PR ISSN 2182-0090 Doenças raras O investimento Europeu AnomaliaS sexuais O poder dos cromossomas Raríssimas | Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras | Abril 2013 Diretora: Paula Brito e Costa | Edição 11 | Bimestral | Preço €0.50 www.rarissimas.pt Convocatória para Assembleia-Geral PR Abril/Maio 04 Mundo Raro 06Atual Europa investiga doenças raras Editorial E 08MimÍSSIMO 10 Ação Social Produtos de apoio 12 Em Foco Espondilite Anquilosante 14 Capa Anomalias Sexuais 20SOS Terapia Animal 22 Flash 23 Reportagem Dia Mundial da Mulher 24 Psicologia Dar nome à doença 26 Rostos Andreia Bernardo Coordenadora da Linha Rara 30Donativos Ficha Técnica Directora Paula Brito e Costa Redação e Edição Paula Simões Revisão técnica Gabriel Miltenyi Design gráfico e paginação Leonel Sousa Pinto Propriedade/Editora - Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras Morada R ua das Açucenas, Lote 1, Loja Dta, 1300-003 Lisboa Telefones 217 786 100 – 969 657 445 Número de Pessoa Coletiva 506 027 244 Impressão M X3 - Artes Gráficas Pq. Ind. Alto da Bela Vista, Pav. 50, Sulim Park, 2735-340 Cacém Tiragem 3 000 exemplares Depósito legal 320 723/10 ISSN 2182-0090 ERC 126 246 © Publicação bimestral. Todos os direitos reservados. Por Paula Brito e Costa, Presidente da Raríssimas Ele ou ela – eis a questão Quase todos nós, em alguma altura da nossa vida, em particular a escolar, nos cruzámos com um coleguinha diferente - na sua aparência, comportamento e até no modo de vestir, tão refletores de uma indefinição sexual. Porque tudo nessa altura era para nós de explicação prática - ou era preto ou era branco - dificilmente nos aproximávamos e eles eram, frequentemente, motivo de chacota e exclusão, não partilhando os grupos sociais escolares que, de alguma maneira, marcaram parte do que hoje somos. Menino ou menina, eis a questão que se perpetuou durante um ciclo escolar mas à qual, só já entrados na idade adulta, conseguimos timidamente responder. Não eram raros eram, na altura, bizarros! Muito embora hoje a ciência nos ajude a dar uma explicação para a questão, e 30 anos volvidos desse relacionamento, nenhum de nós se esquece desses amiguinhos presos a um corpo estranho. Felizmente, hoje a literacia sobre estas questões menos vulgares já é mais relevante e já nos permite compreender e, consequentemente, explicar aos nossos filhos a causa deste tipo de comportamentos e perturbações raras. Que pena não mo terem explicado há tantos anos atrás… Seguramente que a Maria e o David fariam parte do meu núcleo social escolar e teriam, na medida dos possíveis, partilhado muitas das nossas brincadeiras, sem se sentirem desconfortáveis. Por onde quer que andem nesta vida… contem comigo para ajudar hoje os meninos e meninas como vocês. PRPÁGINAS RARAS 3 Mundo Raro Doenças Raras na Assembleia Norte no Rotary Club A delegação do Norte da Raríssimas, na pessoa da sua vice-presidente Joaquina Teixeira, marcou presença na reunião do Rotary Club da região Norte. Carlos Limas Santos, o presidente, enalteceu o trabalho desenvolvido pela instituição, demonstrando desde logo disponibilidade para apoiar os seus projetos. A todos os 25 membros deste Rotary Club, e em nome da Raríssimas, o nosso obrigadÍSSIMA. 4 PRPÁGINAS RARAS Fotos de Hugo Amaral A Raríssimas, em colaboração com a Assembleia da República, assinalou o Dia das Doenças Raras com a inauguração da exposição fotográfica Mais Perto do que é Raro. Esta iniciativa teve como objetivo a sensibilização para a problemática das doenças órfãs, nomeadamente, no que se refere à discriminação dos doentes no acesso a terapêuticas. Através da colaboração solidária de diversos fotógrafos portugueses de renome, foram captadas 26 imagens, a preto e branco, daqueles que sofrem deste tipo de patologias. Novo membro do Conselho Científico da Raríssimas Francisco Batel Marques, licenciado em Ciências Farmacêuticas e professor associado na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, é ainda Diretor no Centro de Avaliação de Tecnologias em Saúde da AIBILI (Associação para a Investigação Biomédica e Inovação em Luz e Imagem). Marco na Rarilândia O Programa de Educação Infantil sobre Doenças Raras, da chancela da Raríssimas, foi um dos projetos vencedores da Missão Sorriso, obtendo um apoio no valor de 28 000 euros. Raridades peninsulares O Presidente da FEDER, Juan Carrión Tudela e Jordi Cruz Villalba, membro da Direção da FEDER e responsável pela Formação e Investigação, deslocaram-se à capital portuguesa para reunirem com a Presidente da FEDRA, Paula Brito e Costa e o Secretário-geral Jorge Nunes. A discussão de interesses transversais às duas federações foram o ponto de ordem desta reunião de trabalho que promete dar os seus frutos em breve. 11 anos ao serviço dos doentes Foi no passado dia 12 de abril que a Raríssimas assinalou o seu aniversário. Foi da vontade materna, do desejo de igualdade e luta pela dignidade e qualidade de vida dos seus filhos que surgiu a Raríssimas. O acesso à informação, ao medicamento órfão, aos direitos que tinham enquanto mães de meninos diferentes era, afinal, transversal. Hoje, onze anos volvidos, sentimos o sabor de pequenas vitórias feitas de “sangue, suor e lágrimas”. A todos os que nos acompanharam ao longo destes 11 anos, o nosso obrigadÍSSIMA. Marco na Rarilândia é o título da obra infantil que irá ser distribuída nas escolas do 1.º ciclo. Este projeto, de alto valor pedagógico, explica de uma forma simples as doenças raras e como conviver com uma criança doente, promovendo a integração dos meninos com doença rara e/ ou deficiência. PRPÁGINAS RARAS 5 Amigos dos Marcos O Presidente do Hospital Infantil Sabará, de São Paulo, no Brasil, Dr. José Luiz Setúbal e o Presidente do BPI, Dr. Fernando Ulrich, deslocaram-se à Casa dos Marcos a fim de verificar a magnitude deste projeto dedicado às crianças com patologias raras. Da visita constou ainda uma reunião entre a Direção da Raríssimas e estes dois parceiros, tendo estado também presente a presidente da Raríssimas Brasil, Dra. Regina Próspero, a fim de agilizar ações futuras de colaboração entre as partes, em prol do desenvolvimento e implementação dos serviços desta casa, única no mundo, no seu modelo assistencial. 6 PRPÁGINAS RARAS A INATEL continua a apoiar a Raríssimas. Para mimar os nossos leitores oferecemos 1 fim de semana, para duas pessoas em APA, em qualquer unidade da INATEL. A frase mais original, contendo as expressões Raríssimas e INATEL, ganhará o fim de semana (para estadias Participe, em época média/baixa, até ao final de 2013). Uma oferta de: enviando até 30 de junho a sua frase para [email protected] e habilite-se! A todos os sócios da Raríssimas, as farmácias Sousa Torres e Nova de Ardegães oferecem descontos nos produtos adquiridos. Para ter acesso aos mimos proporcionados por estes parceiros solidários, deve entrar em contato com a delegação Norte da Raríssimas, através do número 229 608 463 ou do email [email protected] e solicitar uma declaração comprovativa da sua situação enquanto associado. A empresa Mape Vertical também se associou a esta causa, oferecendo a todos os associados descontos na aquisição dos seus artigos. Para informações mais detalhadas, contate-nos. O Health Club Holmes Place continua a oferecer a todos os associados da Raríssimas, 7 dias de utilização gratuita nos seus ginásios. Sinta-se em forma com este miminho Holmes Place/Raríssimas! Para ter acesso a todas as condições que envolvem estas ofertas, por favor, entre em contato com a Raríssimas através do telefone 217 786 100 (extensão 22). Não vai sair da cidade este verão ? QUE SORTE! Actual Investir no conhecimento Europa investiga C doenças raras Assegurar a qualidade de vida de milhares de doentes e perceber os mecanismos que envolvem muitas das doenças raras é a aposta da comunidade europeia C ento e quarenta e quatro milhões de euros é a de partilhar recursos e atuar além fronteiras. Segundo verba atribuída pela instituição que representa e Máire Geoghegan-Quinn, Comissária para a Invesdefende os interesses da União Europeia para a investigação, Inovação e Ciência, “a maioria das doenças tigação sobre doenças raras. raras afeta crianças, sendo em grande parte doenças Consideradas um assunto de saúde pública, dado genéticas devastadoras que resultam numa qualidade que afetam entre 27 a 36 milhões de europeus, as dode vida muito reduzida e na morte prematura. Espeenças raras requerem esforços comuns a fim de reduzir ramos que estes novos projetos de investigação permio número de pessoas afetadas, prevenir casos mortais tam aos pacientes, às suas famílias e aos profissionais entre os recém-nascidos e crianças e proteger a qualidade saúde aproximar-se da cura e encontrar apoio na de de vida e o potencial socioeconómico destes doentes. sua luta diária contra a doença”. Por essa razão, a comunidade europeia libertou recenPortugal dá o seu contributo ativo para esta investitemente um verba avultada que se destina, exclusivagação internacional através da participação no projeto mente, a apoiar 26 projetos de investigação, de cerca STRONG, que engloba o European Consortium for the de 300 investigadores, oriundos de 29 países da Europa Study of a Topical Treatment of Neovascular Glaucoe do resto do Mundo, incluindo equipas de instituições ma, realizados pela AIBILI - Associação para Invesacadémicas de renome, PMEs e associações de doentes. tigação Biomédica e Inovação em Luz e Imagem, com Doenças cardiovasculares, metabólicas e imunolósede em Coimbra. gicas raras serão o target destes projetos que irão tenO Glaucoma Neovascular é um tipo raro e agressivo tar explicar a origem e os mecanismos destas doenças, de Glaucoma que provoca perda completa de visão e é a para uma facilitação do diagnossegunda causa mais comum para Portugal foi tico precoce. Melhorar os trataa remoção do olho. A principal um dos países apoiados mentos existentes e desenvolver causa desta patologia é a oclusão graças à sua investigação novas formas de tratamento, da veia central da retina para a sobre Glaucoma estão igualmente na mira deste qual as terapêuticas existentes Neovascular, integrada grupo internacional de investisão manifestamente insuficienno projecto STRONG gadores, cujo objetivo final será o tes, uma vez que não impedem 8 PRPÁGINAS RARAS a destruição da retina. O que se propõe neste projeto é justamente desenvolver métodos que interrompam a produção do fator de crescimento endotelial vascular, que desempenha um papel importante na patogénese da doença. O estudo STRONG oferece novos insights sobre o curso natural da doença e fatores de risco, através da análise de um dos maiores grupos de pacientes de sempre. Além disso, permitirá uma nova classificação da doença, produzindo novas ferramentas de análise de imagem e criando biomarcadores, capazes de diferenciar entre pacientes de alto e baixo Doenças risco e respondedores ou não rescardiovasculares, pondedores às novas drogas. metabólicas e Os restantes 25 trabalhos de imunológicas investigação incidirão sobre um raras serão novo sistema bioartificial de suas áreas porte hepático para o tratamento financiadas pela da insuficiência hepática aguda, Comunidade operações avançadas de trataEuropeia mento de dados destinadas a desenvolver instrumentos de diagnóstico inovadores, biomarcadores e estratégias de rastreio de agentes terapêuticos contra doenças renais raras e o desenvolvimento clínico de um medicamento para o tratamento da Alcaptonúria. Estes projetos contribuirão para o desenvolvimento dos trabalhos já iniciados pelo IRDiRC (Consórcio Internacional para a Investigação sobre Doenças Raras). Lançado pela Comissão Europeia, este consórcio tem por principal objetivo apresentar, até 2020, 200 novas terapêuticas para doenças raras, bem como meios de diagnóstico adequados à maior parte destas doenças. Com os novos projetos, aproximam-se de 100 o número de projetos de investigação financiados pela UE nos últimos seis anos no domínio das doenças raras. No seu conjunto, representam um investimento de quase 500 milhões de euros. PRPÁGINAS RARAS 9 Acção Social DIREITOS DO DOENTE Produtos de apoio O Enfrentar uma doença rara é um desafio! Mas, existem alguns mecanismos que poderão ajudar o doente e a família a lidar melhor com as dificuldades inerentes à doença. Conheça as respostas que poderão estar ao seu dispor… O Sistema de Atribuição de Produtos de de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e Apoio (SAPA), criado pelo Decreto-Lei dos centros de reabilitação de outras entidades. n.º 93/2009 de 16 de Abril, contribui para que Quem prescreve os produtos de apoio? pessoas com deficiência ou incapacidade temOs produtos de apoios são prescritos em conporária possam aceder a produtos de apoio, de sulta externa, com vista a serem utilizados fora forma gratuita. Contudo, a atribuição destes do internamento hospitalar, e devem constar Carina Reis produtos varia consoante os despachos conda lista homologada de cada ano (norma ISO Assistente Social juntos dos Ministérios da Solidariedade e da 9999:2007). Linha Rara Segurança Social, Economia, do Emprego e O médico que efetuar a prescrição deverá da Saúde, assim como do Instituto Nacional para a Reasolicitar parecer técnico a um centro de recurso especialibilitação (INR), publicados anualmente, e que regulam o zado ou a uma instituição de reabilitação, para que identifinanciamento e a atribuição destes produtos para o ano fiquem o produto de apoio mais adequado para cada caso. em que são emitidos. Quais as entidades prescritoras O que são produtos de apoio? e como se encontram hierarquizadas? Anteriormente designados por ajudas técnicas, são equipaOs produtos de apoio/ajudas técnicas – PA/AT – e respetimentos, produtos ou instrumentos indicados na lista de provas entidades prescritoras, encontram-se hierarquizados por dutos de apoio, anualmente revista, e que poderão auxiliar níveis, de acordo com a rede de referenciação hospitalar de um doente e a família a enfrentar melhor Medicina Física e de Reabilitação: A atribuição as limitações resultantes da doença. • PA/AT Nível 1 – Centros de saúde e de um produto Para 2013, esta lista foi aprovada atrahospitais de nível 1; de apoio vés do despacho n.º 16313/2012 de 21 de • PA/AT Nível 2 – Hospitais de nível 1 deve ser sempre Dezembro, II Série. plataforma B e hospitais distritais; um processo Quem financia os produtos de apoio? • PA/AT Nível 3 – Hospitais distritais plaindividualizado, O financiamento é feito através dos centaforma A, hospitais centrais, centros estendo em conta tros distritais do Instituto da Segurança pecializados com equipa de reabilitação, as necessidades Social (ISS), de instituições hospitalares constituída por médico e pessoal técnico básicas de indicadas pelas Administrações Regionais especializado, de acordo com a tipologia cada doente de Saúde (ARS), dos centros do Instituto da deficiência. 10 PRPÁGINAS RARAS O doente deverá garantir a adequada utilização do produto de apoio. Na eventualidade de não necessitar do mesmo deve devolvê-lo à entidade que o forneceu para reutilização Como ter acesso ao financiamento dos produtos de apoio? O financiamento dos produtos de apoio prescritos pelos centros de saúde e pelos centros especializados efectua-se através dos centros distritais do Instituto da Segu- rança Social da área de residência do utente, mas requer a avaliação da necessidade e impacto que o produto de apoio trará para o doente. As instituições hospitalares, indicadas pelas Administrações Regionais de Saúde, financiam os produtos de apoio que prescrevem, após a realização de uma avaliação médico-funcional e sócio-familiar. Os produtos de apoio para a manutenção e progressão no emprego ou para acesso a formação profissional, podem ser obtidos através dos centros de emprego do IEFP, do Centro de Reabilitação Profissional de Alcoitão e dos centros de reabilitação de outras entidades. Qual o papel do doente neste processo e que documentos terá de entregar? O doente deverá sempre falar com o seu médico de família ou médico assistente e pedir encaminhamento no âmbito dos produtos de apoio, tendo em consideração as suas necessidades. Os passos que o doente terá de dar dependem do nível de prescrição do produto de apoio. Os doentes raros habitualmente necessitam de entregar ao médico prescritor uma fotocópia legível do cartão do cidadão e três orçamentos distintos para a aquisição do produto de apoio, actualizados, e referentes ao ano do pedido, que serão posteriormente anexados à ficha de prescrição. Fontes: www.inr.pt/content/1/633/enquadramento-legal www.inr.pt/content/1/59/ajudas-tecnicas-produtos-de-apoio Para mais informações contacte a Linha Rara através do número 707 100 200 (custo da chamada € 0,10 rede fixa; € 0,25 rede móvel; Tarifação ao segundo, a partir do 1.º minuto, acresce IVA à taxa legal em vigor) ou do e-mail [email protected]. Na próxima edição, iremos abordar os direitos do doente no trabalho. PRPÁGINAS RARAS 11 Em foco Doenças reumáticas Espondilite Anquilosante D Afeta entre 50 a 80 mil portugueses e é a grande representante das espondilartrites. Dia 4 de Maio assinala-se o Dia Mundial da Espondilite Anquilosante. Fique a conhecer a doença D e caráter crónico, a Espondilite Anquilosante é responsável pela perda de qualidade de vida de milhares de portugueses. Apesar de não existir cura, os sintomas da doença têm sido controlados nos últimos anos graças à introdução dos inibidores de TNF-a, medicamentos biológicos, produzidos a partir de células vivas. A Espondilite Anquilosante, também conhecida como doença de Bechterew ou doença de Marie-Strümpel, foi descrita em 1973, por Brewerton e pertence ao grupo de doenças que afetam primariamente a coluna vertebral, – as espondilartrites – embora as articulações periféricas e algumas estruturas extra-articulares também possam estar envolvidas. A Espondilite Anquilosante afeta três a cinco homens por cada mulher e carateriza-se pelo acometimento da coluna vertebral, das articulações sacro-ilíacas (sacroileíte), das articulações periféricas (principalmente nos membros inferiores) e das regiões onde os tendões encontram os ossos (enteses), causando entesites. Na mulher, a doença tem um envolvimento articular mais periférico do que axial, com início entre a puberdade e os 35 anos, e atingindo o seu pico na segunda década de vida. 95% dos doentes apresentam positividade para o marcador genético HLA-B27, envolvido no processo de inflamação e defesa do organismo humano. Acredita-se na possibilidade de existirem outros marcadores genéticos diferentes do HLA-B27 que, em associação com agentes ambientais, poderão estar ligados ao desenvolvimento da Espondilite, concluindo-se desta 12 forma que a doença pode ter origem multifatorial, dependendo da correlação entre fatores genéticos e ambientais. A doença apresenta, habitualmente, no seu início, dor no quadril ou na coluna lombar, que se irradia para as nádegas com uma duração maior do que 3 meses, melhorando com a movimentação e piorando com o repouso e a imobilidade do corpo. Esta dor costuma piorar à noite e ao acordar, podendo ser acompanhada de rigidez da bacia e da coluna. Em fases tardias do envolvimento axial os espondilíticos costumam desenvolver a postura de esquiador, facilmente diagnosticada pela acentuada cifose dorsal e retificação da Caraterização da doença MulheresHomens Idade média (anos) 53,3 43,1 Raça (Caucasiana/Negra) 8/1 15/3 Média de anos de escolaridade 4,88 7,7 Tempo de demora diagnóstico em anos (média) 17,9 7,23 Manifestações extra-axiais 7 10 Presença do HLA B27 (nº de doentes) 8 16 Média do valor de Schober 1,28 1,4 Média do valor de Mander 11,6 4,83 Média do valor de BASDAI 50,04 26.1 Média do valor de BASFI 63,9 32,9 Fonte: “Acta Reumatológica Portuguesa-2002:27:241-249” PRPÁGINAS RARAS lordose lombar, somada à tendência para o arqueamento dos joelhos, que se flexionam de maneira compensatória. A Artrite predomina nas grandes articulações de membros inferiores - tornozelos, joelhos e coxofemorais. Tratamento alivia a dor O tratamento da Espondilite consiste, fundamentalmente, em fisioterapia, fisiatria e atividade física regular, visando manter a mobilidade e evitar a anquilose vertebral. A nível químico estão previstos os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) eficazes no controlo das dores e rigidez da coluna, da artrite periférica, quando esta ocorre, e das tendinites. Estes fármacos modificam os sintomas mas não suprimem a progressão da doença. Os corticoides podem também ser utilizados em injeções intra-articulares ou localmente, ao nível dos tendões inflamados. Atualmente, existem os chamados tratamentos biológicos que se apresentam como agentes capazes de atenuar/suprimir a inflamação e assim atrasar/parar as lesões articulares caraterísticas da doença. Estas drogas são utilizadas quando a medicação tradicional não é eficaz. Os doentes que recorrem a estes tratamentos têm menos internamentos, menos cirurgias, menos baixas médicas e mais qualidade de vida, além de gastarem menos dinheiro. Em certos doentes, a cirurgia ortopédica, sobretudo do joelho e da anca, é de enorme interesse para o alívio e melhoria da postura e mobilidade. O HLA-B27 é o marcador genético da doença, envolvido no processo de inflamação A fisioterapia e a terapia ocupacional mostram-se benéficas para a melhoria e/ou manutenção de alguns sinais e sintomas, promovendo ganhos funcionais, melhorando a qualidade de vida e autonomia dos pacientes PRPÁGINAS RARAS 13 Capa Anomalias Sexuais Quando Ele era Ela! C Menino ou menina? A questão, de resposta aparentemente fácil, nem sempre apresenta um resultado verídico. Há crianças cujas características sexuais não permitem a assunção de um género… C oy Mathis, um menino de seis anos, foi proibido de usar os balneários femininos na escola que frequenta, no Colorado, nos EUA. Nascido rapaz, Coy demonstrou precocemente que o seu sexo não correspondia às suas ambições: rejeitou desde cedo determinados brinquedos em favor de outros mais femininos e sempre preferiu os vestidos da irmã. Percebendo esta ambiguidade, os pais decidiram que o menino deveria adotar o sexo que sentia. «Poderíamos forçá-la a ser o que ela não era, mas isso acabaria por lhe trazer mais danos emocionais”, confessa a mãe, Kathryn Mathis. De Manchester chega o relato de Andrew Wardle, um homem de 39 anos que nasceu sem pénis e que, ao fim de três décadas a esconder o seu problema, vai finalmente recuperar a sua autoestima através de uma cirurgia de correção. Sexos Raros Normal X X 14 PRPÁGINAS RARAS Anormal Anormal (Síndrome de Turner) (Síndrome de Klinefelter) Estéril X Estéril X XY Normal XY Andrew Wardle e Coy Mathis são dois casos de ambiguidade sexual provocada por alterações cromossomáticas e que, graças ao avanço das mentalidades e da própria Medicina, podem agora viver de acordo com o sexo que realmente sentem A questão que habitualmente os papás colocam aos médicos – É menino ou menina? – parece nem sempre ter uma resposta concreta. Segundo dados estatísticos, anualmente, uma em cada 4500 crianças nasce sem sexo definido. São as chamadas anomalias dos cromossomas sexuais e que resultam de erros na não disjunção durante a gametogénese (produção de células sexuais), onde um espermatozoide ou um óvulo produz um cromossoma sexual extra. «A estas situações damos o nome de doenças de desenvolvimento sexual, e podem ter as mais variadas causas - mistura de material genético ou mau funcionamento das enzimas da suprarrenal», explica Paolo Casella, diretor do departamento de Cirurgia Pediátrica do hospital D. Estefânia. Foi justamente o que aconteceu com Maria (nome fictício). Grávida de gémeas, ela veio a confrontar-se com uma realidade deveras estigmatizante. Apesar da ecografia anunciar a chegada de duas meninas, a amniocentese viria a revelar que afinal estava grávida de uma menina e de um menino, embora o rapaz apresentasse órgãos genitais femininos. «O que acontece é que a mãe está a gerar uma criança do sexo feminino, mas essa criança está a ser influenciada por hormonas do sexo masculino, produzidas pela mãe ou pelo feto, e a criança vai virilizar”, aponta Paolo Casella. Em Portugal nascem, por ano, 20 bebés com estas caraterísticas. Para os pais, o choque de perceber que o seu bebé apresenta um clítoris diferente ou um pénis mal formado, por exemplo, leva a um estado de ansiedade nem sempre bem resolvido pela equipa médica que acompanha o caso. Esta é, aliás, uma das celeumas lançadas pela Sociedade Norte-americana de Intersexo, que defende que a maioria das operações feitas na infância deve ser deixada para quando o jovem já tem capacidade de decisão. Porém, conforme explica o pediatra “para os pais é sempre um trauma quando são confrontados com uma situação desPRPÁGINAS RARAS 15 Capa tas e, habitualmente, pedem aos médicos para resolver o problema o mais rapidamente possível”. Por isso, o apoio a estes pais deve ser feito através de uma equipa multidisciplinar, constituída por endocrinologista pediátrico, pediatra, geneticista, pedopsiquiatra e cirurgião e a decisão precoce deve ser sempre tomada em conjunto com os pais e baseada em vários exames médicos para se obter um diagnóstico preciso. Anomalias da Diferenciação Sexual As anomalias dos cromossomas sexuais são classificadas como monossomias e trissomias, observadas em diversas anormalidades, como nos cariótipos 47, XXX, 47, XXY, 47, XYY ou 45, X. As monossomias caracterizam-se pela perda de um ou mais cromossomas e as trissomias têm como principal factor etiológico uma idade materna avançada e o aumento do número de cromossomas sexuais extras, sendo a severidade da doença aumentada proporcionalmente ao número de cromossomas extras, em que a mais comum é a síndrome de Klinefelter, doença que afecta 1 em cada 1000 homens. Situações em que o sexo gonadal (ovários ou testículos) e o sexo fenotípico (a aparência masculina ou feminina) não estão de acordo, embora raras, devem ser encaradas com a devida preocupação. Uma criança com ambiguidade genital deve ser sempre vista como uma emergência médica. Em casos óbvios, o diagnóstico é feito com rapidez mas, em algumas situações, deverão ser efectuados exames e até mesmo uma abordagem cirúrgica com biopsia gonadal para que se obtenha a correta definição do sexo. O uso de determinados medicamentos, potencialmente virilizantes, pela mãe durante a gravidez pode induzir a uma virilização de um feto feminino, que acaba por nascer com ambiguidade genital. Doenças como a hiperplasia congénita de suprarrenais, poderão levar a graus variados de virilização, facilmente identificáveis através da palpação das gónadas do bebé; caso elas não sejam palpáveis, estaremos perante um caso de hiperplasia congénita de suprarrenais. Por outro lado, quando há gónadas palpáveis, geralmente o cariótipo é 46,XY e a gónada é um testículo ou um ovotéstis (onde uma parte da gónada é testículo e outra parte é ovário), poderemos afirmar estar na presença de um hermafroditismo verdadeiro. Quando mudar O estudo contrastado dos ductos internos (genitograma) pode dar informações quanto à presença de derivados mullerianos (útero, trompas, terço proximal de vagina) e oferecer ao cirurgião elementos para um planeamento cirúrgico. A ultrassonografia tem também mostrado ser útil para evidenciar a presença de útero e/ou cavidade vaginal, bem como demonstrar gónadas em situação intra-abdominal, 16 PRPÁGINAS RARAS sem no entanto permitir a caraterização do tipo de gónada presente. O facto de, por vezes, não serem encontradas gónadas no ultrassom não significa, necessariamente, que tais estruturas não estejam presentes, havendo necessidade, em casos selecionados, de laparotomia exploradora ou laparoscopia para uma completa elucidação das estruturas presentes e o consequente planeamento terapêutico. Segundo Paolo Casella, alguns destes casos de ambiguidade sexual podem ser resolvidos através de cirurgia correctiva. Por exemplo, “podem ser preservados os corpos cavernosos que formam o pénis e escondê-los por debaixo dos grandes lábios da vagina”, diz. Muitas vezes o sexo gonodal e fenotípico não estão de acordo, o que cria situações de conflito entre a aparência física e o sexo Síndrome da Insensibilidade Androgénica (SIA) Indivíduos com SIA têm um cromossoma X e um Y tal como os homens comuns. No entanto, apresentam irregularidades no cromossoma X o que faz com que o organismo fique parcial ou completamente insensível aos androgénios (hormonas responsáveis pelo desenvolvimento do sistema reprodutor masculino). Como consequência, os órgãos sexuais não se desenvolvem normalmente. No caso de insensibilidade parcial aos androgénios (IPA), existe um espectro de apresentações possíveis: os órgãos sexuais podem desenvolver-se como masculinos, ou mostrar um grau variável de ambiguidade. No caso extremo da insensibilidade completa aos androgénios (ICA) os órgãos sexuais tomam uma forma feminina. Em qualquer dos casos, a insensibilidade aos androgénios previne ou impede as manifestações físicas de masculinidade antes do nascimento e durante a puberdade, dando ao rapaz uma forma mais feminina. Indivíduos com SIA são inférteis. Pentassomia X Anomalia dos cromossomas sexuais causada pela presença de três cromossomas X extra em indivíduos do sexo feminino (49,XXXXX em vez de 46,XX). De prevalência desconhecida estão descritos na literatura menos de 40 casos. A Pentassomia X está associada a atraso no desenvolvimento, baixa estatura, anomalias craniofaciais e anomalias músculo-esqueléticas e, embora os genitais externos sejam geralmente normais, encontram-se também descritas disfunções gonadais. Pensa-se que a Pentassomia X surge como resultado de sucessivas não-disjunções (efeito de segregação de cromossomas) durante a meiose (divisão celular) materna. PRPÁGINAS RARAS 17 Capa Klinefelter Anomalia cromossómica caracterizada pela presença de um cromossoma sexual extra (47,XXY). O cromossoma sexual adicional resulta da não-disjunção dos cromossomas homólogos durante a divisão meiótica (pode ter uma origem paterna 50-60% ou materna 40-50%). A apresentação clínica é ténue e a maioria dos casos é diagnosticada de forma inesperada, em diagnóstico pré-natal, ou já na idade adulta, aquando de uma eventual investigação de infertilidade (25% dos casos). Geralmente os portadores desta patologia têm uma variedade de sinais clínicos subtis, relacionados com a idade: na infância os testículos não estão descidos, na adolescência apresentam um desenvolvimento pubertário incompleto, testículos pequenos ou ginecomastia (tecido mamário desenvolvido) e, na idade adulta, têm infertilidade ou tumor mamário. Geralmente, a orientação sexual, identidade de género e sexualidade são normais nestes indivíduos. Caso o diagnóstico se faça precocemente, deve realizar-se, por volta dos 10 anos de idade, uma avaliação endocrinológica e programar o início da terapêutica hormonal com testosterona, após a confirmação do hipogonadismo hipergonadotrófico. Esta medida estimula o aparecimento do pelo facial e o desenvolvimento muscular, melhora a falta de energia e da libido, previne a osteoporose e aumenta a autoconfiança e o bem estar pessoal. Dado que a maioria é infértil, é importante a referenciação em consulta de medicina da reprodução. A biopsia testicular permite obter espermatozoides viáveis em mais de 50% dos casos, para posterior fertilização in-vitro. Como apresentam risco aumentado de cancro da mama estes individuos devem ser alertados para a importância do autoexame. A ginecomastia pode ser corrigida por cirurgia estética. Turner A síndrome de Turner tem uma prevalência de 1 em cada 3000 nascimentos, e afecta apenas indivíduos do sexo feminino porque os do sexo masculino têm habitualmente morte prematura. As mulheres Turner apresentam genitália de aparência juvenil, ovários atrofiados e desprovidos de folículos. Devido à deficiência de estrógenos elas não desenvolvem as caraterísticas sexuais secundárias ao atingir a puberdade: não menstruam, têm os grandes lábios despigmentados, pêlos púbicos reduzidos ou ausentes, desenvolvimento pequeno e amplamente espaçados da mama ou até ausência de mama e pelve androide (masculinizada). Avaliação Psicológica Um dos grandes problemas deste tipo de desordens reside no “ser diferente. Estas pessoas têm tendência a isolarem-se”, salienta o psiquiatra e sexólogo Francisco Allen Gomes. Por se sentirem diferentes estes indivíduos são geralmente mais vulneráveis. São casos de grande complexidade que se agravam na adolescência. 18 PRPÁGINAS RARAS A caracterização destes casos é de tal modo difícil que a Associação Americana de Psiquiatria os identifica no 5.º American Psychiatric Association’s Diagnostic Manual como uma ansiedade de género/conflito sexual. A maioria das investigações efetuadas em crianças revela que muitos destes casos tendem a aproximar-se, gra- dualmente, do seu “género” natural mas, muitos especialistas preferem ajudar estes doentes a ajustarem-se à sua realidade. Talvez por isso, “as pessoas que não são exatamente como a maioria, tenham necessidade de se associar em grupos, vulgarmente conhecidos como de autoajuda”, refere Allen Gomes. Triplo X, A síndroma XXX é uma anomalia dos cromossomas sexuais, caracterizada pela existência de um cromossoma X a mais, em indivíduos do sexo feminino. Na origem desta anomalia cromossómica está um erro na divisão dos cromossomas, na maioria dos casos aquando da formação dos óvulos ou dos espermatozoides. 80% a 90% dos casos têm origem materna, existindo uma correlação positiva com a idade materna. A frequência desta patologia é de 1 em 1000, embora se calcule que apenas 10% das afetadas estejam diagnosticadas. As doentes têm um desenvolvimento físico normal com um desenvolvimento pubertário e sexual coerente, embora algumas possam sofrer de menopausa precoce. Apesar de, teoricamente, uma mulher com XXX ter riscos aumentados para ter descendentes com um cromossoma X a mais, na prática isso não se tem verificado e os filhos destas mulheres têm geralmente uma constituição cromossómica normal. XYY A síndrome duplo Y é uma condição genética em que os homens tem um cromossoma Y extra nas suas células (47, XYY). Esta condição também pode ocorrer na forma de mosaico (46, XY Existem uma série / 47, XYY), onde apenas de síndromes raras parte das células têm um que têm presentes cromossoma em excesso. alterações do sexo Na maior parte das vezes fenotípico e/ou gonodal esta síndrome é assintomática, sendo a sua incidência estimada em 1 por cada 1000 nados vivos. Apesar dos indivíduos com esta alteração cromossómica poderem ser um pouco mais altos, o seu desenvolvimento sexual e reprodução são normais. PRPÁGINAS RARAS 19 SOS A cura da partilha Terapia animal S Amor incondicional, dedicação extrema, carinho absoluto. Eis a receita prescrita pelos doutores animais que, juntamente com técnicos, operam verdadeiros milagres nos doentes que, diariamente, ajudam a recuperar “S e um animal pode reduzir o stress ou mudar, artificialmente, a percepção das crianças, uma criança com um espectro do autismo pode sentir-se mais confortável e aberta aos desafios sociais” revela Marguerite E O’Haire, da universidade de Queensland, na Austrália, coordenadora de um estudo sobre a influência dos animais em crianças com espetros relacionados com o autismo. Efectivamente, de há uns anos a esta parte os especialistas têm vindo a verificar as potencialidades que os animais possuem na recuperação e ajuda de pessoas com deficiências diversas. Através de vários estudos efetuados, verificou-se que a terapia assistida por animais serve como uma terapia adjuvante ou facilitadora para várias doenças e condições em seres humanos. Este tipo de terapia tem como objectivo a introdução de animais, principalmente de cães, junto a terapias com a ajuda da Mikas e do Faísca, terapeutas de um individuo ou a um grupo, tornando o animal parte inquatro patas, e os resultados são absolutamente fantásticos. tegrante do processo de tratamento. O cão é habitualmenO homem descobriu nos animais a sua capacidade de te utilizado como um facilitador, mediador de atividades proporcionar melhorias no campo da psicoterapia, eduterapêuticas, sejam elas destinadas à reabilitação física, cação especial e reabilitação. A utilização de animais emocional ou ajustamento social. Foi justamente a pensar como parte de um programa terapêutico foi registado, na influência positiva que a utilização de animais tem na pela primeira vez, no século IX, em recuperação, em especial das crianças, O cão é utilizado como Gheel, na Bélgica, onde pessoas que o Centro RarÍSSIMO da Maia e a mediador de atividades com necessidades especiais foram Associação Cães Amigos celebraram terapêuticas, sejam elas autorizadas a cuidar de animais doum protocolo de colaboração. Assim, destinadas à reabilitação mésticos. Nos anos 60, graças ao os meninos raros que a nossa instituifísica ou emocional psicólogo infantil americano, Boris ção acompanha têm realizado as suas 20 PRPÁGINAS RARAS raras, autismo, timidez patológica, alterações emocionais ou falta de sociabilidade, entre outros. Cães de Assistência © José Pedro Tomaz A Kuka é uma referência no que se refere à ajuda animal na mobilidade. A sua dona sofre de nanismo dismórfico o que lhe causa diversos inconvenientes, numa sociedade construída à imagem de pessoas sem quaisquer problemas físicos. Assim, é esta Labradora que auxilia a dona num sem número de tarefas, para as quais foi devidamente treinada, como acender luzes, chamar elevadores, carregar a mala de mão, etc. A Kuka é apenas um dos muitos animais que a ÂNIMAS treina para prestar auxílio a pessoas com deficiência – é o chamado cão de serviço, uma categoria de cão de assistência. Segundo a International Association of Assistance Dog Partners (IAADP), um cão de assistência é um cão individualmente educado para realizar tarefas que aumentem a autonomia e a funcionalidade da pessoa com deficiência. Existem várias categorias de cães de assistência: Cão guia – auxilia pessoas com deficiência visual; Cão de alerta – avisa pessoas, por exemplo, com epilepsia, da possível ocorrência de um ataque; Cão para surdos – indica fontes sonoras a pessoas com deficiências auditivas; Cão de serviço – auxilia pessoas com incapacidades motoras. A raça mais utilizada como cão de serviço é o Labrador Retriever pelas suas características comportamentais. É um cão atento, com grande capacidade de aprendizagem, basicamente sem características agressivas, com baixa sensibilidade táctil e muito alegre, interativo, simpático e visualmente atraente. As modalidades de reabilitação equestre mais utilizadas entre nós: a hipoterapia, a equitação terapêutica e a atrelagem adaptada são abordadas nesta obra de alto valor didático Levinson, assiste-se ao ressurgimento da terapia baseada em animais. Cães e gatos tornam-se assistentes ou co-terapeutas. Hoje, quase ninguém discute os benefícios da integração de animais nos protocolos dos centros para o tratamento de doentes mentais ou em programas educacionais para instituições que necessitam de ajuda especial, tais como a população prisional, idosos em lares com depressão, Alzheimer ou crianças com doenças PRPÁGINAS RARAS 21 Flash O biólogo e geneticista Gustavo Tiscornia, da Universidade do Algarve, encontra-se a investigar uma possível terapêutica para uma variante da doença de Gaucher, fatal em bebés. O investigador baseou o seu trabalho na descoberta do Nobel da Medicina, Shinya Yamanaka, de que as células maduras podem ser reprogramadas para se tornarem pluripotentes. Por ser impossível remover neurónios do cérebro, o cientista optou por retirar uma célula da pele de uma criança doente, através de uma pequena biopsia, e produziu uma célula pluripotente, diferenciando-a em neurónios. «A partir daqui temos no laboratório neurónios com a doença genética e podemos estudá-la», explicou. A doença de Gaucher afeta o cérebro desde o nascimento e limita a esperança de vida. Os sintomas da doença manifestam-se muito rapidamente, levando à degeneração e morte gradual dos neurónios. 22 PRPÁGINAS RARAS A farmacêutica BioMarin acaba de submeter à FDA (entidade americana reguladora do medicamento) uma nova enzima para o tratamento de Morquio A ou MPS IV A, uma doença ge- Mary Louise Markert, do departamento pediátrico da Universidade de Duke, nos EUA, encontra-se a liderar um grupo de investiga- ção que pretende tratar uma forma grave de DiGeorge, uma síndrome fatal caraterizada por um tipo de imunodeficiência primária. Para isso, os investigadores estão a fazer transplantes de timo, um pequeno órgão localizado junto ao coração. «O timo funciona como uma escola, onde um tipo muito importante de célula de defesa – o linfócito T – amadurece e aprende a proteger o corpo contra os patógenos. Na forma completa da síndrome de DiGeorge não há linfócitos T na corrente sanguínea do doente, o que significa que ele está completamente vulnerável a infeções», explica Louise Markert. A equipa já realizou o procedimento em 64 crianças com a forma completa de DiGeorge e em outros dois portadores de imunodeficiência das células T, graças a uma mutação no gene Foxn1. nética caraterizada pela deficiência de uma das duas enzimas envolvidas na degradação do sulfato de queratano e que provoca baixa estatura e doença óssea grave. «Acreditamos que esta substância oferece um benefício substancial para doentes com MPS IVA, uma doença altamente debilitante e progressiva para a qual não há tratamento atualmente», afirma Hank Fuchs, diretor clinico da BioMarin, que adianta que a colocação desta terapêutica de reposição enzimática representa um marco significativo para a BioMarin e é o resultado do esforço, colaboração e trabalho árduo de colaboradores, investigadores, doentes e seus familiares. “Estamos ansiosos para levar este tratamento aos doentes», conclui Hank Fuchs. Reportagem Dia Mundial da Mulher Mulheres empreendedoras O O GRACE - Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial - assinalou o dia Mundial da Mulher com um encontro de mulheres que ocupam cargos de liderança O mais recente relatório da Comissão Europeia sobre igualdade de género defende que a efetiva igualdade entre homens e mulheres é essencial para que a União Europeia dê resposta à atual crise económica. Em Portugal, a Resolução em Conselho de Ministros veio tornar obrigatória a adoção de planos de igualdade em todas as entidades do setor empresarial do Estado e determinar, como objetivo, a presença plural de mulheres e de homens nas nomeações ou designações para cargos de administração e de fiscalização no setor empresarial do Estado. A meta estabelecida pela Comissão Europeia vai ainda mais longe e determina que, em 2015, 30% dos membros dos conselhos de administração devem ser mulheres e a representação feminina deve passar a ser de 40%, até 2020. Na sequência do trabalho desenvolvido pelas entidades governamentais portuguesas, o GRACE organizou um encontro de mulheres que se destacaram ao longo dos últimos anos no mundo empresarial, particu- larmente no Terceiro Setor. Uma das maiores representantes portuguesas deste setor é, justamente, Paula Brito e Costa, Presidente da Raríssimas e da FEDRA que, ao longo dos últimos 11 anos, fez das doenças raras ponto de agenda política. O Auditório da Vieira de Almeida & Associados serviu de palco a este encontro onde, ao longo de três horas, foi possível partilhar experiências, opiniões e conselhos sobre o papel da mulher no panorama laboral nacional. A moderação do encontro ficou a cargo de Gonçalo Cavalheiro, membro da Direção do GRACE, que conduziu um painel de oradoras onde, além de Paula Brito e Costa, constavam os nomes de Ana Loya (Managing Partner da Ray Human Capital), Clara Moura Guedes (Administradora-delegada da Queijo Saloio), Manuela Calhau (Administradora de Marketing & Inovação para a Europa e Novos Mercados da Sonae Sierra), Sandra Correia (CEO da Pelcor), Catarina Furtado (Presidente de Direção da Associação Corações com Coroa), Dulce Rocha (Vice-Presidente do Inst. Apoio à Criança) e Joana Santiago (Presidente do BIPP). O evento terminou com o inspirador discurso da Secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade, Teresa Morais, que deixou uma mensagem de esperança no caminho para a igualdade de oportunidades entre os géneros. PRPÁGINAS RARAS 23 Psicologia Dar nome à doença Comunicação assertiva e compassiva Q Dar um mau diagnóstico a um doente é uma tarefa que carece de ponderação, sinceridade e, acima de tudo, sensatez. Os profissionais da saúde devem sempre esclarecer todas as dúvidas do doente, procurando sempre perspetivar a doença de uma forma positiva Q uando damos uma boa notícia a alguém uma doença grave e incurável é uma tarefa raramente nos detemos a ponderar sobre extremamente difícil, que exige ponderação, a melhor forma de o fazer. Fazemo-lo normalpreparação e sensatez. Dar um nome à doenmente, de forma espontânea, imediata e até ça, desprovido de um significado e de forma eufórica. Mas, quando prevemos que essa menincompreensível para o doente, não é suficiente sagem pode provocar sofrimento no outro, não para aliviar a sua angústia, muito pelo contráMafalda da Costa o fazemos de modo irrefletido. Pelo contrário, rio. É importante que o profissional de saúde Psicóloga ficamos apreensivos, receosos da reação do ouconsiga gerir as próprias hesitações e dúvidas e tro e de não saber lidar com essa reação. salvaguardar que essas emoções não transpareO período que medeia os primeiros sinais de uma doçam, em larga escala, para o doente e, por outro, consideença até à obtenção de um diagnóstico conclusivo é, por rar que a notícia de uma doença grave causará no doente, vezes, bastante longo e vivido com grande ansiedade. A inevitavelmente, grande sofrimento, para além de poder expectativa de um diagnóstico envolve-se de uma grande vir a frustrar as suas esperanças num prognóstico favorátensão emocional, não só para o doente mas para todos vel. Quando se trata de uma doença desconhecida, da qual os que o acompanham. Depois de um longo período de nunca ou raramente se ouviu falar, o “nome” finalmente incerteza, muitos exames clínicos e viagens a serviços atribuído ao seu estado de saúde pode vir aumentar as dúde saúde, o doente e a família anseiam vidas e receios em relação ao futuro e Mais do que apenas por um nome, um “rótulo” que lhes provocar fortes sentimentos de impoum nome, muitas vezes tência, inutilidade e até mesmo culpa. permita dar significado a tudo aquilo incompreensível que estão a viver. A pessoa sente que Mais do que um simples nome, é ime difícil de pronunciar, esse “rótulo” virá aliviar parte das suas portante esclarecer o doente e a família o doente procura no angústias ao esclarecê-lo acerca do que sobre o que é, na prática, essa entidade diagnóstico a resposta é a doença, das suas causas e, adicionosológica, em que consiste, e quais as para as suas dúvidas nalmente, de como gerir e/ou tratar os suas implicações no presente e no futue uma ajuda para sintomas e curar-se. ro, sendo fundamental reunir o máximo planear o seu futuro Comunicar a alguém que sofre de de informação possível e credível acer- 24 PRPÁGINAS RARAS A comunicação do diagnóstico não foca apenas aspectos clínicos, abordando também facetas emocionais ca da doença, por forma a poder dar resposta às questões que o doente possa vir a colocar quando confrontado com o diagnóstico. Se, por um lado, o excesso de rodeios e de cuidado podem transmitir insegurança e contribuir para aumentar a preocupação do doente, demasiada objetividade pode, num momento de fragilidade emocional, ser sentida pelo doente como insensibilidade ou mesmo agressividade. Assim, toda a informação deve ser a mais precisa e concisa possível e ser fornecida, na medida das necessidades presentes, numa linguagem compreensível para o doente. Porque nada na vida é preto no branco, a comunicação não deve simplesmente focar-se nos aspetos negativos mas evidenciar, também, de forma realista e sem alimentar falsas expectativas no doente, os aspetos positivos de se conhecer o diagnóstico e eventuais ganhos em saúde que se possam prever. Não obstante, por mais assertiva que seja a forma de o comunicar, o diagnóstico de uma doença grave e crónica é sempre uma circunstância de vida avassaladora. Por maior preparação e mentalização prévias, é expectável que o doente se sinta desiludido, desamparado e impotente face ao diagnóstico e ao prognóstico. É, por isso, de extrema importância garantir que terá uma rede de suporte, acautelando o apoio psicossocial, de forma a que o doente não sinta que sai do consultório sozinho rumo a um futuro sem nome. PRPÁGINAS RARAS 25 Rostos ANDREIA BERNARDO – COORDENADORA ‘Somos um facilitador e um ombro amigo’ T Este espaço destina-se a dar a conhecer os colaboradores da Raríssimas, a nível profissional e pessoal. Conheça a história da responsável pela helpline Linha Rara T erapeuta da fala, Andreia Bernardo integrou a equipa Raríssimas em 2010, fazendo das doenças raras a sua mais grata causa. O que a levou a escolher esta profissão? Sempre gostei de ajudar e sabia que iria para uma área relacionada com a saúde. Tive conhecimento desta profissão através de uma amiga de infância que contava as histórias que se passavam no gabinete e isso deixou-me muito sensibilizada com aquelas pequenas vitórias que me pareciam tão importantes. Graças a este interesse, procurei saber um pouco mais sobre a profissão e isso obrigou-me, inclusive, a deslocar-me de Viana do Castelo, a minha terra natal, para Setúbal. Falou da influência da sua amiga. Que estória recorda dela com maior intensidade? Foram várias, especialmente envolvendo crianças com perturbações de desenvolvimento e necessidades educativas especiais e que são estórias em que as pequenas vitórias fazem uma grande diferença. São crianças e famílias que tendo um prognóstico às vezes bastante reservado, conseguem 26 PRPÁGINAS RARAS ficar felizes e dar a devida importância a estas pequenas conquistas. Qual a função de um terapeuta da fala? É comum ouvirmos dizer que o terapeuta da fala “ensina as crianças a falar”, mas na realidade a terapia da fala é muito mais do que isso. O terapeuta da fala é essencialmente responsável pela avaliação e tratamento das perturbações que envolvem a comunicação, a linguagem, a fala (incluindo aqui a articulação verbal, a voz e a fluência) e a deglutição. Estas alterações podem ocorrer em qualquer etapa da vida da pessoa e podem surgir de forma isolada ou associadas a quadros clínicos mais abrangentes, como é o caso das doenças raras. Acima de tudo, o terapeuta da fala tem como função a promoção da qualidade de vida e da autonomia do doente. “O terapeuta da fala é essencialmente responsável pela avaliação e tratamento das perturbações que envolvem a comunicação, a linguagem, a fala e a deglutição” É mais difícil reabilitar uma criança ou um adulto? Depende dos casos – a origem e as características da alteração da fala, por exemplo. No geral, é tanto mais difícil estimular uma competência que ainda não existe numa criança, como recuperar uma capacidade perdida num adulto. No entanto, a envolvência emo- Andreia Bernardo sempre sentiu vocação para ajudar os outros e viu na Raríssimas o meio perfeito para o fazer cional do adulto faz-nos valorizar ainda mais este tipo de recuperação até porque a criança não tem, muitas vezes, a consciência da dificuldade que tem. Qual a problemática mais apresentada pelos pais das crianças aos terapeutas? Normalmente os pais estão mais atentos às alterações da fala, porque são mais evidentes – “o meu filho não diz o som lhe…”, por exemplo. Já as questões de linguagem - a construção frásica, o vocabulário, as concordâncias – são muito mais refinadas e, por isso, muitas vezes escapam aos pais e aos educadores, ou então são detetadas mais tarde. Como teve o seu contato com a Raríssimas? Em 2006, na Faculdade, tive de fazer um trabalho para a disciplina de Perturbações do Desenvolvimento da Linguagem, em que tínhamos de selecionar uma patologia para abordar sobre a perspetiva do terapeuta da fala. Eu escolhi a síndrome de Prader Willi e, através de uma pesquisa online, percebi que era a Raríssimas que me podia ajudar. A partir do contato inicial passei a receber regularmente informação sobre a instituição. Quando terminei o curso, a Raríssimas foi das primeiras instituições para onde enviei o meu currículo. Em 2010, passou a integrar a equipa do Centro RarÍSSIMO da Ajuda. Fale-nos dessa experiência… Ali existe a verdadeira equipa multidisciplinar. Os médicos, os terapeutas, os auxiliares, trabalham no mesmo espaço, numa dedicação absoluta à causa e aos doentes, o que nem sempre acontece noutros locais. Existe espaço e tempo para a dedicação o que ajuda imenso o processo de reabilitação. Qual o maior desafio que representa uma criança com uma patologia rara? São muitos, mas o primeiro é de facto a família. Quando nos chega uma criança temos de ser capazes de envolver PRPÁGINAS RARAS 27 Rostos a família no processo terapêutico. As famílias podem vir à terapia duas vezes por semana, mas ainda assim não é suficiente. O processo tem de ser continuado em casa. Porém, muitas vezes as dificuldades e as preocupações são tantas e tão dispersas que acabam por descurar um pouco a parte da terapia da fala. Temos de os centrar em atividades muito concretas e dar-lhes ideias que consigam desenvolver em qualquer momento. O desafio é justamente esse – perceber o quadro clínico, a maior parte das vezes muito complicado e sem evidências e lutar pela valorização do nosso trabalho e pela integração da família no processo. “Estes meninos são fantásticos. Dão-nos alegrias todos os dias! São uns heróis! Só quem não lida com eles é que não percebe… Com eles aprendemos a relativizar os nossos problemas…” Da experiência no Centro RarÍSSIMO, qual o caso que mais a marcou? Foi um dos primeiros casos que atendi. Uma menina com 2 anos. Antes de entrar para a instituição, eu tinha feito um curso em Londres sobre Intervenção em Famílias. Acompanhar este caso permitiu-me implementar verdadeiramente os conhecimentos adquiridos. Estes pais dão tudo pela menina e ela melhorou imenso graças à terapia que ocorreu em gabinete mas, muito em especial, pelas mudanças que ocorreram nos outros contextos – os pais comunicaram com a educadora e partilharam esta informação. Os pais têm hoje as estratégias e competências para continuar a acompanhar o desenvolvimento linguístico, em qualquer contexto. Qual seria a sua reação se a confrontassem com um diagnóstico “raro”? 28 PRPÁGINAS RARAS Penso nisso todos os dias e até hoje não tenho resposta. Acho que para podermos trabalhar com estas famílias temos de ser capazes de nos colocar na perspetiva delas, porque podemos fazer exigências que não sejam exequíveis. Além disso, estes meninos são fantásticos. Dão-nos alegrias todos os dias! São uns heróis! Só quem não lida com eles é que não percebe… Com eles aprendemos a relativizar os nossos problemas… Foi recentemente convidada a coordenar a Linha Rara. O que a levou a aceitar este desafio? Essencialmente, as famílias. Poder dar-lhes apoio de uma outra forma. A equipa da Linha Rara é muito sensível ao outro lado. Não se trata de atuar sobre a doença mas de ajudar a todas as situações que envolvem os processos. Os apoios sociais, o querer contatar com pessoas em situações semelhantes… É um trabalho e um apoio que dá uma nova perspetiva sobre a realidade das famílias. Qual a importância que este tipo de serviço tem para as famílias? É essencial. É um suporte, é saberem que podem ligar para alguém que as “conhece” e que tudo faz, embora as respostas a nível de serviço público sejam escassas, para minimizar as suas dificuldades. Somos um facilitador e um ombro amigo. As nossas famílias, mesmo depois das situações resolvidas, continuam a contatar para nos contar como estão, o que deixa a equipa muito satisfeita. Estas famílias além de serem guerreiras, são muito entre 20 a 30 euros, uma vez por semana. As ajudas técnicas podem demorar mais do que um ano a serem concedidas e, muitas vezes, quando chegam já não preenchem as necessidades do utente – isto é um verdadeiro travão aos processo de reabilitação. É difícil manter o distanciamento profissional dos casos relatados? Esta equipa tem pessoas com experiências muito distintas. Ficamos sempre sensibilizados com todos os casos e discutimo-los em equipa, tentando ajudá-los ao máximo. Temos A Direção Geral da Saúde visitou recentemente esta helpline, de tentar compreender a situação mas distinguida pela Eurordis como uma das mais eficientes da Europa manter uma perspetiva positiva. Para isso temos uma psicóloga que ajuda a equipa a perceber qual a postura solidárias e por isso ligam para nos contarem as suas adequada a cada situação. Pessoalmente, é de facto muito experiências, para que outros possam usufruir delas. complicado, mas temos de tentar fazê-lo. Quais as questões colocadas com maior frequência? São a definição de doença e a prevalência, os novos tratamentos, o que posso fazer… Muitas vezes querem apenas confirmar se estão a fazer tudo o que é possível. Além disso, temos muitas questões sobre os apoios sociais, que sendo muitos técnicas, são totalmente esclarecidas pela nossa assistente social que faz um excelente trabalho. Lidar com os serviços públicos é muito complicado… Do vosso contato diário com estes utentes, não transparece às vezes o sentimento de revolta? As pessoas fazem questão de nos dizer que não chegam os apoios previstos. 59 euros para uma criança com estes problemas não chega porque uma sessão terapêutica custa Qual seria uma boa notícia para os doentes raros do nosso país? A abertura da casa dos Marcos! Os pedidos que nos chegam diariamente passam muito pela reintegração de crianças e jovens em instituições que funcionem corretamente, que promovam competências e que não os ignorem. Existem listas de espera enormes em serviços de atividades ocupacionais, reabilitação, etc. Depois, para a equipa da Linha Rara, irá permitir rentabilizar os recursos e trabalhar num local único, o que facilitará o contato com uma equipa multidisciplinar que incluirá a investigação. Isto é muito importante – o doente conseguir ter uma resposta integrada a todas as suas necessidades através de pessoas com uma vasta experiência nas doenças raras, o que neste momento não existe em Portugal. PRPÁGINAS RARAS 29 Donativos Amigos notáveis A Raríssimas agradece a todos os parceiros raros que generosamente contribuíram para que os nossos doentes tivessem acesso aos serviços prestados pela instituição Particulares Entidades Carla Maria Moutinho Magalhães 5,00 Ana Guerreiro 1,00€ Banco BPI, S.A. 17.500,00€ Castela & Castela, S.A. 1.250,00€ Ana Maria Escoval da Silva 25,00€ Congregação Padres Sagrados Ana Pinto 35,00€ ElogioVerde - Construção Manutenção Jardins, Lda. 150,00€ André Filipe Prazeres A. 7,90€ António Manuel L. Castanheira 40,00€ Beatriz Silva Fernandes 5,00€ 50,00€ Euroverniz, Lda. 75,36€ Fidelidade - Companhia de Seguros, S.A. 1.050,00€ 450,00€ FinePrint - Laboratório Act. Fotográficas Lda. Fundação Montepio 6.084,55€ Fernado Manuel da Fonseca Felizardo 10,00€ Fernando Santos Sequeira 10,00€ Horto Alegria do Norte, Const. Manut. Jard, Lda. 150,00€ Helena Franco 50,00€ Jado Iberia - Produtos Metalúrgicos, Lda. 110,00€ Hugo Emanuel Gonçalves Teixeira 25,00€ Just Search Solutions, Unipessoal, Lda. 25,00€ João António M. Vale Albuquerque 25,00€ Kiss FM Algarve 490,00€ Joaquina Maria de Magalhães Teixeira 5,00€ Laboratórios Pfizer, Lda José Reis Ferreira 2,00€ LundaJoia - Representações de Ourivesaria, Lda. 737,00€ Luciana Maria Santos Alves Catela Patrício 25,00€ Master Natura - Gestão de Espaços Verdes, Lda. 150,00€ Maria Chelo 20,00€ MontejuntoLar - Mobiliário e Decoração Unip. Lda. 500,00€ Maria Julieta R. Duarte 5,00€ myPartner 10.000,00€ 27,39€ Maria Pureza Martins Ferrão 15,00€ Novartis Farma, S.A. 4.820,00€ Marina Oliveira 10,00€ Octapharma 2.500,00€ Mónica Sofia Lourenço Silva 5,00€ Rádio Regional de Lisboa, S.A. Patrícia Sofia Ruas Alexandre 5,00€ Shire Pedro Santos 5,00€ Unicer Bebidas S.A. Rui Miguel Ferreira Dias B. Tatiana Pestana 30,00€ 5,00€ Total365,90€ PRPÁGINAS RARAS 11.136,82€ Unilever - Jerónimo Martins, Lda. 224,00€ Visteon Portuguesa, Ltd 715,50€ Total Donativos de 19 Janeiro a 31 de Março de 2013 30 302,57€ 3.900,00€ 62.398,19€ www.linharara.pt [email protected] Um projecto Casa dos Marcos O amparo das crianças com Doenças Raras A Raríssimas consta da lista de beneficiários para consignação do IRS. Quando preencher a sua declaração, coloque no ANEXO H, campo 9, um X, e a respectiva identificação fiscal da Raríssimas Seja solidário e ajude a equipar a Casa dos Marcos! IRS 2012 Consignação de 0,5% do imposto liquidado, a favor de uma IPSS Um projeto www.rarissimas.pt (Anexo H, campo 9) ObrigadÍSSIMA!