Revista trimestral • Informação Geral • Distribuição gratuita • SETEMBRO 2012 • Nº27 Destaque PRESIDENTE DA REPÚBLICA Visita ALNG, no Soyo NOVA ERA DO GÁS NATURAL nacional SATÉLITES DO KIZOMBA Iniciam actividade Produção de petróleo vai aumentar. ZONA ECONÓMICA ESPECIAL, LUANDA-BENGO 17 Fábricas já em pleno funcionamento. notícias revista disponivel nos voos da: 22 Nacional SONANGOL INVESTIMENTOS INDUSTRIAIS 09 Notícias 17 Fábricas já estão a operar na ZEE Luanda-Bengo Breves da Actualidade Reabilitação do Centro Pré-Universitário Católico, no Huambo. 16 28 NACIONAL ANGOLA E REPÚBLICA DO CONGO CHEGAM A ACORDO Exploração de campo transfronteiriço. DESTAQUE 18 Nacional SATÉLITES DO KIZOMBA Iniciam produção de 100 mil barris diários. CHEFE DE ESTADO VISITA UNIDADE DE GÁS NO SOYO 40 Cultura ANGOLA DEU SHOW NA EXPO YEOSU Colabore com a Revista Sonangol Notícias, mande os seus textos para [email protected] Conselho de Administração • Presidente – Francisco de Lemos José Maria • Administradores Executivos – Anabela Fonseca, Fernando Roberto, Mateus de Brito, Baptista Muhongo Sumbe, Sebastião Gaspar Martins e Raquel Vunge. • Administradores Não Executivos – Albina Assis Africano, José Guime, André Lelo e José Paiva Propriedade Sonangol, E.P. • Sede Rua Rainha Ginga, 29/31 Caixa Postal 1316 Luanda Tel.: 226 643 342 / 226 643 343 Fax: 226 643 996 www.sonangol.co.ao Edição • Gabinete de Comunicação e Imagem – [email protected] • Director – João Rosa Santos • Redacção – Hélder Sirgado (Coordenador), Paula Almeida, José Augusto, Kimesso Kissoca e Edvaldo Nelumba • Colaboradores Permanentes – José Mota, Beatriz Silva, Sandra Teixeira, Nadiejda Santos, Carlos Guerreiro, Lúcio Santos e Sarissari Diniz • Interlocutores nas Subsidiárias – Andresa Silva, Ângela Feijó, Ariel Escórcio, Estêvão Félix, Gil Miguens, José Oliveira, Lúcia Anapaz, Luís Alexandre, Marta Sousa, Miguel Mendonça, Mondlane Boa Morte, Nelson Silva, Pedro Lima, Rosa Menezes e Sónia Santos • Fotografia – José Quarenta e Henrique Artur • Secretariado – Helena Tavares e Yolanda Carvalho • Distribuição – Mateus Tavares, Carvalho Neto, Diogo Lino e Ana Victor • Impressão – Damer Gráficas, S. A. • Tiragem – 5000 exemplares • Design Gráfico, Apoio Editorial e Produção – Nota: Os textos assinados não vinculam necessariamente a Sonangol ou a revista, sendo de inteira responsabilidade dos seus autores. Opinião No aproveitar está o ganho palavra dO director João Rosa Santos O Projecto Angola LNG, no município do Soyo, na província do Zaire, é já uma realidade que se afirma. Tido como uma das maiores realizações do sector petrolífero angolano no pós independência, o referido Projecto está a transformar o quotidiano da população local. No Soyo, as equipas de trabalho desdobram-se permanentemente em testes e ensaios aos equipamentos, acções formativas acontecem diariamente, afina-se com rigor e a todo o gás a máquina que transporta consigo progresso e desenvolvimento nacional. Pelas melhores razões, o município do Soyo está hoje na boca do mundo. Não são poucos os elogios ao Projecto que conquista, contagia e enche de orgulho toda uma nação. O ALNG é sinónimo de competência, respeito, admiração, capacidade de trabalho, audácia, visão. É de facto uma fonte de inspiração, um modelo a seguir. 4 • Setembro 2012 - Nº27 Perseguindo nobres e promissores objectivos, o Projecto reúne qualidade e vantagens que fazem já dele uma referência e afirmação de cultura da dignidade e da promoção do crescimento. O início das actividades deste gigante da indústria petrolífera angolana significa, certamente, a geração de mais recursos financeiros para o país através da exportação do produto, melhorias no mercado interno com o aumento da oferta de gás doméstico e, como não poderia deixar de ser, o ambiente saudável através da redução da queima de gás. De igual forma, divisam-se milhares de novos postos de trabalho e oportunidades de realização profissional, particularmente para os mais jovens, bem como o crescimento e melhoria do nível de vida na região. A expectativa é grande agora que é hora da verdade, num tempo em que as exigências são cada vez mais complexas e a história não espera. 5 29ª edição da FILDA Mais um Leão de Ouro “ruge” na galeria da Sonangol A Sonangol foi distinguida, na 29ª edição da Feira Internacional de Luanda (FILDA), que decorreu na capital do país, de 17 a 22 de Julho de 2012, como a Melhor Empresa Pública, o que lhe valeu o correspondente Leão de Ouro. No referido evento, a petrolífera estatal angolana apresentou um stand caracterizado pelas suas Cadeias de Valor (Primária, Complementar, de Mandato Governamental e de Responsabilidade Social). A oportunidade foi aproveitada por várias Subsidiárias da Sonangol E.P. para exporem alguns dos seus produtos. São os casos, por exemplo, da SIIND, que exibiu produtos das suas fábricas localizadas na ZEE Luanda-Bengo, da Sonagás, que “desfilou” a já conhecida garrafa de gás butano Levita, e da MSTelcom com interessantes produtos do mundo das telecomunicações. No dia consagrado aos Petróleos (20 de Julho) no referido certame, o ministro do pelouro, Botelho de Vasconcelos, visitou o stand da Sonangol e das demais empresas do ramo petrolífero em exposição no pavilhão do sector, tendo-se manifestado satisfeito com o que vu. O Dia dos Petróleos registou ainda a apresentação do Projecto Angola LNG. Participaram também das actividades a propósito da data, o vice-ministro dos Petróleos, Aníbal Silva, Administradores da Sonangol E.P., Presidentes das Comissões Executivas das Subsidiárias da concessionária nacional, gestores do Ministério dos Petróleos e da Sonangol, responsáveis das mais diversas companhias petrolíferas a operar em Angola, bem como convidados. INAUGURADO PARQUE DE COMBUSTÍVEIS DA SONANGOL NO KUANDO KUBANGO O ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos, em representação do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, procedeu no dia 25 de Agosto de 2012, no Kuando Kubango, à inauguração do parque de combustíveis da Sonangol naquela província localizada no sudoeste de Angola. O referido parque inclui uma instalação de stockagem de combustíveis com capacidade para 4.500m3, sendo 2 mil de gasóleo, mil de gasolina, mil de JET1 e 500 de querosene (petróleo), bem como centrais de enchimento de gás com capacidade para armazenar 200 toneladas métricas de LPG e encher quatro mil garrafas de 12kg/dia. Participaram do acto de inauguração o Presidente do Conselho de Administração da Sonangol E.P., Francisco de Lemos José Maria, a Vice Governadora para a Área Económica do Kuando Kubango, Verónica Mutango Adolfo, a Administradora da petrolífera estatal angolana, Raquel Vunge, e os Presidentes das Comissões Executivas da Sonangol Logística e da Sonagás, Mateus Neto e Paulo Gouveia Júnior, respectivamente. Na sua breve intervenção, o ministro dos Petróleos destacou a importância da actividade realizada e os benefícios que o parque de combustíveis trará para o progresso e o desenvolvimento da região. Dois milhões de horas de trabalho sem acidentes Fábrica de Umbilicais da Angoflex regista feito notável A Angoflex Industrial Limitada alcançou em 2012, ano de comemoração do seu 10º aniversário, mais um feito notável para a indústria petrolífera nacional a nível global, ao tornar-se na primeira entidade possuidora de uma Fábrica de Umbilicais sem registo de acidentes de trabalho com afastamento desde a data da sua inauguração, a 27 de Março de 2004, até ao momento. No total são mais de 2.969 dias ou 2 milhões de horas de trabalho alocadas a projectos de fabricação de mais de 304 quilómetros de umbilicais que foram utilizados pelos principais operadores petrolíferos em Angola. Este sucesso, resultante do profissionalismo, dedicação e sentido de responsabilidade dos colaboradores e da Direcção da Angoflex, tem como base a perfeita concepção e execução de programas de formação e o seguimento rigoroso dos procedimentos e práticas internacionais em políticas de Qualidade, Higiene e Segurança adoptadas pelo Grupo Technip e pela Sonangol E.P. A Angoflex tem no seu prestigiado currículo o facto de ter sido a empresa responsável pela primeira exportação de material de exploração offshore fabricado em Angola, em 2010, e de possuir, no Lobito, província de Benguela, a única Fábrica de Umbilicais que opera em toda a África. Actualmente a referida Fábrica tem em fase bastante adiantada as obras de instalação de 2 carrosséis tão necessários para a modernização do seu equipamento e, consequente, aumento da capacidade de produção. A conclusão da instalação dos carrosséis, que têm capaci- 6 • Setembro 2012 - Nº27 dade unitária de 2.500 toneladas, está prevista para Agosto deste ano. Angoflex financia Estação de Captação e Tratamento de Água na Barra do Dande Por outro lado, no âmbito das suas acções de responsabilidade social, a Angoflex financiou a reabilitação da Estação de Captação e Tratamento de Água e de Resíduos da Barra do Dande, na província do Bengo, infra-estruturas que foram reinauguradas no dia 18 de Junho de 2012. A Estação, que tem uma capacidade para tratamento e bombeamento de 300 metros cúbicos de água/hora, vai beneficiar não só as comunidades da Barra do Dande e a Base de Enrolamento de Tubos Rígidos da Angoflex aí localizada, mas também as pessoas que residem nas áreas adjacentes. O acto de reinauguração da referida infra-estrutura, que está dotada de um laboratório, fontes alternativas de energia e vários reservatórios de água tratada, foi presidido pelo vice-governador do Bengo para a Área Técnica, Jorge Bessa. Presentes à cerimónia estiveram também representantes das autoridades tradicionais locais, responsáveis da Angoflex e das companhias petrolíferas BP e Total, bem como convidados. Na ocasião, o Director do Departamento de Desenvolvimento e Negócios da Angoflex, Fernando Amaral, reafirmou o engajamento da empresa em projectos de desenvolvimento social e formação de quadros na província do Bengo. Recorde-se que em 2011 a Angoflex financiou igualmente a reabilitação de uma escola primária localizada na Barra do Dande, com capacidade para cerca de 200 alunos. 7 Estudantes da SADC e PALOP beneficiam de formação no Instituto Nacional de Petróleos O Instituto Nacional de Petróleos (INP), localizado na cidade do Sumbe, província do Kwanza-Sul, já formou, desde a sua constituição, em 1983, um total de quatro mil e quinhentos técnicos em diversas áreas da indústria petrolífera, cento e vinte e cinco dos quais provenientes de países da SADC e dezoito de São Tomé e Príncipe. Ainda a nível dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), de realçar que no presente ano lectivo, que termina em 2013, estão matriculados no INIP quinze estudantes de Moçambique. Por outro lado, o ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos, inaugurou recentemente, no INP, uma nova biblioteca, sendo esta melhor dotada de meios tecnológicos. A biblioteca tem, na sua estrutura, uma sala de leitura, videoteca, reprografia, sala de informática com internet, uma secretaria pedagógica, uma sala para professores e um armazém com o mais diversificado acervo bibliográfico. Recorde-se que o INP resulta da fusão, em 1983, da antiga Escola Central de Petróleos, que foi criada pelo Ministério dos Petróleos em 1983, e do então Instituto Médio de Petróleos criado no Sumbe pelo Ministério da Educação. A referida instituição dedica-se à formação profissional direccionada ao sector petrolífero. Pilotos da SonAir recebem asas em Portugal Um grupo de dezassete (17) pilotos de helicóptero da SonAir, que esteve em formação ab initio (Curso Inicial de Aviação) na Gestair Flying Academy, instituição já reconhecida como IATA Authorized Training Center, recebeu recentemente, em Tires, Portugal, as suas respectivas asas (distintivos em forma de asa usados no sector da aviação), bem como certificados do Curso. Aos 17 pilotos, que começaram a referida formação em 2011, juntaram-se este ano mais 19 formandos, estando já em preparação um terceiro grupo integrado por vinte e quatro (24). A cerimónia de entrega dos distintivos contou com a presença do Vogal da Comissão Executiva da SonAir, António Domingos Júnior, e do Gestor da Direcção de Treinamento de Pessoal Navegante (DTPN) dessa Subsidiária da Sonangol E.P., José Pizarro Júnior. Curso de Gestão de Contratos a Juristas da Sonangol Decorreu no IPROF, de 30 de Julho a 08 de Agosto de 2012, um curso de Gestão de Contratos, Destinado a Juristas do Grupo Sonangol. No decurso da ação de formação foi proporcionada uma visita cultural à zona histórica de Belém, tendo os formandos visitado o Palácio Nacional da Ajuda, devidamente acompanhados pela Formadora Maria do Céu Cruz. Estágios profissionais para estudantes angolanos 8 O Instituto Superior Politécnico de Tecnologias e Ciências (ISPTEC) e a Siemens Angola formalizaram, no dia 18 de Julho de 2012, um protocolo de cooperação para o desenvolvimento de recursos humanos e de projectos, tecnologias e produtos especializados nas áreas da Engenharia e da Economia e Gestão. O acordo, assinado pelo Director Geral do ISPTEC, Baltazar Miguel, e pelo Chief Executive Officer (CEO) da Siemens Angola, Jorge Tropa, inclui programas nos sectores da Energia, Gás e Petróleo, Indústria, Infra-estruturas e Cidades e Saúde. seus alunos. “O protocolo com a Siemens é o primeiro celebrado por esta instituição com o sector empresarial, estando enquadrado num dos principais objectivos definidos para o ISPTEC”, enfatizou. Considerou igualmente que o acordo proporciona aos estudantes um contacto próximo com a realidade do sector industrial, essencial para o desenvolvimento futuro da sua vida profissional. Para a instituição, a aposta na aproximação ao sector empresarial faz parte das suas linhas estratégicas, com vista a proporcionar um ensino de qualidade e rigor aos seus estudantes. Por seu lado, (ISPTEC), chefiada pelo seu Director Geral, Baltazar Miguel, esteve recentemente no Brasil, onde manteve contactos com responsáveis da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), através da sua Coordenadoria de Relações Institucionais e Internacionais (CORI). De acordo com o assessor da CORI, Maurício Aguiar Serra, a visita teve como objectivo analisar a possibilidade de parceria entre o ISPTEC e a UNICAMP. “Por se tratar de uma instituição jovem localizada num país promissor (Angola), a parceria com Em termos práticos, o protocolo prevê a realização de estágios profissionais para os alunos dos cursos ministrados no ISPTEC e começará a vigorar já no final do presente ano lectivo, estendendo-se, no entanto, aos anos subsequentes. Apesar de ter sido assinado por um período de três anos, renováveis, a Directora Académica e Científica do ISPTEC, Mariana Santos, referiu que as perspectivas da instituição é que este seja “o início de um acordo que se possa prolongar por várias décadas”. Durante a cerimónia, que decorreu nas instalações do ISPTEC, em Talatona, Luanda, Baltazar Miguel reforçou a importância deste processo para o desenvolvimento da qualidade do ensino ministrado aos o CEO da Siemens Angola salientou o esforço realizado pelo ISPTEC nesta fase de arranque das actividades académicas e manifestou a sua satisfação pelo acordo recentemente firmado. Jorge Tropa fez questão de sublinhar que os motivos da escolha do ISPTEC para celebrar o referido protocolo têm como base o facto de o mesmo ser “uma entidade de referência nas áreas técnicas da engenharia e da gestão, o que vai ao encontro dos níveis de exigência que a empresa procura não só em Angola como em todo o mundo”. a UNICAMP irá auxiliar o seu desenvolvimento através do intercâmbio de alunos e de professores”, realçou Maurício Aguiar Serra. O assessor da CORI acrescentou que brevemente serão feitos novos contactos para a definição dos próximos passos relativos à referida parceria. Os contactos mantidos pela delegação do ISPTEC, que foi recebida, entre outras individualidades, pelo pró-reitor de graduação, Marcelo Knobel, contaram também com a participação de representantes das Faculdades de Engenharia Eléctrica e de Computação (FEEC), de Engenharia de Mecânica (FEM) e do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP. • Setembro 2012 - Nº27 ISPTEC CONTACTA UNICAMP Uma delegação do Instituto Superior Politécnico de Tecnologias e Ciências 9 Centro Pré-Universitário Católico no Huambo foi reabilitado Um novo edifício escolar foi inaugurado, no Centro Pré-Universitário Católico (CPUC), na província do Huambo. A recuperação do imóvel, muito danificado pelo conflito armado, teve o financiamento da Sonangol, BP Angola e demais parceiros do bloco 31. O novo empreendimento, que faz parte de um projecto iniciado em 2007, num valor superior a um milhão e meio de dólares norte americanos, possui três laboratórios para estudos práticos de biologia, química e física, uma biblioteca, uma sala de informática, um auditório, uma sala de reuniões e um gabinete. Refira-se que a primeira fase do referido centro escolar foi inaugurada em 2007 com um edifício construído de raiz com dois pisos, nove salas de aula, dois gabinetes, uma secretaria, uma sala de professores, uma capela e outras áreas de apoio como campo gimnodesportivo, cantina e um espaço de recreio. O estabelecimento de ensino oferece cursos de ciências físicas e biológicas e de ciências humanas, da 10ª à 12ª classe. Durante a cerimónia de inauguração, o vice-presidente da BP Angola, Paulo Pizarro, destacou a grandeza da infra-estrutura, tendo afirmado que a mesma “é uma grande obra cuja execução foi muito difícil pois exigiu a recuperação dos escombros, em várias fases, mantendo-se a arquitectura original”. Mentor do projecto Na cerimónia de inauguração, esteve presente o antigo director do bloco 31, Bravo Paulo, o mentor do projecto. Na ocasião, incentivou os beneficiários a preservar o património que favorece as gerações vindouras. Dirigindo-se à direcção da escola, Bravo Paulo pediu maior racionalização no uso do imóvel, demonstrou satisfação em ver a obra concluída e, sobretudo, “por ter feito parte da iniciativa para a edificação de tão valoroso património”. Novos horizontes de ensino e esperança Por seu turno, o arcebispo do Huambo, Dom José de Queiroz Alves, procedeu à bênção do imóvel e adiantou que a entrada em funcionamentos do novo edifício constitui um passo importante para o desenvolvimento do ensino e aprendizagem na província, em par- ticular, e no país em geral. Dom Queiroz espera que naquela instituição se forme o homem em todas as dimensões. “Façamos desta escola um verdadeiro pólo de desenvolvimento onde o ensino de qualidade seja uma prioridade e possamos formar o homem total para que, além de dotado intelectualmente, seja capaz de criar ambiente de paz e justiça à sua volta e fazer com que Angola seja a pátria feliz de todos os angolanos”, disse o arcebispo. Ainda segundo Dom José de Queirós Alves, é necessário que os professores do CPUC cultivem novos horizontes de ensino e esperança e que esta instituição de ensino seja um espaço de construção do homem novo e de uma Angola desejada por todos. “Façamos desta escola um verdadeiro pólo de desenvolvimento onde o ensino de qualidade seja uma prioridade e possamos formar o homem total para que, além de dotado intelectualmente, seja capaz de criar ambiente de paz e justiça à sua volta e fazer com que Angola seja a pátria feliz de todos os angolanos”. Dom José de Queiroz Alves, arcebispo do Huambo 10 • Setembro 2012 - Nº27 11 Associação do Bloco 18 patrocina construção de escola no Balombo A escola da Libata, no município do Balombo, província de Benguela, construída em tempo recorde (90 dias) com o patrocínio da Associação do Bloco 18 (Sonangol, BP e SSI), foi inaugurada no passado dia 3 de Junho. Com este benefício, mais um, do petróleo angolano, cerca de 600 crianças deixam de estudar debaixo de mangueiras, passando a fazê-lo em salas de aulas com todas as condições necessárias para uma melhor qualidade de ensino. No acto de inauguração, o administrador do Balombo, Kwanza Santos, realçou a importância desta acção de responsabilidade social para as comunidades do referido município no qual a guerra destruiu muitas infra-estruturas. “O investimento em capital humano é determinante para o desenvolvimento sustentável de uma região, pois o sistema de educação é responsável pela promoção desse investimento e a sua eficiência tem impacto sobre a produtividade económica, o acesso à cultura e ao conhecimento e a inclusão social”, afirmou o administrador. O soba grande, Bastana Jundo Chivinga, também se manifestou regozijado com a construção da escola da Libata. “O povo está muito alegre”, disse a propósito. Por seu lado, o responsável da ONG RISE, Adriano Huambo, mostrou-se igualmente bastante feliz pelo facto de a comunidade local poder contar com tão importante infra-estrutura. “Tivemos, uma vez mais, a capacidade de transformar o financiamento num bem público”, referiu. Para o presidente regional da BP Angola, Martin Morris, “foi graças à união de sinergias entre as autoridades municipais e as comunidades da área, o Ministério da Educação, a BP Angola, Sonangol e demais parceiros do bloco 18, que foi possível concretizar este projecto num prazo inferior a 100 dias e dar assim acesso à educação às crianças que são o pilar do desenvolvimento sustentável de Angola”, salientou. De acordo com Martin Morris, a construção da escola constitui mais um passo modesto mas significativo. “ O desafio é grande. O objectivo é que um dia todas as crianças em Angola possam aceder ao sistema formal de educação e ensino, de forma a erigir alicerces sólidos e transformá-las nos homens responsáveis do amanhã, nos quadros que o país e as empresas tanto precisam”, acrescentou aquele responsável da BP Angola. Rede escolar O município conta com cerca de 106 mil habitantes, o que corresponde a uma densidade populacional de 40 habitantes por quilómetro quadrado. Mais de metade são do sexo feminino. A população é muito jovem, já que os cidadãos até aos 19 anos representam 62 % do total. Além da sede, o município tem três comunas: Chindumbo, Chingongo e Maka Mombolo. A rede escolar do município era composta, em 2010, por 82 escolas, sendo apenas 12 (65 salas de aula) de construção definitiva e em bom estado. Cerca de 27 escolas funcionavam em locais impróprios, como capelas e árvores. De acordo com um inquérito realizado nesse ano, a insuficiência de salas de aula, o elevado número de crianças em idade escolar fora do sistema e o abandono escolar, constituíam os principais problemas do sector da educação. Reinauguração de escola e Igreja Metodista Unida Emaús em Luanda “Acabámos de assistir à reinauguração de dois equipamentos sociais que vão favorecer a comunidade, quer da Igreja Metodista Emaús, quer do próprio município onde a mesma está inserida”, afirmou a vice-governadora de Luanda, Juvelina Imperial, por ocasião da respectiva cerimónia realizada no dia 10 de Junho, no Kilamba Kiaxi, em Luanda. O novo templo tem capacidade de albergar 2.800 pessoas e a escola passou a contar com 12 salas de aula, uma biblioteca e sala de informática, que acolhem 650 alunos da iniciação à 7ª classe. O projecto, no montante de USD 1,5 milhões, foi financiado pela BP Angola, Sonangol e demais parceiros do bloco 31. Segundo a governante, “a comunidade vai ganhar muito, dado que a igreja vai trabalhar na moralização da família, no resgate dos valores morais e cívicos que fomos perdendo ao longo dos tempos, e a escola permitirá construir o homem do amanhã”. “É uma acção de louvar, de encorajar, para que a pobreza seja minimizada cada vez mais”, acrescentou. Juvelina Imperial considera a Igreja Metodista Emaús “um bom parceiro que continua a cumprir as solicitações do governo“ e louvou a iniciativa dos parceiros do bloco 31 “pelo seu apoio responsável e solidariedade para levar Angola rumo ao desenvolvimento”. 12 • Setembro 2012 - Nº27 Vida espiritual e social caminham juntas Por sua vez, o bispo Gaspar João Domingos exortou os fiéis a cumprirem as suas obrigações, a conservarem as novas instalações e agradeceu à Sonangol, BP e parceiros do bloco 31 “por tudo quanto fizeram para o engrandecimento da seara e da obra do Senhor nosso Deus”. Para a directora da escola Emaús, Ondina Francisca, a nova escola possibilita uma melhor qualidade de ensino. “Salas de aula condignas, boas carteiras, motivam os professores e alunos”, referiu. Ao intervir, no acto de inauguração, o vice-presidente para Operações da BP Angola, Fernando Guitar, afirmou que não bastam apenas os financiamentos, mas também, e acima de tudo, bons parceiros que possam fazer a diferença na vida das comunidades. Fernando Guitar agradeceu ainda à Sonangol o encorajamento que tem dado à BP para o envolvimento dessa petrolífera nos mais distintos projectos sociais em benefício das comunidades angolanas. Já durante o culto realizado no dia da reinuguração, o director de Desenvolvimento Sustentável da BP Angola, Gaspar Santos, reiterou a vontade da companhia de continuar a participar de mais projectos sociais em Angola. 13 Enviado do Presidente da RDC mantém encontro com PCA da Sonangol E.P. O enviado especial do Presidente da República Democrática do Congo, Antoine Ghonda, que esteve durante alguns dias em visita de trabalho à Angola, manteve no passado dia 17 de Julho um encontro com o Presidente do Conselho de Administração da Sonangol E.P., Francisco de Lemos José Maria. Participaram da reunião, realizada no Edifício Sede da petro- lífera estatal angolana, o ministro de Estado e da Coordenação Económica, Manuel Vicente, e o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges. O Administrador da Sonangol E.P., Gaspar Martins, esteve também presente ao encontro no decorrer do qual foram abordados assuntos de interesse dos dois países. PCA da Sonangol E.P., ao fundo, conversa com o enviado especial do Presidente da RDC, enquanto o ministro de Estado e da Coordenação Económica de Angola saúda um dos membros da comitiva congolesa. Delegação de petrolífera do Sudão do Sul visita SonAir Uma delegação da NILEPET, concessionária petrolífera do Sudão do Sul, efectuou recentemente uma visita às instalações da SonAir, onde foi recebida pelo Presidente da Comissão Executiva dessa Subsidiária da Sonangol E.P., João Alves Andrade. Na ocasião, a comitiva do Sudão do Sul, que se fazia acompanhar do Presidente da Comissão Executiva da Sonangol Hidrocarbonetos Internacional, Paulino Jerónimo, foi informada do funcionamento do core business da SonAir. De recordar que em Março último, uma delegação ministerial daquele jovem país localizado no nordeste de África, rico em petróleo, esteve no Edifício Sede da Sonangol E.P. onde manteve um encontro com o Presidente do Conselho de Administração da petrolífera estatal angolana, Francisco de Lemos José Maria. Nacional Tendências e Percepção da gestão dos recursos humanos Mateus João Pedro (Texto) P retendo, com esta análise, apresentar um quadro de tendências cujas implicações levantam muitas vezes dúvidas e criam um horizonte sombrio aos gestores, no que diz respeito às práticas da gestão dos Recursos Humanos. Para o efeito, aos leitores requer-se que tenham um espírito crítico face às teorias que nos são apresentadas pelos estudiosos e pesquisadores. Devemos, por conseguinte, contextualizar os discursos, mensagens e prognósticos sobre os efeitos e desafios da globalização. Não é um argumento menos sólido entender também que “um discurso não apenas reflete a realidade mas também pode 14 • Setembro 2012 - Nº27 interferir, construir e até definir a realidade” in (Phillips, N; e Hardy,C. Discourse Analysis: Investigating Processes of Social Construction. Thousand Oaks: Sage,2002). Outrossim, sabemos de igual modo que nem sempre os discursos e as práticas são coincidentes. Os benefícios da dúvida para aceitabilidade e refutabilidade na aquisição e/ou introdução de “boas práticas” em qualquer organização requerem ter em conta os aspectos relacionados com a visão do desenvolvimento histórico, social, político, económico e tecnológico específico, pois eles têm fortes implicações para a gestão de Recursos Humanos. Repensando 15 deste modo as ideias, incluindo típicas, e os conceitos sobre os Recursos Humanos, os pesquisadores actuais tendem a ver em cada ideia e em cada pensador um “microcosmo” no qual se articulam o passado e o presente, enquanto se investe na construção do futuro, in (Tanure,B et al. A gestão de pessoas no Brasil – virtudes e pecados capitais. Rio de Janeiro: Campus, 2007). Eis o argumento apresentado: isto significa navegar entre paradoxo e dualidades, uma das principais funções da gestão de Recursos Humanos…Aqui, factores estratégicos e os de Recursos Humanos estão, de facto, profundamente interligados. O foco está no desenvolvimento das capacidades da organização e nas pessoas para prosperarem num mundo de contínua mudança. É administrar construtivamente as tensões entre forças opostas. Esse papel desempenhado pelos Recursos Humanos é entendido como o de um navegador que transita entre forças contraditórias, aqui denominadas de dualidades (ou paradoxo). Desta feita, não precisamos de ter “uma posição” definida sobre todas as questões, principalmente sobre aqueles assuntos que ainda não analisamos cuidadosamente, pois manter uma mente aberta ao mesmo tempo em que se pensa criticamente sobre o que nos é dito ou apresentado é uma forma de aferição e maturação. É a maturação vivencial e intelectual de se deixar convencer apenas quando “as experiências da vida realmente nos fazem perceber a realidade”. Por conseguinte, podemos entender que o estudo da evolução dos Recursos Humanos pode servir de terreno experimental para a compreensão de sistemas, problemas, métodos e ensaios ad-hoc, de estratificação e sistematização das ideias no seu sentido holístico local. As demandas vindas de várias áreas de negócio, dos clientes internos e externos representam inequivocamente as frentes e desafios da classe Recursos Humanos. Dentre várias questões levantadas acrescem sempre as dúvidas enraizadas na mente: os profissionais de RH terão ou não a capacidade de darem respostas com dimensões locais e específicas às necessidades das empresas? In (Evans, P. et al. The global challenge: frameworks for international human resource management. New York: McGraw-Hill. 2002), cujo argumento é o seguinte: é importante frisar que tais dualidades não são excludentes, mas demandam uma busca de equilíbrio dinâmico. O pêndulo passa de um lado para outro, em contexto também mutável e, dessa forma, a grande máxima passa a ser a de ter de se construir o futuro no presente… de maneira que essas tensões funcionem como forças propulsoras do desenvolvimento e não como fontes de conflito. De facto, os esforços envidados pelos profissionais, especialistas e estudiosos nos processos de mudanças nas práticas de gestão, nomeadamente, a introdução de “Nova Cultura”, local content, open-space, avaliação de desempenho, treinamento-recrutamento online, trabalho em equipa, gestão de conflitos e carreiras, estão todos ligados a um conjunto de variáveis que concorrem para o reforço da inovação em todos os campos de formação profissional, bem como ao reequacionamento de conceitos, objectivos e práticas, à luz das novas relações entre formação e emprego, educação e formação, qualificações e competências, informação e aprendizagem, aceleração da inovação tecnológica e a necessidade de aprendizagem num processo de aquisição de novas competências. Em consequência, nas empresas, a área dos Recursos Humanos tem sofrido uma progressiva “metamorfose”, senão mesmo o alargamento da sua missão, valores e cultura que anteriormente pareciam estar em desalinhamento com a realização do planeamento estratégico do negócio. Neste sentido, a equipa de coopers e lybrand in Remuneração por habilidade e por competências: Preparando a organização para a Era das empresas de conhecimento intensivo. São Paulo: Atlas, (1997, p 73) afirma: “A premissa adoptada era que o factor humano está na base da gestão estratégica dos negócios. Por isso, é necessário que os gestores de negócio se envolvam nas questões de RH tanto quanto o pessoal de RH se envolva nas questões de negócio”. Portanto, os Recursos Humanos ao terem um papel mais interventivo no planeamento estratégico do negócio para além das suas próprias fronteiras significa que o seu relacionamento com os seus clientes internos e externos é de não traçar limites. O inverso daria origem a antagonismos, invenção de batalhas, fomento de competições, criação de adversários. Assim surge o fomento das atitudes defensivas, as quais tendem a quebrar o alinhamento entre as áreas das empresas. Em síntese, as pressões e desafios de uns e de outros dentro de uma empresa convergem na interacção e partilha de experiências lá onde todos querem realmente a melhoria contínua de tudo e de todos. NACIONAL Angola e República do Congo chegam a acordo para exploração de campo transfronteiriço Angola e a República do Congo chegaram a acordo quanto à exploração do campo Lianzi, localizado em águas profundas na região transfronteiriça entre os dois países e que contém reservas provadas de 70 milhões de barris de petróleo A ngola e a República do Congo chegaram a acordo quanto à repartição dos rendimentos petrolíferos resultantes da exploração do campo petrolífero Lianzi, situado no Bloco 14, na linha de fronteira marítima entre os dois países. O acordo final foi rubricado no mês de Julho de 2012 em Brazaville, culminando um processo que se iniciou em 2007 com o estabelecimento de um protocolo, assinado em Julho desse ano, em Luanda, entre os ministérios dos Petróleos de Angola e o dos Hidrocarbonetos do Congo. Foi tendo como base o referido protocolo que decorreram desde 2009 as conversações respeitantes ao processo de partilha de petróleo na zona de interesse comum à Angola e à República do Congo. Em Março deste ano, recorde-se, já 16 • Setembro 2012 - Nº27 haviam sido rubricados em Luanda dois acordos para o desenvolvimento e produção do campo transfronteiriço Lianzi pelo ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos e o ministro congolês dos Hidrocarbonetos André Raphael Luemba. Os acordos respeitaram ao mecanismo de partilha de receitas resultante da futura exploração do jazigo e à abertura de uma conta conjunta para o depósito dos rendimentos gerados pela exploração do campo. A exploração do campo Lianzi, que contém reservas comprovadas de 70 milhões de barris de petróleo, deverá ter início em 2015 envolvendo um investimento da ordem dos 2 mil milhões de dólares, o qual será assegurado pelas petrolíferas que integram o consórcio que detém a concessão na proporção das respec- tivas participações. O consórcio integra a norte-americana Chevron, a empresa operadora, a portuguesa Galp Energia (com 4,5%), Chevron (o operador, com 15,75%), CABGOC (a petrolífera estatal congolesa com 15,5%), a Sonangol (10,0%), SNPC (7,5%), Total (36,75%) e Eni (10,0%). O projecto de exploração do campo Lianzi já foi aprovado pelo Conselho de Ministros de Angola, faltando agora apenas passar pela Assembleia Nacional. O campo Lianzi situa-se no Bloco no bloco 14K–A–IMI fica situado em águas profundas na fronteira entre Angola e a República do Congo, o qual apresenta uma área de 700 quilómetros quadrados numa profundidade de água de 500 – 1000 metros. Nacional Satélites do Kizomba iniciam produção de 100 mil barris diários O s Satélites do Kizomba, abarcando os campos Mavacola e Clochas, integrados no mega complexo do Kizomba, no Bloco 15 do offshore angolano, irá produzir 100 mil barris de petróleo diariamente e permitir a recuperação de cerca de 250 milhões de barris. A primeira fase do projecto compreende a perfuração de 18 poços e optimizará a capacidade instalada no bloco atribuído à Esso Exploration Angola 18 • Setembro 2012 - Nº27 A produção da Fase 1 do projecto Satélites do Kizomba arrancou em Julho no Bloco 15 do offshore angolano, de acordo com o anúncio feito pela empresa operadora do bloco, a Esso Exploration Angola, subsidiária da ExxonMobil, e a concessionária, a Sonangol E.P. Prevê-se que a Fase 1 da produção dos Satélites do Kizomba venha a atingir um nível de 100 mil barris de petróleo diariamente (bdp), permitindo a recuperação de cerca de 250 milhões de barris nos campos de Mavacola e Clochas, situados a 135 Km da costa angolana a uma profundidade de água de aproximadamente 1.380m. A Fase 1 do projecto compreende a perfuração de 18 poços com a ligação submarina aos navios de produção, armazenagem e descarga (FPSO) existentes em Kizomba A e B, possibilitando assim a optimização da capacidade das instalações de produção do Bloco 15. Na cerimónia que assinalou o início de 19 O Consórcio do Bloco 15 40% 20% 26,67% 13,3% Concessionária: produção de petróleo nos campos Satélites do Kizomba, o ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos, realçou ‘que a execução da fase 1 do projecto Satélites do Kizomba, foi concluída antes do tempo previsto, antecipando, desta forma, o início de produção’, acrescentando que o desenvolvimento dos novos campos foi efectuado ‘com um desempenho de segurança líder na indústria petrolífera. Estes dois exemplos, sublinhou, testemunham a abnegação e empenho do operador, dos parceiros e colaboradores na execução do projecto, e devem servir de referência para o sector petrolífero nacional’. A Fase 1 do Projecto Satélites do Kizomba foi lançado em 2008, abarcando o desenvolvimento de dois campos descobertos por satélite, Clochas e Mavacola. Foram adquiridos, para o efeito, pelos parceiros do consórcio, mais de 2.500 quilómetros quadradoa de dados sísmicos em 3D de elevada qualidade. Os dois satélites descobertos, Clochas e Mavacola, que se estima, como se referiu, conterem 250 milhões de barris de petróleo, foram desenvolvidos em articulação com os projectos Kizoma A e Kizomba B. Na sua segunda fase (Fase 2), o projecto vai incluir o desenvolvimento de descobertas contíguas. O desenvolvimento dos Satélites do Kizomba deu sequência a um programa de perfuração desenvolvido ao longo de do período 1997-1999. As quatro descobertas anunciadas em 1998 (campos de Hungo, Chocalho, Kissange e Dikanza) compõem o gigantesco complexo de Kizomba. O complexo Kizomba integra o Bloco 15 do offshore nacional, tendo sido a sua concessão atribuída à ExxonMobil em 1994. Trata-se de uma das primeiras fracções de superfície de águas profundas concessionadas pelo Governo angolano. Os reservatórios datam do médio e do baixo Mioceno. Os poços penetraram vários reservatórios de alta qualidade, dando uma coluna de óleo superior a 1.000 m. O Kizomba apresenta reservas recuperáveis próximas de 2 biliões de barris de óleo equivalente, prevendo-se que venham a ser ligados à sua estrutura outros campos existentes nas proximidades. As diferentes fases de desenvolvimento do projecto, designadas Kizomba A, Kizomba B e Kizomba C arrancaram em 2004, 2005 e 2008, respectivamente. Em 1998 foram descobertos os campos Mungo, Chocalho, Kissange e Dikanza. Em 1999 foram descobertos ou reavaliados os campos Chocalho e Xicomba. Em 1998 foram descobertos os campos Mungo, Chocalho. A primeira produção aconteceu em 2003 no campo Xicomba. Em Julho do ano 2000 deu-se a descoberta do campo Mondo, situado a 370 quilómetros a Oeste de Luanda. As fases do Kizomba A construção e desenvolvimento em águas profundas de Kizomba A foi iniciada em 2001, abrangendo os campos Hungo e Chocalho. O projecto começou a produzir petróleo (130 mil mbd) em Agosto de 2004, tendo a meta de produção sido fixada em 250 mil bpd. Em Julho de 2002 teve início a construção do campo Xicomba, também em águas profundas. O desenvolvimento desta fase do projecto permitiu a recuperação de 100 milhões de barris de petróleo. Em 2003 arrancou a construção de Kizomba B, abarcando os campos Kissange e Dikanza, localizados em águas profundas de 3.300 a 3.400 pés, a qual tem em vista a recuperação de um bilião de barris de petróleo. O objectivo fixado para a produção foi de 250 mil bdp. O projecto inclui a combinação de uma plataforma de poço de superfície e poços submarinos ligados a um navio FPSO. Na sua configuração o Kizomba B replica a do Kizomba A, o que permitiu uma significativa poupança de custos e OS CAMPOS Kizomba A: Hungo, Chocalho e Xikomba | Kizomba B: Kissange e Dikanza | Kizomba C: Mondo, Saxi e Batuque Satélites: Clochas e Mavacola de tempo. A ExxonMobil investiu 750 milhões de dólares na unidade FPSO, a qual apresenta uma capacidade de armazenamento de 2,2 milhões de barris de petróleo. A unidade mede 285 m por 63 m e tem 32 m de altura, pesando 81 mil toneladas e disponibilizando alojamento para 100 funcionários. A terceira fase do projecto, Kizomba C, integra os campos Mondo, Saxi e Batuque e destina-se a aproveitar 600 milhões de barris de petróleo em cerca de 2.400 pés de água. O campo Mondo, situado a 145 quilómetros ao largo da costa angolana, começou a produzir petróleo em Janeiro de 2008, ao passo que os outros dois campos, Saxo e Batuque, iniciaram as respectivas produções em Agosto do mesmo ano, devendo contribuir com uma produção de 100 mil bdp. O desenvolvimento de Kizomba C envolve dois navios FPSO e 36 poços submarinos, representando a maior exploração submarina de petróleo operada pelas filiadas da ExxonMobil em todo o mundo. Esta fase do projecto envolveu um investimento de perto de 1,5 milhões de dólares na aquisição de bens e serviços contratados localmente, incluindo contratos de fabrico no país, logística de apoio e formação de colaboradores e quadros angolanos. Conteúdo nacional De salientar que o projecto Kizomba vem envolvendo um elevado grau de participação nacional. O que foi salientado pelo ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos, durante a cerimónia de lançamento do Projecto Satélites do Kizomba. ‘ Grande parte dos módulos e equipamentos submarinos foram fabricados no país. Isto significa que podemos ir mais longe, neste domínio. Assim, encorajamos a concessionária nacional e seus parceiros, a prosseguir os esforços em curso para aumentar o conteúdo nacional no sector petrolífero’, referiu Botelho de Vasconcelos, sublinhando que ‘é certo que o caminho a percorrer é longo e os desafios enormes, já que precisamos de desenvolver de forma continuada várias capacidades e competências. A esse respeito, importa referir o Decreto-Lei-17/09 de 26 de Junho e respectivos regulamentos. Ao abrigo destes instrumentos, as empresas petrolíferas devem celebrar um contrato programa com o Ministério dos Petróleos que defina metas a atingir no processo de formação e integração do pessoal angolano, com vista à materialização de uma angolanização efectiva’, acrescentou. Fornecedores Entre os fornecedores do complexo do Kizomba contam-se Saipem, responsável pela engenharia, fabricação e instalação dos equipamentos submarinos, a Oceaneering International, a AMEC, a quem foi adjudicada a concepção, logística de aquisição e fornecimento dos serviços de apoio ao projeto, que irá executar em conjunto com Paragon Angola, uma joint-venture que estabeleceu com a Prodiaman; para fornecer equipamentos de produção submarina ao projecto, a Esso Exploration Angola seleccionou a GE Oil & Gas, que irá fornecer uma vasta gama de equipamentos submarinos e de superfície; com a Oliver Valves foi celebrado um contrato para o fornecimento de submarinos e válvulas ‘topside’. A cronologia de um mega projecto 20 • Setembro 2012 - Nº27 Atribuição da concessão: 1994 Primeira produção: 2003 Início produção Kizomba A: 2004 Início produção Kizomba B: 2005 Início produção Kizomba C: 2008 Arranque Projecto Satélites: 2012 NACIONAL Sonangol investimentos Industriais já Pôs a operar 17 Fábricas na ZEE Luanda-Bengo Trata-se de um dos mais ambiciosos projectos lançados em Angola, compreendendo um pólo industrial, outro comercial e ainda um centro de tecnologia e de convenções. Na Zona Económica Especial Luanda-Bengo, cujo desenvolvimento está confiado à Sonangol Investimentos Industriais, já funcionam 17 fábricas e uma ETAR, o que permitiu a criação de mais de 3.000 novos empregos J á se encontram a funcionar as 17 novas unidades fabris na Zona Económica Especial (ZEE), Luanda-Bengo. As oito primeiras unidades fabris da Zona Económica Especial Luanda/Bengo (ZEE), foram inauguradas a 27 de Maio de 2011 pelo Presidente da República e, praticamente um ano decorrido, em Maio de 2012, foram inauguradas seis novas fábricas. A inauguração destas seis unidades contou com a presença dos ministros da Geologia e Minas e Indústria, Joaquim David, e dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos. No último dia do mês de Julho do corrente ano, foi inaugurada uma fábrica vocacionada para a produção de bombas de água pelo ministro dos Petróleos Botelho de Vasconcelos. Finalmente, já em Agosto, o ministro dos Petróleos inaugurou mais duas unidades, uma fábrica de ferragens e uma unidade de galvanização, as quais vão acrescentar 130 postos de trbalho directos aos já existentes na ZEE. Os investimentos efectuados foram assegurados, na totalidade, pela Sonangol Investimentos Industriais (SIIND), sem recurso a qualquer financiamento bancário. Um processo que começa em 2005 A ZEE Luanda-Bengo foi criada pelo Decreto Presidencial Nº 50/09 de 11 de Setembro. A materialização do projecto de lançamento de Zonas Económicas 22 • Setembro 2012 - Nº27 Especiais que configurassem modelos adequados, do ponto vista institucional, administrativo e económico, em determinadas regiões do país, ao relançamento e desenvolvimento da economia real e do empresariado nacional, remonta a 2005, quando o Presidente da República incumbiu o Gabinete de Reconstrução Nacional da missão de por em marcha a constituição de eixos regionais geradores de desenvolvimento o novo parque industrial. Posteriormente, em Abril de 2010, teve início o processo de transferência de responsabilidade do Gabinete de Reconstrução Nacional para a Sonangol. O auto de recepção do património foi assinado pelas partes a 11 de Outubro de 2010, tendo a implementação da ZEE Luanda-Bengo sido confiada à SIINDE, Sonangol Investimentos Industriais, criada a 7 de Outubro de 2010, e que tem como missão promover, desenvolver e coordenar a gestão dos projectos industriais da Sonangol EP e subsidiárias, a concretizar na ZEE Luanda-Bengo. Noutras partes do mundo já foram implantadas ZEE, desde a China à Argentina, passando pelo Brasil (Manaus), Índia e Emirados Árabes Unidos, entre outros. Recentemente foi criada também uma nova zona económica especial em Moçambique (Matola). As Zonas Económicas Especiais (ZEE) procuram potenciar inúmeras vantagens, desde vantagens fiscais e outras concedidas pelas autoridades, assim como de sinergias que se estabelecem entre as unidades industriais e empresas que nelas se instalam e beneficiam da mesma infraestrutura (energia, saneamento, acessos e também, normalmente, o tratamento de resíduos – ETAR). Foram implementadas em diferentes países, Um projecto de fôlego Cobrindo uma área total de 8 300 hectares, a Zona Económica Especial (ZEE) Luanda-Bengo, localiza-se no quilómetro 30 em Viana, entre os municípios de Viana e Cacuaco, província de Luanda, e nos municípios de Icolo-e-Bengo, Dande, Ambriz e Namboangongo, província do Bengo. Trata-se de um projecto de grande fôlego, integrando um pólo industrial e outro comercial e ainda um centro de tecnologia e convenções. Foi ainda inaugurada, em Maio de 2012, a par das seis novas fábricas, uma nova estação de tratamento de águas residuais (ETAR), que atenderá todas as unidades previstas para o primeiro quadrante da ZEE. A nova ETAR apresenta, para já, uma capacidade de 42 litros por segundo e ainda uma capacidade adicional de 11 litros por segundo para receber parte dos resíduos do segundo quadrante. A ETAR será ampliada para a capacidade de 84 litros por segundo, permitindo o atendimento integral das indústrias do segundo quadrante e, numa 23 terceira e última fase, a sua capacidade será elevada para 126 litros por segundo. Do ponto de vista do suprimento de energia eléctrica a ZEE conta, para já, com 60 kilovolts de uma subestação local e 30 kilovolts provenientes de uma barragem, para além de um grupo de geradores que funcionam em alternativa. Aposta na produção E empresariado nacional A ZEE Luanda-Bengo procura aproveitar o potencial de uma das regiões mais povoadas do país e, em consequência, aquela que apresenta também maior dimensão de mercado, como ainda a que dispõe das melhores condições logísticas. Tem como objectivo fundamental criar grupos económicos nacionais fortes e competitivos nos domínios tecnológico, organizativo e financeiro, fazendo com que o controlo da economia seja assegurado, fundamentalmente, por cidadãos angolanos, promovendo a consolidação e desenvolvimento do empresariado nacional, nomeadamente a criação de grupos económicos nacionais fortes e competitivos nos domínios tecnológico, organizativo e financeiro, fazendo com que o controlo da economia seja assegurado, fundamentalmente, por cidadãos angolanos. No entanto será também acolhida a iniciativa estrangeira que, em parceria com empresários nacionais, contribuam para a incoporação de tecnologia e know-how susceptível de valorizar os diferentes projectos que a ZEE alberga. Embora habitualmente as empresas existentes numa ZEE produzam para exportar, a ZEE Luanda-Bengo estará virada, numa primeira fase, para o consumo interno devido às carências do mercado nacional. Será dotada de um porto seco para matérias-primas e equipamentos importados e destinados à produção de bens e ao funcionamento das unidades fabris. A agenda da SIIND O programa da SIIND prossegue o objectivo de colocar em funcionamento na ZEE 25 unidades industriais até ao início de 2013 e um total de 53 unidades industriais até 2014. Dezassete unidades industriais já se encontram a laborar na ZEE Luanda-Bengo no domínio da produção industrial, produzindo desde colchões e espuma a cabos eléctricos e material eléctrico de média e baixa tensão, passando pelo fabrico de cabos de fibra óptica, torres metálicas, equipamento de irrigação, vedações e arames, tintas e vernizes, tubos de polietileno, tubos e acessórios de PVC e PE, telhas metálicas e bombas de água. As últimas fábricas a entrar em funcionamento operam no domínio das ferragens e da galvanização. A comissão executiva da SIIND espera que, até ao final deste ano, outras 9 fábricas entrem em funcionamento (metalomecânica, embalagens metálicas, sacos de plástico, galvanização, pavilhões metálicos, vidros para construção civil e cartonagem). A SIIND prossegue assim o objectivo de colocar em funcionamento na ZEE 26 unidades industriais até ao início de 2013 e um total de 53 unidades industriais até 2014. Até ao momento foram já criados na ZEE Luanda – Bengo mais de três mil postos de trabalho, um terço dos quais nas 14 unidades industriais que se encontram já a operar, e dois terços em empregos indirectos criados no âmbito da ZEE, designadamente nos ramos da construção civil, segurança e prestação de serviços. O objectivo é que, quando a ZEE estiver a funcionar na sua plenitude, dê emprego a 10 mil angolanos. NACIONAL As 17 fábricas uma a uma Angolacabos Inauguradas em Maio de 2011: Fabrico de cabos de fibra óptica. Ocupando 2.500 metros quadrados é das poucas unidades existentes no continente. Nela se encontram instaladas quatro linhas de máquinas diferentes. Na primeira linha estão as duas de pintura para diferenciação da fibra óptica no tubete. Na segunda linha ocorre a fabricação no tubete com fibras ópticas e geleia de protecção. Na terceira é feita a união dos diferentes tubetes ao redor de um núcleo de protecção. Na quarta e última linha o cabo óptico recebe um revestimento, a capa final. Concluído este processo ocabo passa por um teste de controlo de qualidade. Pivangola Produção de equipamento de irrigação. Indutive Fabrico de torres metálicas. A sua linha de produção apresenta capacidade para o fabrico de 444 unidades anualmente. Nesta fábrica encontram-se instaladas cinco prensas, duas para diferentes cortes de cantoneiras e três para os mais diversos tipos de perfurações das peças. Na unidade produzem-se dois tipos de toros: uma de transporte de energia eléctrica e para as telecomunicações. Nela operam 45 técnicos. Quando se atingir a plena capacidade de produção passará a integrar mais 75 trabalhadores. Induplastic Vedatela fabrico de vedações e arames. Matelétrica Fabricação de tintas e vernizes. Produz anualmente 24, 96 milhões de litros de tinta (19,6 milhões de tinta de água, 3,44 milhões de litros de tinta de óleo e 1,248 milhões de litros de verniz. Emprega 53 técnicos mas quando todas as fases de desenvolvimento da unidade forem concluídas empregará 130 pessoas. Possui 24 tanques de despressão e homegeização com capacidade total de 176 mil litros. A matéria-prima para a produção de tintas e vernizes fica armazenada em seis tanques com uma capacidade total de 230 metros cúbicos 24 Mangotal • Setembro 2012 - Nº27 Produção de material eléctrico – Apresenta sete linhas de produção de vários materiais eléctricos, desde interruptores, tomadas, caixas de derivação interior ou exterior ou caixas de derivação para telefone ou internet. Fabrica todos os componentes necessários ao fabrico das caixas de derivação, apresentando uma capacidade mensal de produção de 37.400 peças. O seu mercado é a construção civil, designadamente o segmento da habitação social. Numa primeira fase a unidade emprega cerca de 40 técnicos mas, com o aumento da produção, poder-se-á atingir um total de 156 técnicos Produção de materiais plásticos destinados à construção civil e louça. Implantada numa área total de 17,8 mil metros quadrados, apresenta capacidade para fabricar em plástico quase tudo: acessórios para cozinha que vão desde os copos aos baldes para depósito de lixo. Para casa de banho produz polibans, tampas de pia, suportes penduradores e saboneteiras, entre outros. O tipo de material a produzir depende sobretudo das necessidades do mercado pois a fábrica tem moldes para vários produtos. Emprega, na sua primeira fase de desenvolvimento, 52 trabalhadores mas com o aumento da produção poderá atingir 100 postos de trabalho que se distribuirão por três turnos. 25 Inauguradas em Maio de 2012: Pipeline Angola Produção de tubos PVC. Apresenta quatro linhas de produção de PVC e uma de polietileno, ou seja mangueiras flexíveis. A unidade industrial está preparada para produzir cerca de 17 quilómetros de tubo PVC mensalmente. Emprega 66 técnicos que receberam formação ‘on job’ pela empresa promotora da fábrica. Indutubos Dedica-se à produção de tubos de polietileno de alta densidade, apresentando uma capacidade de produção de 5.802 toneladas de tubos por ano. A fábrica, que ocupa uma área de produção de 1.900 m2 e uma área de armazém de 2.000 m2, emprega, directamente, 33 pessoas. Tem como principais clientes a EPAL, a construção civil e os armazéns de revenda de materiais de construção. Inaugurada em Julho de 2012: Bombágua Telhafal Fabrico de telhas e cumeeiras. Está equipada com 10 perfiladoras para o fabrico de telhas e uma para o fabrico de cumeeiras, dispondo ainda de uma máquina de corte de esponja. Empregando 63 trabalhadores, produz, em cada turno de oito horas, telhas para a cobertura de 96 casas. Os seus clientes-alvo são as empresas de construção civil e de revenda de materiais de construção. MBT Fabrica equipamento de média e baixa tensão – aparelhagens, transformadores e isoladores. Com capacidade para produzir anualmente 20 mil unidades com apenas um turno de trabalho, e empregando 96 trabalhadores, conta entre os potenciais clientes com a ENE, EMEL, EDEL, ENCEL e EMICOL. Fabrico de bombas de água, designadamente a montagem, pintura e rectificação de bombas domésticas, industriais e para sistemas de rega, produzindo bombas de uma a seis polegadas. Ocupa uma área de 5.000 metros quadrados e apresenta uma capacidade de produção mensal de 750 unidades e uma capacidade anual de 9.000 unidades. Os potenciais clientes da fábrica são os sectores agrícola, a construção civil e a indústria petroquímica e mineira. Numa primeira fase, a fábrica irá gerar 51 postos de trabalho. InauguradaS em agosto de 2012: INFER Inducabos Voltada para o fabrico de cabos de baixa, média e alta tensão, destinados a instalações residenciais e industriais, bem como linhas de distribuição e transmissão. Apresenta uma capacidade de produção anual de mais de 71,8 milhões de metros de cabo no primeiro ano de laboração, passando a 163 milhões de metros após o terceiro ano de funcionamento. Emprega 87 profissionais e tem como potenciais clientes a ENE, EDEL e as empresas de construção. Indústria de Ferragens LDA vai produzir 95.000 fechaduras de quatro tipos diferentes, 35.000 cilindros de dois tipos, 48.000 puxadores de quatro tipos e 200.000 dobradiças de dois tipos diferentes. Tem 90 trabalhadores para a área fabril e 12 para a área administrativa. Implantada numa área total de 25.166 metros quadrados, conta com 90 trabalhadores afectos à área fabril e 12 à área administrativa. INDULGAV Ninhoflex Transplás Apresenta uma capacidade de produção de acessórios em PVC e polietileno de 1.973 toneladas anualmente. A unidade emprega 50 pessoas e tem como potenciais clientes os armazéns de revenda de materiais de construção e as empresas de construção civil. Fabrico de colchões de espuma, molas e almofadas de diversos tamanhos e densidades. Apresenta uma capacidade de produção mensal de 42 mil colchões de espuma, 4.200 colchões de molas e 8.000 almofadas e ainda de 23 mil m3 de espuma industrial. A unidade emprega 80 pessoas e a sua produção dirige-se inteiramente para o mercado interno. É outra das recém-chegadas. A fábrica de galvanização vai produzir linha de níquel/crómio à razão de 96 metros quadrados diariamente. A linha de Zincagem produzirá 554 kg diariamente, sendo que a linha de pintura (lacagem), a líquido e a pó, apresenta uma capacidade de produção de 122,4 m/dia. Emprega 18 pessoas na fábrica e 11 na área administrativa. Entre os clientes potenciais figuram as indústrias de material eléctrico, as indústrias torneiras e as de ferragens OPINIÃO ZONA ECONÓMICA ESPECIAL LUANDA- BENGO UM IMPULSIONADOR DO FOMENTO DA INDÚSTRIA Carlos Guerreiro (Texto) DR (Fotos) C om o advento da paz, muitas decisões e planos estratégicos saíram das gavetas e começaram a ser implementados a uma velocidade alucinante, dando corpo a objectivos definidos pelo governo. É o caso da industrialização do país, que tem nas unidades fabris da Zona Económica Especial (ZEE) Luanda-Bengo, gerida pela Sonangol Investimentos Industriais (SIIND), Subsidiária da Sonangol E.P., um argumento de peso. Desde Outubro de 2011 que têm sido inauguradas novas fábricas na referida Zona Económica, proporcionando um alicerce seguro para o augurado relançamento da indústria nacional e atendimento a um mercado em franco crescimento e cada vez mais exigente, no que concerne a produtos para as várias áreas que dão suporte e alavancam a economia nacional. Nesse âmbito, com visão estratégica, a Sonangol soube interpretar os anseios e as necessidades do mercado na actualidade, a médio e longo prazo, e colocou em acção um plano-mestre abrangente, com políticas e um padrão de objectivos muito bem definidos e aprovados pelo executivo. Um aspecto que também merece referência particular é o facto de as unidades fabris da ZEE terem garantido, até ao momento, cerca de 3.600 postos de trabalho, um contributo significativo para a melhoria da condição social de cidadãos angolanos. Em suma, a Sonangol, através da SIIND, está uma vez mais envolvida num programa a todos os títulos benéfico para o país, que inclui a diminuição da importação de produtos tão necessários para o desenvolvimento nacional, bem como a criação de emprego, principalmente para jovens angolanos. Ainda em relação à ZEE Luanda-Bengo, uma das fábricas aí localizada, no caso concreto a Unidade Industrial AngolaCabos, organizou em Luanda, no mês de Junho de 2012, um simpósio internacional sobre cabos de fibra óptica. O Vogal da SIIND, Ernesto Maria, proce- Simpósio Internacional sobre Fibra Óptica organizado recentemente em Luanda, pela AngolaCabos, uma das unidades industriais localizadas na ZEE Luanda-Bengo. 26 • Setembro 2012 - Nº27 deu à abertura do simpósio, em representação da Comissão Executiva dessa Subsidiária da Sonangol E.P. O evento contou também com a presença da Vogal Eremita de Carvalho Marques, igualmente da SIIND, bem como de directores das distintas unidades industriais. “O grande objectivo da realização deste evento pela AngolaCabos é o de a empresa apresentar-se ao mercado interno e externo como um produtor e fornecedor de cabos de fibra óptica, cumprindo e assegurando os parâmetros internacionais de qualidade técnica como factor incontornável da exigência dos nossos clientes, sendo esta uma prova de idoneidade e de garantia segura da oferta de um produto nacional competitivo”, destacou na sessão de abertura o Vogal Ernesto Maria. O simpósio, de grande importância para o mercado nacional, teve como palestrantes responsáveis de empresas internacionais como a Delta, a Draka, a Ultra Sat, a Fundação CPqD e a Con- Equipamento na AngolaCabos. 27 nect House que acederam gentilmente ao convite da AngolaCabos para participarem e dissertarem sobre temas da actualidade no domínio da fibra óptica. O grupo de palestrantes incluiu ainda responsáveis e técnicos de empresas públicas e privadas angolanas ligadas ao ramo. No decurso das várias intervenções foi recordado o facto de que actualmente as redes de fibra óptica e os seus com- ponentes não são apenas utilizados nos sistemas de telecomunicações tradicionais para a transmissão de dados, voz e imagem, mas também em áreas como a medicina, indústria, redes de computadores de empresas, escritórios e até mesmo em residências. Com cerca de 59 trabalhadores, entre os quais 51 nacionais, a Unidade Industrial AngolaCabos dedica-se à produção de cabos de fibra óptica e seus com- ponentes integradores com qualidade diferenciadora para o mercado nacional e regional, assim como ao desenvolvimento de projectos de infraestruturas de cabos de fibra óptica. De realçar que no seu processo produtivo a AngolaCabos já observa parâmetros ambientalmente correctos, utilizando um solvente ecológico não biodegradável, sendo que a quantidade ínfima de lixo resultante da produção é reciclável. ESPECIAL Chefe de estado visitou unidade de gás no Soyo O Presidente da República foi recebido por milhares de militantes, simpatizantes e amigos do MPLA, no aeroporto do Soyo. Um calor humano que se estendeu no trajecto de 2 quilómetros até à Administração Municipal, no centro da cidade, onde o aguardavam os ministros de Estado Manuel Vicente, Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, Carlos Feijó e outros membros do Executivo. Depois de uma breve reunião com as autoridades locais, o Presidente da República ofereceu aos deficientes do Soyo cadeiras de rodas, motorizadas e bicicletas adaptadas, televisores, frigoríficos e arcas congeladoras. 28 • Setembro 2012 - Nº27 29 José Eduardo dos Santos visitou ainda a Angola LNG, na Base do Kwanda, uma unidade estratégica que está pronta a arrancar com o carregamento de gás líquido nos próximos dias. A vista à fábrica foi guiada pelos vários departamentos para mostrar como irá funcionar. A LNG tem as três docas de carregamento prontas a receber os navios preparados para o transporte de gás líquido. Este é um dos maiores investimentos na indústria angolana moderna, orçado em mais de 10 mil milhões de dólares norte-americanos e financiado pela multinacional Chevron em 36,4, pela Sonangol em 22,8, a italiana ENI e a Total e a britânica BP, com uma participação apenas de 13,6 por cento cada no capital investido. A fábrica Angola LNG terá uma capacidade instalada de 5.2 mil milhões de toneladas do produto/ano, dos quais 125 milhões de pés cúbicos vão ser entregues diariamente à Sonangol para o abastecimento do mercado nacional. A fábrica vai produzir três tipos de gases, nomeadamente, o gás natural liquefeito, o propano e o butano. As equipas operacionais da fábrica estão já a fazer testes aos equipamentos de última geração ali instalados e à eficácia dos cincos tanques, no sentido de garantir o primeiro carregamento de gás natural liquefeito com segurança exigida, atendendo às especificidades do produto. A nível do município do Soyo, o projecto conta com uma linha de mais de 500 quilómetros de gasodutos que vão transportar o gás dos campos de exploração em on-shore e off-Shore a partir dos blocos 2 e 17 no Zaire. Neste momento procedem-se os testes hidráulicos dos tanques, antes do primeiro carregamento de gás, para o início da exploração. A fábrica vai operar com sete imponentes navios encomendados propositadamente para o transporte de gás natural da fonte para os mercados de consumo, nomeadamente Ásia, para aonde vai ser canalizada cerca de 50 por cento do produto, Europa e América do Norte. ESPECIAL Projecto Angola LNG O Projecto Angola LNG começa a produzir Gás Natural Liquefeito no terceiro trimestre do ano. É a nova era do gás natural em Angola. A participação da Sonangol no Projecto Angola LNG assenta numa Visão Estratégica englobando o petróleo e o gás/energia. Em relação ao petróleo, a Visão Estratégica da Sonangol consiste no seguinte: permitir o ulterior desenvolvimento dos blocos de águas profundas (14, 15, 17, 18 e outros blocos futuros) sem queima de gás e contribuir para a redução da queima de gás na Concessão de Cabinda; Solução integrada e de múltiplos blocos, para evitar a queima de gás (sinergias e economia de custos); Protecção ambiental e cumprimento da legislação angolana que regulamenta as actividades petrolíferas e não permite a produção com queima de gás. No que concerne ao gás/energia, a Sonangol pretende que o Angola LNG se torne um “projecto âncora” que facilite o desenvolvimento de futuras oportunidades que advenham do gás natural (petroquímica e outras) e que o gás natural associado, antes considerado um produto das actividades petrolíferas, seja estabelecido como uma fonte de receita, emprego e desenvolvimento regional. “Permitir que a Sonangol participe e adquira novas competências (técnicas, operação de uma unidade de LNG e comercialização de gás natural) 30 • Setembro 2012 - Nº27 numa nova era de negócios” constitui também um desiderato da petrolífera estatal angolana na sua Visão Estratégica relativa ao gás/energia. Na sua apresentação, o Presidente do Conselho de Administração do Angola LNG falou também das principais características do Projecto. A propósito desse aspecto particular, António Órfão referiu-se à utilização do gás associado de blocos da zona marítima (Cabinda e blocos 14, 15, 17 e 18) e do gás não associado de quatro campos descobertos que serão futuramente desenvolvidos. Com uma capacidade nominal de produção de 5,2 milhões de toneladas/ano, o Angola LNG tem 3 pontões de carregamento (refira-se que a previsão é de 74 carregamentos/ano), uma frota exclusiva de 7 navios de LNG e uma rede de gasodutos de 500 quilómetros. Ainda de acordo com estimativas, o Angola LNG, que terá 125 MMSCFD (1,2 bcm por ano) de gás disponíveis para consumo doméstico, deverá produzir durante mais de 30 anos. Na zona terrestre, as instalações do Projecto, adjacentes à base da Sonangol E.P. no Kwanda, junto ao rio Congo, e que ocupam uma área de 136 hectares, têm uma capacidade de cerca de 60.000 barris/dia de LPG e condensados. Essas instalações permitirão o fornecimento de butanos pressurizados igualmente para o mercado nacional. 31 ESPECIAL PLANO DE COMERCIALIZAÇÃO Organizar e garantir a venda viável para mercados de maior valor, fora de Pascagoula (Mississipi, Estados Unidos da América), é um dos objectivos principais do Plano de Comercialização segundo o qual os concursos iniciais serão feitos no âmbito DES (entregue a bordo do navio), no sentido da garantia das vendas. São também objectivos principais o estabelecimento do Angola LNG como protagonista-chave e fiável nos mercados flexíveis e à vista de LNG, bem como o desenvolvimento de uma 32 • Setembro 2012 - Nº27 carteira com uma combinação de vendas à vista e de médio a longo prazo. O Presidente do Conselho de Administração do Angola LNG realçou ainda que as vendas de Gás Natural Liquefeito serão constituídas de uma combinação que incluirá vendas à vista ou a curto prazo, através da abertura de concursos transparentes, sendo utilizados para o efeito contratos-base de venda pré-negociados pela Angola LNG. A referida combinação inclui também contratos de compra e venda de LNG a prazo e vendas FOB (sem encargos a bordo) e DES (entre- gue a bordo do navio). Entretanto, os investidores do Projecto anunciaram muito recentemente a constituição, no Reino Unido, de uma nova empresa, a Angola LNG Marketing Ltd. (ALM), que terá a missão de comercializar carregamentos de LNG a nível mundial em nome da Angola LNG Limited. Com sede em Londres, a ALM tem como accionistas a Sonangol Gás Natural Limitada (50%), a Chevron Global Energy Inc. (23,6%), a BP Exploration (Angola) Limited (8,8%), a Eni International B.V. (8,8%) e a Total Angola Ltd. (8,8%). 33 OUTRAS PARTICULARIDADES DO PROJECTO O Angola LNG tem tudo para se constituir como a pedra angular para a criação de uma nova base industrial e um catalisador do desenvolvimento regional. O Projecto, que representa seguramente a nova era do gás natural em Angola, vai gerar emprego e incentivar a criação de pequenos negócios e investimentos comunitários locais, ou seja, no Soyo. Recorde-se que o auge da fase de construção da fábrica proporcionou mais de 6.500 empregos, 60% dos quais para cidadãos angolanos. Ainda do ponto de vista de investimento comunitário, o Projecto Angola LNG tem as seguintes referências: reabilitação e ampliação do hospital municipal do Soyo e da escola do bairro da Marinha, programa de beneficiação de estradas do Soyo, programa de reabilitação do aeroporto local, novas turbinas a gás de 22 MW, para melhorar o fornecimento de energia eléctrica na área do Soyo, nova estrada e ponte para interligar o local da fábrica à nova zona industrial e o financiamento de habitações comunitárias. O Angola LNG vai permitir também que Angola tenha reservas adicionais de gás natural que serão provenientes da futura pesquisa desse produto da indústria petrolífera. Um outro importante marco do Projecto é o facto de o mesmo ter registado até ao momento um excelente desempenho de segurança, tendo como indicador 24 milhões de horas-homem trabalhadas sem uma lesão com Dias de Ausência ao Trabalho (DAFW). No que concerne ao Ambiente, destacam-se programas de protecção da Biodiversidade, entre os quais a Protecção da Vida Selvagem, o Plano de Monitorização dos Mangais e o Programa de Conservação das Tartarugas Marinhas. HISTÓRICO DO PROJECTO Os primeiros passos foram dados em Novembro de 1997, com a realização de uma reunião inicial entre a Sonangol e a Texaco. Em Abril de 1998 foi concluída a Viabilidade Conjunta, sendo que em Março de 2002 foram integrados novos parceiros no Projecto (Acordo de Participação). Em Março de 2005, o governo de Angola aprovou o Memorando de Entendimento Fiscal, enquanto Setembro do ano seguinte registou a Adjudicação do Contrato de Dragagem e Recuperação de Terrenos e Janeiro de 2007 a Adjudicação do Contrato de Engenharia e Aprovisionamento à Bechtel. Em Outubro desse mesmo ano, o Decreto-Lei relativo ao Projecto foi publicado em Diário da República. No dia 10 de Dezembro de 2007 houve a celebração do Contrato de Investimento (FID) e a Adjudicação do Contrato de Construção à Bechtel. Quatro anos depois (2011), em Junho, a fábrica tinha a primeira quantidade de gás, sendo que o início da produção está previsto para o terceiro trimestre de 2012. Hélder Sirgado (Compilação) LNG (Fotografia) O Angola LNG é um Projecto integrado, com uma forte parceria. Refira-se que os seus investidores e os accionistas da Angola LNG Limited, proprietária da fábrica de LNG e de outros activos do referido Projecto em Angola, são a Sonangol Gás Natural Limitada (22,8%), a Cabinda Gulf Oil Company Limited (36,4%), a BP Exploration (Angola) Limited (13,6%), a Eni Angola Production B.V. (13,6%) e a Total LNG Angola Ltd. (13,6%). INTERNACIONAL Novas descobertas no pré-sal brasileiro No pré-sal brasileiro as descobertas somam e seguem. A Sonangol participa em consórcios que anunciaram recentemente ter encontrado novos reservatórios A 34 dmite-se que os maiores reservatórios petrolíferos da camada pré-sal, ou seja, os que se encontram entre as rochas constituídas por sal-petrificado depositado sob outras lâminas menos densa no fundo dos oce- Pesquisa Energética (EPE) do Brasil já avançou uma estimativa segundo a qual a produção brasileira de petróleo deverá quase triplicar até 2020, passando dos actuais 2,3 milhões de barris diários (bpd) para 6,1 milhões cias de novas descobertas no pré-sal brasileiro, algumas delas reportando-se às posições que a Sonangol aí detém. É o caso da Sonangol Starfish, adquirida pela Sonangol à brasileira Starfish em 2010, que descobriu indícios de anos, se encontram no Brasil (entre as regiões Nordeste e a sul), no Golfo do México e na costa ocidental africana. Como que a confirmá-lo a Empresa de bpd. Este projectado aumento, ainda segundo a EPE, deverá vir de áreas com reservas ainda não confirmadas.Com efeito, não nos param de chegar notí- petróleo no pré-sal da bacia de Campos, no bloco C-M-622, tendo informado a ANP (a Agência Nacional do Petróleo brasileira) que encontrou indí- • Setembro 2012 - Nº27 35 cios de petróleo em dois reservatórios com a perfuração de apenas um poço, o 6STAR24PRJS, nas profundidades de 4.700 metros e 5.200 metros, segundo informações da companhia. O poço foi denominado Gaivota. Refira-se que a Sonangol Starfish é a sexta produtora de petróleo no Brasil, de acordo com ranking da ANP, com produção de 832 barris diários e 1,6 milhão de metros cúbicos de gás natural. A Starfish originalmente era composta por ex-funcionários da Petrobras e produzia petróleo em blocos terrestres. Também a Petrogal Brasil, controlada pela Galp Energia, onde a Sonangol detém uma relevante posição, anunciou a descoberta de evidências de petróleo num dos seus poços pela terceira vez em três meses. A descoberta foi efectuada no poço 7AND2RN, situada no campo Andorinha, na Bacia de Potiguar, no nordeste brasileiro. O anúncio foi feito à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis brasileira. A 4 de Janeiro, foi feita uma descoberta de evidências de petróleo no poço 1GALP40RN, no bloco POT-T-563, numa concessão detida a 50% pela Galp e pela Petrobras, na Bacia de Potiguar. Também nessa bacia do nordeste do Brasil foram divulgadas descobertas de evidências de petróleo por parte da Petrogal Brasil. Neste caso, foi no poço 1GALP41RN, do bloco POT-T-608, no qual a Petrogal detém a posição de operadora responsável. A petrolífera estatal brasileira Petrobras detém 50% do bloco. Nos três casos, não foi determinado se as evidências de petróleo se consubstanciam em matéria comercialmente viável. Estes três anúncios deram-se em 2012, depois de, em Novembro do último ano, a Galp ter anunciado que o poço BRSA-946C-SPS, conhecido como Biguá e situado no pré-sal da Bacia de Santos, tinha petróleo de ‘boa qualidade’. O poço é explorado pela Galp em consórcio com a Petrobras e a Shell. A Petrogal Brasil integra ainda o consórcio que explora o bloco BM-S-8, onde, em Março, foi detectado um novo poço durante a perfuração de um outro reservatório a 232 quilómetros do litoral paulista. O poço situa-se na camada do pré-sal na Bacia de Santos, onde já existem mega campos como o Lula e o Iara. Uma amostragem feita no material comprovou que o petróleo tem cerca de 31º API (escala que mede a densidade do óleo), o que indica boa qualidade. A Petrobras controla o consórcio, com 66% do total. A Petrogal Brasil (14%), a Barra Energia do Brasil Petróleo e Gás (10%) e a Queiroz Galvão Exploração e Produção (10%) completam a lista dos administradores. No passado mês de Junho coube à Petrobras o anúncio da descoberta de petróleo de boa qualidade no terceiro poço perfurado na área Sul de Guará, na camada do pré-sal da Bacia de Campos. Denominado 1-BRSA-1045SPS (1-SPS-96), o poço estende-se por uma lâmina d'água de 2.202 metros e fica localizado a uma distância de 320 km do litoral do Estado de São Paulo. ‘De acordo com o contrato, nessa área a Petrobras tem o direito de produzir até 319 milhões de barris de óleo equivalente’, informou a empresa, em comunicado. O poço fica na área de cessão onerosa, contrato firmado entre a petrolífera estatal e o governo federal brasileiro, no qual a Petrobras recebeu R$ 75 milhões (USD 36,44 milhões) em troca de 5 mil milhões de barris de petróleo retirados da camada do pré-sal. O pré-sal brasileiro As reservas de petróleo, encontradas na camada pré-sal do litoral brasileiro situam-se no Atlântico Sul, dentro da Zona Económica Exclusiva (ZEE) do Brasil, apresentando média a alta qualidade, segundo a escala API. O conjunto de campos petrolíferos do pré-sal estende-se entre o litoral dos estados do Espírito Santo até Santa Catarina, com profundidades que variam de 1.000 a 2.000 metros de lâmina d'água e entre 4.000 e 6.000 metros de profundidade no subsolo, chegando portanto até 8.000 metros da superfície do mar, incluindo uma camada que varia de 200m a 2.000m de sal. Apenas com a descoberta dos três primeiros campos do pré-sal, Tupi, Iara e Parque das Baleias, as reservas brasileiras comprovadas, que eram de 14 biliões de barris, aumentaram para 33 bilhões de barris. Além destas, existem reservas possíveis e prováveis de 50 a 100 biliões de barris. A descoberta do petróleo nas camadas de rochas localizadas abaixo das camadas de sal só foi possível devido ao desenvolvimento de novas tecnologias como a sísmica 3D e sísmica 4D, de exploração oceanográfica, mas também de técnicas avançadas de perfuração do leito marinho, sob até 2 km de lâmina d'água. É possível que novas reservas do pré-sal sejam encontradas ainda mais distantes do litoral brasileiro, fora da ZEE, mas ainda na área da plataforma continental, o que permitiria ao Brasil reivindicar exclusividade sobre futuras novas áreas próximas. Recorde-se, a propósito, que alguns países nunca assinaram a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar e que alguns dos que o fizeram não ratificaram o tratado. Desporto JOGOS OLÍMPICOS 2012 Angola com a maior delegação Africana nos Jogos Olímpicos em Londres A delegação angolana nos Jogos Olímpicos Londres 2012 foi a mais numerosa dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) com 34 atletas distribuídos por sete modalidades entre o andebol, basquetebol, atletismo, natação, canoagem, boxe e judo. O sonho de uma medalha esteve nas mãos da judoca Antónia de Fátima "Faia", a porta-estandarte na cerimónia de abertura de Londres2012, que acabou por perder no seu primeiro e único combate com a colombiana Yuri Alvear, a 23 segundos do fim do combate. A judoca angolana fez o seu melhor, mas do outro lado estava uma adversária que é a nona no ranking mundial, enquanto Faia é somente 34ª. Na natação os atletas falharam a classificação para a fase seguinte, tanto Pedro Pinotes de 23 anos, nos 400 metros estilos, e Mariana Henriques de 18 anos, nos 50 metros livres, ambos estreantes nos jogos Olímpicos. A selecção nacional sénior feminina de basquete também não esteve muito bem com cinco derrotas contra a Turquia, Estados Unidos da América, China, Croácia e, por último, com a República Checa. A desilusão estendeu-se também ao basquete masculino, a selecção que foi 10 vezes campeã do continente africano não conseguiu qualificar-se. Na canoagem Fortunato Pacavira disputou a final B K1 1000 metros, ficando na sexta posição e na final B K2 1000 metros a dupla Fortunato Pacavira/Nelson Henriques conseguiu apenas o quarto lugar. Já o pugilista N’tumba Silva foi o único angolano que não competiu. O combate com o bicampeão do mundo, o italiano Clemente Russo, na categoria de mais de 90 quilos, não chegou a realizar-se porque o atleta faltou à pesagem. Esta foi a oitava vez que Angola competiu nos Jogos Olímpicos, depois de se 36 • Setembro 2012 - Nº27 A 37 segundos dos medalhados A Dupla Fortunato Pacavira de 34 anos e Nelson Henriques de 25 anos era a esperança de Angola ganhar uma medalha nos Jogos Olímpicos de Londres. Ainda não foi desta que subiram ao pódio, mas a dupla promete trazer um melhor resultado daqui a 4 anos, no Rio de Janeiro. 37 Michael Phelps foi o rei na piscina, alcançou mais quatro medalhas de ouro e duas de prata, passou a ser o atleta com o maior número de medalhas na história dos jogos olímpicos, um total de 22 medalhas, sendo 18 medalhas de ouro. Outro destaque nestes jogos olímpicos foi a nadadora chinesa Liuyang Jiao que ganhou a medalha de ouro nos 200 metros em mariposa e bateu o recorde olímpico na prova com o tempo de 2.04.06, tirando 12 centésimos de segundo ao anterior máximo olímpico que pertencia à sua compatriota Liu Zige. No basquete masculino o ouro foi para os USA numa luta renhida com a Espanha que tentava o primeiro ouro olímpico, mas os Estados Unidos mostraram porque é que eram considerados os favoritos. LeBron James e Kobe Bryant comandaram as acções ofensivas e conquistaram a 46º medalha de ouro norte-americana em Londres. Mas nem tudo foi um mar de rosas. Das 204 delegações representadas nos jogos olímpicos, 119 regressaram a casa sem uma única medalha, incluindo países com tradição desportiva como o Paquistão, Nigéria ou a Áustria. Dentro do bloco da lusofonia, foi ainda mais desanimador, com a excepção do Brasil que arrecadou 17 medalhas. Portugal só conseguiu um pódio com a dupla de canoagem Fernando Pimentel/ Emanuel Silva. Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste não conquistaram qualquer medalha. © Corbis/VMI ter estreado em Moscovo (1980), Seul (1988), Barcelona (1992), Atlanta (1996), Sydney (2000), Atenas (2004) e Pequim (2008). Esperemos que o número de medalhas dos países de língua portuguesa aumente nos jogos olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. Na história destes jogos Olímpicos em Londres ficaram algumas estrelas. O velocista jamaicano Usain Bolt e o nadador norte-americano Michael Phelps foram as grandes figuras dos Jogos Olímpicos de Londres 2012. Bolt repetiu as três medalhas de ouro que arrecadou há quarto anos, em Pequim, nos 100, 200 e 4x100 metros, mas este ano com um recorde olímpico no hectómetro (9,63) e um espantoso recorde mundial na estafeta (36,84). MODERNIZAÇÃO Nova Marginal da Baía de Luanda A baía de Luanda está mais bonita! A obra de requalificação fui inaugurada no dia 28 de Agosto pelo Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, no dia do seu aniversário. E ste projecto público-privado, desenvolvido pela “Sociedade Baía de Luanda, SA” tendo como principais accionistas a Sonangol, o Banco Privado Atlântico, o Banco Comercial Português e a Finicapital, foi conduzido ainda pelas construtoras Mota-Engil e Soares da Costa e custou cerca de 36 mil de kwanzas, uma obra realizada sem necessidade de se recorrer ao orçamento Geral do Estado. 38 • Setembro 2012 - Nº27 A capital angolana tem agora um novo rosto para o bilhete postal. A nova Baía de Luanda, agora despoluída, conta com 147 mil metros quadrados de espaços pedonais, 3,1 quilómetros de passeio marítimo e de ciclovias, três parques infantis, três espaços para prática de desporto, cinco campos de basquete de rua, cinco espaços para eventos culturais e 10 novas praças públicas ao longo do passeio marítimo. Os habitantes de Luanda podem agora desfrutar de uma área completamente renovada com espaços de lazer e culturais com maior fluidez rodoviária e parques de estacionamento. A Sociedade Baía de Luanda compromete-se a assegurar, numa concessão por cinco anos, que a nova marginal será um espaço com regular actividade de eventos culturais e desportivos, assim como fará a manutenção do espaço e das zonas verdes. “Jazz: as Sombras e a Luz” Mais de 30 figuras do mundo do Jazz retratadas numa exposição fotográfica assinada por Rosa Reis, no Instituto Camões, em Luanda. A exposição que teve como objectivo tornar o jazz numa música mais conhecida pelos angolanos veio para incentivar as pessoas a assistirem aos concertos de jazz realizados em várias partes do mundo. Segundo Rosa Reis, a ideia nasceu em 1997, no Festival Internacional Seixal Jazz, em Portugal, quando viu e sentiu a intimidade dos músicos e a harmonia entre os instrumentos. “É linda a relação que existe entre eles e foi assim que passei a fotografar. Foi paixão de imediato ao ver a intrusão entre os músicos e os instrumentos. Aqui nasceu a vontade de fotografar o que há de mais bonito no mundo do Jazz e nunca mais parei de fotografar”, acrescenta Rosa Reis. A fotógrafa disse também que pouca gente conhece o jazz e este trabalho leva-a a conhecer o quanto é bonito o jazz. Para o crítico de Jazz, Jerónimo Belo, que partilha da mesma opinião, “esta exposição é muito importante para as pessoas que queiram conhecer o jazz, pois têm aqui uma excelente oportunidade. Em Angola o Jazz ainda não ganhou o espaço merecido, por isso toda a iniciativa para elevar o nome do Jazz em Angola é muito bem vinda. É um caminho que as pessoas têm para conhecer mais o Jazz e saberem que é uma arte como qualquer outra e, ao mesmo tempo, é muito profunda, algo que toca na alma de qualquer pessoa”. O espaço do Instituto Camões pareceu pequeno para os amantes e amigos do Jazz que apareceram para apreciar o trabalho da fotógrafa. Uma grande profissional que trabalha por amor ao Jazz e isso espelha-se nas fotografias expostas, mais de trinta figuras de renome do Jazz como a cantora norte americana Dee Dee Bridgewater, o vibrafonista e marimbista Bobby Hutcherson ou a baterista Cindy Blackman. De realçar que Dee Dee Bridgewater é considerada a voz do Jazz clássico actual e esteve no ano passado no Luanda Internacional Jazz. Cultura 39 Cultura CULTURA ANGOLANA “DEU SHOW” NA EXPO YOESU 2012 Sul-coreanos vibraram com actuação de músicos angolanos O pavilhão de Angola recebeu diariamente cerca de 10% do total de visitantes da Expo Yoesu, evento que decorreu de 12 de Maio a 12 de Agosto de 2012, na Coreia do Sul, e no qual a Sonangol esteve representada com um stand exibindo a sua essência e potencial. Os vídeos, nos quais foram apresentadas as zonas costeiras do país, a área interactiva que levou os visitantes a uma pequena viagem pela biodiversidade, o compromisso com a preservação do ambiente e a cultura angolana despertaram bastante curiosidade aos visitantes do pavilhão. Dos 106 países presentes na Expo 2012, sendo 26 do continente africano, mais 40 • Setembro 2012 - Nº27 de metade dos seus representantes esteve no Pavilhão de Angola, atraídos sobretudo pelo restaurante Mufete que ofereceu o melhor da gastronomia angolana e umas "festas de quintal" com música ao vivo, com performances diárias dos cantores Gelsom Castro, Gisela Silva e do grupo de dança e percussão Kina Ku Moxi. O grupo de dança Kintueni Yinduta, da província de Cabinda, norte do país, foi a principal atracção do primeiro de oito espectáculos músico-culturais que artistas angolanos abrilhantaram nos diversos recintos fora do pavilhão de Angola na Expo Yeosu 2012. Com um repertório com temas tradicionais dos povos daquela província de Angola, o grupo levou ao delírio muitos sul-coreanos que encheram, por completo, a sala de exibições do Multi-Purpose Hall e aplaudiram de forma entusiasta a sua actuação. De acordo com a representante do Departamento de Acção e Artes da Secretaria Provincial da Cultura de Cabinda, Maria do Céu, os números apresentados retrataram a dança típica local, o Kintuene, que deu nome ao conjunto. Maria do Céu considerou bastante valioso o intercâmbio cultural entre os povos do mundo. Subiram também ao palco e com merecida ovação os músicos Lulas da Paixão, Nicol e Walter Ananás, Canícia, Duo 41 O dia de Angola Foi de forma entusiástica, como só o angolano o sabe fazer, que Angola viveu o seu dia (20 de Julho) na EXPO Yeosu 2012. A delegação governamental angolana, que participou das actividades alusivas ao Dia de Angola, foi chefiada pelo ministro da Geologia e Minas e Indústria, Joaquim David, integrando também outros membros do executivo, embaixadores e deputados à Assembleia Nacional. No âmbito cultural, o destaque foi sem dúvida para o momento em que um cidadão sul coreano interpretou a música angolana Muxima … em Kimbundu, o que levou a plateia ao delírio. Mas, verdade seja dita que as apresentações dos angolanos ao longo das várias actividades culturais também foram efusivamente recebidas pelos sul coreanos. A próxima edição deste importante evento internacional terá lugar em 2015, na cidade italiana de Milão. Canhoto e o grupo Nguami Maka. Nadir Tati, estilista angolana, também esteve em acção, com manequins angolanas e coreanas a exibirem a sua criatividade. Lula da Paixão, por sua vez, apresentou três dos seus muitos temas e disse sentir-se regozijado pelo convite que lhe foi formulado para representar o Semba no conjunto de músicos angolanos presente em Yoesu. No final do primeiro espectáculo, o director de eventos culturais da Comissão Nacional da Expo, Kayaya Júnior, afirmou que o mesmo correspondeu às expectativas e abriu boas perspectivas para as actuações posteriores. Kayaya Júnior realçou o facto de as pessoas se terem mostrado animadas, tendo referido que a música angolana conseguiu entrar na alma dos sul-coreanos que vibraram com espectáculos de imagens contagiantes. "Penso que estamos a conseguir passar a nossa cultura. Houve uma química muito boa que funcionou na feira entre o povo sul-coreano e os artistas angolanos", acrescentou. Cultura 4ª Edição do Luanda Internacional Jazz Festival O Luanda Internacional Jazz festival já ganhou lugar na rota anual dos grandes eventos musicais, artísticos e culturais internacionais. Em Julho, como tem sido hábito nos últimos 4 anos, o calendário aponta Luanda, como destino para assistir a um grande espectáculo de Jazz. Foram três dias de uma enorme diversidade, não apenas musical, mas também cultural e etnográfica com a vinda de artistas de vários azimutes de África, Europa e América e com géneros e sonoridades dispares desde o Jazz ao Pop, passando pela música soul, R&B até aos sons tradicionais e modernos de África. Ao longo destes últimos anos, tem-se notado a presença de um cartaz mais 42 • Setembro 2012 - Nº27 luso-angolano, com apostas nos ícones do afro-jazz e enaltecendo a música popular angolana. Este ano também não foi diferente com a presença do Conjunto Angola 70, os Djs Djeff e Darcy, a jovem Aline Frazão e a interpretação do artista angolano Coréon Dú, uma actuação com base no trabalho discográfico “The Coréon Experiment” e que teve nota positiva da plateia. A organização do Luanda Internacional Festival Jazz ofereceu também um curso de formação em jornalismo cultural aberto a todos os jornalistas e escritores de várias áreas, de forma a aumentar as competências e usar o evento como um trampolim para uma escrita mais criativa e técnica. E que grande evento, uma enorme “explosão” cultural e artística que encheu o Cine Atlântico, em Luanda, nos três dias de espectáculo. Uma plateia atenta que se deslocou entre os palcos Welwitschia e o Palanca para ver brilhar muitas estrelas internacionais, um punhado de nomes representativos do Jazz como o saxofonista americano Maceo Parker, conhecido pelo seu trabalho com James Brown em 1960, a muito simpática nigeriana, Asa que ganhou, há 4 anos, o prémio francês Constantin de melhor novo talento da indústria da música, o já conhecido entre nós Manu Dibango, safoxonista camaronês que, apesar da idade, continua em palco com uma presença extra- 43 ordinária, um verdadeiro gentleman que nos deixa extenuados, o brasileiro Ivan Lins que ao piano nos deliciou com temas bem conhecidos do Jazz, bossa nova e soul, a muito querida dos angolanos Sara Tavares, que conseguiu, mais uma vez, por a plateia de pé a cantar e deixou um recado emocionado “oiçam sempre o som da vossa alma, do coração, o som de África”. O veterano flautista e saxofonista Americano, Hubert Laws com mais de 40 anos de carreira no Jazz que se fez acompanhar pela filha. Concha, a Espanha a estrear-se nos palcos de Luanda, uma mistura de flamenco com soul e Jazz que surpreendeu a audiência. O tão esperado, Marcus Miller, mestre do contrabaixo com uma actuação muito electrizante e que pôs a plateia a vibrar com o tema de sucesso “Get up, stand up”, de Bob Marley, ele que já acompanhou muitos artistas como Bárbara Streisend, Mariah Carey, Elton John e até mesmo Frank Sinatra, Aretha Franklin e Miles Davis. A vocalista do Mississípi, Cassandra Wilson, que teve como integrante na sua banda o angolano Simmons Massini, o melhor guitarrista de Angola que está ao nível dos melhores do mundo, como o qualificam os colegas internacionais Richard Bonna, Jean Michel Rotin ou Wiclef Jean. Cassandra surpreendeu ainda a plateia quando pediu a Afrikannita para subir ao palco e cantar com ela o tema “Angola”, da diva dos pés descalços, Cesária Évora. O encerramento desta 4ª Edição do Luanda Internacional Festival Jazz ficou a cargo dos Boyz II Men. Os meninos de Filadélfia fizeram vibrar a plateia ao recordar os seus maiores êxitos da década de 90. Cultura “Caminho das cores” Pequenos Rascunhos da vida de Pedro Yaba E steve patente no Museu de História Natural, em Luanda, uma retrospectiva individual do artista angolano Pedro Yaba, cujo percurso ficou marcado pelo encontro com a artista Danielle Vassa, em 2007. Daí para a frente foi havendo uma série de colaborações que culminaram em diversas exposições nos museus e galerias de arte Moderna, como em Nova Iorque, Lisboa e em Paris. Passagens essas que apresentaram a nossa arte contemporânea e que merecem agora ser apreciadas em Angola, no país de origem de Pedro Yaba, para que a comunidade artística e os amantes de arte possam conhecer esse percurso internacional. Pedro Yaba é natural de Luanda, mas tem passado grande parte da sua vida a viajar. Estudou no Brasil, passou pela América do Sul, Argentina, Bolívia, Chile, Perú e depois pela Europa onde conheceu Danielle Vassa, numa pequena aldeia, na Suíça. “Cruzei-me com uma grande artista plástica francesa a Danielle Vassa que já tinha mais de 40 anos de carreira, uma senhora que se interessou por um trabalho meu e teve curiosidade em conhecer-me. Ela é formada em Belas Artes de Paris e na altura deu-me algumas orientações no que tange à pintura. Eu tinha algumas lacunas, então trabalhei um ano com ela, uma colaboração tremenda que culminou com uma exposição colectiva. A partir daí a minha carreira como artista plástico profissional desabrochou e estamos aqui hoje”. Pedro Yaba lembra-se de sempre ter desenhado e pintado, mas como hobby, aliás a sua formação é em Direito Administrativo e Informática, mas hoje a his- 44 • Setembro 2012 - Nº27 tória do artista está a seguir outro rumo e já não vive sem pintar como afirma: “O desenho é algo que está em mim, aliás em todos os meus momentos de tormento, momentos difíceis, o meu refúgio sempre foi o desenho e a pintura. Cada quadro é um projecto que começa no papel, muitas vezes começa na escalada da noite, estou deitado imagino alguma coisa e levanto-me. Quando sinto que esse projecto está concretizado no papel, transporto-o para a tela, depois há o tempo, eu não corro para pintar, só quando sinto que o projecto está finalizado na tela é que começo à procura das cores” Pedro Yaba intitula-se como um sonhador e observar estes quadros é como fazer uma viagem. A critica internacional considera que ele conseguiu realizar em pouco tempo as mesmas obras que os grandes mestres da pintura levaram anos. A amiga Danielle Vassa diz haver uma grande vantagem, ser africano e, por isso, é-lhe inato. Pedro Yaba ainda sublinha que “os grandes mestres do cubismo, do surrealismo só tiveram grande sucesso quando se voltaram ou quando começaram a imitar as máscaras africanas, a arte africana e aí conseguiram chegar ao auge, ao topo das suas realizações”. Pedro Yaba que já expôs no Museu de arte Moderna, em Nova Iorque, esteve até 15 de Agosto, no Museu de História Natural com a primeira exposição individual com esta retrospectiva onde se destaca o olhar do artista sobre o continente africano e a silhueta da mulher de forma surrealista e impressionista. “As cores fazem a bailarina, mas as cores não estão estáticas, estão em movimento, exactamente como os movimentos de uma bailarina, como se o próprio quadro em si estivesse em dança” 45 CULTURA Prémio Sonangol Revelação 2013 Solte as suas Palavras E ste prémio, de periodicidade bienal, foi instituído pela Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola – Empresa Pública, tendo sido apresentado pelo secretário-geral da União dos Escritores Angolanos (UEA) Carmo Neto. O "Prémio Sonangol Revelação" visa distinguir jovens escritores angolanos, exclusivamente angolanos e que residam em território angolano, que não tenham obras publicadas no mercado. Esta premiação inicia-se a partir de Fevereiro de 2013 e visa distinguir qualitativamente obras literárias ou de investigação. 46 • Setembro 2012 - Nº27 As obras em concurso terão que ser inéditas e dactilografadas, em cinco exemplares, e deverão ser obrigatoriamente assinadas com o pseudónimo literário e entregues num envelope fechado. O prémio será bienal e as obras em concurso deverão ser entregues impreterivelmente até ao dia 30 de Setembro de 2012, na sede da UEA. Quanto ao género literário, de acordo com o regulamento, as obras literárias submetidas a concurso compreenderão todos os géneros literários, sendo igualmente considerados todos os trabalhos científicos ou de ensaios em língua portuguesa, que se refiram aos factos e acontecimentos ou personalidades, ocorridos ou relacionados com Angola. O júri será composto por cinco membros, sendo dois nomeados pela UEA, um nomeado pelo Ministério da Cultura, outro designado pelo Ministério da Educação e um indicado pela Sonangol. Cada membro do júri receberá a quantia de 2.500,00 dólares americanos, pelos serviços prestados. A cerimónia de entrega do Prémio Literário Sonangol Revelação terá lugar a 25 de Fevereiro de 2013, em Luanda. 47 LAZER Tarpon Lodge um paraíso na terra, na Barra do kwanza A Barra do Kwanza é a foz onde o maior rio de Angola desagua no oceano Atlântico. Fica a 70 km a Sul de Luanda. Aqui, antes de chegar à ponte, que limita a fronteira entre a província do Bengo e a província de Luanda, encontra alguns aldeamentos turísticos de ambos os lados. Este é um local ideal para passar o fim de semana quer pelos passeios no rio ou pelas praias quase desertas. Sugerimos o Tarpon Lodge, quer venha em família ou para namorar, este lodge oferece uma série de infra-estruturas que lhe vai agradar. O Tarpon Lodge foi inaugurado em Setembro de 1984, desde então tem vindo a crescer, hoje tem uma série de bungalows, todos em madeira e muito confortáveis. Cada bungalow tem duas camas, casa de banho e varanda ora com vista para o rio, ora para o mar. Dispõe ainda de um restaurante, piscina e uma sala 48 • Setembro 2012 - Nº27 preparada com todos os meios tecnológicos para ser alugada para conferências ou reuniões de trabalho. A paisagem neste lugar, repleto de palmeiras, é deslumbrante, um contraste entre o verde da relva, o castanho da madeira e o azul acinzentado do rio. Este é o paraíso ideal para quem quer refugiar-se do movimento agitado da grande cidade. Pode descansar ou se preferir algo mais agitado tem a pesca desportiva. Foi do rio Kwanza que já saíram três recordes do mundo, homologados pela International Game Fish Association na captura ao “peixe-prata”, dois em 2006, um com 7,2 quilos e outro com 12,3 quilos e em Julho de 2007, um com 32,5 quilos. 49 No Tarpon Lodge encontramos um ambiente bastante informal e caloroso. O cardápio que tem por base a mistura de vários pratos típicos do nosso país e não só, no buffet também pode optar pelo churrasco de peixe e carne com saladas diversas e à discrição. O manjar é saboreado num terraço com piscina e com vista para o rio. Este “pequeno paraíso” está a ficar muito popular, por isso se for de passagem e quiser parar apenas para almoçar é melhor ir cedo, para conseguir mesa, se for dormir tem que fazer a reserva com alguma antecedência para garantir a sua hospedagem, pois a procura deste lugar tem sido cada vez maior. Contactos Tarpon Lodge, Barra do Kwanza Telefone : 912 44 00 52 Internet : www.aasafaris.com E-mail : [email protected] Preço : 350 dólares (fim-de-semana, pensão completa) Opinião ENERGIA RENOVAVÉL DESAFIO ALCANSÁVEL Afonso Chipepe (Texto) N a minha mais recente viagem aos E.U.A pude constatar que a alta do petróleo e da gasolina voltou a esvaziar os bolsos da população. Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama anunciou planos para diminuir a dependência dos países do petróleo importado com o aumento da produção de etanol. Fiz referência no meu anterior artigo que o momento parece favorecer a ascensão da energia renovável derivada de fontes como a solar, eólica ou de biomassa. Essas fontes têm crescido nos últimos anos, atraindo investidores de peso e alimentando cadeias de suprimento. A Alemanha e a China foram os países que mais investiram no sector (entre US$ 25 bilhões e US$ 30 bilhões cada, em 2009), através de empresas que fabricam ou compram equipamentos de energia renovável e de financiamentos governamentais para a pesquisa e aplicação de tecnologias de energia limpa e de redução do consumo energético. Os EUA ficaram em terceiro lugar com um total de US $15 Bilhões investidos em 2009, segundo a Ren 21, um centro de divulgação de políticas para o sector 50 • Setembro 2012 - Nº27 sedeado em Paris. Entretanto, a energia renovável ainda não conseguiu superar críticas que a perseguem. Ela continua cara para concorrer directamente com os combustíveis fósseis e depende demais de subsídios governamentais. Convém referir que a maioria das fontes de energia renovável enfrenta um grande desafio: boa parte delas é intermitente e ainda não surgiram os avanços tecnológicos que podem torná-la uma provedora de energia confiável em tempo integral. Mesmo assim, julgo que para o caso de Angola ela pode ser aplicável nos lugares mais recônditos onde a energia eléctrica para lá chegar é um sonho de vários anos. O custo da energia solar desabou nos últimos anos mas ela só consegue concorrer com o carvão e o gás natural em poucos mercados onde o preço da electricidade é alto demais. Através da energia eólica ou solar, a electricidade só flui quando o vento está a soprar ou o sol está brilhando e isso é o que mais temos em Angola e a custo zero em quase toda a extensão do país, pelo que, para nós, essas fontes de energia são bem-vindas. Os defensores como eu da energia renovável dizem que os governos devem continuar a apoiar o seu crescimento, que pode servir obviamente para criar uma fonte de empregos e produção económica para as próximas gerações. Porém, convém também destacar que Angola poderia dar aproveitamento à reciclagem de lixo para energia renovável, reduzindo as emissões de dióxido de carbono, beneficiando com isso o meio ambiente local, a saúde e a qualidade do ar local. Estamos certos de que a busca por um combustível que substitua o petróleo levará ainda alguns anos, mas o certo é que as empresas não desistem, continuando na pesquisa não obstante as reclamações de haver um preço a ser pago pela dependência excessiva da energia renovável e que se pode tornar um grande fardo económico. Embora as fontes renováveis ainda sejam caras, o preço pode melhorar daqui a vinte anos. E até lá, quando olharmos para trás, diremos que valeu a pena a persistência de lutar, de buscar, até encontrar. (*Economista)