A EXPERIMENTAÇÃO INVESTIGATIVA NO ENSINO DE QUÍMICA: REFLEXÕES DE PRÁTICAS EXPERIMENTAIS A PARTIR DO PIBID SOUZA, Isis Lidiane Norato1 - UFPR BORGES, Francielle da Silva2 - UFPR Grupo de Trabalho – Formação de Professores e Profissionalização Docente. Agência Financiadora: CAPES- Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Resumo O presente trabalho tem como objetivo relatar as práticas docentes vivenciadas no ensino de química tendo como estratégia de metodologia a experimentação investigativa em aulas de química. Tais atividades foram desenvolvidas dentro do Programa Institucional de Iniciação à Docência- PIBID- Subprojeto Química 2009 da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no ano de 2012 em uma escola pública da região central de Curitiba, Paraná. As atividades experimentais investigativas foram realizadas em duas turmas do 1º ano, período matutino e em uma turma do 2º ano, período noturno. Participaram destas atividades experimentais aproximadamente 90 alunos do Ensino Médio, uma professora supersivora (em sua formação continuada) e duas alunas de graduação (em suas formações iniciais). A proposta de ensino através da investigação segundo Francisco Jr. (2008) e Guedes (2010) é uma maneira de levar o aluno a se questionar em relação ao conteúdo específico da química e as relações deste com o cotidiano. Tem por base à reflexão, a discussão, visando levantar as concepções dos alunos acerca daqueles conteúdos, fazendo ponderações e possíveis explicações, levando o aluno a interpretar conceitos, de modo com que eles pensem e reflitam sobre o mundo por meio da ciência. Dessa maneira, o presente trabalho, de propostas didáticas acerca de experimentos investigadores, tem como valorizar as percepções dos alunos no processo de ensino/aprendizagem, fator determinante na elaboração de atividades de ensino. As aplicações das propostas didáticas se mostraram promissoras visto que as práticas investigativas contribuíram para corrigir erros conceituais de alunos, servindo assim como ferramenta para avaliação de aprendizagem. Além desta contribuição, foi possível observar os alunos associando conceitos químicos com situações do cotidiano, bem como construindo seu 1 Graduanda em Licenciatura e Bacharelado em Química pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Bolsista do Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID)- Subprojeto Química 2009 da UFPR. Professora de Ciências e de Química na Educação básica pela Secretaria de Estado de Educação do Paraná. Tecnóloga em Química Ambiental pela Universidade Tecnológica do Paraná (UTFPR). E-mail: [email protected]. 2 Graduanda em Licenciatura e Bacharelado em Química pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Bolsista do Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID)- Subprojeto Química 2009 da UFPR. Professora de Química pelo Curso e Colégio Acesso. Tecnóloga em Química Ambiental pela Universidade Tecnológica do Paraná (UTFPR). E-mail: [email protected]. 13930 próprio conhecimento científico através da estratégia da experimentação investigativa prevista em três momentos pedagógicos. Palavras-chave: Experimentação Problematizadora. Ensino de Química. PIBID. Introdução Este trabalho tem como objetivo expor os relatos de experiências vivenciados a partir de práticas docente dentro do Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID), Subprojeto Química 2009 da Universidade Federal do Paraná. Este possui como intuito, melhorar a Educação Básica através da formação inicial dos licenciandos do curso Química da UFPR, bem como o ensino de Química nas escolas públicas conveniadas ao PIBID, seja através da formação continuada do professor supervisor, seja pelas propostas didáticas desenvolvidas nestas escolas. Realizaram-se num primeiro momento, dentro de reuniões do PIBID, estudos acerca da Experimentação Investigativa, a qual leva o indivíduo a refletir criticamente sobre uma situação problema no sentido de solucioná-la. Após, estudaram-se estratégias para formulação de propostas didáticas tendo como foco a investigação em práticas experimentais condizentes com os conteúdos químicos trabalhados em sala de aula. Estas propostas foram feitas em conjunto, com as alunas bolsistas e o professor da escola (supervisor). Foram aplicadas as aulas experimentais investigativas, Interações Intermoleculares e Acidez Estomacal em duas turmas do 1º ano do Ensino Médio, período diurno. Já o experimento investigativo sobre Cinética Química foi realizado em uma turma do 2º ano do Ensino Médio, período noturno. As aulas foram aplicadas no Laboratório de Ciências, durante aulas de Química. Participaram destas atividades aproximadamente 90 alunos em um colégio público da região central de Curitiba, Paraná. Ensino Experimental de Química As escolas públicas brasileiras enfrentam problemas de adequação para suas aulas experimentais. Segundo Golçalves (2006) e Benite (2009), a complexidade de implantação e altos custos para manutenção de laboratórios, além de compra de materiais e reagentes que precisam frequentemente ser renovados e substituídos são fatores decisórios para falta de aulas experimentais no Ensino de Química. Todos esses fatores tornam as aulas experimentais de Química cada vez mais rara. Este fato constitui uma grande barreira para o ensino da 13931 química, já que os alunos dizem sentir-se motivados pela experimentação (BENITE, 2009), (GONÇALVES, 2006). Outra barreira para o ensino experimental de química são que as poucas aulas experimentais são feitas de maneira empírica e desconexa do cotidiano dos alunos (BENITE, 2009). Segundo Francisco Jr, 2008, a falta de relação entre os conteúdos aprendidos e o cotidiano gera apatia nos alunos em relação ao aprendizado da química. Por esse motivo, abordagens como a pedagogia problematizadora de Paulo Freire, visando um ensino contextualizado e voltado para a formação de cidadãos vêm ganhando espaço no cenário científico e tecnológico do ensino de ciências (FRANCISCO Jr, 2008). A Formação do Aluno Cidadão A Química é uma ciência que propõe explicações para muitos fenômenos e acontecimentos. Todavia, não se pode ignorar a complexidade dos conceitos químicos que exigem maior grau de abstração e raciocínio e com isso, a dificuldade da maioria dos alunos em assimilá-los. Dessa forma, são cada vez mais comuns discussões sobre métodos para melhorar o processo ensino-aprendizagem em Química e, nesse sentido, o termo “contextualização” vem ganhando espaço no cenário educacional (SILVA, 2007). O objetivo do ensino de ciências nas escolas nos dias atuais tem sido voltado à formação de alunos cidadãos. Isso pode ser evidenciado ao se analisar a utilização de contextualização e interdisciplinaridade aplicadas nas aulas de ciências, bem como o foco em se usar temas de CTS- Ciência, Tecnologia e Sociedade. Dessa maneira, um dos maiores desafios do ensino de Química na formação básica tem sido o de ligar o que é aprendido na sala de aula com o mundo cotidiano dos alunos (BENITE, 2009). As abordagens acimas citadas, tais como, contextualização e CTS podem contribuir também para fundamentar a experimentação de química em uma pedagogia problematizada. Segundo Francisco Jr. (2008), a experimentação problematizadora pode ser explicada na perspectiva freiriana de que o professor como mediador do conhecimento, deve provocar nos estudantes a criticidade, a curiosidade e a não aceitação dos conhecimentos simplesmente transferidos do professor. Nesse sentido, utiliza-se como estratégia de ensino a experimentação problematizadora do conhecimento, na qual o professor recorre da observação para realizar um diálogo investigador, visando à construção do conhecimento crítico do aluno (FRANCISCO JR, 2008). 13932 Experimentação Investigativa O ensino por investigação, de acordo com Guedes (2010), objetiva-se em levar os alunos a pensar, debater, justificar ideias e também, aplicar seus conhecimentos em diversas situações. Partindo-se destes objetivos, a atividade para ser considerada investigativa precisa suscitar ao aluno a tomada de atitudes, tais como, curiosidade, iniciativa, criticidade e habilidades como raciocínio, astúcia, flexibilidade e argumentação. Desse modo, através da abordagem investigativa, o aluno mobiliza-se para buscar soluções para o problema proposto, de maneira a pensar, agir, interferir e questionar, tornando assim, autônomo e ativo, e não apenas um mero observador (GUEDES, 2010). A experimentação investigativa, na perspectiva de Francisco Jr. (2008), deve despertar nos estudantes um pensamento crítico, reflexivo e ainda, torna-los sujeitos de sua aprendizagem através do modo como levantam hipóteses, discute com os outros colegas, refletem sobre um tema, entre outros (FRANCISCO JR, et. al, 2008). Ainda para Francisco Jr, (2008), uma educação investigativa é aquela em que há uma busca incessante, inquieta e permanente ao conhecimento que se contrapõem a educação dita por Freire como “bancária”, na qual somente é considerada a transmissão acrítica e apolítica, como uma doação de quem sabe mais, para quem menos sabe (FRANCISCO JR, 2008). Consoante Guedes (2010), o ensino através de situações problemas, na perspectiva investigativa, torna a atividade experimental mais significativa, proporcionando ao aluno uma nova atitude frente seu trabalho escolar, de maneira que seu pensar estará relacionado à reflexão, à formulação de hipóteses, à manipulação e ao controle de variáveis experimentais, às observações correlatas, às abstrações e à validação de argumentos (GUEDES, 2010). Conforme Francisco Jr. (2008), a observação sistematizada, por meio da experimentação, seguida por uma sequência lógica de procedimentos, constitui o método científico, utilizado para confirmar ou refutar uma hipótese inicial. Apesar da ampla utilização do método científico, ele mostra-se insuficiente para a melhora do processo ensinoaprendizagem em ciências, pois a utilização do método científico como única ferramenta de ensino desvaloriza quaisquer conhecimentos prévios dos alunos, focando apenas em seguir roteiros e observar experimentos. Dessa forma, fica em segundo plano o desenvolvimento de habilidades científicas como refletir, formular hipóteses e desenvolver a cooperação e a comunicação entre os alunos. Algumas vezes o objetivo da experimentação também não é 13933 claro para os estudantes que, muitas vezes, acreditam que a manipulação de equipamentos e medidas sejam suas metas principais (FRANCISCO JR, et. al, 2008). Segundo Francisco Jr. (2008), ao se proporem ações didáticas que abrangem a experimentação, espera-se um maior envolvimento dos alunos que os conduzam à reflexão racional dos fenômenos e ao desenvolvimento cognitivo de conceitos. Para tal, teoria e prática devem ser bem articuladas, a fim de não tornarem a execução dos experimentos um recurso apenas mecânico e repetitivo de ensino. O papel do professor mostra-se então relevante, uma vez que é ele quem direcionará os caminhos da experimentação, seja ilustrativa ou investigativa – maneira esta mais difícil de ser conduzida (FRANCISCO JR, et. al, 2008). Para Guedes (2010), o trabalho do professor não se restringe apenas a escolha e elaboração da situação problema a ser estudada, inclui-se também o de incentivar a participação dos estudantes. Assim, o professor deve intervir para relembrar instruções e apontar desvios do grupo, como de mesma forma seu trabalho de intervenção deve estar na medida certa, nem demasiadamente para não bloquear o raciocínio dos alunos, nem intervir pouco para não haver morosidade no trabalho e desvios na discussão (GUEDES, 2010). A proposta do ensino partindo-se da experimentação problematizadora, se dá a partir de três momentos pedagógicos, nos quais dão suporte para a construção do conhecimento do aluno. Delizoicov (apud. JESUS, 2011), propõem três momentos pedagógicos para a experimentação, sendo elas: Problematização inicial; organização do conhecimento e aplicação do conhecimento. No Primeiro momento, sugere-se a emersão de um problema a partir da realidade do aprendiz, além de estímulos de questionamentos por parte do professor com o intuito de analisar conceitos iniciais dos alunos, bem como suas explicações sobre os fenômenos em estudo. O segundo momento pedagógico envolve a organização do conhecimento, em que o professor interage com os alunos através da experimentação, por exemplo, com o objetivo de se alcançar a compreensão científica do fenômeno investigado. Nesse momento valoriza-se a construção do pensamento que estão sendo desenvolvidas pelos alunos, pela escrita. Já no último momento, ocorre a aplicação do conhecimento com o intuito de analisar se os aprendizes possuem capacidade para mobilizar os saberes de novos contextos em investigação (JESUS, 2011). 13934 Desenvolvimento Realizaram-se três propostas didáticas tendo como estratégia a Experimentação Investigativa que utiliza “situações problemas” e que assim, levaram os alunos ao pensamento reflexivo e investigativo (GUEDES, 2010). Estas propostas foram desenvolvidas seguindo-se os três momentos pedagógicos de Delizoicov (apud. JESUS, 2011). Experimentação Investigativa: Interações Intermoleculares Realizou-se a atividade experimental investigativa em uma aula de química, no Laboratório de Ciências, com duração de 50 minutos sobre o tema Interações Intermoleculares. Primeiro Momento Foram levantados os conhecimentos prévios dos alunos através da reflexão, fazendoos procurar uma resposta lógica ao questionamento proposto, de maneira a encontrar uma explicação baseada nos conceitos no qual já haviam estudados e/ou já vivenciados. O questionamento realizado foi o seguinte, “Em sua opinião, por que o O2 e o CO2 são gases a temperatura ambiente, enquanto a água e a gasolina são líquidas”? A indagação acima citada visou valorizar o pensamento reflexivo dos estudantes acerca dos conceitos químicos aprendidos na sala de aula, como também os fazer refletir sobre suas experiências vividas do cotidiano (FRANCISCO JR, 2008). Nesse momento, na aula de laboratório além de ser realizado questionamento, deixouse um tempo para que os alunos formulassem uma resposta em grupos, trocando opiniões e possibilidade de debates entre os grupos. Este tempo de troca de ideias, e de investigação durou cerca de 10 minutos. Segundo Momento Foi realizado um diagnóstico dos conhecimentos dos estudantes e mediação do conhecimento por parte do professor (alunos bolsistas). É o momento em que o professor verifica quais as opiniões e formulação de respostas dos alunos, e a partir do levantamento das 13935 respostas, expõem outras possibilidades, corrige conceitos equivocados ou ainda dá suporte ao melhoramento da resposta. No laboratório, primeiramente buscou-se realizar os levantamentos das respostas, com o intuito de verificar quais as soluções encontradas pelos alunos, tendo como intuito o diálogo e a mediação do conhecimento. Em seguida, foram colocadas no quadro as fórmulas moleculares e estruturais do gás oxigênio, do gás carbônico, da água e da gasolina e iniciaram-se explicações como interações, polaridades, solubilidade, entre outros. Foram construídas também, moléculas a partir do modelo atômico de plástico, para haver maior entendimento das estruturas tridimensionais. Após, houve um tempo para retirar dúvidas, e mais esclarecimentos. Utilizou-se uma tabela periódica como suporte de material didático para demais explicações pertinentes, como por exemplo, propriedades de eletronegatividade. A última parte deste segundo momento foi a da realização do experimento e observação deste. Pediu-se aos alunos que realizassem as misturas contidas na Tabela 1 e anotassem as observações do experimento (Tabela1), previamente distribuídas aos alunos. Como exemplo, se as misturam faziam parte de um sistema heterogêneo ou sistema homogêneo, entre outras observações. Utilizou-se para esse momento, 30 minutos. A seguir, está a Tabela 1 utilizada para realização do experimento. Tabela 1 – Proposta do experimento de Interações Intermoleculares Experimentos Misturas 1 Água+ óleo 2 Água + açúcar Gasolina+ água 3 4 Gasolina + isopor 5 Água + álcool Fonte: FRANCISCO JR. W, Química Nova na Escola, nº 29, agosto, 2008. Observação Sistema Heterogêneo Sistema Homogêneo Sistema Heterogêneo Sistema Homogêneo Sistema Homogêneo Terceiro Momento Caracterizou-se por ser o momento de extrapolação, na qual os estudantes após todo suporte de mediações dos conhecimentos, como conceitos químicos, bem como da realização e observação do experimento, formularam suas respostas finais, com maiores detalhes conceituais, além de melhores explicações. Foi usado 10 minutos para o terceiro momento. Os alunos preencheram a questão colocada inicialmente e levantaram outros questionamentos de polaridades, associando como exemplo, o fato de graxas e tintas não saírem da mão com água e de assuntos como adulteração da gasolina. 13936 Experimentação Investigativa: Acidez estomacal Este experimento teve o intuito de provocar questionamentos nos alunos sobre quais bebidas podem causar sensação de mal estar estomacal como azia. Assim, pretendeu-se com este experimento, aumentar a qualidade de vida dos alunos, evitando possíveis problemas de saúdes decorrentes de ingestão de bebidas ácidas. O experimento foi realizado em uma aula de 50 minutos. Primeiro Momento Foi realizada a seguinte pergunta: “As bebidas que você ingere podem provocar azia”? Justifique. Também foram indagadas outras questões complementares e pertinentes, como “O que se deve fazer para eliminar a azia”? e “Você conhece quais são os medicamentos contra azia”? Deixou-se um tempo de 10 minutos para trocas de ideias, formulação de respostas e possibilidade de debates entre os grupos. Segundo Momento Foi caracterizado como mediação do conhecimento pelo professor e explicações de conteúdos, tais como conceito de Ácido e Bases de Arrhenius, potencial de Hidrogeniônico (pH), reação de neutralização e ligações químicas. Realizou-se ainda, uma explanação dos fatores que ajudam a aumentar a acidez estomacal e também de como ocorre a reação de neutralização do ácido dentro do estomago através de medicamentos como o leite de magnésia. Foram mostrados também, alguns medicamentos para combate de azia e má digestão, tais como Leite de Magnésia, Sal de Frutas, pastilhas de Magnésia Bisurada. Houve um momento para esclarecimento de dúvidas e em seguida, partiu-se para a parte experimental em que os alunos em um primeiro momento responderam o que eles achavam ser mais ácidos entre as bebidas listadas e em seguida foram distribuídas aos alunos as amostras e os papéis indicadores para medição de pH das bebidas. Ao final, realizou-se o preenchimento da avaliação com os respectivos valores de pH das bebidas encontradas na parte experimental. 13937 O experimento baseou-se em medir, através de papel indicador universal, o pH das bebidas, sendo elas: suco de frutas cítricas, água, suco de manga e Coca-Cola. Utilizou-se para esse momento, 30 minutos. Terceiro Momento Caracterizou-se por ser o momento de extrapolação, na qual os estudantes após suporte de mediações dos conhecimentos formularam suas respostas finais ao questionamento realizado no início da aula, com maiores detalhes conceituais, além de melhores explicações. Como exemplo de extrapolação, os alunos tomaram iniciativa de medir o pH na reação entre Coca-Cola e leite de magnésia, e o pH verificado foi próximo de 7, caracterizando a neutralidade da reação entre as duas substâncias. O pH da Coca-Cola quando testado anteriormente à reação apresentou-se muito baixo, próximo de 2, sendo, portanto ácida, e com coloração vermelha apresentada no papel indicador, enquanto o Leite de Magnésia teve o pH de 14, sendo assim básico e com coloração azul escura. O intuito principal desse momento foi verificar se os alunos compreenderam quais bebidas podem aumentar o pH estomacal e provocar incômodos, como azia, bem como que medidas tomar quando passarem por essa situação no decorrer de suas vidas. Foi usado 10 minutos para o terceiro momento. Experimentação Investigativa: Cinética Química Este experimento propõe aplicação no segundo ano do Ensino Médio e tem como objetivo instigar a percepção de alunos sobre a velocidade de reações químicas a partir de efeitos da superfície de contato e da temperatura. Tal experimento abrange a temática Cinética Química e foi realizado em uma aula de 50 minutos. Primeiro Momento Realizou-se a problematização inicial com a seguinte pergunta: “Por qual motivo as frutas cultivadas em clima quente amadurecem mais rapidamente do que em clima frio”? Deixou-se um tempo de 10 minutos para trocas de ideias entre os alunos e grupos. 13938 Segundo Momento No segundo momento foi realizada a organização do conhecimento, no qual o objetivo foi o de observar o efeito da superfície de contato e da temperatura sobre a rapidez de uma reação. Dessa maneira, analisaram-se o tempo de reação, observando-se a temperatura da água em que os comprimidos foram submersos, bem como o tamanho dos comprimidos, notando-se a superfície de contato de cada um. Por exemplo, o comprimido um foi colocado inteiro, os demais foram divididos em partes cada vez menores. Utilizaram-se para este momento, 30 minutos. Realizou-se o experimento conforme a Tabela 2 apresentada a seguir. Tabela 2 – Proposta do experimento de Cinética Química. Evidências e Tempo de Reação. Comprimidos Evidências do Início da Reação Evidências do final da reação Tempo de reação- água gelada 120 segundos Tempo de reaçãoágua 25 ºC --------------- Tempo de reaçãoágua quente --------------- EfervescênciaFim do desprendimento liberação de gás de gás EfervescênciaFim do desprendimento ----------------- 50 segundos --------------2 liberação de gás de gás EfervescênciaFim do desprendimento ----------------- --------------- 20 segundos 3 liberação de gás de gás EfervescênciaFim do desprendimento 65 segundos --------------- ---------------4 liberação de gás de gás EfervescênciaFim do desprendimento ---------------20 segundos ---------------5 liberação de gás de gás EfervescênciaFim do desprendimento ------------------------------ Instantâneo 6 liberação de gás de gás Fonte: CANTO, E.L.; PERUZZO, F.M. Química na abordagem do cotidiano. Editora Moderna, vol.1, SP. 2010. Fonte: CASTRO, et. al. Química para a nova geração: química cidadã. Editora Nova Geração, vol. 1, SP. 2010. Fonte: LISBOA, J. C.F. Química: ser protagonista. Editora SM, vol. 1, 1ª edição, SP, 2010. Fonte: MACHADO, A. H.; MORTIMER, E.F. Química. Editora Scipione, vol. 1, SP, 2010. Fonte: REIS, M. Química: meio ambiente, cidadania, tecnologia. Editora FTD, vol. 1, SP, 2010. 1 Introduziram-se em seguida, os conceitos de cinética química (FRANCO, 2010). Realizaram-se também as discussões dos resultados do experimento a partir das seguintes questões: Questão 1: “Quais as condições que você observou durante o experimento que foi fundamental para que a reação química ocorresse”? Questão 2: “Em qual dos copos a reação se mostra mais vigorosa"? Questão 3: “Em qual dos copos, a reação chega ao final mais rapidamente"? Proponha uma explicação para as observações. Questão 4: “Como seria possível quantificar a rapidez com que a reação ocorre em cada caso? Que medidas deveriam ser feitas? Como essas medidas poderiam ser realizadas”? 13939 Terceiro Momento Este momento foi a aplicação dos conceitos químicos no cotidiano. Teve como objetivos específicos responder a questão inicial: “Por qual motivo as frutas cultivadas em clima quente amadurecem mais rapidamente do que em clima frios”? E também responder as questões a seguir: “As frutas cultivadas em clima quente amadurecem mais rapidamente do que em clima frios. Explique a afirmação.” (CANTO & PERUZZO, 2010); “Para acender um fogão a lenha, utilizamos inicialmente lascas de lenha e só depois colocamos as toras. Por quê”? (CASTRO, et. al., 2010); “Por que muitos medicamentos trazem em suas embalagens a recomendação expressa de que devem ser mantidos em local fresco”? (LISBOA, 2010); “Explique, à luz do que estudamos sobre velocidade de reação, a razão de: a) Uma carne no freezer poder ser conservada por um tempo maior do que no congelador de uma geladeira. b) Uma panela de pressão ser utilizada para se ganhar tempo no preparo de alimentos em relação a uma panela comum.” (MACHADO, 2010; REIS, 2010). O conteúdo de cinética aplicado à turma teve um pouco de resistência no início, no entanto foi superado logo após diálogos e com a utilização dos “Três Momentos Pedagógicos”, proposta por Delizoicov (apud. JESUS, 2011). Houve um aproveitamento amplo, pois despertou nos alunos interesse em relação à cinética química. Considerações Finais Após aplicações das propostas realizadas no PIBID- Subprojeto Química 2009 UFPR, pode ser verificado algumas contribuições positivas para o ensino de química. Como exemplo, o professor supervisor- em sua formação continuada- pode observar e corrigir erros conceituais que os alunos possuíam sobre os conteúdos já estudados em sala de aula. Dessa maneira, a experimentação investigativa serviu como uma ferramenta de avaliação de aprendizagem. Para o estudante, foi detectado que através dos três momentos pedagógicos, os alunos e alunas conseguiram realizar a sua construção do conhecimento científico em estudo. Com o resultado desta construção foi possível às associações dos conceitos químicos com fatos do cotidiano, como exemplo, as apresentadas pelos estudantes no momento de extrapolação, pertencentes ao terceiro momento das atividades experimentais investigativas. 13940 Para as professoras bolsistas- em formação inicial- o ensino investigativo mostrou ser uma estratégia promissora, visto que a proposta investigativa além de contemplar a formação docente, dá suporte para planejamento de ensino em química na perspectiva motivadora e reflexiva na escola. REFERÊNCIAS BENITE, Anna Maria Canavarro; BENITE, Cláudio Roberto Machado. O laboratório didático no ensino de química: uma experiência no ensino público brasileiro. Revista Iberoamericana de Educación, nº48/2, 10 de janeiro de 2009. Disponível em: < http://www.rieoei.org/expe/2770Benite.pdf>. Acesso em: 16 de maio de 2013. CANTO, Eduardo Leite do; PERUZZO, Francisco Miragaia. Química na abordagem do cotidiano. 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