Informativo Publicação do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul - Ano V / No 45 / Novembro 2007 Perícia no INSS Avenida Princesa Isabel, 921 Porto Alegre/RS 90620-001 Cremers defende autonomia do médico e exige mais segurança Conselho repudia manifestação contra o livre exercício da medicina na maior agência de perícia médica do Estado e cobra providências também contra agressões a médicos peritos, obtendo melhorias no Posto do INSS de Páginas 6 e 7 Cachoeirinha Campanha de assinaturas em favor da aplicação Página 9 integral da CPMF na Saúde Ex-ministro Adib Jatene defende o tributo e cobra mais recursos à saúde pública Página Central Participação Participação Cremers: ações com resultados concretos Congresso de Psiquiatria Presidente: Marco Antônio Becker Vice-presidente: Cláudio Balduíno Souto Franzen 1º Secretário: Fernando Weber da Silva Matos 2º Secretário: Ismael Maguilnik Tesoureiro: Isaias Levy Corregedores: Régis de Freitas Porto e Joaquim José Xavier Conselheiros Antônio Celso Koehler Ayub | Carlos Antônio Mascia Gottschall Céo Paranhos de Lima | Cláudio Balduíno Souto Franzen Ercio Amaro de Oliveira Filho | Fernando Weber da Silva Matos Flávio José Mombrú Job | Isaias Levy | Ismael Maguilnik Ivan de Mello Chemale | João Pedro Escobar Marques Pereira Joaquim José Xavier | José de Jesus Peixoto Camargo José Pio Rodrigues Furtado | Luiz Augusto Pereira Marco Antônio Becker | Marineide Gonçalves de Melo Martinho Alexandre Reis Álvares da Silva Newton Monteiro de Barros | Régis de Freitas Porto Rogério Wolf de Aguiar | Alberi Nascimento Grando Cláudio André Klein | Cléber Ribeiro Álvares da Silva Douglas Pedroso | Enio Rotta | Euclides Viríssimo Santos Pires Fernando Antônio Lucchese | Geraldo Druck Sant’Anna Ibrahim El Ammar | Iseu Milman | Izaias Ortiz Pinto Jefferson Pedro Piva | José Pedro Lauda Luciano Bauer Gröhs | Magno José Spadari Marco Antônio Oliveira de Azevedo Maria Lúcia da Rocha Oppermann Mário Antônio Fedrizzi | Moacir Assein Arús Silvio Pereira Coelho | Tomaz Barbosa Isolan Informativo O Informativo Cremers é uma publicação do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul Av. Princesa Isabel, 921 CEP 90620-001 – Porto Alegre/RS Fone (51) 3219.7544 Fax (51) 3217.1968 E-mail: [email protected] – www.cremers.com.br Conselho Editorial Marco Antônio Becker, Cláudio Balduíno Souto Franzen, Fernando Weber da Silva Matos, Ismael Maguilnik e Isaias Levy Redação: W/COMM Comunicação Jornalista Responsável: Ilgo Wink – Mat. 2556 Repórter: Viviane Schwäger – Reg. 10233 Revisão: Raul Rubenich Estagiário: Luis Felipe dos Santos Fotos: W/COMM Comunicação, Renata Conrado e Clóvis de Souza Prates XXV Congresso Brasileiro de Psiquiatria na Fiergs reuniu 5 mil médicos L ideranças e grandes nomes da psiquiatria mundial vieram a Porto Alegre debater a especialidade no XXV Congresso Brasileiro de Psiquiatria, realizado entre os dias 10 e 13 de outubro, na Fiergs. Com o tema “A psiquiatria para a pessoa: o acolhimento da pluralidade”, o evento reuniu cerca de 5 mil profissionais. Na solenidade de abertura, o presidente Marco Antônio Becker representou o Conselho à mesa ao lado de autoridades nacionais e internacionais de entidades representativas da psiquiatria. Em sua manifestação, Becker foi aplaudido por três vezes ao comentar a situação do atendimento psiquiátrico no país: "A reforma psiquiátrica diminuiu consideravelmente o número de hospitais psi- Projeto e Produção Gráfica Stampa Design Direção: Eliane Casassola Editoração: Ana Paula Almeida e Thiago Pinheiro CTI: Ana Paula Almeida Ilustrações: Luciano Gazineu (51) 3023.4866 [email protected] www.stampadesign.com.br Tiragem: 30.000 exemplares A Redação reserva-se o direito de publicar ou não o material a ela enviado, bem como editá-lo para fins de publicação. Matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da Diretoria do Cremers. O conteúdo do Informativo Cremers pode ser reproduzido, desde que mencionados o autor e a fonte. 2 JORNAL DO CREMERS ● NOVEMBRO 2007 Dr. Marco Antônio Becker discursou na abertura do evento, criticando a reforma psiquiátrica quiátricos. Em contrapartida, não foram disponibilizados leitos psiquiátricos em quantidade suficiente em hospitais gerais, como preconiza essa legislação. O resultado é aquilo que vimos no episódio do PACs, em que os pacientes estavam amontoados dias e semanas no ambulatório a espera de transferência para um hospital". O presidente ilustrou a importância da atuação dos psiquiatras com o caso do PACS: “O problema foi levado ao Cremers pelos psiquiatras, indignados com o caos que atingia o posto. A interdição ética do PACS, por inusitada que tenha sido, resultou na melhoria de todos os seus serviços. O fato é que o Cremers continuará fechando instituições em defesa de melhores condições de trabalho ao médico e da saúde pública”, garantiu. As demais autoridades a fazer uso da palavra foram o presidente da Associação Mundial de Psiquiatria, Juan Mezzich, o presidente eleito da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), João Alberto Carvalho, o ex-presidente da ABP, Josimar Mata de Farias França, e a presidente da SPRS e membro da Câmara Técnica de Psiquiatria do Cremers, Laís Knijnik, O coordenador das Câmaras Técnicas do Conselho e da CT de Psiquiatria, Rogério Wolf de Aguiar, participou da comissão científica do evento. Editorial Cremers: ações com resultados concretos Editorial Saúde pública no país da Copa e das furadeiras O “...o atual governo, que bate sucessivos recordes de arrecadação de impostos, não dá sinais de que irá ceder em relação à CPMF, provando que a saúde pública decididamente não é sua prioridade.” mesmo país que se considera em condições de promover uma Copa do Mundo convive com situações inusitadas, constrangedoras e perversas, como as que levam cirurgiões a recorrer a furadeira elétrica para abrir a cabeça de pacientes durante operações. O instrumento, comum na atividade de pedreiros e marceneiros, chegou a ser usado recentemente em alguns hospitais públicos do Rio de Janeiro. À falta de equipamentos adequados nos serviços de saúde pública e também muitas vezes de medicamentos e materiais básicos como gaze e algodão, somam-se, com freqüência alarmante, instalações precárias, que dificultam o trabalho médico, deixando o profissional vulnerável, mais sujeito a erros. Ao mesmo tempo, o médico que trabalha para o SUS - a grande maioria neste país de contrastes tão grandes quanto suas dimensões - recebe remuneração quase indecente pela nobreza de sua atividade: socorrer, curar, salvar vidas. Como se não bastasse, o médico, o pára-choque do sistema, expressão que cunhei há alguns anos, é vítima de violência em pleno trabalho. Nos últimos tempos, as agressões físicas e verbais aos médicos peritos do INSS aumentaram assustadoramente. Em Minas, uma médica foi morta a tiros no ano passado. Aqui, no RS, os casos se sucedem de forma assustadora. Por trás dessa obra lúgubre, marcada por pinceladas de sangue, estão gestores aboletados em gabinetes, indiferentes ao sofrimento de dezenas de milhões de pessoas, já que para eles os atendimentos de saúde estão assegurados com os melhores médicos e hospitais. A União, tão ágil na liberação de verbas públicas para o Pan, realizado no Rio, e tão empenhada em trazer a Copa de 2014 para o Brasil, poderia, com igual determinação, resolver a crise na saúde com um gesto simples: aplicar todos os recursos da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira na saúde, de acordo com sua concepção original. Mas o atual governo, que bate sucessivos recordes de arrecadação de impostos, não dá sinais de que irá ceder em relação à CPMF, provando que a saúde pública decididamente não é sua prioridade. Não é a do governo, mas é a nossa, a dos médicos e a de todos aqueles que trabalham na área da saúde e que realmente se preocupam em prestar um melhor atendimento à população. Por isso, a classe médica rea lizou o Dia de Protesto, em 21 de novembro, e vai seguir mobilizada para convencer e sensibilizar as cabeças iluminadas que detêm o poder e que estão livres, em princípio, de ser submetidas a uma cirurgia com furadeira elétrica. Dr. Marco Antônio Becker Presidente do Cremers JORNAL DO CREMERS ● NOVEMBRO 2007 3 Homenagem Homenagem Cremers: ações com resultados concretos Dia do Médico: homenagem a médicos que perderam a vida no exercício da profissão O Dia do Médico deste ano foi marcado por uma comemoração diferente no Cremers. Em vez dos tradicionais festejos alusivos à data, foi realizada uma homenagem aos médicos que deram a vida na tentativa de salvar vidas e uma reflexão em torno dos problemas enfrentados atualmente pelos médicos para o exercício digno da profissão, com ênfase para as dificuldades encontradas no Sistema Público de Saúde. O Cremers marcou o 18 de outubro com textos radiofônicos e anúncio publicado nos principais jornais destacando os pro- “Esses jovens médicos encontraram sua morte prematura em busca de um ideal. Penso que essas mortes não foram em vão.” Dr. Sérgio Lança Familiares dos médicos e dirigentes do Cremers descerraram a placa em homenagem aos profissionais que morreram buscando salvar vidas blemas da saúde pública no país. Em sua sede, à noite, houve uma emocionada homenagem aos cinco jovens médicos mortos de maneira trágica em acidente aéreo ocorrido em 1º de outubro de 1997, em Chapecó. Os cirurgiões haviam viajado, enfrentando o mau tempo, para buscar órgãos destinados a transplantes que seriam realizados na Santa Casa de Porto Alegre. Familiares desses médicos estiveram presentes na sessão plenária do Conselho, durante a qual a homenagem foi prestada, com o descerramento de uma placa com os nomes dos jovens heróis: Marcos Stédile, André Barrionuevo, Jean Kolmann, Jacson Ávila e Cláudio Lança. No acidente, foram vitimados também o comandante José Eduardo Dutra Reis e o copiloto Paulo César Reimbrecht. O presidente Marco Antônio Becker enfatizou que a lembrança daqueles que, na tentativa de salvar vidas deram a sua própria, “é de vital importância nestes tempos em que o materialismo e o pragmatismo estão tomando conta do mundo. A palavra amor está sendo esquecida”. Becker defendeu a doação de órgãos – e a atitude desses médicos que enfrentaram a própria morte para buscá-los – como um ato de humanidade e solidariedade. “O Conselho estende essa homenagem a todos os colegas, muitos anônimos, que perderam suas vidas no exercício ético da medicina, assim como aos médicos que enfrentam condições desumanas de trabalho diariamente.” Dirigindo-se diretamente aos familiares, Becker ponderou que “talvez este tributo não seja tão solene como deveria, mas transmite tudo o que o Cremers quer que o médico seja. O médico, para ser completo, deve ser apto e ter técnica, mas também deve ser ético. É para isso que este Conselho existe. E os senhores representam aqueles colegas que gostaríamos de ter entre nós neste momento. Muito obrigado por terem filhos que tanto honraram o exercício ético da medicina”. O médico Sérgio Lança, pai de “O Conselho estende essa homenagem a todos os colegas, muitos anônimos, que perderam suas vidas no exercício ético da medicina, assim como aos médicos que enfrentam condições desumanas de trabalho diariamente.” Dr. Marco Antônio Becker Placa em homenagem aos cinco médicos mortos no acidente aéreo 4 JORNAL DO CREMERS ● NOVEMBRO 2007 Cursos de medicina serão reavaliados Anúncio do Cremers alusivo ao Dia do Médico publicado nos principais jornais do Estado e na Revista da Amrigs uma das vítimas, reiterou a importância de continuar incentivando a doação. “Esses jovens médicos encontraram sua morte prematura em busca de um ideal. Penso que essas mortes não foram em vão. Campanhas inteligentes nos levarão a um aumento do número de doadores, aumentando o índice de vidas salvas. Nos sentimos orgulhosos por eles e agradecemos a oportuna e feliz iniciativa.” Após as manifestações dos conselheiros, foi descerrada a placa contendo os nomes dos cinco médicos vitimados pelo acidente, que foi afixada em local de destaque na sede do Conselho. Também estiveram presentes na solenidade representantes da PUCRS, Santa Casa, Academia Sul-Rio-grandense de Medicina, Simers, Amrigs e da ONG Via Vida Pró Doações e Transplantes. Plenária especial do Cremers dedicada ao Dia do Médico As faculdades de medicina brasileiras serão reavaliadas e, dependendo do que for apurado, podem até ser fechadas. A Comissão Interministerial de Gestão da Educação em Saúde, formada por membros dos ministérios da Saúde e da Educação, pretende organizar dados recentes das faculdades de medicina e iniciar um processo de avaliação criterioso, com o objetivo de observar o rendimento dessas instituições. “Este não é um assunto simples, mas temos que garantir a qualidade dos cursos. Não basta apenas o rigor nos critérios de abertura de novas faculdades, mas também é preciso um acompanhamento criterioso quando do funcionamento da faculdade”, afirmou a diretora do departamento de Gestão em Saúde, Ana Estela Haddad. Os critérios da reavaliação ainda não foram definidos, tampouco os nomes que irá integrar a subcomissão que será responsável pelo caso específico dos cursos de medicina. Porém, Haddad promete um contato direto com as entidades médicas, citando o decreto 5.773, de março de 2006, como demonstração de que os conselhos de medicina devem ser ouvidos na avaliação das faculdades. O decreto é o mesmo que submete todos os novos pedidos de cursos ao estudo do Conselho Nacional de Saúde. “Se a qualidade não está boa, o curso pode ser fechado”, considera a diretora Ana Haddad. Atualmente, existem 171 escolas de medicina no Brasil, o que coloca o país na segunda posição no ranking mundial. Somente a Índia, país com 1 bilhão e 129 milhões de habitantes, supera o Brasil no número de faculdades. No país asiático, são 271 as escolas de medicina. Confira o ranking: País Número de escolas População India 271 1.129.866.073 Brasil 171 188.888.000 China 150 1.321.852.000 Estados Unidos 126 302.140.500 México 84 108,701,803 Japão 80 127.046.944 Rússia 58 141.378.909 Colômbia 58 44.531.434 Coreia do Sul 51 48.847.671 França 47 60.886.178 JORNAL DO CREMERS ● NOVEMBRO 2007 5 Atuação Cremers: ações com resultados concretos Atuação CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL Cremers cobra mais segurança aos médicos peritos do INSS A gressões e desrespeito ao trabalho dos médicos peritos do INSS levaram o Cremers a realizar vistorias nos dias 8 e 12 de novembro em duas agências onde ocorreram casos que afetaram a integridade física e emocional dos profissionais. Na agência do INSS em Cachoeirinha, onde os profissionais denunciaram agressões verbais e físicas e também a ocorrência de dano patrimonial, a Comissão de Fiscalização do Cremers constatou falta de condições de segurança. Nesta vistoria, ocorrida no dia 8, participaram o coordenador da Fiscalização Antônio Celso Ayub, o conselheiro fiscal Isaías Levy e o médico fiscal Paulo Contu. No dia 9 de novembro, manifestação promovida em frente à agência Partenon/Porto Alegre, da Previdência Social, culminou com a invasão das instalações. O SindBancários acusou médicos de obrigarem as periciandas a se despirem. Para reforçar a acusação, contratou atores que se despiram diante da agência. No mesmo dia, o Cremers, ao lado do Simers, recebeu os médicos peritos do Posto para discutir o assunto. A Comissão de Fiscalização esteve no local no dia 12. Houve vistorias das instalações e uma reunião com a direção do posto. Estrutura adequada e fluxo correto para as atividades médico-periciais, foram as constatações. No entanto, a manifestação promovida pelo Sindicato dos Bancários, com apoio da CUT, na sexta-feira, dia 9, comprometeu o atendimento na segunda-feira, dia 12, gerando acúmulo de exames, filas e a irritação dos usuários. Diante desses episódios que confirmam a necessidade de uma ação mais forte e efetiva dos gestores públicos em relação à segurança dos médicos peritos, o Cremers publicou nota nos principais jornais repudiando as agressões e intimidações. Além disso, encaminhou ofícios ao Ministério Público Federal e à Gerência do INSS no Estado enfatizando a necessidade de providências que assegurem tranqüilidade aos médicos peritos no exercício de sua atividade. A médica perita Luciana Coiro recebe o coordenador da Fiscalização Dr. Antônio Ayub e o médico fiscal Dr. Mário Henrique Osanai 6 JORNAL DO CREMERS ● NOVEMBRO 2007 CREMERS REPUDIA AGRESSÕES MORAIS AOS PERITOS Como se não bastassem as agressões físicas em vários postos do INSS, agora médicos peritos são alvo de agressões morais promovidas pelo Sindicato dos Bancários na agência do INSS-Partenon, causando constrangimento aos médicos e prejudicando o atendimento. É atribuição do médico pedir para despir e apalpar o periciando, quando necessário, para que possa examiná-lo adequadamente. O Cremers repudia qualquer interferência no livre exercício da medicina. O Cremers oficiou às Gerências do INSS para que as perícias sejam realizadas com a presença de dois médicos, a fim de evitar acusações infundadas. Se isso não for atendido e as agressões persistirem, tornando impossível o exercício ético da medicina, a prática da profissão poderá ser interditada no local. Porto Alegre, 14 de novembro de 2007 Marco Antônio Becker Presidente Fernando Weber Matos Primeiro-Secretário Nota publicada nos principais jornais do Estado Cachoeirinha: ação do Cremers já resulta em melhorias A ação do Cremers desencadeou mudanças. No dia 22, no Ministério Público Federal, foram discutidas soluções apontadas pelo Conselho para o impasse na agência do INSS em Cachoeirinha. Participaram a Procuradora da República Ana Paula Carvalho de Medeiros; o coordenador da Comissão de Fiscalização do Cremers, Antônio Celso Ayub; e representantes do INSS e dos médicos peritos. Algumas melhorias já foram implementadas, como a disponibilização de mais um segurança. As portas detectoras de metais estão adquiridas. Serão priorizadas as suas instalações em agências de risco, como a de Cachoeirinha. Os médicos do posto terão um estacionamento específico, com mais segurança. Já estão sendo licitados alarmes de pânico para as salas dos peritos. Primeiro-secretário Dr. Fernando Matos, com a vice-presidente do Simers Dra. Maria Rita de Assis Brasil, coordenou reunião com médicos peritos Atuação Cremers: ações com resultados concretos Atuação Manifestação do Sindicato dos Bancários agrediu a medicina N o dia 19 de novembro, o presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários), Juberlei Bacelo, acompanhado pelo advogado Antônio Vicente Martins, foi recebido pela diretoria do Cremers. Durante a reunião, Bacelo afirmou que a manifestação do dia 9, em que foram contratados atores e feitas acusações aos médicos peritos, não se dirigia contra os profissionais, mas contra o INSS como instituição: “Pensamos que os médicos compreenderiam e nos ajudariam a denunciar a política de redução de benefícios do INSS, da qual são instrumento”. Diante desta colocação, todos os membros da diretoria demonstraram indignação e uma posição firme contra o que classificaram como “teatro”. O primeiro-secretário Fernando Matos ponderou que deveria ter havido diálogo di- retamente com o Conselho antes da manifestação: “O alvo deste teatro foi o médico sim, e ofendeu a toda uma categoria profissional. Faltou coragem para assumir que o protesto era contra o governo". O vice-presidente Cláudio Franzen reiterou que, quando uma entidade agride outra moralmente, é uma situação muito grave. “O periciado agride o médico porque perde o controle, mas não podemos admitir que uma categoria ofenda a outra". O coordenador da Comissão “O periciado agride o médico porque perde de Fiscalização, Antônio Ayub, classificou a atitude como “uma agressão brutal e ignominiosa”. Ele afirmou que a invasão do posto “só estimulou o conflito entre peritos e periciados”. O tesoureiro Isaias Levy foi categórico ao afirmar que “não é justo que o protesto lance sobre toda uma categoria profissional a pecha de assediadores”, lembrando que, para evitar o risco de assédio, o Cremers está cobrando que dois médicos realizem a perícia conjuntamente. Diretoria do Cremers recebeu representantes do SindBancários o controle, mas não podemos admitir que uma categoria ofenda a outra." Dr. Cláudio Franzen O corregedor Joaquim José Xavier amenizou a discussão: “É mais produtivo discutir abertamente em vez de trocar notas ofensivas pela imprensa”. O presidente Marco Antônio Becker encerrou a reunião apontando que a generalização não ajudou a identificar culpados: “Não se pode incriminar todo um grupo de médicos por atos que teriam ocorrido pontualmente. É preciso denunciar essas supostas faltas ao Cremers para que sejam devidamente investigadas, mas nunca atacar toda uma categoria de maneira irresponsável como foi feito”. “É impossível realizar exames físicos corretos sem despir ou tocar o segurado” A delegada da Associação Nacional dos Médicos Peritos, Luciana Coiro, esclarece que o ato de despir e tocar o segurado muitas vezes é fundamental para um exame correto. “Nos exames físicos de patologias ortopédicas, é necessário despir a área afetada. Ao examinar o ombro, a coluna cervical e os membros superiores, é necessário retirar a parte de cima da roupa e tocar para realizar testes ortopédicos, a fim de verificar a presença de lesões. Também se faz a percussão para testar inervação, e quando necessário, testam-se os reflexos utilizando o martelo específico. O mesmo ocorre se o problema for nos quadris, pés, tornozelos e joelhos, sendo necessário despir a parte de baixo para realizar os mesmos exames. Se o exame for da coluna lombar, toda a roupa deve ser retirada, pois exige testes na coluna, nas articulações, medidas da musculatura e exames nas solas dos pés, com o periciando de pé ou deitado. O abdômen também deve ser desnudado quando há queixa de doença nesta parte, assim como a verificação de cicatrizes em pós-operatórios. Exames de imagem ou laboratoriais, laudos e atestados, por mais completos que sejam, não substituem o exame físico e a anamnese – são apenas complementares.” Luciana também afirma que muitas das denúncias poderiam ser inibidas com uma postura firme das chefias e do INSS. "Todos os exames podem ser erroneamente taxados como abusivos se há intenção de fazê-lo. Já houve queixa de assédio sexual até durante medida de pressão arterial, na perícia! O exame em duplas mistas de peritos (homem e mulher) pode inibir as denúncias, assim como uma ação mais efetiva do INSS." JORNAL DO CREMERS ● NOVEMBRO 2007 7 Legislação Cremers: ações com resultados concretos Legislação Resolução do CFM irá definir normas sobre o trabalho médico no esporte O Conselho Federal de Medicina (CFM) deve editar em dezembro resolução que ‘dispõe sobre normas éticas quanto à privacidade dos atletas em relação ao exercício da Medicina do Esporte’. A informação partiu do presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremers), Marco Antônio Becker, ao participar, dia 20 de outubro, do Simpósio Exercício, Esporte e Saúde, que contou com a presença do treinador Carlos Caetano Verri (Dunga), da Seleção Brasileira. Entre outras medidas, a resolução determina que o médico somente poderá divulgar diagnóstico ou tratamento de doença mediante autorização por escrito do atleta. Define, ainda, que o Presidente do Cremers, Dr. Marco Antônio Becker, participou do Simpósio Exercício Esporte e Saúde em Porto Alegre médico deve comunicar por escrito aos atletas a lista de alimentos que contenham substâncias consideradas ‘doping’. De acordo com Marco Antônio Becker, a resolução “vai proteger o atleta, resguardar o médico e também o clube”, lembrando o caso do zagueiro Serginho, do São Caetano, morto durante um jogo de sua equipe. Dunga destacou que só o médico deve falar sobre questões médicas. “Na Copa de 98, muita gente falou sobre o problema do Ronaldo quando só o médico deveria se manifestar. Todo mundo deu entrevista e isso serviu para complicar ainda mais a situação”, observou o técnico da Seleção. O painel foi realizado no Hospital Mãe de Deus, com a participação também dos ex-presidentes da Dupla Gre-Nal Fernando Carvalho e Luís Carlos Silveira Martins, e dos médicos Dunga e o Dr. Félix Drummond, coordenador do evento Ricardo Nahas e Geraldo Silveira além de Rodrigo Caetano, gerente de futebol do Grêmio. O encontro, que contou com alguns dos nomes mais importantes da medicina do esporte, foi coordenado pelo Dr. Félix Drummond, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva. Projeto quer padronizar receitas médicas O deputado estadual Gilmar Sossella (PDT) encaminhou para votação na Assembléia Legislativa do Estado um projeto de lei que disciplina a forma na qual os médicos devem expedir as receitas. Segundo o projeto, as receitas devem ser digitadas em computador, datilografadas ou escritas manualmente em letra de imprensa, forma ou caixa alta. O objetivo é facilitar a leitura das receitas, como prevê o artigo 39 no Código de Ética Médica. Em setembro de 2002, no Jornal do Cremers, o atual primeiro-secretário Fernando Weber Ma- 8 JORNAL DO CREMERS ● NOVEMBRO 2007 tos escreveu um artigo esclarecedor a respeito do problema da caligrafia médica. Citou também o parecer 05/2000 do CFM, que informava sobre a necessidade da receita médica ser legível, podendo ser datilografada, digitalizada, ou escrita com letra de forma. “O erro na leitura induz muitas vezes a venda e uso indevidos de medicamentos, com consequências potencialmente prejudiciais à saúde do paciente. O médico, por sua vez, fica sujeito a enfrentar processos cíveis e éticos”, diz o artigo. De acordo com Matos, o projeto não muda muito o que foi determinado pelo parecer do CFM. O primeiro-secretário do Cremers, entretanto, questiona se existirão condições estruturais para efetivar esta lei. “Será que vai existir um computador na sala dos médicos, para que os profissionais possam digitar as receitas, uma vez que muitos postos de saúde sequer são informatizados?” pergunta Matos. O projeto 396/2007 também estabelece que os médicos não podem utilizar códigos e abreviaturas nas receitas, e que os profissionais devem orientar o paciente quanto ao uso da medicação prescrita e os possíveis efeitos colaterais. Mobilização Mobilização Cremers: ações com resultados concretos CPMF 100%: campanha de assinaturas no RS O Movimento Mais Saúde para os Hospitais, integrado pelo Cremers e demais entidades da área médica e pelos hospitais beneficentes do Estado, segue defendendo a destinação de mais recursos financeiros para o atendimento de saúde. Desde o começo de novembro, o Movimento está recolhendo assinaturas para destinar o valor integral da CPMF para a saúde pública. Foram disponibilizados formulários nos hospitais e demais setores da área da saúde do Rio Grande do Sul, buscando alcançar o maior número possível de pessoas, não apenas trabalhadores da saúde. O objetivo da iniciativa é pressionar os parlamentares a fim de aumentar a quantidade de recursos para a saúde pública, cumprindo o objetivo inicial do tributo. “Com o apoio da população, poderemos Plenária do Cremers realizada dia 06 de novembro debateu a saúde pública com integrantes do Movimento Mais Saúde para os Hospitais atingir o nosso objetivo, que é acima de tudo valorizar o trabalho médico e garantir um melhor atendimento de saúde, especialmente àqueles que dependem exclusivamente do SUS”, afirma o presidente do Cremers Marco Antônio Becker. O Cremers passou a transmitir textos radiofônicos conclamando a população a aderir ao movimento, que busca, acima de tudo, “tirar a saúde da UTI”, conforme destaca a mensagem. De acordo com o vice-presidente Cláudio Franzen, “a CPMF 100% destinada ao setor da saúde, que é a razão única de sua criação, vai permitir melhores condições de trabalho aos médicos e aos hospitais, e quem ganha com isso é toda a sociedade”. O formulário para coleta de assinaturas pelo ser obtido na página de notícias do site do Cremers: www.cremers.org.br. Folder encaminhado pelo Cremers aos estudantes e jovens médicos JORNAL DO CREMERS ● NOVEMBRO 2007 9 Saúde Pública Saúde Pública Cremers: ações com resultados concretos Adib Jatene defende aplicação integral O criador do tributo afirma que a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira deixou de ser um adicional de recursos para a saúde para substituir outras fontes de arrecadação na composição do orçamento do setor, mas posicionou-se favorável à sua manutenção A Ex-ministro da Saúde disse que a CPMF contribui para reduzir a sonegação de Imposto de Renda Solução começa pela regulamentação da Emenda 29 O ex-ministro afirma que a solução para a Saúde passa pela regulamentação da Emenda 29, que estipula patamares mínimos para investimentos públicos no setor, a partir da redefinição jurídica do que se deva entender por gastos com Saúde. “É preciso definir o que se pode ou não colocar no orçamento para a saúde”, diz. Outra providência fundamental, segundo Adib Jatene, é acabar com o mau uso da CPMF: “Mais da metade da CPMF não fica na Saúde, vai para a Previdência e para programas sociais que nada têm a ver com a área da saúde, embora possam ser importantes”. O professor Jatene critica a postura do setor financeiro do governo diante da crise que atinge a saúde pública: “O pessoal da área da Fazenda costuma dizer que recurso financeiro é o que não falta, o que falta é gestão. O ministro Guido Mantega repete que a saúde tem o terceiro maior orçamento. E daí? É o suficiente para atender as necessidades da população”? Jatene completa: “O que temos hoje no país são hospitais deteriorados, em situação de penúria. Aqueles que dependem do SUS enfrentam grandes dificuldades para manter as portas abertas”. o participar do evento Encontro das Academias, organizado pelas Academias Sul-Rio-Grandense e Brasileira de Medicina, no Hospital de Clínicas, dia 19 de outubro, o ex-ministro da Saúde Adib Jatene, 78 anos, apontou aspectos positivos da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), mas criticou o fato de o governo alterar a composição do orçamento da saúde a partir da criação do tributo, em outubro de 1996. “A CPMF foi proposta para somar-se ao orçamento, mas acabou substituindo outras fontes para a composição dos re- cursos destinados à saúde, por isso é que eu saí”, revelou Jatene, antes de iniciar sua palestra de uma hora a um público numeroso, formado por médicos e estudantes. Em sua exposição, Jatene, que desde 1976 preside o Hospital do Coração, em São Paulo, afirmou que “a CPMF foi proposta como provisória, na expectativa de que haveria uma reforma tributária em no máximo três anos, conforme havia prometido o então ministro da Fazenda, Pedro Malan. Mais de uma década depois, a reforma não saiu do papel”. O ex-ministro destacou que “a Fazenda, na época, retirou do Palestra de Adib Jatene foi acompanhada por um grande público 10 JORNAL DO CREMERS ● NOVEMBRO 2007 da CPMF na Saúde orçamento valor maior do que o tributo acrescentou”. A CPMF tem origem no Imposto Provisório sobre Movimentação Financeira (IPMF), que vigorou em 1993 e 1994, com alíquota de 0,25%. Em 1996, o tributo voltou em forma de ‘contribuição’, que foi a maneira encontrada por Jatene para vinculá-lo ao orçamento da saúde. “A CPMF foi concebida para ser um adicional de recursos para melhorar o serviço de saúde. Virou um substitutivo. Hoje, não tem vinculação com o que propus. É só mais uma das fontes de arrecadação do governo, não o acréscimo que o setor precisa”, lamentou o cardiologia. CPMF e sonegação fiscal Mesmo assim, ele vê méritos no tributo: “Tempos depois da implantação da CPMF, descobri que ela teve um impacto inesperado na arrecadação do governo. Um dia, o Everardo Maciel, que era secretário nacional da Receita Federal no governo Fernando Henrique Cardoso, me informou que, dos cem maiores pagadores de CPMF, 62 nunca tinham declarado Imposto de Renda. Flagraram microempresas que declaravam 120 mil reais, mas movimentavam mais de 100 milhões de reais por ano. Foram descobertas feitas por causa da CPMF, que ajudou a triplicar a arrecadação da Receita. É o efeito colateral”. Reforma Tributária Segundo o ex-ministro, a campanha para extinguir a CPMF tem a ver com a possibilidade de cruzamento de informações pela Receita Federal e com o combate à sonegação: “A questão não é o valor da CPMF, é o indicador. Desconfio que parte da campanha contra a CPMF tenha a ver com sonegação. Não percebo a mesma revolta contra outros impostos, como o Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), que arrecada três vezes mais e que hoje está em quase 8%. Mas não se ouve nada contra o Cofins”. Jatene insistiu sobre a necessidade de uma reforma tributária para diminuir a concentração de renda no país, uma das maiores do mundo. Comentou que, segundo informações de que dispõe, “o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro é maior do que o publicado oficialmente e a carga tributária para os mais ricos é pequena, pesando mais sobre a população de baixa renda, o que caracteriza uma grave injustiça social”. Ministro Temporão admite que é necessário investir mais no setor O Ministro da Saúde José Gomes Temporão visitou a capital gaúcha no dia 19 de outubro para cumprir, entre outros compromissos, uma agenda relativa ao Grupo Hospitalar Conceição. Na ocasião, apresentou oficialmente a nova diretoria e assinou o edital de concorrência para obras de melhoria em vários setores do Grupo. Em sua manifestação, defendeu a CPMF, a regulamentação da Emenda 29 e mais verbas para o setor Saúde. O Cremers esteve Ministro da Saúde José Temporão representado na solenidade por seu presidente, Dr. Marco Antônio Becker. A necessidade de modelos organizacionais mais modernos, eficientes e democráticos também foi abordada pelo Ministro, que asseverou: “Temos que mudar a cultura de saúde como gasto, passando a vê-la como investimento. É uma área de criação de empregos, riqueza e conhecimento científico. O Brasil é dependente de tecnologia internacional, somente investindo em saúde e ciência poderemos reverter esse quadro”. Esta temática ensejou uma manifestação de Temporão a respeito da CPMF. Segundo ele, “não adianta imaginar que um sistema tão democrático de saúde vai ser feito sem recursos, e para isso a CPMF é necessária”. O Ministro encerrou defendendo a regulamentação da Emenda Constitucional 29, e reconheceu que o Governo Federal deveria ampliar seus gastos em saúde. Orçamento da Saúde deveria ser de R$ 100 bilhões A Constituição de 1988 prevê que a saúde deveria ser financiada com 30% do orçamento da Seguridade Social, o que não acontece. O orçamento da Seguridade é utilizado basicamente pelos ministérios da Previdência, Trabalho e Saúde. É composto da arrecadação da Previdência Social, do Cofins, do PIS-Pasep, da CPMF, de participações sobre o lucro líquido das empresas e da loteria. O ex-ministro Adib Jatene conta como o governo reduz o dinheiro que deveria ser destinado à Saúde: “O governo criou a Desvinculação dos Recursos da União, que permite destinar 20% desse dinheiro para outras áreas. Também as aposentadorias dos funcionários públicos da União passaram a ser pagas pela Seguridade. Foram dois golpes duros. Quando eu assumi o Ministério, em 1995, a Pasta tinha 22% da verba da Seguridade. Daí propus a CPMF para chegar nos 30% enquanto esperávamos a prometida reforma tributária, que não veio até hoje. Em 98, o recurso diminuíra para 18%. Hoje, não chega a 13%. Este ano, o orçamento é R$ 370 bilhões: 30% seriam mais de R$ 100 bilhões, mas a verba é de R$ 46 bilhões”. JORNAL DO CREMERS ● NOVEMBRO 2007 11 Atualização Médica Atualização Médica Cremers: ações com resultados concretos Videoconferência discute Saúde e Novas Tecnologias "É preciso uma mudança de paradigmas, como o foco no usuário e a valorização do médico." Dr. Hernani Robin Jr "Toda entrada de novas tecnologias acontece através do médico." Dr. João Polanczyk "Enfrentamos uma situação de precificação sem precedentes, com os médicos incorporando as novidades sem discutir seu preço." Dr. Paulo Picon "É preciso analisar se a incorporação dessas novas tecnologias é realmente necessária." Dr. Mário Henrique Osanai "A principal inquietação é o descompasso entre financiamento e incorporação da assistência de custo elevado." Dr. Cláudio Allgayer "As técnicas econômicas de avaliação podem auxiliar em uma série de decisões." Giácomo Balbinotto Neto 12 JORNAL DO CREMERS ● NOVEMBRO 2007 Videoconferência é uma parceria entre Cremers e Amrigs O projeto Debates Amrigs, realizado através do sistema de videoconferência em parceria com o Cremers, teve início no dia 16 de outubro com o tema Incorporação de Novas Tecnologias em Saúde. O projeto, que busca uma maior integração entre médicos da Capital e do Interior, com a troca de conhecimentos, foi transmitido em tempo real para Pelotas. Na ocasião, os presidentes das entidades, Marco Antônio Becker e Newton Barros, descerraram uma placa alusiva ao projeto conjunto. O evento foi aberto com uma apresentação Grupo Vocal da Amrigs. Em seguida, Barros saudou os presentes, garantindo que o programa, ao colaborar com a qualidade do debate de questões médicas, será ampliado para outras regiões do Estado. “O Cremers não mediu esforços para que este projeto se tornasse realidade”, relembrou. O diretor da entidade, Dirceu Rodrigues, falou sobre a importância da discussão científica, e destacou que “os médicos precisam pensar os motivos pelos quais escolheram a profissão e para onde ela vai”. Mediando o debate, o oncologista Hernani Robin Jr. apresentou uma introdução ao tema, falando sobre os conflitos e dificuldades entre prestadoras e pacientes. Usando modelos do norte-americano Michael Porter, doutor em Economia Empresarial, analisou os conflitos mercadológicos entre indústria farmacêutica, prestadoras de serviços e operadoras de planos de saúde, classificando-os como um ciclo autofágico. Robin concluiu que “as entidades médicas devem ser incluídas na mediação dessas forças de mercado. É preciso uma mudança de paradigmas, como o foco no usuário e a valorização do médico”. Ao presidente da Fehosul Cláudio Allgayer coube responder o "Cada personagem desse conflito tem um propósito: os médicos se preocupam com o melhor interesse do paciente, a indústria farmacêutica quer lucros, e o poder público quer votos." Dr. Marco Antônio Becker questionamento sobre como construir um novo modelo competitivo entre as forças de mercado focado no usuário. Allgayer ponderou que, para o público leigo, inovações tecnológicas e científicas em tratamento médico sempre representam melhorias, modernização e segurança. “Ao contrário de outras áreas, na área médica esse pensamento gera conflitos”, afirmou. Segundo o dirigente, "a principal inquietação é o descompasso entre financiamento e incorporação da assistência de custo elevado". Conflito de interesses João Polanczyk, superintendente executivo do Hospital Moinhos de Vento, foi questionado sobre o modelo de remuneração variável do corpo clínico como forma de reduzir a intensificação de procedimentos de alto custo patrocinados pela indústria. Polanczyk reiterou que esse modelo ainda não é uma realidade, e apontou: “Toda entrada de novas tecnologias acontece através do médico”. O superintendente, também citando Michael Porter, afirmou que o eixo social é apenas um dos componentes da sustentabilidade das organizações, juntamente com os eixos econômico e ambiental. “O problema não é o custo das novas tecnologias, mas sim o custo dos danos pela má qualidade dos resultados.” O médico fiscal do Cremers Mário Henrique Osanai, representando a Unimed Porto Alegre, discorreu sobre as formas de avaliar as novas tecnologias. Osanai enu- Dirigentes do Cremers e Amrigs unidos no projeto de videoconferência que tem o objetivo de contribuir para a atualização dos médicos merou os pontos que devem ser levados em consideração sobre novos medicamentos, aparelhos e exames: segurança, legalidade, eficácia e efetividade. Segundo Osanai, “é preciso analisar se a incorporação dessas novas tecnologias é realmente necessária”, definindo esta análise como o uso racional de recursos. As perspectivas de inclusão de estudos farmaco-econômicos no processo de incorporação de novas tecnologias foram abordadas pelo economista Giácomo Balbinotto Neto. Ele ressaltou que "as técnicas econômicas de avaliação podem auxiliar em uma série de decisões", e esclareceu como os medicamentos são precificados (de acordo com a Anvisa ou através de parâmetros internacionais). Políticas públicas relativas a novos medicamentos foram o assunto do Coordenador da Política de Medicamentos da Secretaria Estadual da Saúde, Paulo Picon. “Enfrentamos uma situação de precificação sem precedentes, com os médicos incorporando as novidades sem discutir seu preço”, alertou. Picon ilustrou essa realidade com o exemplo da Doença de Gaucher, que no Estado atinge 22 pessoas. Após estudos que resultaram na elaboração do Protocolo Brasileiro de Doença de Gaucher, foi possível reduzir a dose da medicação usada sem prejuízo para os pacientes. “A dosagem usada no RS é a menor do Brasil, e os pacientes têm demonstrado melhoras e estão satisfeitos”, afirmou. Ética médica e o marketing das indústrias Em sua participação, o presidente do Cremers, Marco Antônio Becker, falou sobre as implicações éticas do conflito de interesses do médico diante das novas tecnologias. Becker frisou: “Cada personagem desse conflito tem um propósito: os médicos se preocupam com o melhor interesse do paciente, a indústria farmacêutica quer lucros, e o poder público quer votos. Esse debate acontece agora porque apareceram intermediários com interesses diversos entre o médico e o paciente – este último é quem paga a conta desse conflito”. Becker enfatizou a questão da formação médica nesse problema. Segundo ele, o médico com formação deficiente pede mais exames e receita remédios sem saber exatamente do que se tratam. “Muitas faculdades estão formando ledores de bula”, asseverou. “Assim percebemos como a indústria funciona através de marketing e publicidade. Quem menos ganha com isso é o médico ético”, concluiu. Drs. Newton Barros e Marco Antônio Becker descerram a placa alusiva ao projeto JORNAL DO CREMERS ● NOVEMBRO 2007 13 Integração Cremers: ações com resultados concretos Integração Estudantes da FFFCMPA no Cremers N o dia 9 de outubro, alunos do primeiro ano de medicina da FFFCMPA visitaram o Cremers para conhecer suas dependências e serviços. O segundo-secretário Ismael Maguilnik recepcionou os estudantes, explicando o funcionamento dos diferentes setores do Conselho. Maguilnik falou sobre a documentação do médico, o trabalho da Comissão de Fiscalização e a relação entre as entidades médicas, além de abordar alguns dos temas trabalhados pelo Cremers em sua luta pela dignidade da profissão médica. O conselheiro afirmou, a respeito da revalidação automática do diploma de médicos formados no exterior, que “não existe viés político na negativa da revalidação automática. Nosso partido é a medicina”. Ressaltou também que existe tentativa de invasão na atividade médica por parte de outras profissões. Segundo Maguilnik, a medicina não pode ser regulada pelo mercado como qualquer produto de consumo, e a consolidação da Lei do Ato Médico é uma questão de responsabilidade pela saúde da população. Por fim, o conselheiro lembrou que “ética não se ensina, se pratica. É o exemplo que fica dos que nos antecederam”. Alunos da Faculdade de Ciências Médicas visitam o Cremers Dr. Ismael Maguilnik (C) com as professoras Lúcia Campos Pellanda e Maria Lúcia Lopes Lemos As professoras que acompanharam a turma também comentaram a ação de aproximação do Cremers aos estudantes de medicina. A Dra. Lúcia Campos Pellanda apontou que o encontro “é muito importante para os alunos começarem com o pé direito, dentro dos princípios éticos”. A Dra. Maria Lúcia Lopes Lemos, por sua vez, disse que “estas visitas são a oportunidade de ver um Conselho diferente do que era anos atrás. Hoje é uma entidade modernizada e balizadora da ética na profissão, buscando sempre a aproximação com o médico”. Processo Ético-Profissional: casos julgados Neste espaço, são relatados casos de PEPS que foram instaurados – e concluídos – no Cremers para informar e dar subsídios aos médicos sobre situações que podem levar o profissional a incorrer em infração ética. Denúncia de ausência de plantão Em Sessão Extraordinária de 14 de dezembro de 2004, foi aprovado, por unanimidade, o parecer do Senhor Conselheiro Sindicante, opinando pela abertura de processo ético-profissional contra o ‘Dr. A’ por indícios de infração dos artigos 35 e 37 do Código de Ética Médica. De acordo com esses artigos, é vedado ao médico “deixar da atender em setores de urgência e emergência, quando for de sua obrigação fazê-lo, colocando em risco a vida de pacientes...” e também “deixar de comparecer a plantão em horário preestabelecido ou abandoná-lo sem a presença de substituto, salvo por motivo de força maior”. O ‘Dr. A’ se ausentou do seu plantão nos dias 14, 15 e 16 de maio de 2004, no ‘Hospital X’, colocando em risco a vida de pacientes. Em sua defesa, o ‘Dr. A’ salienta que o período 14 JORNAL DO CREMERS ● NOVEMBRO 2007 de ausência do anestesista do Bloco Cirúrgico não significa abandono do plantão; esteve nas cercanias do hospital para sua alimentação, sempre em estado de pronto atendimento; se não interveio no caso concreto (uma vítima de ferimento por arma de fogo), foi porque o paciente atendido pelos demais médicos clínicos e cirurgiões de plantão não necessitou de sua intervenção. No julgamento, ocorrido em 06 de julho de 2007, foi decidido, por unanimidade de votos, pela culpabilidade do ‘Dr. A’ - por infração dos artigos 35 e 37 do Código de Ética Médica, pois sua própria defesa reconhece sua ausência embora tenha tentado atenuá-la. E se contradiz dizendo estar ausente do bloco cirúrgico, mas mantendo-se nas dependências do hospital, o que efetivamente não ocorreu. Nas próprias palavras do denunciado, constam as seguintes informações: “O plantão não era de sobreaviso mas de presença física” e “Plantonistas da urgência eram obrigados a permanecer no hospital”. Isto em nenhum momento é contestado, nem se prova que não tenha ocorrido. Evidentemente não seria o ‘Dr. A’ o responsável pelo atendimento do paciente, mas na hora em que seu concurso era necessário ficou provada sua ausência, tanto do bloco cirúrgico como, mais grave, do próprio hospital. O atendimento acabou sendo prestado por outros médicos. A ausência do ‘Dr. A’ era injustificável também porque havia uma cirurgia previamente agendada. Foi aplicada a pena prevista na letra ‘b’ do artigo 22 da lei 3.268 de 30 de setembro de 1957 - “Censura confidencial em aviso reservado’. Evento Cremers: ações com resultados concretos Evento Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina debate medicamentos e saúde pública N o dia 29 de setembro, a Academia Sul-Riograndense de Medicina discutiu, em sessão ordinária realizada no Cremers, os aspectos jurídicos e a viabilidade no sistema de saúde dos novos fármacos e procedimentos. O presidente da Academia, TeImo Bonamigo, fez um pronunciamento contundente na introdução do evento. O dirigente afirmou que a sessão se deu em cumprimento ao parágrafo 2º do Artigo 2º de seu Regimento Interno, “contribuindo com as autoridades oficiais competentes em assuntos relativos à Saúde Pública e problemas correlatos ao apresentar sugestões, solicitar providências e, quando for o caso, responder a consultas encaminhadas por ditas autoridade”. Bonamigo afirmou que o sistema de saúde do País passa por uma crise sem precedentes, a ponto de ser admitida pelo próprio Ministro. “É bem verdade que tardiamente foi dito aquilo que toda a população brasileira já sabia”, apontou. “A crise é multifatorial, mas é preciso iden- Sessão ordinária da Academia debateu a Saúde Pública com a participação de representantes do Legislativo, Judiciário e da Secretaria da Saúde do Estado tificar as causas mais importantes, e todos devemos ter esta preocupação. Os omissos poderão ser considerados coniventes com o descalabro, embora um pequeno percentual seja beneficiado com esta crise”. O dirigente disse, ainda, que a raiz do problema pode estar na própria Constituição Brasileira: “Os direitos ampliados, levados ao infinito, muito acima das possibilidades materiais do sistema de saúde, têm sido interpretados sob a Evento reuniu grande número de acadêmicos impressão de que os recursos, sendo finitos, podem ser gastos como se infinitos fossem”. “Por outro lado, será que o progresso gerou uma superoferta de fármacos, de procedimentos, muitos deles sem benefícios? Quem é beneficiado? O paciente ou o complexo industrial?”, questionou Bonamigo, para a seguir ponderar: “O segundo nunca perde, mas o primeiro, o paciente, pode perder muito se o fármaco não for eficiente e se o procedimento fracassar”. Entre os participantes da mesa-redonda estiveram o deputado federal Germano Bonow, que coordenou o painel, o Desembargador do Tribunal de Justiça Dr. Araken de Assis, e os médicos Drs. Bruno Naudorf, Paulo Picon e Alberto Beltrame, da Secretaria da Saúde do Estado. Confira no site: www.cremers. org.br a ata completa do encontro. “Os direitos ampliados, levados ao infinito, muito acima das possibilidades materiais do sistema de saúde, têm sido interpretados sob a impressão de que os recursos, sendo finitos, podem ser gastos como se infinitos fossem.” JORNAL DO CREMERS Dr. Telmo Bonamigo ● NOVEMBRO 2007 15 Câmara Técnica Câmara Técnica Cremers: ações com resultados concretos Cardiopatia Isquêmica A Câmara Técnica de Cardiologia realizou um encontro ético-científico no dia 25 de outubro, sob coordenação do corregedor Régis Porto e da conselheira ouvidora Céo Paranhos de Lima. O objetivo do evento era apresentar aos médicos novidades e questionamentos a respeito da cardiopatia isquêmica. Os palestrantes no evento foram a Dra. Carisi Polanczyk, que apresentou aspectos clínicos relacionados à doença. Carisi afirmou que existem muitos questionamentos acerca do uso do cateterismo, sobre quando é a melhor hora de utilizar ou mesmo se ele deve ser utilizado. “De acordo com alguns estudos, no grupo de risco intermediário a taxa de mortalidade é a mesma para pacientes que adotam procedimentos invasivos o tempo todo e para pacientes que são cautelosos ao adotar tais procedimentos”, afirmou. Em seguida, o Dr. Renato Karam Kalil apresentou aspectos relativos à cirurgia cardiovascular. A cirurgia tinha uma grande rejeição por parte de antigos cardiologistas, alguns inclusive se recusavam a aceitar procedimentos cirúrgicos nos seus pacientes. “A cirurgia cardiovascular é provavelmente o procedimento mais testado da história recente da medicina”, afirmou Kalil, que descreveu as situações nas quais é Painel realizado no Cremers reuniu especialistas em Cardiopatia Isquêmica importante utilizar o procedimento invasivo. Apresentou também um estudo no qual demonstra que os pacientes que realizam angioplastia têm maior necessidade de uma segunda intervenção. O Dr. Alexandre de Quadros mostrou aspectos relativos aos procedimentos percutâneos, no campo da hemodinâmica. Quadros relatou que estudos recentes demonstram que o uso de stent farmacológico não provoca aumento da mortalidade. Além disso, tem resultados eficazes, evitando novas revascularizações. Também ressaltou o fato de as pesquisas apresentadas serem promovidas pelos governos europeus, pois um dos grandes problemas são as pesquisas associadas a laboratórios que produzem stents. Evento marca Dia da Homeopatia N o dia 21 de novembro, Dia Nacional da Homeopatia, a Câmara Técnica de Homeopatia do Cremers, em parceria com a Liga Homeopática do RS e a Sociedade Gaúcha de Homeopatia, realizou um debate ético-científico sobre a especialidade. Aberto pelos conselheiros Rogério Wolf de Aguiar e Antônio Ayub, o evento foi coordenado pelo Presidente da Sociedade Gaúcha de Homeopatia e membro da Câmara Técnica, Érico Dornelles, que lembrou: “Hoje é o Dia Nacional da Homeopatia porque representa o início desta atividade no Brasil”. A presidente da Câmara Técnica, Universina Ramos, descreveu as atividades do órgão, citando seus membros, atribuições e conquistas. “Acusam os homeopatas de não possuir títulos de mestra- 16 JORNAL DO CREMERS ● Painel realizado no Cremers reuniu dezenas de médicos do e doutorado, de não realizar estudos e de não publicar trabalhos. Vários pareceres do CFM já desmentiram esse fato”, afirmou, lembrando que uma das maiores bandeiras da homeopatia é a luta por um protocolo de patogenesias. Citou também a vitória representada pelo reconhecimento da repertorização como procedimento pela Unimed. Ben-Hur Dalla Porta, presiden- NOVEMBRO 2007 te da Liga Homeopática do RS, contou a história da instituição desde sua fundação, em 1944, pelo homeopata David Castro. Ângela Lanner Vieira, ex-presidente da Associação Médica Homeopática Brasileira, demonstrou números da especialidade no Brasil e a importância de sua participação no SUS. Mencionou a portaria 971, do Ministério da Saúde, que gerou uma polêmica em torno de práticas alternativas na saúde pública. “A homeopatia vai ao encontro do que preconiza a OMS, em favor de uma visão integral de saúde do indivíduo. É preciso incentivar a homeopatia no sistema público e na estratégia de saúde da família como forma de prevenção e de reforço à atenção básica.” Ângela citou ainda novas e atuais abordagens da homeopatia, explicando o ponto de vista de alguns pesquisadores. Por fim, Dalla Porta retomou a palavra para lançar a sugestão de um Museu da Homeopatia: “A idéia nasce do inconsciente coletivo desta memória, que hoje está fragmentada”. O médico defende a ampliação dessa discussão, ressaltando a importância da manutenção de acervos e documentos históricos que permitam reconstruir o passado da especialidade. Câmara Técnica Câmara Técnica Cremers: ações com resultados concretos Evento debate a doação de órgãos no RS N o dia 08 de novembro, um encontro ético-científico realizado pela Câmara Técnica de Nefrologia abriu espaço para discutir a morte encefálica e a doação e transplante de órgãos no Estado. O conselheiro Antônio Ayub abriu o evento, repassando os assuntos já tratados nos encontros anteriores. O coordenador do debate, Ivan Carlos Ferreira Antonello, reiterou a importância desse tipo de discussão tanto para a classe médica quanto para a população. Morte Encefálica O primeiro palestrante, o intensivista Jairo Othero, abordou dois temas: o papel do intensivista na notificação de morte encefálica e as dificuldades desse diagnóstico. Othero salientou o descompasso entre a tecnologia médica atual e o conceito de morte encefálica, apresentando um estudo que demonstra as dificuldades dos médicos quanto ao assunto. “Entre as principais dúvidas estão os aspectos protocolares, éticos, legais e religiosos. A notificação da morte encefáli- Dra. Denise Sarti ca pressupõe um diagnóstico correto, é preciso incentivar o médico intensivista a adotar essa rotina”. O médico apontou, ainda, que faltam legislação, políticas e diretrizes que regulem a notificação da morte encefálica, além da pouca capacitação dos médicos para tanto. “O intensivista fica com a dor e a dificuldade, sem acompanhar a evolução do transplantado. Isso seria um incentivo.” Othero demonstrou números relativos às UTIs, leitos e Comissões Intra-hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTTs) no RS e no Brasil. “Há uma falta de posicionamento das instituições hospitalares, e de envolvimento maior por parte da sociedade. Todos acham que o problema não é seu”, ressaltou. Complexidade do processo doação-transplante O presidente da Fehosul, Cláudio Allgayer, mostrou o ponto de vista gerencial da questão. Segundo o dirigente, “o problema está radicado na subnotificação da morte encefálica”. Ele con- Dr. Jairo Othero corda que é preciso haver uma normatização desse processo e, para tanto, atuação junto aos tomadores de decisão nos hospitais. “Esse processo leva tempo e envolve todos”. Allgayer também ressaltou o aspecto econômico da notificação e do transplante. Ele afirma que “este trabalho não é valorizado”. Rosana Reis Nothen, coordenadora da Comissão Intra-hospitalar de Transplantes do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), falou sobre modelos de coordenação de transplantes, ilustrando com o caso do HCPA. Segundo Rosana, modelos descentralizados e pluralistas, como o espanhol, são os mais eficazes, mas ressalta: “As coisas só vão acontecer no Brasil quando o médico for envolvido”. A coordenadora citou aspectos que devem ser considerados para a otimização do serviço, e criticou a complexidade do processo doação-transplante. Central de Transplantes A médica sanitarista Denise Sarti explicou o funcionamento da Central de Transplantes do RS, que regula, gerencia, imple- Dra. Rosana Reis Nothen Dr. Ivan Carlos Ferreira Antonello menta e avalia todos os aspectos do processo doação-transplante. Denise frisou que, como todo órgão estadual, a Central enfrenta dificuldades financeiras, “mas o RS é um dos poucos estados que realizam todo tipo de transplante”. Ela citou os aspectos geopolíticos do Estado que influenciam no processo, e saudou o trabalho em parceria com as comissões intra-hospitalares de transplante. “Há um paradoxo entre as opiniões da população sobre doação e transplante. Todos afirmam que aceitariam receber um órgão, mas nem tantos garantem que seriam doadores”, revelou. O conselheiro Antônio Ayub encerrou o evento abordando os aspectos éticos da doação e do transplante de órgãos, citando a legislação que dispõe os deveres e direitos dos médicos, pacientes, hospitais e equipes de transplante nesses casos. “Acima de tudo, é preciso haver humanidade e respeito à decisão da família e do próprio paciente.” JORNAL DO CREMERS ● NOVEMBRO 2007 17 Delegacias Cremers: ações com resultados concretos Delegacias Exercício ético da medicina é debatido em Cruz Alta A cidade de Cruz Alta recebeu a diretoria do Cremers, nos dias 26 e 27 de outubro, para a reunião das delegacias seccionais. O evento teve início com uma palestra do coordenador da ouvidoria Antônio Celso Ayub, que antecedeu um debate sobre assuntos éticos e administrativos referentes ao exercício médico na região. Neste debate, o vice-presidente Cláudio Franzen, o tesoureiro Isaías Levy, o corregedor Régis Porto e o coordenador de patrimônio Iseu Milman esclareceram dúvidas e abordaram questões relativas ao exercício ético da profissão. Na manhã de sábado, dia 27/10, o preceptor do programa de residência em psiquiatria da FFFCMPA Cristiano Brum ministrou uma aula sobre o paciente violento em emergências psiquiátricas. O delegado de Cruz Alta João Carlos Heberle considerou o evento muito bom, superando as suas expectativas. “Tivemos um expressivo número de colegas participando, o que demonstra preocupação da classe com as questões relacionadas ao exercício ético da medicina”, declarou o delegado. Heberle também ressaltou o excelente clima de confraternização dos encontros e a ótima repercussão junto aos profissionais. Médicos da região participaram das atividades Dr. Isaías Levy 18 JORNAL DO CREMERS Dr. Régis Porto ● NOVEMBRO 2007 Reunião foi realizada nos dias 26 e 27 de outubro Seção Delegado Fone Alegrete Dr. Décio Passos Sampaio Péres (55) 3422.4179 Bagé Dr. Airton Torres de Lacerda (53) 3242.8060 Cachoeira do Sul Dr. Osmar Fernando Tesch (51) 3723.3233 Camaquã Dr. Vitor Hugo da Silveira Ferrão (51) 3671.3191 Carazinho Dr. Airton Luís Fiebig (54) 3330.1038 Caxias do Sul Dr. Alexandre Ernesto Gobbato (54) 3221.4072 Cruz Alta Dr. João Carlos Stona Heberle (55) 3324.2800 Erechim Dr. Juliano Sartori (54) 3321.0568 Ijuí Dra. Miréia Simões Pires Wahys (55) 3332.6130 Lajeado Dr. Roberto da Cunha Wagner (51) 3714.1148 Novo Hamburgo Dr. Jorge Luiz Siebel (51) 3581.1924 Osório Dr. Ângelo Mazon Netto (51) 3663.2755 Palmeira das Missões Dr. Áttila Sarlo Maia Júnior (55) 3742.1503 Passo Fundo Dr. Alberto Villarroel Torrico (54) 3311.8799 Pelotas Dr. Marco Antônio Silveira Funchal (53) 3227.1363 Rio Grande Dr. Job José Teixeira Gomes (53) 3232.9855 Santa Cruz do Sul Dr. Mauro José Thies (51) 3713.1532 Santa Maria Dr. João Alberto Larangeira (55) 3221.5284 Santa Rosa Dr. Omar Celso Ceccagno dos Reis (55) 3512.8297 Santana do Livramento Dr. Leandro Nin Tholozan (55) 3242.2434 Santo Ângelo Dr. Ubiratã Gomes de Almeida (55) 3313.4303 São Borja Dr. João Umberto Del Fabro (55) 3431.3433 São Gabriel Dr. Clóvis Renato Friedrich (55) 3232.2713 São Jerônimo Dra. Lori Nídia Schmitt (51) 3651.1361 São Leopoldo Dr. Renato Brufatto Machado (51) 3592.1646 Três Passos Dr. Dary Pretto Filho (55) 3522.2324 Uruguaiana Dr. Jorge Augusto Hecker Kappel (55) 3412.5068 Ministério da Saúde mobiliza médicos para combater a dengue hemorrágica O s médicos de todo o Brasil estão sendo convocados para o esforço de evitar as mortes relacionadas à dengue hemorrágica, a forma mais grave da dengue. Em uma ação conjunta, o Ministério da Saúde e o Conselho Federal de Medicina estão enviando 300 mil cartas para profissionais médicos, alertando e convocando para essa mobilização nacional. Neste ano, a dengue já causou 121 mortes e contaminou mais de 480 mil pessoas. A estratégia tem o objetivo de orientar os médicos a diagnosticar a dengue no seu estágio inicial. A devida atenção ao paciente reduz a praticamente zero a possibilidade de morte por dengue hemorrágica. A medida será complementada com o envio de um CD produzido em parceria entre o Ministério da Saúde e o Conselho Federal de Medicina. O material trará informações sobre os sintomas da doença, o diagnóstico e o que deve ser feito pelo profissional. Além disso, estará disponível no site do Ministério da Saúde (www.saude.gov.br/svs) um guia atualizado de diagnóstico e clínica médica. Endereço R. Vasco Alves, 431/402 R. General Neto, 161/204 R. Pinheiro Machado, 1020/104 | [email protected] R. Júlio de Castilhos, 235 R. Bernardo Paz, 162 R. Bento Gonçalves, 1759/702 | [email protected] R. Venâncio Aires, 614 salas 45 e 46 | CEP 98005-020 | [email protected] Av. 15 de Novembro, 78/305 | [email protected] R. Siqueira Couto, 93/406 | [email protected] R. Fialho de Vargas, 323/304 | [email protected] R. Joaquim Pedro Soares, 500/sl. 55/56 R. Barão do Rio Branco, 261/08-9 R. César Westphalen, 195 R. Bento Gonçalves, 190/207 | [email protected] R. General Osório, 754/602 | [email protected] R. Zalony, 160/403 | [email protected] R. Ramiro Barcelos, 1365 Av. Pres. Vargas, 2135/503 | [email protected] Simpósio de Cardiologia em Uruguaiana Realizado dia 26 de Outubro, o 2o Simpósio de Cardiologia de Uruguaiana reuniu um grande número de médicos e autoridades no salão nobre da prefeitura do município. O evento, que contou com a presença do vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Dr. Oscar Pereira Dutra, teve também a participação do Dr. Ivo Nesralla, cirurgião cardiovascular e Diretor do IC-FUC, e do cardiologista Dr. Sidney Campodonico Filho, Coordenador Científico do Simpósio. O prefeito de Uruguaiana, Sanchotene Felice, prestigiou o evento. O Cremers esteve representado no simpósio por seu delegado regional, Dr. Jorge Kappel, que integrou a mesa ao lado do Dr. Glênio Boelter, diretor do corpo clínico da Santa Casa; Dr. Reinaldo Blanco da Costa, presidente da Sociedade de Medicina de Uruguaiana; e o Dr. José Maria Argemi Filho, Secretário da Saúde no Municipio. R. Fernando Ferrari, 281/803 | CEP 98900-000 | [email protected] R. 13 de Maio, 410/501 R. Três de Outubro, 256/202 | [email protected] Evento reuniu grande número de médicos da região Av. Presidente Vargas, 1440 R. Jonathas Abbot, 636 R. Salgado Filho, 435 R. Feitoria, 178 R. Bento Gonçalves, 222 | CEP 98600-000 R. Dr. Domingos de Almeida, 3.801 JORNAL DO CREMERS ● NOVEMBRO 2007 19 Exercício profissional Exercício profissional Cremers: ações com resultados concretos Médicos protestam e mantêm a mobilização por mais 90 dias Confira a lista de reivindicações: • tornar o serviço público eficiente na área da saúde; • melhor atendimento à população; • reajuste de 100% do montante destinado aos honorários médicos do SUS; • remuneração piso de R$ 6.963,52 para 20 horas de trabalho. (conforme recomendação do último Enem); • carreira de Estado e implantação de plano de cargos e salários para os médicos no SUS. A situação caótica da saúde pública no Brasil motivou as entidades médicas a promover no dia 21 de novembro o Dia Nacional de Protesto em defesa de melhores condições de trabalho, melhor remuneração e de uma saúde pública eficiente. Na sede da Associação Médica Brasileira, em São Paulo, as entidades médicas nacionais definiram uma mobilização de 90 dias, com atos públicos, atividades de mobilização dos três poderes nacionais e reuniões com autoridades financeiras do país, para discutir o subfinanciamento da saúde. “Nossa data limite é 5 de março. Até lá, vamos negociando com o governo e fazendo os protestos, mas se não tivermos garantido em 90 dias o PAC da Saúde, tomaremos atitudes mais drásticas”, afirmou o coordenador da Comissão Pró-SUS, Geraldo Guedes. De acordo com o presidente do Cremers Marco Antônio Becker, entre os tantos motivos que levam as entidades médicas a protestar, está a vergonhosa tabela do SUS. “Mesmo depois do 20 JORNAL DO CREMERS ● reajuste anunciado em outubro, os valores continuam insatisfatórios. Os médicos são obrigados a acumular empregos para garantir um salário digno”, afirma o presidente, acrescentando que “a falta de investimento do governo no sistema público de saúde resulta no mau atendimento à população”. O Sistema Único de Saúde paga ao médico 10 reais por consulta com especialista. Apesar dos incentivos dados ao parto normal, o sistema paga apenas R$ 236 pelo procedimento, cerca de quatro vezes menos em relação ao sistema privado. Outros tantos procedimentos estão defasados, como cirurgia de amígdalas (R$ 115), cirurgia de fimose (R$ 42), de apendicite (R$ 211) e o atendimento ao recém-nascido na sala de parto, pelo pediatra (R$ 27,60). Além do reajuste nos repasses do SUS, outras pautas de reivindicação são o piso salarial e as melhorias necessárias para garantir um sistema de saúde digno ao povo brasileiro. O lema da mobilização é “A medicina brasileira exige respeito”. NOVEMBRO 2007 CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DIA DE PROTESTO O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul vem, neste Dia Nacional de Protesto, denunciar as más condições de trabalho e a remuneração aviltante a que são submetidos os médicos que atendem o SUS. Nos últimos treze anos, a tabela de procedimentos do SUS foi atualizada em apenas 30%, enquanto que a inflação, para o mesmo período, chegou a mais de 420 por cento. É imperativo um reajuste imediato para recuperar a perda inflacionária dos honorários médicos, bem como a implantação de um plano de carreira. É preciso dar um basta a esta situação aviltante que penaliza igualmente médicos e pacientes. Porto Alegre, 21 de novembro de 2007 Marco Antônio Becker Presidente Fernando Weber Matos Primeiro-Secretário