CASOS DE CÓLICA EM EQÜINOS COM NECESSIDADE DE INTERVENÇÃO
CIRÚRGICA, EM DOIS CENTROS CIRÚRGICOS NA CIDADE DE PORTO ALEGRE,
DURANTE O PRIMEIRO SEMESTRE DE 2006.
MARKUS, Daniela; LINS, Luciana Araujo ;VIEIRA, Júlio; CASTRO Jr.,
Autor(es):
Jarbas; NOGUEIRA, Carlos Eduardo Wayne
Daniela Markus
Apresentador:
Carlos Eduardo Wayne Nogueira
Orientador:
Francisco Pereira
Revisor 1:
Viviane Rohrig Rabassa
Revisor 2:
UFPEL
Instituição:
CASOS DE CÓLICA EM EQÜINOS COM NECESSIDADE DE INTERVENÇÃO
CIRÚRGICA, EM DOIS CENTROS CIRÚRGICOS NA CIDADE DE PORTO
ALEGRE, DURANTE O PRIMEIRO SEMESTRE DE 2006.
- DADOS PRELIMINARES MARKUS, Daniela1 ; LINS, Luciana Araujo 1 ;VIEIRA, Júlio 2; CASTRO Jr.,
Jarbas3; NOGUEIRA, Carlos Eduardo Wayne4
1
2
3
Acadêmica em Medicina Veterinária/FV/UFPel; Médico Veterinário ; Médico Veterinário, Dr. em
4
Anestesia e Cirurgia de eqüinos; Prof. Dr. Departamento de Clínicas Veterinária/FV/UFPel.
Campus Universitário s/n°-Caixa Postal 354 CEP 96010-900. [email protected]
INTRODUÇÃO
O termo cólica é utilizado para englobar todas as crises de dor abdominal.
Essa síndrome é descrita como sendo causadora da morte de muitos eqüinos ao
longo da história. As pesquisas iniciais sobre a cólica baseavam -se somente em
achados de necrópsia ou na resposta ao tratamento utilizado ( White II , 2006).
A cólica eqüina é identificada como uma síndrome complexa e seu
reconhecimento precoce e diferenciação apurada é muito importante para
estabelecer a abordagem adequada ( Reed & Bayly, 2000).
Determinar a necessidade de cirurgia em cavalos com cólica geralmente é
uma emergência, e varia com a individualidade de cada caso. O exame completo
do animal deve ser feito antes da indicação à cirurgia, visto que, avaliando os
dados individualmente, pode-se chegar a um diagnóstico errado (White II , 2006).
Preconizam-se parâmetros para a realização da cirurgia, como os descritos na
Tabela 1.
Tabela 1: Indicação para o tratamento cirúrgico e clínico da cólica (White II, 2006).
Indicações para o tratamento cirúrgico da cólica
- Incontrolável ou severa
Dor
Não respondeu completamente a terapia com antinflamatórios não esteróides
ou necessitou de um segundo tratamento.
Refluxo gástrico
Líquido alcalino amarelado, maior que 4 litros
- Distensão do Intestino Delgado
- Distensão ou deslocamento do cólon maior
Palpação Retal
- Distensão que não pode ser tratada com medicamento
- Corpo Estranho Palpável
Auscultação
- Sons intestinais ausentes
Líquido
- Proteína aumentada e neutrófilos degenerados
Peritoneal
Indicações para intervenção clínica da cólica
Dor
- Ausência de dor ou depressão
Temperatura
Superior a 38,8 ºC
Auscultação
- Sons intestinais progressivos
* Estes sinais são generalizações e podem não caber a casos individuais.
Este trabalho tem por objetivo avaliar, através de dados preliminares, as
principais causas que levam um eqüino a uma cirurgia causada pela síndrome
cólica.
MATERIAIS E MÉTODOS
Durante o primeiro semestre de 2006, no Hospital Veterinário Joaquim
Araújo (Jockey Club de Porto Alegre) e na Clínica Hípica localizada na Sociedade
Hípica Porto Alegrense, foram atendidos 105 cavalos de diversas raças, sendo a
grande maioria animais destinados ao esporte, apresentando algum tipo de
enfermidade.
Os eqüinos logo após a chegada à clínica eram identificados, realizando-se
a anamnese a fim de buscar respostas sobre o manejo e histórico do animal
enfermo. Paralelamente a anamnese, era feito exame clínico geral do eqüino,
onde eram avaliados a coloração das mucosas, tempo de perfusão capilar,
aferição de freqüências cardíaca e respiratória e temperatura retal. Os animais
com suspeita de algum distúrbio gastrointestinal eram submetidos ao exame
clínico específico do aparelho digestório onde era realizada a auscultação e
percussão abdominal e palpação retal. Quando necessário, eram avaliados os
parâmetros hematológicos e características do líquido peritoneal.
A passagem de sonda nasogástrica era realizada em todos os casos,
visando o esvaziamento do estômago. Também era administrado fluidoterapia de
forma intensiva para reconstituir assim, a hidratação. Na maioria das vezes a
fluidoterapia era associada a terapia farmacológica.
Com base no exame clínico geral e específico e referindo-se a Tabela 1,
era avaliada a necessidade de tratamento cirúrgico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos 105 eqüinos atendidos, 23 (21,90%) apresentavam sinais clínicos de
cólica, como inquietação, sudorese, sapatear e escoicear o ventre ou então
levantar e deitar freqüentemente (White II,2006). Destes animais, 07 apresentaram
cólica espasmódica, 01 cólica por encarceramento nefro-esplênico, 05 cólica por
enterolitíase, 01 por deslocamento do cólon maior, 06 por impactação do intestino
grosso, 01 por impactação do intestino delgado e 02 por sobrecarga gástrica
primária.
Após exame clínico, passagem de sonda nasogástrica, palpação retal,
fluidoterapia e terapia farmacológica, 15 animais responderam bem ao tratamento
e tiveram uma resolução clínica satisfatória. Destes, 7 apresentaram cólica
espasmódica que freqüentemente é caracterizada por episódios de dor aguda que
desaparecem com terapia mínima ou até mesmo nenhuma terapia. Constituem
provavelmente a causa mais comum de cólica por “alarme falso“ (Reed & Bayly,
2000). Os 6 casos de impactação do intestino grosso, e os outros 2 casos de
cólica por sobrecarga gástrica, todos foram resolvidos também de forma clínica.
A terapia farmacológica inicial para cólica é realizada utilizando-se drogas com
princípio analgésico e fluidoterapia (Reed & Bayly, 2000).
Os 8 demais, por não responderem positivamente ao tratamento, foram
encaminhados à cirurgia. Destes, 1 (12,5%) teve como causa o deslocamento do
cólon maior, 1 (12,5 %) impactação do intestino delgado, 1 (12,5%)
encarceramento nefro-esplênico e 5 (62,5%) enterolitíase, conforme a distribuição
demonstrada na figura 1.
Enterolitíase
1
Impactação do
Intestino Delgado
1
1
5
Encarceramento
Nefro-esplênico
Deslocamento do
Cólon Maior
Figura 1. Distribuição dos casos de cólica atendidos na
cidade de Porto Alegre no primeiro semestre de 2006, com
necessidade de intervenção cirúrgica (n=8).
A diferenciação da lesão específica que está causando a cólica é
necessária, uma vez que o prognóstico varia amplamente com cada lesão e a
escolha do tratamento utilizado depende da natureza da mesma. O exame clínico
deve tentar estabelecer o início do processo, se está localizado no tubo
gastroentérico ou em outros órgãos abdominais; se é causador de obstrução
gastroentérica com ou sem estrangulamento de troncos vasculares (Riet-Correa et
al, 2001).
A principal causa de cirurgia de cólica observada foi a enterolitíase,
considerada como causa primária, mas muitas vezes estava associada a
impactação e deslocamentos. Os enterólitos são cálculos encontrados no intestino
grosso, causando obstrução, são formados por várias camadas de compostos
fosfatados de magnésio-amônio (estruvita) ao redor de um núcleo, que incluem
pêlo, metal ou corpos estranhos. O tratamento requer remoção cirúrgica do
enterólito, posterior tratamento clínico com analgesia e administração de grandes
volumes de líquidos intravenosos, semelhante ao tratamento de impactação do
intestino grosso. (Reed & Bayly, 2000).
As figuras abaixo referem-se ao tratamento cirúrgico da enterolitíase.
Figura 2: Cirurgia para retirada de enterólito.
Figura 3: Enterólito retirado após cirurgia.
CONCLUSÃO
Através desses dados obtidos, observa-se que a principal indicação para a
cirurgia de cólica foi a enterolitíase.diagnóstico correto para o encaminhamento a
cirurgia
O fornecimento de alimentação adequada, de boa qualidade e em
quantidade adequada, cuidados com a dentição, controle de verminoses,
monitoramento dos animais, e manejo adequado dos eqüinos diminui a
morbidade, e conseqüentemente a mortalidade de animais com cólica.
BIBLIOGRAFIA
REED, S.M; BAYLY, W.M. Medicina Interna Eqüina, Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2000.
RIET-CORREA, F.; MÉNDEZ, M.C.; SCHILD, A.L. Doenças de Ruminantes e
Eqüinos. Pelotas: Ed. Universitária/UFPel, 1998.
WHITE II, N.A. Equine Colic. AAEP Proceedings, v.52, p.109-174, 2006.
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