A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NOS ANOS INICIAIS ANTONIACOMI, Kayane Celise – PUCPR [email protected] I MULER, Lilian Karla Postai – PUCPR [email protected] NASCIMENTO, Débora Cristina – PUCPR [email protected] FEOLA, Luciane – PUCPR [email protected] OLIVEIRA, Fabiane Lopes – PUCPR [email protected] Eixo Temático: Didática: Teorias, Metodologias e Práticas Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo A pesquisa foi produzida a partir de estudos realizados na disciplina de Metodologia da Língua Portuguesa do curso de pedagogia, com as alunas do 6º período, onde foi levantada a questão sobre a importância da leitura na fase inicial da alfabetização. A partir de trabalhos realizados em grupo, houve a necessidade de aprofundar o tema para que este pudesse se tornar claro e significativo, pois se trata de um assunto complexo e de grande importância para as futuras pedagogas/professoras que serão formadas. O objetivo desde trabalho é conhecer a importância da leitura desde os anos iniciais, qual a influência da leitura na aprendizagem do cidadão, como a postura do professor pode auxiliar a escolarização do indivíduo. Para o embasamento teórico foram pesquisados autores renomados como CAGLIARI 1992, SILVA 1997, COSTA 2000, NASPOLINI 2010, SHIMITH 1989, MARTINS1984. O encaminhamento da pesquisa foi inteiramente teórico, com consulta a uma diversidade de acervos que possibilitou parte do conhecimento abordado, considerando que a pesquisa sobre o referido tema não cessa numa única pesquisa. Os resultados obtidos foram satisfatórios, pois foi possível acrescentar novos conhecimentos. Quando se pensa em leitura, não se pode deixar de pensar na escrita, esses são os primeiros passos da criança na escola, e este deve ser tranqüilo, prazeroso e significativo para que a criança possa adquirir com qualidade todo o processo de ensino aprendizagem. A relação professor/aluno deve ser de cumplicidade e de troca, assim a compreensão sobre os temas relevantes a serem abordados serão absorvidos pelos estudantes de maneira satisfatória. Para que o professor seja um orientador de qualidade é necessário que também seja leitor, não se pode ensinar algo que 12728 não se prática. Por todas essas razões há a necessidade de compreender melhor um tema que faz parte do cotidiano de todos os profissionais da educação. Palavras-chave: Leitura. Ensino Aprendizagem. Educação. Introdução O presente trabalho foi realizado na disciplina da Metodologia da Língua Portuguesa, do curso de Pedagogia, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, no primeiro semestre de 2011, onde se desenvolveu atividades referentes à importância da leitura nos anos iniciais. Tal importância se deve pela relevância de se ter um ambiente leitor na escola, que deve começar pelo professor, que será o maior estimulador dos seus alunos. A disciplina teve a proposta de aguçar nos alunos do curso de Pedagogia a sua reflexão sobre a leitura, desenvolvendo e/ou ampliando a prática dos alunos que serão professores e que a partir de leituras, se desenvolva na escola um ambiente leitor mais prazeroso e não obrigatório. A formação dos nossos alunos quanto seres pensantes, críticos, cidadãos reflexivos vem de acordo com o ensinamento e o estímulo à leitura, pois a necessidade da abertura para o mundo letrado não se encontra apenas no ato de ler, mas sim no ato de ler e interpretar, formando nossos alunos em seres reflexivos. Desenvolvimento A educação brasileira vem passando por diversas modificações desde a sua inicialização nas terras brasileiras com a vinda dos padres jesuítas para a catequização dos índios. Hoje no Brasil, a educação está mudada em vários aspectos, inclusive seus processos e métodos. Houve uma evolução do sistema educacional e isso significa um processo positivo, pois a educação direcionou-se num rumo mais específico e abrangente, como para a sua aplicação à população brasileira de diversos níveis. Atualmente com a aplicação do ensino fundamental de nove anos, onde o aluno entra em contato um ano mais cedo na escola, sendo um ano mais de vivência e aquisição de conhecimento, cultura e conteúdos, automaticamente prepara melhor o aluno a leitura e a escrita. Assim, entende-se que há uma melhor preparação e sobrevivência dos discentes numa sociedade, onde a própria cultura exige leitura e escrita. 12729 Muitas vezes a leitura e seu conceito se restringem apenas a decifração da escrita, porém Martins (1984, p 22-23) argumenta que Se o conceito de leitura está geralmente restrito à decifração da escrita, sua aprendizagem, no entanto liga-se por tradição ao processo de formação global do indivíduo, à sua capacitação para o convívio e atuações social, política, econômica e cultural. A leitura abre “mundos” a qualquer pessoa, podendo conquistar conteúdos, cultura, lazer e principalmente satisfação e prazer ao fazer uma boa leitura. Aliado a isto, a leitura amplia o raciocínio, a verbalização, a formalidade das palavras, dos textos escritos, dos diálogos formais e informais, enfim, auxilia numa infinidade de objetivos, que podem ser conquistados por meio da leitura. Segundo Martins (1984, p. 12) As investigações interdisciplinares vêm evidenciando, mesmo na leitura do texto escrito, não ser apenas o conhecimento da língua que conta, e sim todo um sistema de relações interpessoais e entre as várias áreas do conhecimento e da expressão do homem e de suas circunstâncias de vida. Enfim, dizem os pesquisadores da linguagem, em crescente convicção: aprendemos a ler lendo. Porém, é necessário que as escolas ofereçam satisfatoriamente aos alunos um projeto de leitura a ser seguido e as mesmas sejam fonte de motivação para aquisição do conhecimento, com interação também dos professores, onde os mesmos sejam mediadores e incentivadores desta riqueza, pois muitas vezes os alunos possuem o contato com a leitura apenas na escola, como afirma Martins (1984, p. 25) Principalmente no contexto brasileiro, a escola é o lugar onde a maioria aprende a ler e escrever, e muitos têm talvez sua única oportunidade de contato com os livros, estes passam a ser identificados com os livros didáticos. Assim, com o objeto claro e totalmente em prática o resultado final resultará em alunos receptores e ao mesmo tempo agentes desta cultura, tão importante para o desenvolvimento dos seres humanos. Uma das atividades fundamentais que a escola deve propiciar aos seus alunos é a leitura, enfatizando-se, também, que a leitura é um dos vários desafios da escola. No mundo 12730 atual é de suma importância e exigido do ser humano o “saber ler”, pois para o simples fato de se locomover por meio de um ônibus, encontrar um endereço (bairro, rua, avenida, etc.) é necessária a referida aptidão. Porém, ler, principalmente nos primeiros anos da escola, me parece uma atividade tão importante quanto à produção espontânea de textos, ou talvez ate mais importante. No mundo em que vivemos é mais importante ler do que escrever. (CAGLIARI, 1992, p. 167-168). Não somente a isso que se resume a necessidade, de saber ler. Além do conteúdo técnico necessário para a alfabetização, a leitura leva o indivíduo a um raciocínio mais concreto, melhor elaborado, reflexivo, coerente, amplo, e inúmeras qualidades e especialidades. Cabe à escola o papel de oferecer dentro do seu próprio campo, o estímulo à leitura e deve mostrar às crianças desde as séries/anos iniciais para que junto dela se desenvolva o prazer pela leitura. Assim como defende, Cagliari (1982, p.169): É preciso repensar esses procedimentos em relação à escrita e a leitura desde o início do processo de alfabetização. Uma criança que aprende a ler toma velocidade no aprendizado da primeira série. Um aluno que não lê aprenderá o resto com dificuldade, e pode passar a ter uma relação delicada com a escrita, não entendendo muito bem o que esta é, nem como funciona. A escola e os professores não são os únicos responsáveis pela leitura, Foucambert (1997, apud DIAS E FERREIRA, 2002) sugere um Projeto de Leituralização, onde outros grupos da sociedade sejam responsáveis pela leitura, com a família, associações de bairro, bibliotecas, não se restringindo esse papel apenas a escola e professores, defendendo ainda que a leiturização deva atingir os leitores e os não-leitores alfabetizados, pois a distância da escrita pode torná-los novamente analfabetos ou analfabetos funcionais. As escolas e a sociedade, não devem limitar-se apenas nos livros didáticos, como se fossem o suficiente, mais também deve selecionar e oferecer obras literárias aos seus alunos, para formação de uma sociedade, de escolas, crianças/alunos, que tenham gosto pela leitura, que essa cultura possa ser enraizada nesta sociedade através do sistema educacional. 12731 Em termos de procedimentos de leitura que prevalecem no contexto escolar, temos que não só lembrar a padronização subjacente à lição do livro didático, os modismos tecnicistas que ainda encontram muito espaço no magistério, a memorização mecânica de idéias, etc., mas também a visão passadista na área de seleção de obras, que afasta a vida presente do próprio momento do ensino. (SILVA, 1997, p.15). O ensino da escrita e da leitura deve partir de toda a sociedade, especificamente no sistema educacional, ou seja, o campo escolar como já citado anteriormente, a escola destina essa função ao professor que está no posto de mediação do conhecimento, para isso o professor deve chamar a atenção dos alunos, para esses conteúdos, que são básicos, porém essenciais para a vida. Segundo Martins (1984, p.34) A função do educador não seria precisamente ensinar a ler, mas a de criar condições para o educando realizar sua própria aprendizagem, conforme seus próprios interesses, necessidades, fantasias, segundo as dúvidas e exigências que a realidade lhe apresenta. No entanto, não cabe somente ao professor da língua portuguesa ensinar a essas crianças a lerem e a escreverem, esses dois conteúdos em especial à leitura, faz parte de qualquer outra disciplina, porém é necessário saber fazer a leitura de forma racional, por exemplo; na disciplina de matemática, para que os alunos possam resolver um problema matemático, é necessário saberem interpretar o que o problema está pedindo, e para que possam interpretar é preciso ler de uma forma compreensível. Entende-se muitas vezes que a questão de ensinar a ler é somente responsabilidade dos professores de língua portuguesa, porém, praticamente toda a atividade que a criança irá desenvolver necessitará da utilização da leitura, em várias situações, em vários ambientes e em todas as disciplinas que passará ao decorrer de sua formação acadêmica e social. Não falo de ensino programado, que reduz tudo a um condicionamento pelo texto, mais penso que a escola precisa ensinar os alunos a ler e a entender não só as palavras, as histórias das analogias, mas também os textos específicos de cada matéria, as provas de cada área, as instruções de como fazer algo etc. a leitura não pode ficar restrita à literatura e ao noticiário. (CAGLIARI, 1992, p. 149). 12732 Cabe então, a todos os professores ser ponte do conhecimento a leitura, sendo esta mais aprofundada, elaborada, pois é do interesse de todos os professores a formação de seus alunos, quanto cidadãos reflexivos. Toda a aprendizagem está diretamente envolvida com a leitura e a escrita, tanto que já está entre os conteúdos a serem ensinados desde as séries iniciais, ou seja, as crianças entram na escola e o primeiro contado que terão com este mundo de estudos é a escrita e a leitura. Por intermédio do professor é que esta relação aluno/leitura irá se estabelecer. Se o professor em sua formação teve um bom contato com a leitura, não somente por exigências, mas por prazer e gosto por novas aprendizagens, ao orientar os seus alunos certamente conseguirá obter melhores resultados. Os alunos, se incentivados na caminhada escolar, estarão dispostos a novos conhecimentos, pois se encontram em um período de descobertas, de experimentar algo novo. E é neste momento que os professores têm que aproveitar e oferecer a eles o que procuram, o novo, a leitura, o saber ler. Dada a importância da leitura, a função primordial da língua portuguesa deve ser, formar bons leitores, leitores capazes de ler o mundo em seus mais variados contextos. (COSTA, 2000, p.20 AKRÓPOLIS - Revista de Ciências Humanas da UNIPAR, v.11, n.2, abr./jun., 2003). A leitura não é um trabalho fácil, pelo contrário, ler e saber ler é uma tarefa difícil, que exige disciplina, ela tem que ser praticada e vivenciada. Não somente a respeito da leitura, mas uma boa escrita é conseqüência de uma diversidade e constante leitura. Assim a escola deve propiciar atividade que promova o conhecimento para seus alunos, dessa forma Naspolini (2010, p.13) caracteriza esse tipo de atividade como significativa, produtiva e desafiadora. Sendo que a atividade significativa trás ao aluno um conhecimento útil para a sua vida e poderá utilizá-lo em diferentes situações. A atividade produtiva irá apresentar um conhecimento já adquirido e construído pelo aluno e também o que ele está construindo. Desafiadora será a atividade que segundo Naspolini (2010, p.13) “Apresenta algumas dificuldades. Nesse caso, a resistência oferecida leva o aluno a se modificar a fim de acomodar o novo conhecimento”. É necessário que se mencione a respeito da sua importância na aprendizagem, como defende Smith (1989, p.211), a leitura não é somente uma atividade prazerosa, uma 12733 experiência agradável, como também traz conseqüências, por exemplo, o aumento da memória, os conhecimentos específicos que através da leitura pode-se adquirir. Outras coisas são apreendidas através da leitura. [...] que é somente através da leitura que qualquer pessoa pode aprender a escrever. A única maneira possível de se aprender todas as convenções de ortografia, pontuação, letras maiúsculas e minúsculas, parágrafos e até mesmo gramática e estilo, é através da leitura. (SMITH. 1989, p.212). A leitura além de ser o ponto de partida de toda a aprendizagem, propriamente dita, auxilia também na compreensão do mundo a nossa volta, da cultura de cada sociedade e certamente a compreensão da própria sociedade. Assim vem defendendo Cagliari A leitura é a extensão da escola na vida das pessoas. A maioria do que se deve aprender na vida terá de ser conseguido através da leitura fora da escola. A leitura é uma herança maior do que qualquer diploma. (1992, p.148). Não é apenas de responsabilidade da escola o ato da leitura, porém a escola tem papel fundamental devendo propiciar e oferecer esse conhecimento, para que o indivíduo possa sobreviver com qualidade em meio a sociedade, é preciso “saber ler”, cada sujeito é responsável por sua formação acadêmica por sua formação quanto pessoa. Ensinar a ler é da competência de todas as disciplinas, e é extremamente importante para todo o processo de aprendizagem, pois, praticamente tudo se desenvolve por meio da leitura, por essa razão está em primeiro lugar na aprendizagem, não tem como saber matemática, física, biologia, geografia sem ler, enfim, qualquer outra disciplina, do ensino fundamental, do ensino médio, e principalmente no ensino superior, não tem como adquirir o conhecimento sem que se faça uma leitura criteriosa. É preciso saber ler, interpretar e compreender o que se lê para que realmente aconteça a aprendizagem significativa. Considerações Finais A leitura é uma prática que deve ser iniciada desde cedo com as crianças, e esta a princípio se dá através do contato com o mundo da fantasia, do imaginário dos livros infantis, 12734 se as crianças tiverem contato com esse universo desde pequenas certamente se desenvolverão melhor cognitivamente, afetivamente e socialmente. O ato de ler se faz uma constante em nossas vidas desde que começamos a compreender o mundo que nos cerca. A produção dessa pesquisa vem contribuir de maneira significativa aos estudantes e atuantes na área da educação sobre conceitos importantes da leitura desde o início do ingresso a escola. Há uma grande necessidade de aprofundar estudos sobre o tema, para que a prática docente seja realizada de maneira eficaz e que os estudantes sejam atingidos qualitativamente em sua compreensão de mundo, sociedade, homem, buscando assim uma melhoria na qualidade da educação, formando alunos leitores críticos, compreendendo a sociedade em que estão inseridos. REFERÊNCIA Akrópolis umuarama, v.11, n.2, abr./jun., 2003 akrópolis - revista de ciências humanas da unipar 84. CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização & Linguística: 4ª ed. São Paulo, SP, Editora Scipione,1994. MARTINS, Maria Helena Franco. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 1984 (Coleção Primeiros Passos). NASPOLINI, Ana Tereza. Tijolo por Tijolo: Prática de Ensino de Língua Portuguesa: 1ª ed. São Paulo: FTD, 2010. SILVA, Ezequiel Theodoro. Leitura e realidade brasileira. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1997. 5ª edição. SMITH, Frank. Compreendendo a leitura: uma analise psicolingüística da leitura e do aprender a ler. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.