Orelha de "O livro da dor e do amor" de Juan-David Nasio
Amor e dor são indissociáveis. Em O mal-estar na cultura, Freud salientou que, embora
consideremos o amor como a nossa mais poderosa fonte de prazer, “nunca nos achamos tão
indefesos contra o sofrimento como quando amamos, nunca tão desamparadamente infelizes
como quando perdemos o nosso objeto amado ou seu amor”. Mas com que fio é tecido o laço
amoroso para que sua ruptura seja vivida como uma perda? O que é perder o amado e sofrer a
dor de amar?
Fenômeno-limite, a dor é estudada aqui sobre três aspectos – enquanto afeto, sintonia e
perversão -, engendrando o que J.-D. Nasio, conhecido e respeitado no Brasil em virtude de obras
excepcionalmente claras e didáticas, chama de um “metapsicologia da dor”.
Este tema fascinante e terrível, mesmo grandes nomes da psicanálise têm se furtado a
abordar (basta lembrar que Freud e Lacan jamais lhe dedicaram estudo exclusivo).
Segundo
Nasio, a dor só pode ser apreendida e apaziguada quando a ela se atribui valor simbólico.
Portanto, o psicanalista seria um intermediário que acolhe a dor inassimilável de seu paciente e a
transforma em dor simbolizada.
Assim, atribuir sentido à dor não seria absolutamente propor uma interpretação forçada
para sua causa, nem mesmo consolar o sofredor, e menos ainda encorajá-lo a atravessar sua dor
como uma experiência formadora que fortaleceria o caráter.
Não atribuir um sentido à dor do
outro, para o psicanalista, significa fazer um acordo com a dor, tentar vibrar com ela e, nesse
estado de ressonância, esperar que o tempo e as palavras a dissipem.
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Orelha de "O livro da dor e do amor" de Juan