XII Salão de Iniciação Científica PUCRS Determinação do polimorfismo D/I do gene da enzima conversora de angiotensina em indivíduos com e sem síndrome metabólica – estudo piloto Liana Paula Abreu da Silva1, Patrícia Donini Rodrigues1, Ana Maria Feoli2, Fabrício Edler Macagnan2, Virgínia Minghelli Schmitt1 (orientador) 1 Laboratório de Biologia Molecular da Faculdade de Farmácia, PUCRS, 2 Faculdade de Enfermagem, Nutrição e Fisioterapia, PUCRS Introdução A Síndrome Metabólica (SM) é constituída por um conjunto de achados que representam um risco aumentado para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes melito tipo 2 (Geloneze, 2006). É um transtorno complexo, caracterizado pela associação de dislipidemia, intolerância à glicose, hipertensão arterial, obesidade abdominal, hipertrigliceridemia e resistência à insulina, sendo esses parâmetros utilizados para o diagnóstico desta síndrome, seguindo a I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica de 2005 (SBC, 2005). Diversos polimorfismos têm sido estudados como predisponentes à SM, entre eles, o polimorfismo D/I do gene da enzima conversora de angiotensina (ECA) que se caracteriza pela presença de um fragmento com cerca de 287pb na variante de inserção (I) e ausência na variante de deleção (D), resultando em três possíveis genótipos: DD, DI e II. Estudos mostraram que este polimorfismo influencia na concentração sérica da ECA, sendo mais elevada em indivíduos que apresentam o genótipo DD e menores em indivíduos que possuem genótipo II. Os indivíduos com genótipo DI apresentam níveis intermediários. (Lima, 2007; Higashimori, 2003). A atividade da ECA consiste em converter a angiotensina I (Ang I) em angiotensina II (Ang II), proteína que faz parte do sistema Renina-Angiotensina, importante no controle da pressão arterial (PA). A ação da Ang II está associada à vasoconstrição e ao aumento da PA. Como foi relatada a produção de Ang II pelos adipócitos viscerais (Jaramillo, 2010), este aumento de produção poderia estar associado à elevação da PA em indivíduos com maior quantidade de adipócitos, como é o caso de indivíduos com SM, sendo que um dos critérios de inclusão da SM é a hipertensão. XII Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 03 a 07 de outubro de 2011 O programa MERC (Modificação do Estilo de vida e Risco Cardiovascular), desenvolvido por um grupo multidisciplinar na PUCRS coordenado pela FAENFI, tem como objetivo proporcionar uma mudança no estilo de vida de indivíduos com SM, através de intervenção nutricional associada ou não à prática de atividade física supervisionada. Parâmetros antropométricos, clínicos e bioquímicos são avaliados ao início e ao final da participação no estudo, além da análise de polimorfismos genéticos predisponentes. Este trabalho apresenta resultados de um estudo piloto para estabelecimento da pesquisa do polimorfismo D/I da ECA utilizando a técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR) para ser realizada nos indivíduos com síndrome metabólica participantes do programa MERC e em indivíduos sem SM, com a finalidade de investigar a influência deste polimorfismo no desenvolvimento da síndrome. Metodologia Para o teste piloto de determinação do genótipo da ECA utilizando a técnica de PCR, foram selecionadas de forma aleatória 44 amostras de DNA extraídos de 22 indivíduos com SM participantes do projeto MERC e 22 controles (sem SM) armazenados no Laboratório de Biologia Molecular da FFARM-PUCRS. O estudo MERC foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da PUCRS (protocolo 06/03024) e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que incluia a análise genética. O DNA foi extraído utilizando protocolo padrão (Lahiri, 1991) e mantido na temperatura de -20°C. O polimorfismo da ECA foi determinado através de PCR, utilizando primers que reconhecem sequências comuns aos dois alelos (D e I) (direto: 5’– CTG GAG ACC ACT CCC ATC CTT TCT-3’; reverso: 5’-GAG GTG GCC ATC ACA TTC GTC AGAT-3’), gerando amplicons de 480pb para a variante alélica I e de 190pb para a variante D. O volume total da reação foi 25µL, contendo 2mM MgCl2, 2mM Tris-HCl pH8,4 , 5mM KCl, 20pmol de cada primer (IDT), 200µM da mistura de dNTPs (Invitrogen), 1% DMSO (Sigma), 1U Taq DNA polimerase (EasyTaq, 4G). As condições da reação foram: desnaturação inicial a 94°C por 3 minutos, 30 ciclos com desnaturação a 94°C por 1 minuto, anelamento a 52°C por 1 minuto e extensão a 72°C por 1 minuto, extensão final a 72°C por 5 minutos (Rigat, 1992). A visualização dos amplicons foi realizada por meio de eletroforese em gel de agarose 1,5% contendo 0,5µg/µL de brometo de etídio, seguida de observação em luz ultravioleta. Resultados e Discussão XII Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 03 a 07 de outubro de 2011 Das 44 amostras testadas para o polimorfismo D/I da ECA, em 5 dos indivíduos com SM não houve amplificação e em 4 dos controles, totalizando 17 amostras de SM e 18 de controles para a análise. A não amplificação de algumas amostras de DNA armazenadas sugere uma provável alteração/degradação do DNA, provavelmente associada a uma qualidade não adequada do DNA extraído. Entre os indivíduos com SM, a distribuição dos genótipos foi: DD 3 (17,7%), DI 9 (52,9%), II 5 (29,4%), e para os controles DD 3 (16,7%), DI 10 (55,5%,; II 5 (27,8%), não apresentando diferença significativa na distribuição (p<0,05). A frequência alélica observada nos dois grupos foi idêntica: para a variante alélica D 0,44 e para a variante I 0,56. Conclusão Este estudo mostrou que a técnica de PCR para determinação dos genótipos do polimorfismo D/I da ECA é adequada para investigar os indivíduos participantes do estudo MERC, porém a qualidade do DNA extraído deve ser aprimorada. Não houve diferença na distribuição dos genótipos entre indivíduos com ou sem SM, porém este é apenas um estudo piloto que deverá ser continuado com a totalidade dos participantes do estudo MERC, quando esta análise deverá ser realizada novamente. Referências GELONEZE, B., Síndrome Metabólica: Mito ou Realidade?. Arq Bras Endocrinol Metab. Vol. 50, N° 3 (2006), pp. 0409 – 0411. HIGASHIMORI, K.; ZHAO, Y.; HIGAKI, J.; KAMITANI, A.; KATSUYA, T.; NAKURA, J.; MIKI, T.; MIKAMI, H.; OGIHARA, T. Association analysis of a polymorphism of the angiotensin converting enzyme gene with essencial hypertensin in Japanese population. Biochem Biophys Res Commun, v. 191, p. 399-404, 1993 LAHIRI, D.K., NURNBERGER, Jr.JI, A rapid non-enzymatic method for the preparation of HMW DNA from blood for RFLP studies. Nucleic Acids Res. Vol. 19, N° 19 (1991), pp. 5444. LIMA,S.G, HATAGIMA,A.,SILVA,N.L.C.L.,Sistema Renina-Angiotensina: é Possível Identificar Genes de Suscetibilidade à Hipertensão?. Arq Bras Cardiol. (2007), pp. 0427 – 0433. RIGAT B, HUBERT C, CORVOL P, et al. PCR detection of the polymorphism of the human angiotensin converting enzyme gene (DCP1 (dipeptidyl carboxypeptidase1) Nucl Ac Res. Vol. 20, N° 6(1992), pp. 1343 – 1346. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da SM de 2005. Arq Bras Card. V.84, supl I, p.1-28. 2005. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/abc/v84s1/a01v84s1.pdf. Acessado em 01 de julho de 2011. Apoio Financeiro: FAPERGS XII Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 03 a 07 de outubro de 2011