Senhores Condôminos, Um dos itens da AGO do próximo sábado é a prestação das contas e das atividades da Codepama (Comissão em Defesa do Patrimônio e Meio Ambiente do Retiro do Chalé). Mas para dirimir dúvidas e questionamentos recebidos de alguns condôminos desde a interrupção da última Assembleia, achamos conveniente estender os esclarecimentos ao coletivo. Breve Histórico A CODEPAMA foi criada em 2010 para debater, estabelecer estratégias e definir ações que impedissem a reativação da mina Serrinha, porque o projeto, considerado de máximo impacto pelas normas ambientais em vigor, localiza-se a apenas 500 metros da Portaria Principal do Retiro. Caso a mina seja instalada ameaçará diretamente o abastecimento de água, a pureza do ar, a segurança das encostas, o silêncio, a qualidade de vida, nosso maior patrimônio. O Plano de Ação da Comissão, que se propôs a trabalhar de forma coordenada e simultânea os eixos jurídico, técnico e de mobilização social, foi aprovado em Assembleia Geral Extraordinária de outubro de 2010. Desde o primeiro momento a Assembleia entendeu que para lograr êxito a Codepama não poderia depender apenas da motivação, interesse e disponibilidade de voluntários, mas precisava contar com recursos que viabilizassem e financiassem ações organizadas e profissionais. Só assim teríamos condições de apelar e subsidiar órgãos como Ministério Público, SUPRAM ou DNPM, que nem sempre dispõem de suportes necessários para auditar e defender os direitos ambientais dos cidadãos. A taxa extra que financia e assegura a poupança necessária ao enfrentamento de empreendedor minerário tão forte foi instituída por voto da maioria presente em 2010, e mantida nas Assembleias de 2011 e 2012. Sendo o Retiro do Chalé um condomínio, com natureza jurídica própria, o princípio de liberdade de associação argumentado por alguns não se aplica. A contribuição da Codepama, por deliberação de maioria em Assembleia, é portanto uma despesa comum a todos, dividida na proporção das frações ideais dos condôminos. Como são tomadas decisões Todas as ações da Codepama são amplamente discutidas no âmbito do grupo que se convencionou chamar de plenário, que é aberto à participação de qualquer condômino e se reúne mensalmente. Algumas são pró-ativas, outras dependem da evolução do processo de licenciamento de uma mineração. As decisões são encaminhadas à Diretoria do Condomínio pela coordenação da Codepama, composta por dois diretores e um membro do plenário, para que as medidas administrativas sejam operacionalizadas. De tempos em tempos são realizadas audiências públicas para comunicar aos condôminos o que vem sendo feito, problemas existentes e o que se pretende fazer. A Codepama não é numerosa, mas conta com o comprometimento efetivo e profissional de seus participantes. Todos são bem-vindos para participar e contribuir. Também não é numeroso o público nas audiências públicas, mas aqueles que vão questionam, argumentam, acrescentam e, em geral, saem satisfeitos com o que tem sido feito e proposto. Concluímos que os demais confiam no trabalho que vem sendo realizado. Alguns desdobramentos Por necessitar informações precisas sobre aspectos técnicos e ambientais do condomínio, a Codepama se inteirou, em 2011, da redução, pelo IGAM, a 1/3 do volume histórico das outorgas d'água das nascentes Mãe d'Água e Valente. Após estudo dos processos, foi elaborada argumentação técnica e realizada uma série de reuniões na SUPRAM para afinal protocolizar o processo de revisão por improcedência da redução. Vale lembrar que se o empreendimento for implantado, a mineradora somente irá fornecer água e indenizar o Condomínio nos volumes outorgados pelo IGAM. Para cumprir uma condicionante da licença do IGAM nas revisões das outorgas, a Codepama concebeu e fez instalar um sistema de medidas de vazão tanto nas nascentes como nos efluentes, medindo também a qualidade destas águas. Como desdobramento, esse levantamento vai embasar a defesa do Condomínio contra denúncias de comunidades a jusante de excesso de consumo de água e poluição. Mas para ter credibilidade o trabalho de levantamento e registro de dados tem que ser ininterrupto. Conclusão A proteção conseguida com o Monumento Natural da Mãe d'Água, assinado em fevereiro de 2013, fruto do empenho das comunidades diretamente atingidas pelo projeto de mineração, e capitaneadas pela ONG Abrace a Serra, vem sendo diuturnamente ameaçada por interesses contrariados, não só de mineradoras. A prefeitura de Brumadinho tem sido fortemente pressionada a reduzir a área protegida e a ONG em parceria com a Codepama é parte ativa nas discussões entre partes, mediadas pelo prefeito e vários de seus secretários. Por isso, há também um empenho junto à Assembleia Legislativa de MG pela criação do Monumento Estadual da Mãe d'Água. O fato é que se nós, os diretamente prejudicados, não nos organizamos para defender nossos direitos, as autoridades, incluindo Ministério Público, consideram apenas as informações fornecidas pela mineradora. Nossa omissão não só facilita as pretensões dos empreendedores, como podemos ser taxados de simpáticos à mineração pelos órgãos responsáveis pela decisão final. Temos a convicção de que sem o patrocínio dos condôminos, a mineradora já estaria em atividade na Serrinha. O esforço de resistência que a Codepama tem realizado nos Tribunais e órgãos públicos é longo e estará praticamente inviabilizado sem disponibilidade financeira. E estejam certos, não somos só nós que sabemos disso! CODEPAMA, 24 de abril de 2013.