OTIMIZAÇÃO DE PARÂMETROS ANALÍTICOS PARA A ESPECIAÇÃO DE CR (III) E (VI) POR FAAS João Gabriel Techy (PIBIC/CNPq-UNICENTRO), Catarinie Diniz Pereira (PGUNICENTRO), Edgard Moreira Ganzarolli (Co- orientador), Sueli Pércio Quináia (Orientadora – Dep. Química/UNICENTRO), e-mail: [email protected] Palavra-chave: especiação, Cr, sistema em fluxos Resumo Foi otimizado um método de análise em fluxos rápido e seletivo para a especiação de Cr em amostras aquosas. A determinação de cada espécie foi efetuada através de um sistema de pré-concentração acoplado a um espectrofotômetro de absorção atômica em chama (FAAS). Foram utilizados os reagentes difenilcarbazida e alaranjado de xilenol para a complexação do Cr (VI) e Cr (III), respectivamente. Mini-coluna de sílica C18 foi usada para a retenção das espécies. O método apresentou fatores de enriquecimento que variaram em torno de 184 para o Cr (VI) e 394 para Cr (III), com correlação linear superior a 0,97. Introdução O Cr apresenta diversas aplicações industriais, e uma delas é a de proteção e/ou decoração de componentes metálicos. A indústria, principalmente a de peças metálicas, utiliza-se muito das técnicas da eletrodeposição, levando em conta que possui boa resistência mecânica comparados a outros métodos de proteção1. Devido ao resíduo gerado pela indústria de galvanoplastia torna-se necessário a especiação do Cr, uma vez que os compostos de Cr utilizados na eletrodeposição estão na forma hexavalente. Os estados de oxidação do Cr é que definem sua toxicidade. O Cr (VI) é tóxico devido seu caráter altamente oxidante, enquanto o Cr (III) é essencial para o metabolismo, pois potencializa a ação da glicose, lipídios e proteínas no organismo. As espécies de Cr entram no meio através dos efluentes descartados de forma inadequada. O sistema de fluxos automatizado trabalha com o conceito de análise seqüencial, onde há possibilidade de realizar a pré-concentração resultando no enriquecimento da amostra, por seguinte, da eluição do analito. Materiais e Métodos Materiais e equipamentos Para a análise quantitativa do Cr foi utilizado o espectrofotômetro de absorção atômica em chama (Varian, AA-220) equipado com lâmpada de deutério para correção de fundo e lâmpada de cátodo oco para Cr, num comprimento de onda de 357,9nm, à 6 mA. Foram utilizadas soluções de Cr preparadas a partir de uma solução padrão de 1000 µg/L. A água utilizada foi destilada e deionizada pelo sistema HUMAN UP 900. O sistema de injeção em fluxos compreendeu de uma bomba peristáltica de velocidade ajustável (Ismatec), equipada com tubos de bombeamento de Tygon, de diâmetros internos diferentes. Com fluxo direcionado por válvulas solenóides de três vias, cujo acionamento e o direcinamento foi realizado por um software escrito em linguagem Quick Basic 4.5. Foi acoplado ao sistema uma mini-coluna adsorvente comercial contendo sílica C18. Métodos A determinação das concentrações de cada espécie de Cr foi realizada individualmente, constituída de duas etapas. A primeira é a pré-concentração do complexo formado, onde foi efetuado o enriquecimento da amostra. A segunda é a etapa de eluição, onde foi feita a extração do metal do suporte da sílica. Para a complexação, estudou-se diferentes teores de 1,5 difenilcarbazida e alaranjado de xilenol, e para a eluição testou-se os solventes metanol, etanol e acetona. Estudos dos tempos de pré-concentração e eluição também foram avaliados. Foi realizado a avaliação de interferências entre as espécies de Cr em cada método otimizado. Resultados e Discussões Vários parâmetros foram otimizados visando a obtenção do melhor sinal analítico para o sistema de pré-concentração e eluição das espécies de Cr: 1º) Concentração do agente complexante A partir da concentração de DFC citada na literatura2 , foram testados novos teores a fim de se obter o melhor sinal analítico para o sistema de quantificação. Os valores obtidos podem ser verificados na Tabela 1. Tabela 1: Concentração do complexante Complexante [ ] (m/v) Absorbância Complexante [ ] (m/V) Absorbância DFC 0,1% 0,0480 Alar. Xilenol 0,1% 0,0194 DFC 0,01% 0,0621 Alar. Xilenol 0,01% 0,0490 DFC 0,005% 0,0194 Alar. Xilenol 0,0005% 0,1074 *O tempo referente à pré-concentração do DFC foi de 360 segundos e para o AX foi de 240 segundos. 2º) Eluente Para o íons Cr(III) e Cr(VI) foram realizado testes com os solventes etanol, metanol e acetona. O solvente metanol foi mais eficiente na eluição do Cr(III) e Cr(VI). A Tabela 2 apresenta os valores obtidos com a eluição do Cr em diferentes solventes. Solvente Tabela 2: Solventes para eluição Cr (VI) Absorbância Cr (III) Absorbância Metanol 0,05 0,0352 0,1 0,0478 Etanol 0,05 0,0239 0,1 0,0000 Acetona - - 0,1 0,0276 O tempo para a eluição foi de 20 segunos. 3º) Estudo de adição e recuperação de Cr nos meios de complexação A avaliação de possíveis interferências entre as espécies de Cr em cada método otimizado foi estudado na presença de teores de Cr que variaram entre 0,05 a 0,15 ppm. Verificou-se que o sinal analítico de cada espécie de Cr não foi reduzido na presença da outra. A Tabela 3 apresenta os valores de recuperação de Cr para cada forma avaliada. Tabela 3:Estudo de interferência entre as espécies de Cr [ ] da espécie. Cr (VI) 0,05ppm Recuperação Cr (III) 0,05ppm Recuperação interferente (Absorbância) (Absorbância) - 0,0817 100% 0,0733 100% 0,05 0,0794 97% 0,0812 111% 0,10 0,0682 83% 0,0719 98% 0,15 0,0790 97% 0,0707 96% 4º) Tempo de eluição O tempo necessário para a eluição dos complexos foram avaliados entre 5 a 30 s. O melhor sinal analítico foi alcançado para a eluição de 20 s, acima deste tempo o sinal começou a decair lentamente. Após otimizados os parâmetros analíticos, curvas de pré-concentração foram obtidas para as duas formas de Cr e os fatores de enriquecimento estão apresentados na Tabela 4. Tabela 4:Características do método Espécie Agente complexante Curva de calibração (ppm) Tempo de préconcentração r LD (ppm) FE Cr (VI) DFC 0,005-0,020 600 s 0,9977 0,0030 104,11 Cr (VI) DFC 0,025-0,100 360 s 0,9986 0,0016 184,98 Cr (III) Alar. Xil. 0,005-0,020 240 s 0,9846 0,0024 404,41 Cr (III) Alar. Xil. 0,025-0,100 360 s 0,9766 0,0025 394,4 LD= limite detecção, FE=fator enriquecimento, r=coeficiente correlação linear. As curvas de calibração apresentaram uma correlação linear boa, seguida de um fator de enriquecimento que variou entre 104,11 a 404,41. Como o Cr(VI) apresentou um nível de retenção inferior ao Cr(III), houve a necessidade de um tempo maior de pré-concentração para a primeira espécie. Conclusões O sistema de pré–concentração e quantificação das espécies de Cr foi eficiente, sensível e rápido. Os diferentes estados de oxidação não apresentaram interferências nos meios de complexação otimizados e os fatores de enriquecimento obtidos foram excelentes. Referências 1. Souza A., Laboni, A., Coutinho I. Tecnologia de Superfícies – Aplicação de Cromo Duro em Ferramentas, Moldes e Matrizes. 1° Encontro de Integrantes da Cadeira Produtiva de Ferramentas, Moldes e Matrizes, 2003, São Paulo. Disponível em: http://www.pmbok.com.br/italo/arquivos/abm2003cd-artigo.PDF 2. Grudpan,K.Flow injection spectr ophotometry for speciation of Cr(VI) and Cr(III) using diphenylcarbazide and solid phase extraction with C18 in-valve mini-column. Science Asia, Thailand, v.25, p.99-106, mar.1999.