
maioria (53%) das PMEs ainda
tem gestão exclusivamente familiar, enquanto apenas 14%
VAREJO
ATACADO
INDÚSTRIA
SERVIÇOS
disseram ter gestão totalmente
profissional , sendo que 20% adotam uma mescla (gestão familiar
e profissional). Por setor, a família comanda os negócios principalmente no Comércio Varejista
(63%) e no Comércio Atacadista
(61%), contra 52% na Indústria e
45% em Serviços.
29
Notícias
Experiência é mais importante que
formação acadêmica no mercado de
trabalho, aponta pesquisa
Um estudo desenvolvido pelo
grupo de soluções de Recursos
Humanos Randstad Global em 32
países, incluindo o Brasil, mostra
que, para a grande maioria dos
profissionais, a experiência profissional é fator mais relevante para
se conseguir um novo emprego do
que a formação acadêmica.
Para 81% dos pesquisados
no relatório trimestral Randstad Workmonitor, a experiência
conta mais do que educação na
hora de buscar uma nova posição
no mercado. Esse dado é mais expressivo em países como a China
(92%), Índia e Reino Unido (ambos 91%).
O conceito também se aplica
aos jovens, porém em menor extensão: 69% acreditam que a experiência é mais importante para
os funcionários mais novos. As exceções são Dinamarca e Noruega,
onde metade dos empregados não
estão convencidos de que experiência pese mais que a formação.
Ao mesmo tempo, funcionários
da China (90%), Turquia (85%) e
Reino Unido (82%) endossam a
afirmação de que para os jovens,
experiência é mais importante do
que a educação.
Quase dois terços dos entrevistados acreditam que é mais
difícil para os jovens com menos
de 25 anos encontrar um emprego adequado. À medida que
os funcionários concordam com
esta afirmação, percebe-se que
suas opiniões correlacionam-se
30
EXPERIÊNCIA CONTA MAIS QUE FORMAÇÃO ESCOLAR?
81%
TODOS OS
PESQUISADOS
92%
91%
91%
CHINA
ÍNDIA
REINO UNIDO
É MAIS DIFÍCIL ENCONTRAR EMPREGO PARA JOVENS?
91%
89%
89%
44%
GRÉCIA
ITÁLIA
ESPANHA
CINGAPURA
50%
51%
ALEMANHA
NORUEGA
É MAIS DIFÍCIL ENCONTRAR EMPREGO PARA PROFISSIONAIS MAIS VELHOS?
90%
97%
96%
96%
76%
TODOS OS
PESQUISADOS
REPÚBLICA
CHECA
GRÉCIA
HUNGRIA
NORUEGA
79%
ÍNDIA
com a difícil situação econômica
de seu país: a Grécia recebeu a
classificação mais elevada (91%),
seguido por Itália e Espanha (ambos 89%), enquanto Cingapura
(44%), Alemanha (50%) e Noruega (51%) concordaram minimamente com a afirmação.
Para os trabalhadores mais
velhos, parece ser ainda mais
difícil encontrar um emprego do
que para os mais jovens: quase
nove em cada dez funcionários
em todo o mundo acreditam que
é muito difícil para este grupo.
Esta pontuação é especialmente
elevada na República Checa
(97%), Grécia e Hungria (ambos
96%). Os países com as menores
taxas na pesquisa, porém ainda
razoavelmente elevadas, são a
Noruega (76%) e Índia (79%).
Inovação será tema
do XXIII Enbra
O Conselho Federal de Administração (CFA), em parceria com o Conselho Regional
de Administração do Ceará
(CRA-CE), deu início aos preparativos do XXIII Encontro
Brasileiro de Administração
(Enbra). O evento será realizado de 29 a 31 de outubro
de 2014, em Fortaleza-CE.
Esta edição do Encontro
terá como tema “Inovação: a
equação ciência, tecnologia,
educação e gestão como eixo
estruturante do crescimento
nacional”. A partir dessa proposta temática, profissionais
de administração e de áreas
afins, empresários e estudantes se reunirão para conferir
palestras com renomados especialistas no assunto. Além
disso, haverá apresentação
de trabalhos científicos.
O CFA e o CRA-CE divulgarão, em breve, mais detalhes
da programação do evento,
bem como a relação dos
conferencistas confirmados
do Encontro.
20% DE DESCONTO+FRETE GRÁTIS
Estratégias e Iniciativas Para
Prolongar a Longevidade
Empresarial
Emerson Carlos Colin
1ª edição (2014) | 296 páginas
de
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60,00
MARKETING ESPORTIVO
E ADMINISTRAÇÃO DE
ARENAS
Wesley Cardia
Lis Andrea P. Soboll e Deise Luiza
da Silva Ferraz (Organizadoras)
1ª edição (2014) | 256 páginas
de
58,00
GESTÃO DE PESSOAS
Armadilhas da Organização
do Trabalho
por
46,40
1ª edição (2014) | 312 páginas
de
76,00
por
60,80
WEBWRITING
Redação Para a Mídia Digital
Bruno Rodrigues
1ª edição (2014) | 144 páginas
de
40,00
por
32,00
Raphael du valle
PERENIDADE
31
*Preços sujeitos à alteração sem prévio aviso. Oferta válida até 30/06/2014.
Notícias
Profissionais brasileiros esperam receber
menos bônus este ano
Os profissionais brasileiros
devem receber menos bônus
por seu desempenho neste ano
em relação ao anterior. Ainda
assim, o país é o que demonstra
mais otimismo entre os sete que
participaram de uma pesquisa realizada pela empresa de recrutamento Robert Half.
Segundo o estudo, menos de
um terço (30%) dos brasileiros
acreditam que sua empresa
dará bônus maiores neste ano
do que no ano passado. Na pesquisa de 2013, essa parcela era
de 46%. Ainda de acordo com
a pesquisa, a performance da
companhia é o principal item
considerado para a concessão
de bônus em 22% das empresas,
e 36% usam uma combinação
do desempenho do funcionário
e da organização.
Entre os brasileiros, 42% esperam os mesmos valores de bônus recebidos no ano passado,
número bastante aproximado
do que foi verificado na pesquisa
anterior (43%). A maior mudança
está no número de profissionais
que esperam receber bônus menores (16%) ou nenhum bônus
PERFORMANCES RESPONSÁVEIS PELA CONCESSÃO DE BÔNUS
EXPECTATIVA DE BÔNUS MAIOR QUE O ANO ANTERIOR
30%
DA EMPRESA
36%
(12%). No estudo anterior, esses
valores não passavam de 4%.
O levantamento foi feito com
mil gestores de recursos humanos do Brasil, Austrália, Áustria,
Bélgica, França, Itália, Nova Zelândia e Chile. Apesar da queda
no otimismo, o Brasil ainda é o
país onde os profissionais têm
maior expectativa de angariar
bônus mais significativos em
2014. O Chile vem em seguida,
com 25% esperando valores
maiores do que o ano passado,
seguido pela Austrália, onde 20%
têm essa expectativa.
25%
20%
22%
DA EMPRESA E
DO FUNCIONÁRIO
BRASIL
AUSTRÁLIA
CHILE
EXPECTATIVA DE BÔNUS EM RELAÇÃO AO ANO ANTERIOR
BÔNUS MAIORES
BÔNUS IGUAIS
BÔNUS MENORES
NENHUM
46%
30%
43%
42%
4%
16%
4%
12%
2013
2014
2013
2014
2013
2014
2013
2014
ERRATA: Ao contrário do informado em uma das legendas das fotos na edição 335 da RAP, em matéria sobre o Marco Civil, o nome do advogado
especialista em direito eletrônico é Renato Opice Blum e não Ricardo.
32
CONSELHOS FEDERAL E REGIONAIS DE ADMINISTRAÇÃO
Modalidades/
Artigo Acadêmico
Artigo Profissional
para estudantes
para administradores
30mil reais
em prêmios
Encaminhe seu artigo
para o CRA do seu estado.
Prazo: 29 de agosto
No ano que comemora bodas de prata - 25 anos - o Prêmio Belmiro Siqueira
em Administração continua com o objetivo de divulgar e promover a
valorização dos trabalhos realizados pelos estudantes em Administração,
que contribuam para o desenvolvimento da profissão e da Ciência da
Administração no Brasil.
Edital disponível em: www.CFA.org.br
Informações: [email protected]
ou pelos telefones: (61) 3218-1819 / 3218-1815
33
Opinião
A dicotomia administração
pública x privada
34
ganizacional tem sua gênese na
organização informal, pois cultura organizacional é o modo de
atuar, decidir, perceber e pensar que os recursos humanos
possuem, e que é diferente de
organização para organização.
No serviço público não é raro
ouvirmos de servidores “velhos
de casa” frases como: “Aqui nós
sempre fizemos desse jeito” ou
“Sei que está errado, mas o chefe
mandou fazer assim”. Ora, em
um meio com pouca discricionariedade, onde se faz o que impõe a lei, essa postura decorre
de uma herança que ainda hoje
acomete a esfera pública desde
os tempos do Brasil Colônia: o
patrimonialismo.
Evocando o estudo da dominação empreendido por Max Weber, a autoridade Tradicional,
dentre os três tipos de autoridade, se insere na organização
informal, parte submersa do iceberg. A autoridade Tradicional
se legitima na permanência da
postura de servidores “velhos
de casa”, acima exemplificada.
Esta postura parte do alto escalão da organização, da sua incapacidade de separar o que é
público do que é privado.
Ao extremo, podemos encontrar exemplos mais límpidos de
práticas patrimonialistas com
as nomeações para cargos comissionados, cujo critério é a
camaradagem em detrimento
à especialização exigida pelos
cargos ou com as avaliações de
estágio probatório e de bonificação cujo critério também é o da
camaradagem, mas desta feita
em detrimento à produtividade.
As práticas patrimonialistas
na esfera pública, sem dúvida,
contribuem de modo relevante
para diferenciá-la da esfera privada. E enquanto sua cultura
organizacional, sendo fator crítico de sucesso, estiver sendo
renegada a segundo plano, desafortunadamente perdurará o
estigma do senso comum.
DIVULGAÇÃO
Tratando-se de eficiência,
eficácia e efetividade, o senso
comum aponta diferenças
contundentes entre as esferas
pública e privada na gestão organizacional, estigmatizando
aquela como inferior a esta, o
que pode configurar um disparate, tendo em vista as peculiaridades de cada uma, sua
missão e regimento. Ambas são
passíveis de má gestão, mas será
que a esfera pública não possui
características mais propícias?
E será que estas características
não tomam forma na sua cultura
organizacional?
Quando a psicologia começou
a integrar os estudos do comportamento humano nas organizações com o desenvolvimento
da Escola das Relações Humanas, passou-se a se considerar
duas formas de organização: a
formal e a informal. O conhecido exemplo do iceberg ilustra
muito bem o que se quer dizer.
Na parte visível do iceberg se
encontra a organização formal,
representada por sua estrutura,
objetivos, missão, visão, normas e regulamentos. Na parte
submersa do iceberg, onde se
encontra a organização informal, estão os valores, crenças,
ritos, comunicação informal,
interesses pessoais, preconceitos etc. É nesta parte submersa
que podemos vislumbrar as diferenças entre as duas esferas
de administração. A cultura or-
Adm. Mariovaldo
Alves Coimbra
CRA-SP nº 126209
Executivo Público da
Secretaria de Estado
da Educação
Colaborações para esta seção
podem ser enviadas para o e-mail
[email protected]
Os textos devem conter no máximo
3.000 caracteres (com espaços),
nome completo do autor, foto em
alta resolução e o registro no CRA-SP.
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