Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Vigilância Epidemiológica Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde Gerência Técnica de Alerta, Monitoramento e Operações de Resposta de Saúde ANTRAZ/CARBÚNCULO Brasília, DF 2011 2011. Ministério da Saúde – Secretaria de Vigilância em Saúde, 1ª Edição/2011. Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial. Elaboração, edição e distribuição MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Vigilância Epidemiológica Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde Gerência Técnica de Alerta, Monitoramento e Operações de Resposta de Saúde Impresso no Brasil/Printed in Brazil Endereço Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Edifício-Sede, 1º andar, Sala 119. CEP: 70.058900. Brasília – DF. Contatos: Telefone: (55) 61 3315-3899 Telefone: (55) 61 3315-3896 E-mail: [email protected] Home page: www.saude.gov.br/svs Brasil. Ministério da Saúde. Brasília. ANTRAZ/CARBÚNCULO. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde, Gerência Técnica de Alerta, Monitoramento e Operações de Resposta de Saúde, 2011. 1ª ed. p. 22. Ministro da Saúde Alexandre Rocha Santos Padilha Secretário de Vigilância em Saúde Jarbas Barbosa da Silva Júnior Diretora do Departamento de Vigilância Epidemiológica Carla Magda Domingues Coordenador do Centro de Informações Estratégicas e Respostas em Vigilância em Saúde George Santiago Dimech Gerente da Gerência Técnica de Alerta, Monitoramento e Operações de Resposta de Saúde Wender Antonio de Oliveira Responsável Técnico Wender Antonio de Oliveira SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 5 2. ASPECTOS CLÍNICOS ........................................................................................................................... 5 3. AGENTE CAUSAL................................................................................................................................. 7 4. FORMAS DE CONTÁGIO ...................................................................................................................... 7 5. PATOGENICIDADE .............................................................................................................................. 8 6. COMPLICAÇÕES .................................................................................................................................. 9 7. DIAGNÓSTICO .................................................................................................................................... 9 8. TRATAMENTO ...................................................................................................................................10 9. DEFINIÇÃO DE CASO – SUSPEITO, CONFIRMADO, DESCARTADO – CDC/OMS ....................................10 10. MEDIDAS DE BIOSSEGURANÇA .........................................................................................................11 11. REFERÊNCIAS.....................................................................................................................................22 5 1. INTRODUÇÃO É uma infecção bacteriana zoonótica dos herbívoros – vacas, ovelhas, cabras, cavalos, elefantes, búfalos – que acidentalmente se transmite ao homem, causada pelo Bacillus anthracis. Geralmente se adquire através do contato com os animais infectados, ou por intermédio de produtos de origem animal contaminados, tais como pelos, couros, restos ósseos, etc. Os primeiros casos de antraz em humanos, ocasionados pela liberação intencional de esporas de Bacillus anthracis, ocorreram pelo sistema postal dos EUA que gerou pânico e terror na população geral, quando em outubro de 2001, o Centers for Disease Control – CDC confirmou 18 casos de antraz associados à liberação intencional das esporas. Do total de casos, 11 foram pela forma inalatória e 7 foram na forma cutânea. Dos casos de antraz por inalação, cinco pacientes morreram. Os eventos subsequentes de bioterrorismo ocorridos na Arábia Saudita, Indonésia, Turquia e mais recentemente na Espanha e Inglaterra são lembranças contínuas da nossa fragilidade e do risco que futuros ataques terroristas podem perpetrar-se através da liberação intencional de agentes biológicos. 2. ASPECTOS CLÍNICOS Os sinais dos sintomas de antraz são diferentes dependendo do tipo da doença: Cutânea: O período de incubação do antraz na forma cutânea é de um dia. O primeiro sintoma é uma pequena pápula que se transforma em uma vesícula. A vesícula então se transforma em uma úlcera de pele com uma área preta no centro no período de 10 a 70 dias da lesão inicial. A pápula, vesícula e úlcera não doem. 6 Orofaríngea: O período de incubação geralmente é de 1 a 7 dias. Na fase inicial os primeiros sinais e sintomas são febre, pescoço unilateral ou bilateralmente marcado por inchaço causado pela linfoadenopatia regional, severa dor de garganta e disfagia, úlceras na base da língua, inicialmente edemaciada e hiperemiada. Na fase tardia, as úlceras podem evoluir para necrose. O edema também pode ser grave o suficiente para comprometer as vias aéreas. Gastrointestinais: O período de incubação geralmente é de 1 a 7 dias. Na fase inicial os primeiros sintomas são náuseas, vômitos, anorexia, febre evoluindo com dor abdominal grave, hematêmese e diarréia sanguinolenta. Na fase tardia, geralmente 2 a 4 dias após o início dos sintomas, a ascite se desenvolve à medida em que diminui a dor abdominal. Choque à morte dentro de 2 a 5 dias do início da doença. Inalatória: O período de incubação geralmente é de menos de uma semana, podendo se prolongar por dois meses. Na fase inicial os primeiros sintomas de inalação de antraz são sintomas não específicos como febre baixa, tosse seca, mal estar, fadiga, mialgia, sudorese profunda, manifestações no desconforto trato respiratório respiratório superior). (são Nos raras as achados radiológicos: alargamento do mediastino, derrame pleural e infiltrados. Na fase tardia, geralmente de 1 a 5 dias do início dos sintomas, pode ser precedido por 1 a 3 dias de melhora com início abrupto de febre alta e problemas respiratórios graves (dispnéia, estridor e cianose). Choque à morte dentro de 24 a 36 horas. Na maioria dos casos, o tratamento precoce com antibióticos pode curar o antraz cutâneo. Mesmo não sendo tratado, 80% das pessoas infectadas pelo antraz cutâneo não morrem. O antraz gastrointestinal é mais grave porque, entre um quarto e mais da metade dos casos, levam à morte. A inalação de antraz é muito mais grave. 7 3. AGENTE CAUSAL O Bacillus anthracis é um bacilo esporulado, gram-positivo. Seu nome origina da palavra grega anthrakis (carvão), devido a cor negra das lesões que produzem na pele. Atenção: A bactéria não poderia se desenvolver em ambiente como salas, escritórios etc., porque está em forma de esporos. Para que o esporo de antraz se reproduza, é preciso que invada um organismo vivo, penetrando por algum ferimento da pele, sendo inalado ou ingerido por uma pessoa. Entretanto, como umas das características desta bactéria é produzir esporos (órgãos reprodutores) ela pode durar muitos anos no meio ambiente até encontrar um organismo para infectar. 4. FORMAS DE CONTÁGIO Como mencionado anteriormente, o Antraz pode apresentar-se de três formas clínicas: cutânea, gastrointestinal e pulmonar (Figura 1). Se o sistema de defesa falhar e não contiver a infecção no início, a bactéria pode penetrar no sistema linfático e começar a se multiplicar. Consequentemente, a bacilemia e a concentração de toxinas na circulação aumentam rapidamente, cursando com febre, coma e morte dentro de poucas horas. No período que antecede ao óbito, ocorre um aumento dramático do número de bactérias (LEVY, 2004). 8 Figura 1 - Formas clínicas. 5. PATOGENICIDADE Após entrar no organismo, o bacilo se prolifera, em seguida torna-se resistente à fagocitose leucocítica, devido a uma ação capsular, acumulando-se nas lesões (DIXON et al., 1999). A toxina da bactéria é composta por três tipos de proteínas que agem sinergicamente: FE fator edema (fator I), AP antígeno protetor (fator II) e FL fator letal (fator III). O fator III, sozinho ou combinado com o fator I não é tóxico, mas quando combinado com o fator II torna-se tóxico. Os níveis destes fatores são proporcionais à quantidade de bactérias presentes (SPARRENBERGER et al., 2003). A produção destes agentes responsáveis pela toxidade é favorecida pelo ambiente interno do hospedeiro, quente e rico em bicarbonato (SIRARD; MOCK; FOUET, 1994). 9 6. COMPLICAÇÕES O envolvimento das meninges é uma complicação rara do antraz. A porta de entrada mais comum é a pele. A bactéria pode se disseminar para o sistema nervoso central através de disseminação hematogênica ou linfática. Meningite por antraz é quase sempre fatal. A morte ocorre de um a seis dias após o início da doença, mesmo com a realização de terapia intensiva com antibiótico. Além dos sintomas meníngeos e rigidez de nuca, os pacientes apresentam febre, fadiga, mialgia, cefaléia, náusea, vômitos, e algumas vezes agitação, convulsões e delírio. Os sintomas iniciais são seguidos por rápida degeneração neurológica e morte. Os achados encontrados na patologia são meningite hemorrágica, edema extenso, infiltrado inflamatório e numerosas bactérias gram-positivas na leptomeninge. O líquido cefalorraquidiano é frequentemente sanguinolento e contem bacilos gram-positivos. 7. DIAGNÓSTICO O diagnóstico laboratorial pode ser feito através de testes bacteriológicos, sorológicos e imunológicos. Testes bacteriológicos e culturas do líquido ascítico, derrames pleurais, líquido cefalorraquidiano (no caso de meningite) e fluído cuidadosamente retirado pela expressão da escara, (embora esse último não seja recomendado, pois pode causar a disseminação do patógeno) podem ser feitos. Os indicadores mais confiáveis são os títulos de anticorpos contra os antígenos de proteção e contra os componentes da cápsula. Outros exames que podem ser realizados para o diagnóstico são o Western-Blott e a Microhemaglutinação. Ambos podem ser realizados em conjunto com ELISA, o que aumenta a sensibilidade do exame, ou individualmente, pois têm resultados semelhantes aos obtidos pelo ELISA. O teste cutâneo para antraz consiste na injeção intradérmica de um extrato comercial de cepas atenuadas de Bacillus anthracis. Esse teste está disponível para o diagnóstico de casos agudos ou prévios de antraz. Este teste diagnosticou 82% dos casos em 1 a 3 dias a partir do inicio dos sintomas e 99% dos casos no final da 10 quarta semana. O teste cutâneo e as novas técnicas diagnósticas, como o PCR, podem ser muito úteis na clínica, pois o diagnóstico precoce de antraz é crucial. 8. TRATAMENTO Os antibióticos são usados para tratar todos os tipos de antraz. A identificação precoce e o tratamento são importantes. 8.1. PREVENÇÃO APÓS A EXPOSIÇÃO O tratamento é diferente para uma pessoa que está exposta ao antraz, mas ainda não está doente. O tratamento consiste na utilização de antibióticos (como a ciprofloxacina, levofloxacina, a doxiciclina ou a penicilina). 8.2. TRATAMENTO APÓS A INFECÇÃO O tratamento é geralmente um curso de 60 dias de antibióticos. O sucesso depende do tipo de antraz e em quanto tempo o tratamento começa. Existe uma vacina para prevenir o antraz, mas ela ainda não está disponível para o público em geral. Quaisquer pessoas passíveis de serem expostas ao antraz, incluindo alguns membros das forças armadas dos EUA, trabalhadores de laboratórios e trabalhadores que podem entrar ou reentrar em áreas contaminadas, podem receber a vacina. Além disso, no caso de um ataque com antraz como uma arma química, todas as pessoas expostas receberiam a vacina. 9. DEFINIÇÃO DE CASO – SUSPEITO, CONFIRMADO, DESCARTADO – CDC/OMS Um único caso suspeito de antraz deve ser notificado à OMS no âmbito do RSI (2005). 9.1. Caso suspeito Um caso suspeito de antraz em humanos pode ser definido como: Um caso clinicamente compatível com a doença sem isolamento do Bacillus anthracis e sem diagnóstico alternativo, mas com evidência laboratorial do Bacillus anthracis de um laboratório de apoio; Ou, Caso clinicamente/ epidemiologicamente compatível com antraz ligados à uma exposição ambiental confirmada (produto de origem 11 animal infectados, fômites contaminados e/ ou outras fontes). 9.2. Caso confirmado Um caso confirmado de antraz em humanos pode ser definido como: Um caso clinicamente compatível com a forma cutânea, inalatória ou gastrointestinal da doença confirmada laboratorialmente por: Isolamento do B. anthracis a partir de um tecido afetado Ou, Evidências laboratoriais de infecção pelo B. anthracis baseada em pelo menos dois testes em laboratórios de apoio. Nota: pode não ser possível demonstrar B. anthracis em espécimes clínicos, caso o paciente tenha sido tratados com agentes antimicrobianos. 10. MEDIDAS DE BIOSSEGURANÇA A. Protocolo de coleta, acondicionamento e embalagem de material suspeito de conter Bacillus anthracis, captado em ambiente não laboratorial, objetivando análise diagnóstica. As orientações disponibilizadas buscam atribuir segurança aos manipuladores de materiais suspeitos de contaminação com o agente bacteriano no momento da coleta, quando ocorrer em ambientes diversos do Laboratório de Microbiologia (veículos para transporte coletivo ou não, salas de vivência individual ou coletiva de modo geral, depósitos, sanitários, escritórios, salas de motores de equipamentos de refrigeração, dentre outros). Normalmente, os materiais suspeitos são remetidos ao destinatário dentro de envelopes de correspondência postal. Outras vezes os pós a serem coletados estão espalhados no ambiente (bancadas, mesas, pias, etc.). B. Quem deve coletar Todo profissional de saúde poderá proceder à coleta, desde que sigam criteriosamente, as indicações de biossegurança. 12 C. Quantidade por amostra Como as quantidades de material suspeito encontradas são variáveis, deve ser coletado o maior volume possível. D. Materiais para coleta Serão necessários instrumentais e acessórios que podem ser, não convencionais para tal coleta. Abaixo, indicações de instrumentais e acessórios improvisados, não convencionais, que podem ser utilizados alternativamente por serem encontrados próximo ao local da coleta: Sacos plásticos limpos para 5 litros de capacidade ou mais, ou sacos plásticos de supermercado. Usar 3 sacos introduzindo um dentro do outro; Espetos de bambu tipo “churrasquinho”, ou pedaços de arame com mais ou menos 20-30 cm, ou colher dupla do tipo para servir salada, ou pregadores de roupa ou, ainda, um alicate; Detergente líquido usado em cozinha; Gaze cirúrgica, algodão hidrófilo, lenço de algodão para uso no rosto, folhas de papel para impressora, pincel de pêlo, espátula de madeira ou metálica, Desinfetante tipo “Lisoform®” ou solução de formaldeído a 37%, hipoclorito de cálcio com 2,5% de cloro ativo, ou de sódio a 2,5% de cloro ativo, ou álcool etílico a 92,8º INPM; Fita adesiva tipo “durex” ou barbante; Luvas de borracha de uso em cozinha; Baldes de plástico (2, no mínimo). E. Procedimentos de coleta As diretrizes abaixo relacionadas deverão ser implementadas de acordo com a magnitude do evento: 1. Procedimentos básicos para qualquer pessoa que localize um material suspeito de contaminação por Bacillus Anthracis 13 Não tocar, não agitar, não tentar limpar ou recolher o material suspeito; Não espirrar, não tossir, não olhar muito próximo, não cheirar e não provar; Desligar aparelhos de climatização, condicionadores, exaustores e ventiladores de ar; Fechar janelas e portas, sair do local, mantendo o mesmo isolado e não permitir a entrada de pessoas; Contatar a Secretaria de Saúde do Estado ou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária quando tratar-se de ocorrências em áreas de terminais aquaviários, portos organizados, aeroportos, estações e passagens de fronteiras e terminais alfandegários. 2. Recomendações importantes em caso de contato com o material suspeito de contaminação por Bacillus Anthracis Não esfregar as mãos antes de molhá-las; Lavar imediatamente as mãos com água corrente, abundante, e sabão; Não escovar as mãos durante a lavagem; Procurar imediatamente orientação em uma unidade de saúde. 3. Procedimentos relacionados à coleta, acondicionamento, transporte e descontaminação do material suspeito por Bacillus anthracis: a) Cuidados gerais: Os profissionais que irão executar esses procedimentos deverão atender aos seguintes requisitos: Não serem portadores de ferimentos, queimaduras ou imunodeprimidos; Não deverão usar relógios e adereços (anéis, brincos, colares, entre outros); Usar os equipamentos de proteção individual (EPI) preconizados de acordo com o tipo de exposição; 14 Usar respiradores alternativos e cuidados especiais quando portadores de pêlos faciais (barba, bigode e costeletas); Realizar higiene pessoal completa: banho com água corrente, abundante, e sabão, após os procedimentos. Verificar se os procedimentos básicos (item E1) foram adotados corretamente, se não, adotá-los; Avaliar a situação da área suspeita de contaminação; Proceder a demarcação da área a ser descontaminada com material desinfetante; Adotar estratégias específicas relacionadas para a coleta, transporte e descontaminação, descritas adiante. b) Tipo de exposição: No caso do material suspeito se apresentar contido (em envelope, caixa, ou em qualquer outro recipiente) não havendo indícios de contaminação aparente do meio externo, orienta-se, para quem o coletar os seguintes equipamentos: Usar máscara de proteção facial, tipo respirador facial filtrante n95, novo, com válvula de exalação; Usar óculos de proteção ou protetor facial; Usar luvas descartáveis de látex, não estéril (tipo 1); Usar avental descartável não de tecido, mangas compridas, punho em malha ou elástico, gramatura 50g/m2; Usar pró-pé. No caso do material suspeito se apresentar exposto, de forma residual e localizada, em ambientes não expostos ou expostos a correntes de ar e desprovidos ou com presença, porém sem funcionamento, de sistema climatizado (condicionador de ambiente, exaustor ou ventilador de ar), orienta-se, para quem o coletar e recolher, se for o caso, usar os seguintes equipamentos: Macacão descartável em não tecido ou tyvek, com capuz; Luvas de borracha nitrílica descartável, não estéril (tipo 2) ou luvas emborrachadas (tipo 3) sobreposta a uma de látex descartável (tipo 1); 15 Máscara de proteção facial; Óculos de proteção ou protetor facial; Bota de borracha. No caso do material suspeito apresentar indicativo de suspensão ou dispersão no ambiente, orienta-se para quem coletar e recolher, usar os seguintes equipamentos: Macacão emborrachado ou de pvc, com capuz e elástico; Luvas de borracha nitrílica (tipo 2), tendo-se o cuidado de calçar antes, luvas de látex (tipo 1); Botas de borracha; Respirador facial inteiro, equipado com duplo cartucho com filtros n100, p100 ou r100. 4. Coleta e acondicionamento do material suspeito: Coletar o material suspeito e colocá-lo em embalagem plástica, com fechamento hermético, lacrar, rotular adequadamente e incluir as inscrições “RISCO BIOLÓGICO”. Acondicionar em embalagens específicas (kit) para transporte de amostras infecciosas conforme disposto na Portaria do Ministério da Saúde nº 472, de 9 de março de 2009 e preencher termo legal ou formulário próprio para encaminhamento da amostra para o laboratório. Encaminhar para o Laboratório Central de Saúde Pública (LACEN) da Unidade Federada; Deverão ser adotadas medidas junto às instituições públicas e privadas envolvidas no transporte de cargas, para o rápido envio da remessa. OBSERVAÇÃO a) Caso haja necessidade de encaminhamento da(s) amostra(s) para Laboratório de Referência, caberá ao LACEN receptor proceder ao envio, de acordo com o fluxo de amostras não biológicas e biológicas definido pela CGLAB/SVS/MS. 16 b) As amostras não biológicas recebidas e processadas pelos laboratórios não deverão ser descartadas após as análises. Todos os componentes (envelopes, caixas, conteúdo, etc.) deverão ser devidamente acondicionados e guardados em local seguro para análise criminal quando solicitadas por autoridade competente. 5. Descontaminação O procedimento de descontaminação deverá ser executado, preferencialmente, pela mesma equipe de coleta e recolhimento do material suspeito, utilizando os equipamentos de proteção individual recomendados na Tabela 1. Com base no disposto no documento “Guidelines for Surveillance and Control of Anthrax in Human and Animals”, 3ª edição da Organização Mundial de Saúde (WHO/EMC/ZDI/98.6), orienta-se o emprego dos procedimentos de descontaminação a seguir: 5.1. Descontaminação de Superfícies 5.1.1. Recomendação do método: Material suspeito se apresenta contido (em envelope, caixa, ou em qualquer outro recipiente) não havendo indícios de contaminação aparente da área onde esse se encontrava disposto; Material suspeito se apresentar exposto, de forma residual e localizada, em ambientes não expostos a correntes de ar e desprovidos ou com presença, porém sem funcionamento, de sistema climatizado (condicionador de ambiente, exaustor ou ventilador de ar), orienta-se, para quem o coletar e recolher, se for o caso, os seguintes equipamentos: 5.1.2. Etapas do método: a) Desinfecção Preliminar: 17 Cobrir o material suspeito com papel toalha ou a área onde este se encontrava; Colocar a solução desinfetante de hipoclorito de sódio a 1%, ou formaldeído a 10%, ou glutaraldeído a 4%; na quantidade de 1 a 1,5 l/m2 de área atingida, embebendo todo o papel toalha (grupo A); Deixar em contato por 2 horas; Remover os papéis toalha, o resíduo do material suspeito e o excesso da solução desinfetante utilizando papel toalha; Acondicionar os papéis toalha utilizados em sacos plásticos de cor branca leitosa com símbolo de risco biológico; Lacrar os sacos plásticos de forma a não permitir o derramamento de seu conteúdo, mesmo se virados para baixo. Uma vez fechados, precisam ser mantidos íntegros até o processamento ou destino final do resíduo biológico (aterro sanitário ou incineração). 5.1.3. Limpeza: Esfregar pano limpo ou escova embebidos em água quente sobre as superfícies, com vistas à retirada dos resíduos; Secar, preferencialmente, com papel toalha e promover seu descarte como resíduo biológico; Acondicionar os papéis toalha em sacos plásticos de cor branca leitosa com símbolo de risco biológico; e Lacrar os sacos plásticos de forma a não permitir o derramamento de seu conteúdo, mesmo se virados para baixo. Uma vez fechados, precisam ser mantidos íntegros até o processamento ou destino final do resíduo biológico. 5.2. Desinfecção Final: Aplicar a solução desinfetante de formaldeído a 10%, ou glutaraldeído a 4% ou peróxido de hidrogênio a 3% (grupo B, anexo II) na proporção de 500 ml/m2 de área atingida, com tempo de contato de 2 horas; Retirar todo o excesso da solução desinfetante com papel toalha; 18 Acondicionar os papéis toalha em sacos plásticos de cor branca leitosa com símbolo de risco biológico; Lacrar os sacos plásticos de forma a não permitir o derramamento de seu conteúdo, mesmo se virados para baixo. Uma vez fechados, precisam ser mantidos íntegros até o processamento ou destino final do resíduo biológico. 5.3. Descontaminação de ambientes (Fumigação) É recomendado para os casos em que o material suspeito de contaminação por Bacillus anthracis foi submetido à suspensão ou dispersão no ambiente. Estimar o volume da área a ser tratada; e Antes de iniciar o procedimento de fumigação o ambiente deverá ser preparado, com a vedação (material adesivo/ fita) de portas, janelas, frestas ou quaisquer outras fontes de circulação de ar. 5.3.1. Fumigação com equipamento específico Os ambientes podem ser fumigados por aquecimento da solução desinfetante; Para cada 25-30 m³, utilizar uma solução de 4 litros de água contendo 400 ml de formaldeído a 10% a ser aplicada por equipamento de fumigação (Grupo C, Anexo II); O tempo de fumigação deverá ser realizado de acordo com as especificações estabelecidas do fabricante do aparelho fumigador elétrico; A descontaminação completa por fumigação do ambiente exposto ao material suspeito deverá ocorrer, por um período de 12 horas, em temperatura acima de 18ºC e com umidade relativa superior a 70%; O ambiente somente poderá ser aberto após 12 horas do início da fumigação, quando deverá ser retirado o material utilizado para a vedação e submetido complementarmente à limpeza e desinfecção 19 da área. Recomenda-se como produtos de desinfecção de mobiliários e equipamentos o álcool 70%, por 10 minutos (em 3 aplicações) e para teto, piso e paredes o hipoclorito de sódio a 1% por 10 minutos ou formulações pertencentes à categoria de desinfetantes hospitalares registrados na ANVISA cuja diluição e tempo de exposição deverá atender as especificações de rotulagem. 5.4. Descontaminação de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e outros materiais Os EPI não descartáveis utilizados nas etapas de coleta, recolhimento e descontaminação, após o uso deverão ser submetidos a processo de descontaminação com produtos do Grupo D (anexo II), caso tolerem os tratamentos recomendados ou submetidos à esterilização por calor úmido a 121ºC por 30 minutos; Os EPI descartáveis deverão ser colocados em sacos plásticos autoclaváveis, lacrados e submetidos à esterilização por calor úmido a 121ºC por 30 minutos para posterior descarte; Equipamentos e outros materiais diversos utilizados na coleta (Tabela 1), recolhimento e descontaminação tais como panos, roupas, utensílios, escovas, espátulas, etc, deverão, sempre que possível, ser incinerados ou submetidos à esterilização por calor úmido a 121ºC por 30 minutos. Os que não puderem ser autoclavados, ou deverão ser imersos em formaldeído com concentração e tempo de exposição indicada no Grupo D (Anexo II), ou fumigados. Tabela 1 - Equipamentos de Proteção Individual EPI ESPECIFICAÇÃO Descartável, com mangas compridas, punho em malha Avental ou elástico, gramatura 50 g/m2, resistente a esterilização por calor úmido, rasgos e tração, alta drapeabilidade, hipoalergênico, não inflamável, possui 90% de eficiência 20 na filtração de bactérias. Botas de borracha Tipo 1 Tipo 2 Luvas Tipo 3 Confeccionadas em borracha natural resistente a agentes químicos. Confeccionada em látex, descartável, não estéril. Confeccionada em borracha nitrílica, descartável, não estéril. Confeccionada em borracha, resistente a agentes químicos, com característica antiderrapante. Descartável, com mangas compridas, confeccionado em material não tecido, gramatura 60 g/m2, punho de Não malha ou elástico, com capuz contendo ajustes ao redor tecido da face, resistente a tração e rasgos, alta drapeabilidade, com capuz hipoalergênico, não inflamável, possuindo 90 % de eficiência na filtração de bactérias. Abertura frontal por zíper ou velcro. Descartável, com mangas compridas, confeccionado Tyvek Macac ão em Tyvek, punho de malha ou elástico, com capuz com capuz contendo ajustes ao redor da face, resistente a tração e rasgos com abertura frontal por zíper ou velcro. Com mangas compridas, confeccionado em borracha Nitrílico nitrílica, ajustes no punho e no capuz ao redor da face, com capuz resistente a agentes químicos, a tração e rasgos, com abertura frontal por zíper ou velcro. Emborr achado com capuz Com mangas compridas, confeccionado em poliuretano/PVC, ajustes no punho e no capuz ao redor da face, resistente a agentes químicos, a tração e rasgos, com abertura frontal por zíper ou velcro. Tipo respirador, para partículas, sem manutenção, N95, com eficácia na filtração de 95% de partículas de até 0,3 Máscara proteção facial de (usada para tuberculose); Poderá ser adquirida com válvula especial para facilitar a respiração ou não. Obs: essa máscara, dependendo de suas condições de conservação, poderá ser reutilizada. 21 Flexível, em PVC, incolor, leve, com adaptação perfeita Óculos de proteção ao nariz para conforto em uso prolongado; com lentes em policarbonato, resistente a impactos, anti-embassante, contra riscos e proteção anti UV. Pode ser usado em combinação a óculos com lentes de prescrição. Com ampla proteção lateral, com ajustes de tensão para posicionamento do visor. Visor em policarbonato, incolor, Protetor facial que fornece proteção a impacto e resistência a calor, antiembassante. Pode ser usado em combinação a óculos com lentes de prescrição e óculos de proteção. Protetor para barba Descartável, confeccionado em polipoprileno, com ajustes em elástico. Confeccionado em silicone, com ajustes de tensão para posicionamento na face. Visor com lentes em policarbonato, que fornece proteção a impactos, antiRespirador facial inteiro embassante. Equipado com duplo cartucho contendo filtros N100, P100 ou R100, que oferecem uma eficácia de 99,97% na filtração de partículas com 0,3 (o esporo do Bacillus anthracis tem diâmetro de 2 a 6). 6. Grupos de Produtos Desinfetantes 6.1. Grupo A Hipoclorito de Sódio - (agente químico de escolha excetuando superfícies de corrosão e na presença de material orgânico) Concentração recomendada: 1% [10.000 ppm (mg/ L)] de cloro ativo Preparo da solução para um volume de 10 litros: colocar 1 litro de solução de hipoclorito de sódio a 10% de cloro ativo (comercial) e completar com água. Tempo de exposição: 1 hora Formaldeído a 10 % Tempo de exposição: 2 horas 22 6.2. 6.3. 6.4. Glutaraldeído a 4 % (pH de 8 – 8,5) Tempo de exposição: 2 horas Grupo B Formaldeído a 10 % Tempo de exposição: 2 horas Glutaraldeído a 4 % (pH de 8 – 8,5) Tempo de exposição: 2 horas Peróxido de hidrogênio a 3% Tempo de exposição: 2 horas Ácido peracético a 1% (agente químico corrosivo para superfícies) Tempo de exposição: 2 horas Grupo C (fumigação) Formaldeído a 10% Tempo de exposição – 12 horas Grupo D Hipoclorito de sódio a 0.5% Concentração recomendada: 0.5 % [5.000 ppm (mg/ L)] de cloro ativo Preparo da solução para um volume de 10 litros: colocar 500 mL de solução de hipoclorito de sódio a 10% de cloro ativo (comercial) e completar com água. 11. Tempo de exposição: 2 horas Formaldeído a 4 % Tempo de exposição: acima de 8 horas Glutaraldeído a 2% (pH de 8 – 8,5) REFERÊNCIAS ACHA, P. N.; SZYFRES, B. Zoonosis y enfermedades transmisibles comunes al hombre y a los animales. Washington: Panamericana de la Salud, 2001. 398 p. ALMEIDA, M. E. 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