Palavras do Tutor Orador/ Turma A
Tutor Raymundo Azevedo
Quando eu recebi a honrosa missão de vir aqui para fazer a saudação às
calouras e calouros em nome de minhas amigas e meus amigos Tutores,
comecei a pensar em mil coisas para dizer; falar sobre a história do avental, ou
então focar na tutoria, descrever as atividades, e daí por diante.
O fato é que eu estava fazendo um discurso cada vez mais longo.
De repente, no último sábado, por uma destas coisas que Jung chamou de
sincronicidade, eu conheci o escritor Jorge Miguel Marinho, um encontro destes
que marcam a vida da gente de tanta empatia que tivemos.
Trocamos endereços de e-mail, como acontece nos dias de hoje, e no mesmo
dia enviei uma mensagem para ele agradecendo a conversa tão prazerosa, tão
rica de afetividade e conteúdo.
Ele me respondeu com um texto de sua autoria, e ao ler aquelas palavras
percebi que era aquilo que eu queria dizer pra vocês aqui neste momento.
Assim, trouxe o texto do Jorge Miguel Marinho pra fazer esta saudação a vocês
no dia de hoje.
O texto se chama "Que delicadeza cuidar de alguém..." - vou ler pra vocês:
Que delicadeza cuidar de alguém...
São muitos os gestos de amor. Mas “cuidar das pessoas ou ser cuidado por
elas” é o gesto mais generoso em estado de comunhão.
E é dádiva também porque, quando cuidamos de alguém com zelo, atenção,
diligência, silêncio e cautela, este cuidado volta na mesma hora, naquele exato
momento, para nós.
Ficamos gratos de sentir, na gratidão do outro, a força da nossa porção de
doação, de ver como somos urgentes e necessários para abreviar a dor dos
seres amados, dos amigos, dos semelhantes, dos diferentes, dos humildes,
dos loucos, dos atormentados, dos rivais, dos desconhecidos que, no fundo,
vivem a dor que é nossa também.
Ficamos menos doídos e mais solidários, suportamos ou vivemos melhor a
alegria boa e ao mesmo tempo o trânsito doloroso que é viver.
“Cuidar das pessoas ou ser cuidado por elas” é tornar a dor individual
experiência coletiva, é – no sentido melhor de existir – apenas se deixar ser.
Clarice Lispector, escritora que faz da literatura puríssimo gesto de doação,
concorda conosco. Ela nos define a delicadeza de cuidar de alguém com
palavras alegres, revelando nas palavras, para ela e para nós, esses cuidados
tão humanamente solidários que nos fazem existir e nos tornam mais
humanos, mais solidários, mais reais: “Dar a mão a alguém é tudo o que
espero da alegria”. Clarisse Lispector.
Jorge Miguel Marinho
Bem-vindos à Tutoria!
Obrigado!
Raymundo Azevedo
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