PRODUTIVIDADE PESSOAL E AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO: considerações iniciais Jose Eduardo Amato Balian 1 Resumo: Este trabalho objetiva contribuir com reflexões a cerca da produtividade das pessoas dentro das organizações. Os itens aqui apresentados não são conclusivos e ao contrário, pretendem despertar interesse para o desenvolvimento de um estudo mais profundo sobre o tema. Algumas dúvidas inquietam os executivos, tais como: Que fatores motivam os profissionais para trabalharem mais e melhor? Quais fatores prejudicam o bom desempenho profissional? Os executivos os conhecem e atuam sobre os mesmos? Os programas de participação nos lucros muito comuns hoje em dia, são fatores de motivação ou de stress para os funcionários? Qual a melhor forma de avaliá-los? A organização possui profissionais qualificados para isso? Quais sistemas de avaliação de desempenho são mais utilizados? O artigo começa a delinear estas respostas, abre caminho para novos trabalhos com vistas a melhorar a desempenho das pessoas no trabalho e os resultados operacionais das empresas. Palavras chave: Avaliação.produtividade.desempenho.resultado.mudanças Abstract: The objective of this initial work is to contribute with reflections about the productivity of the people in the organizations. The items here presented are not conclusive and besides, intends to begin a detailed study about this subject. What motivates the professionals to work more and better? Which factors prejudice the best performance? Do the executives know and work about them? Do profits participation programs motivate? How to evaluate? Does my organization have qualified professionals? Which performances of evaluation systems are more utilized? And which improvement productivity factors are more utilized? Which are and how to have the best performance of them? The article begins to delaine these answers, and maybe opens space to deeper reflections and help the professionals and companies to improve their intends results and the life quality of the people. Key-Words: Evaluation.productivity.perfomance.result.targets. 2 1 – INTRODUÇÃO Este trabalho objetiva contribuir com reflexões a cerca da produtividade das pessoas dentro das organizações. Os itens aqui apresentados não são conclusivos e ao contrário, pretendem despertar interesse para o desenvolvimento de um estudo mais profundo sobre o tema. Algumas dúvidas inquietam os executivos, tais como: Que fatores motivam os profissionais para trabalharem mais e melhor? Quais fatores prejudicam o bom desempenho profissional? Os executivos os conhecem e atuam sobre os mesmos? Os programas de participação nos lucros muito comuns hoje em dia, são fatores de motivação ou de stress para os funcionários? Qual a melhor forma de avaliá-los? A organização possui profissionais qualificados para isso? Quais sistemas de avaliação de desempenho são mais utilizados? O artigo começa a delinear estas respostas, abre caminho para novos trabalhos com vistas a melhorar a desempenho das pessoas e os resultados operacionais das organizações. O trabalho está dividido em cinco partes: na primeira são mostrados dados sobre os programas de participação de lucros das empresas e como estes podem alavancar a produtividade individual das pessoas, na segunda, enfoca-se os sistemas de avaliação, descrevendo seus objetivos, suas fases principais, como e quando podem ser utilizados na sua plenitude. Na terceira, são relacionados sete fatores prejudiciais a eficiência pessoal e seus antídotos correspondentes, na quarta parte, aponta-se algumas práticas de sucesso para o bom desempenho profissional e no final, são feitas algumas considerações que pretensiosamente podem despertar interesse para desenvolvimento de novos trabalhos sobre o tema. 2 - PROGRAMAS RESULTADOS – PLR DE PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU Atualmente, as empresas estão interessadas em pessoas que, além de mostrar suas habilidades técnicas, sejam também criativas e apresentem uma postura pró ativa diante de sua realidade. 3 Esse profissional é dinâmico, demonstra interesse e curiosidade a respeito de suas atividades, tem condições de gerar novas idéias, de elaborar propostas de mudanças, de desenvolver novos produtos, etc... Os executivos ao estabelecerem metas de resultado para as empresa, departamentos e funcionários deparam-se com profissionais participativos e a dificuldade em avaliá-los. Há modelos em que o mesmo é examinado não apenas por sua chefia, mas por seus colegas, subordinados e até clientes. Os objetivos da avaliação são sempre os mesmos e dentre vários quesitos podemos destacar: a boa formação de sucessores, o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, o comportamento adequado sob pressão, à atualização sobre tendências de mercado e apresentação de planos de ação para melhorias contínuas. Desta forma, o indivíduo é avaliado segundo critérios quantitativos, estabelecidos por metas e qualitativas, que correspondem à opinião dos outros profissionais. A pesquisa a seguir publicada pelo jornal O ESTADO DE SÃO PAULO foi realizada pelo departamento de Ciências Administrativas e Econômicas da Universidade de Ribeirão Preto, em parceria com a Rossi Consultoria Empresarial. Com um universo de 122 empresas, do total 83 do interior e 39 da capital; 51% têm faturamento de até R$ 50 milhões por ano e 18% acima de R$ 100 milhões. Foram selecionadas empresas do ramo de alimentação, metalurgia, construção civil, comercia e serviços. Os resultados obtidos foram os seguintes: • • • • 56% ou 68 empresas possuem um programa de PLR; 75% ou 51 empresas tem como forma de distribuição atingir resultados e superar metas e 29% ou 20 empresas distribuem um percentual do lucro; 41% ou 28 empresas usam de peridiocidade anual como forma de pagamento; 41% ou 28 distribuem até o limite de um salário de bonificação, 16% ou 11 empresas estabelecem um valor fixo para distribuir e somente 15% ou 11 empresas distribuem até o limite de dois salários nominais. 4 • • • • • 62% ou 42 empresas disseram que seu negócio melhorou após a implantação do programa; Das 68 empresas possuem programas de PLR, 71% ou 49 empresas disseram estar descontentes com o sistema de avaliação proposto e a produtividade de sua força de trabalho; 62% ou 42 empresas tiveram melhoria de resultados; 71% ou 49 empresas vão manter o programa. 57% ou 38 empresas estão insatisfeitas com o nível de envolvimento e motivação de suas equipes de trabalho. Tendo como base os dados apresentados fica evidente a dificuldade por parte das empresas em avaliar os funcionários através dos sistemas atuais, pois 71% das empresas estão descontentes quanto a forma e a produtividade de sua força de trabalho. Quantas vezes os objetivos e as metas da empresa parecem estar bem definidos, mas no final os resultados obtidos acabam apontando para outra direção, tão diferentes da esperada. Ao se analisar as possíveis falhas, a pesquisa ajuda a mostrar que a falta de uma postura mais participativa por parte dos empregados (57%) tem contribuído sobremaneira, para que os resultados desejados fossem diferentes dos alcançados. Rosa (1) aponta quando a força de trabalho age no sentido esperado, ela potencializa outros pontos estrategicamente planejados. Pronto! Nesse momento se estará a caminho da melhoria da produtividade... O primeiro passo para reverter essa situação envolve o processo de avaliação dos funcionários, pois, somente após medir os resultados temos condições de atuar sobre os mesmos e melhora-los. 3 - AVALIAÇÕES DE DESEMPENHO Siqueira (2) destaca que um processo de mudança nas organizações tem como ponto de partida o desenvolvimento individual. O indivíduo “transformado” incorpora um novo significado para sua própria vida, com os resultados do que lhe acontece e as interações com as demais pessoas. 5 Passará a aplicar, tomar novas atitudes e comportamentos no seu relacionamento interpessoal, a dispor de uma base de julgamento mais objetiva para a tomada de decisões. Desta forma, se transformará num exemplo a ser seguido, tornar-se-á um ouvinte atento sem, no entanto, comprometer-se. Estará disposto a ensinar aos outros o que sabe e, simultaneamente, assumir uma atitude de disposição de aprender. Terá disposição para ajudar os outros a se livrarem de seus hábitos e atitudes preconceituosas e arraigadas em direção a uma nova postura descontaminada de ressentimentos provenientes do passado. A avaliação de desempenho é um dos mais importantes instrumentos que a organização dispõe para possibilitar o desempenho individual tanto do avaliador quanto do avaliado. Muitas vezes a avaliação de desempenho fracassa nas organizações, não só pela equivocada mistura que se faz de objetivos comportamentais e administrativos, mas também pela predominância desfocada desses em detrimento daqueles. a) O QUE PODEMOS DESEMPENHO? ENTENDER POR AVALIAÇÃO DE Avaliar é apreciar, estimar fazer idéia de, ajuizar, criticar ou julgar. Desempenho é o comportamento real do empregado em face de uma expectativa ou um padrão de comportamento estabelecido pela organização. Assim, avaliação de desempenho pode ser definida como a crítica que deve ser feita na defasagem existente entre o comportamento do empregado e a expectativa de desempenho definida com a organização e seu desempenho real. A partir da análise desse gap ou distância entre o comportamento ideal e o real tem-se o foco essencial da avaliação de desempenho. As críticas devem levar em conta: 6 a) aprendizagem a partir da experiência; b) identificação de problemas; c) definição de causas e alternativas de correção por meio de soluções acordadas ou, melhor ainda, estabelecidas por consenso entre o avaliador e o avaliado; d) estímulo ao desempenho do avaliado em dar feedback. O avaliador deve agir com educador, conselheiro e avaliado, e não com juiz, que julga os bons comportamentos do réu e promulga a sentença. O avaliação de desempenho deve incluir, dentre outras, características: consultor do e os maus processo de as seguintes a) apreciação diária do comportamento do funcionário, seus progressos e limitações, êxitos e insucessos, com fornecimento permanente de feedback; b) identificação e equacionamento imediato dos problemas emergentes, procurando manter alto o padrão de motivação e de obtenção de resultados; c) entrevistas formais periódicas de avaliação de desempenho, em que avaliador e avaliado analisam os resultados obtidos no período considerado e redefinem novas orientações, compromissos recíprocos e ações corretivas, se for o caso. b) O QUE DEVE SER AVALIADO? COMO E QUANDO AVALIAR? O sistema de avaliação de desempenho pode enfatizar os traços de personalidade do avaliado, considerar suas realizações objetivas, ou concomitantemente combinar traços de personalidade e de realizações objetivas. É muito comum, o desempenho ser esquecido em função da preponderância que de dá aos traços de personalidade, que muitas vezes ofuscam a percepção do avaliador sobre o trabalho realizado pelo avaliado. A tabela a seguir apresenta alguns fatores que devem ser cuidadosamente ajustados à natureza do trabalho desenvolvido e aos interesses da organização, sempre vinculados à visão do negócio e à realização de seus objetivos. 7 Fotos objetivos x traços objetivos Assiduidade Pontualidade Liderança Decisão Julgamento Autonomia Interesse Aparência Aptidão ao novo Trabalhar com os outros Espírito de equipe Produtividade Criatividade e inovação Sociabilidade Organização Resistência ao estresse Resistência ao estresse Delegação Tabela 1-Fotos e traços objetivos Postura profissional Produção e rendimento Comunicabilidade Atuação Planejamento Uso do tempo Resolução de problemas Qualidade do trabalho Disciplina As dificuldades do processo de avaliação se ampliam quando se pretende, de forma generalizada, aplicá-la a todos os níveis hierárquicos, cargos e funções da organização. As pessoas que trabalham no chão de fábrica, em processo de produção em massa, com atividades repetitivas e seqüências, não são as mais indicadas para utilizar um sistema de avaliação de desempenho e a estas devem ser destinados programas específicos. A avaliação de desempenho do funcionário deve ser feita indistintamente pelo superior imediato ou por seu chefe, por especialistas em recursos humanos, pela equipe que o avaliado integra ou por um comitê especializado em avaliação. As avaliações formais e informais devem ser dispersas e realizadas ao longo do ano, pois é contraproducente realizá-las num período curto de tempo, como por exemplo, um mês. Cresce o nível de ansiedade e tensão entre os avaliados além do estresse natural das próprias avaliações e posteriormente tem-se a liberação emocional em decorrência do conhecimento dos resultados, junto à eventual frustração causada pela constatação de desempenho insatisfatório que resulta na perda de produtividade da equipe subordinada ao avaliador. 8 c) OS PROGRAMAS DE AVALIAÇÃO. Siqueira (3) identifica os programas mais comuns usados nas organizações relacionados na Tabela a seguir: Sistemas de Avaliação Avaliação da experiência Administração por objetivos Escala gráfica Padrões de desempenho Escolha forçada Sistema de graduação Revisão da avaliação de Avaliação de potencial atividades Incidentes críticos Avaliação 360º. Tabela 2 - Sistemas de Avaliação d) FASES GERAIS DE IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO I – Análise Preliminar • Objetivos e condições políticas • Qualidade do grupo gerencial • Viabilidade objetiva de utilização do sistema como ferramenta de desenvolvimento organizacional • Compromisso da direção • Definição de papeis: corpo gerencial x profissionais de recursos humanos. II – Divulgação Prévia • Objetivos do sistema • Razões para implementação • Clarificação de valores e percepção • Busca de envolvimento e de comprometimento gerencial e dos profissionais do corpo III – • • • • Seleção do Sistema Objetivos Adaptação à organização e à natureza das diferentes funções Conexão com outras políticas e normas de gestão de pessoas Um só sistema? Por que? IV – • • • Elaboração do Sistema Método a ser utilizado Objetivos Fatores 9 • • • Graus Um só método? Adaptação do sistema às particularidades da organização V – Elaboração das Normas • Conexão com as demais políticas e normas da gestão das pessoas. 4 FATORES PROFISSIONAL SABOTADORES DO BOM DESEMPENHO Uma pesquisa da Universidade de Harvard, realizada pelo Dr. Albert Wiggan, (4) entrevistou 10 mil pessoas que haviam sido demitidas e constatou que somente 15% fracassaram por falta de aptidão técnica. A maioria esmagadora de 85% perdeu seu emprego por não saber se relacionar com o semelhante. O que também chama a nossa atenção é o fato de que em suas avaliações essas pessoas sempre achavam que tinham feito tudo certo. Mais uma vez, colocando a culpa em fatores externos, Pecotche (5) elaborou um estudo lapidar sobre as deficiências e propensões dos seres humanos, que recomendamos a todos que buscam o autoaprimoramento. Nessa obra ele reuniu, de forma didática e objetiva, 44 deficiências (Falta de Vontade, Impulsividade, Indiscrição, Orgulho, Vaidade, Rigidez, Verborragia, Brusquidão...) e 22 propensões (ao engano, ao fácil, à dissimulação, a confiar no acaso...) que se instalam no caráter das pessoas, influenciam negativamente suas atitudes, comprometendo seus relacionamentos pessoais, sociais e profissionais. Aponta, também, os caminhos para eliminá-las. Com o objetivo de levar você a uma reflexão sobre sua carreira, selecionamos alguns desses sabotadores, que consideramos os mais prejudiciais ao seu desempenho no trabalho e na vida pessoal: a)Impulsividade É o pensamento impetuoso que provoca reação imediata da mente, ante qualquer incitação ou motivo. Em todos os casos se manifesta como ato irrefletido do indivíduo. Essa deficiência também influi sobre as demais, em especial à indiscrição, suscetibilidade, orgulho e presunção. 10 O impulsivo não mede as conseqüências dos impactos que produz nos semelhantes. Seus desplantes produzem atitudes que destoam do trato exigido pela convivência profissional, social e familiar. Geralmente as pessoas ficam prevenidas contra o impulsivo. Poucos seres humanos têm consciência do mal que a impulsividade traz para sua vida, carreira e relacionamentos. Antideficiência:contenção Significa o domínio de uma reação. Conhecendo a forma como a impulsividade nos faz reagir, teremos condição de acionar o pensamento da contenção (contar até dez antes de reagir), que nos poupará de inúmeros constrangimentos. b)Indiscrição É o pensamento que impele o seu possuidor a falar e a agir irrefletidamente sem acerto nem responsabilidade. O indivíduo tornase um falador em excesso e uma fonte emissora de juízos inoportunos. É desleal para consigo mesmo e para com o semelhante. Exterioriza, por hábito, o que pertence ao âmbito privado. Pelo uso da indiscrição malogram homens, empresas, governos e povos. Ela tem sua origem, quase sempre, nos descuidos da educação. Antideficiência:discrição Pensamentos e atitudes que preservam o que deve ser íntimo. Deve ser usada junto à reserva. Aprenda a dizer-se: “Devo ser discreto”, e então saberá medir palavras e atos, a se expandir ou se conter conforme lhe aconselhem o juízo e a prudência. c)Orgulho É a soberba. Mostra seu rosto, às vezes, com bastante crueza já na infância e na juventude. Mas adquire seu ápice quando seu possuidor se vê respaldado por um cargo de importância, uma função de mando ou a posse de riquezas e bens materiais. Nessas posições de privilégio, onde se ostentam e se fazem valer a categoria social, a hierarquia e o poder, é que o orgulho se manifesta com mais força. Nota-se, também, na pessoa de condição modesta, que se rebela ante a autoridade do superior e que quando ascende às funções de maior responsabilidade é dura e de escassa consideração para com os subordinados, desafogando contra eles sua arrogância, altivez e desdém, que sufocou quando de sua forçada situação de dependência. 11 Muitas vezes buscam ocupar posições de importância ou pretendem alcançar riquezas sem esforço pessoal. Como geralmente fracassam, transforma-se em ressentidos sociais. Por isso, quando surge uma situação em que devem servir quem se encontra acima deles, mostram-se altivos. Não toleram que seus méritos não sejam reconhecidos e por mais insignificante que seja sua pessoa, não admitem ser desconsiderados ou não destacados. O orgulhoso gosta de humilhar e menosprezar os outros e muitas vezes o faz com atitudes das quais nem se apercebe. É ganancioso e aspira ao trono material, não vacilando em para isso utilizar meios pouco dignos, em detrimento do próximo. Nada de positivo ele consegue com isso, pois mesmo ocupando o posto mais elevado, fica patente sua pequenez moral e espiritual. Antideficiência: humildade d)Vaidade É aquela que faz o seu possuidor ser movido pela necessidade de exaltar, ante parentes, amigos e colegas de trabalho, suas próprias luzes, méritos e qualidades. Pela sua característica, a vaidade não se manifesta sem que o ser procure diminuir os méritos alheios e geralmente denuncia-se por sutis ofensas aos semelhantes que sempre são colocados em inferioridade de condições pelo vaidoso. Quem vive cercado dessa falha não concebe para si a modéstia, mas acha que os outros devem ser modestos e propensos a aceitarem sua constante vanglória. Acham que ser modestos os faz diminuírem de valor. Antideficiência:modéstia Os valores que em verdade possuímos não carecem de ser exibidos. Eles se evidenciam por si sós. A modéstia deve ser natural, jamais afetada. Ela surge espontaneamente da alma, fazendo com que nos sintamos seguros e cômodos onde quer que nos encontremos. e)Falta de vontade Essa é uma das mais comuns deficiências e a que mais prejuízos causam, porque influi sobre todas as outras, deixando que se apossem de nós. Quase sempre começa na infância. Geralmente pela falta de incentivos ou de necessidades que desenvolvem no ser a capacidade de iniciativa ou espírito empreendedor. 12 Sem necessitar enfrentar obrigações e dificuldades, a vontade não tem espaço para ser exercitada e só se manifesta para conseguir coisas fáceis de fazer e sempre do agrado da criança. O jovem acometido dessa deficiência só usará sua vontade quando a necessidade o obrigue ou quando algo lhe apetecer. Acostuma-se a fazer só o indispensável e a postergar as outras coisas indefinidamente. Na idade madura essa deficiência torna-se crônica, propiciando o robustecimento de todas as outras. Antideficiência:decisão Devemos ser capazes de contrapor à falta de vontade a decisão de combatê-la. “Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje”. Podemos incluir nessa lista a propensão ao descuido como mais um fator sabotador do bom desempenho profissional. Esta propensão afeta sensivelmente o indivíduo, porque se opõe ao aproveitamento de suas aptidões, as quais utilizam irregularmente, ou seja, sem a constância e o esmero necessários a seu bom rendimento. f) Propensão ao Descuido O descuido revela indolência mental. Preocupações e responsabilidades são esquecidas por ele tão logo sua atenção, habituada a mover-se descontroladamente, muda de direção atraída por outros motivos, amiúde fúteis, que afinam com seus gostos e que não lhe exigem esforços grandes nem contrariam sua disposição de fugir de suas obrigações. Esta propensão subtrai eficiência ao estudo e ao trabalho, porque o ser não persevera nem se esforça na atenção que tais atividades reclamam. Age com ligeireza, com despreocupação e irresponsabilidade, procurando diminuir esforços e sem pensar que as conseqüências o fustigarão depois, seguramente, como acontece quando não se tomam providências. A propensão ao descuido não implica sempre, como parece, carência de aptidões. Provam-no a facilidade, habilidade ou engenhosidade que alguns descuidados manifestam, quando, esquecendo talvez alguma obrigação imediata, se dispõem voluntariamente a fazer algo que condiz com suas tendências; algo geralmente improdutivo, por não responder a deveres nem a necessidades, mas que como um entretenimento a mais, vem preencher o tempo "ganho" em cada descuido. 13 Autodeficiência: Concentração 5 - FATORES DE PROFISSIONAL SUCESSO PARA O BOM DESEMPENHO a) Participação, Engajamento e Obediência. Umas das grandes preocupações dos gestores atualmente é o engajamento dos membros da organização em relação aos objetivos. Confunde-se engajamento com obediência e a meio caminho está à participação, que é o processo de se tornar parte de alguma coisa por livre escolha. A participação difere do engajamento no sentido de quem está engajado significa não só participar como também se sentir plenamente responsável por fazer com que o objetivo se realize. Na participação eu posso estar plenamente envolvido com seu objetivo, querer que ele se realize, mas o objetivo continua sendo eu. Entrarei sempre em ação quando necessário, mas não passarei minhas horas de trabalho procurando o que fazer a fim de realizá-lo. As organizações apresentam pequenas quantidades de pessoas participativas e menores ainda de engajadas, a maioria encontra-se num estado de obediência. Senge (6) aponta as atitudes possíveis em relação a um objetivo: • • • • • • • Engajamento Participação Obediência genuína Obediência formal Obediência relutante Desobediência Apatia As organizações tradicionais não se interessam por engajamento e participação. A hierarquia de comando e controle só exigia obediência. Mesmo atualmente muitos gestores ainda têm dúvidas sobre se a energia resultante do engajamento pode ou não ser controlada e direcionada, e assim, contentam-se com a obediência. 14 Senge (7) define Participação como o processo natural que brota do seu entusiasmo genuíno por um objetivo e de sua disposição de permitir que os outros façam sua própria escolha. A lição mais difícil para muitos gestores é que, basicamente, não há nada que se possa fazer para se conseguir engajamento ou participação de um profissional. Engajamento e participação exigem liberdade de escolha e são fatores fundamentais para a melhoria da produtividade pessoal e da eficácia da organização. b) Aprendizagem em grupo Na maioria das equipes, a energia dos membros que a compõem atua individualmente e sua característica principal é a perda de energia. Os indivíduos podem trabalhar com grande afinco, mas seus esforços não são transmitidos com eficiência para o trabalho de equipe. Quando uma equipe se torna mais alinhada, surge uma direção única para as energias individuais, que então se harmonizam, resultando em menor perda de energia. Na verdade cria-se sinergia, como uma luz “coesa” de um laser em lugar da luz difusa de uma lâmpada comum. O aprendizado em grupo é o processo de alinhamento e desenvolvimento da capacidade de um grupo criar os resultados que seus membros realmente desejam. Ele se desenvolve a partir da criação de um objetivo comum e também do domínio pessoal, pois equipes talentosas são formadas por indivíduos talentosos. O aprendizado individual contribui pouco para o aprendizado organizacional. Mas quando ocorre aprendizagem em conjunto, eles passam a ser um microssomo de aprendizagem para a organização inteira. Novas idéias são colocadas em prática, técnicas desenvolvidas podem se propagar para outros indivíduos e outros grupos (embora não necessariamente). As realizações do grupo podem determinar um padrão de aprendizagem em grupo para toda organização com profundos reflexos na produtividade pessoal e da organização como um todo. c) Controlando melhor o tempo e estabelecendo prioridades Allen (8) em seu modelo para aumentar a produtividade dos profissionais aponta dois pontos chave: 15 a) colocar todas as coisas que precisam ser feitas - agora, mais tarde, algum dia, grandes, pequenas ou mais ou menos – dentro de um sistema lógico e confiável;, externo à sua cabeça e ora de sua mente; e b) disciplinar você para que tome decisões de vanguarda em relação aos “insumos” que deixa entrar em sua vida, para que você tenha um plano para as “ações seguintes”, que possa implementar ou renegociar a qualquer momento. Um paradoxo deste milênio; as pessoas melhoram sua qualidade de vida, mas ao mesmo tempo vem aumentando seus níveis de stress, ao assumirem mais tarefas do que os recursos de que dispõem lhes permite executar. Você se recorda da última vez que se sentiu altamente produtivo? Provavelmente teve a sensação de estar no controle das coisas; não estava estressado; estava profundamente concentrado naquilo que estava fazendo; o tempo tendia a desaparecer; e você sentiu que estava tendo um progresso incrível em direção a um resultado significativo. O primeiro passo para ter experiências desse tipo é administrar bem os compromissos e está tarefa exige a implementação de determinados comportamentos e atividades básicas. Inicialmente, se está em sua mente, é sinal de que sua mente não está clara. Qualquer coisa que você considere inacabada de alguma forma deve ser armazenada num sistema confiável fora de sua mente, ou no que pode-se classificar de “baú de colecionador”, ao qual você sabe que retornará regularmente, para vasculhar; Em segundo lugar, você deve enxergar claramente qual é o seu compromisso e decidir o que tem a fazer, se é que há algo a fazer, para progredir no sentido de cumpri-lo. Em terceiro, uma vez decidido todas as ações que precisa realizar, é necessário manter lembretes relativos a cada uma delas, organizados num sistema que você revise regularmente. Allen (9) define “tralha” com qualquer coisa que você deixou entrar em seu mundo psicológico ou físico, mas para o qual você não definiu o resultado/destino desejado, nem a próxima ação. 16 O motivo pelo qual a maioria dos sistemas de organização não funciona, para muitas pessoas, é o fato de elas ainda não terem processado toda “tralha” que estão tentando organizar. Por sua vez, enquanto as coisas continuam sendo “tralhas”serão incontroláveis. O processo para melhoria da produtividade pessoal reside em como administrar a ação. O que voe faz com o seu tempo, o eu faz com a informação e o que faz com o seu corpo e seu foco, no que diz respeito a suas prioridades, essas são as verdadeiras opções para as quais você deve alocar seus escassos recursos. A verdadeira questão não é como fazer as coisas certas em relação ao que fazer, em qualquer dado momento ao longo do tempo. A grande questão é a forma como administramos ações. Os profissionais afirmam a falta de tempo com principal problema para a redução de sua eficiência, mas na verdade não o é, o verdadeiro problema ‘;e a falta de clareza e de definição quanto ao que um projeto realmente é, e quais são os próximos passos necessários associados a ele. O “segredo” reside no fato de esclarecer as coisas logo de início, assim que elas aparecem em nosso “radar”, e não no final, depois que o problema já se desenvolveu, permite que a pessoa colha os benefícios de poder administrar a ação. Allen (10) relaciona cinco estágios para administrar o fluxo de trabalho, seja qual for o ambiente de trabalho: • • • • • Coletamos coisas que exigem nossa atenção; Processamos seu significado e o que é preciso fazer em relação a elas; Organizamos os resultados, que ; Revisamos como opções quanto ao que decidimos; Fazer. 6 - CONSIDERAÇÕES “INICIAIS” O objetivo do artigo é de oferecer elementos que possam contribuir para a reflexão e tomada de ações para melhoria da produtividade dos profissionais nas organizações. 17 Algumas questões se sobressaem, pois, por um lado, a pesquisa sobre programas de participação nos lucros mostrou que as empresas estão insatisfeitas com o nível de produtividade e motivação de seus funcionários e que pode haver uma relação dessa insatisfação com o pequeno nível de participação dos funcionários na gestão das organizações. Por outro lado, nos sistemas de avaliação é comum o desempenho ser esquecido em função da preponderância que se dá aos traços de personalidade, que muitas vezes ofuscam a percepção do avaliador sobre o trabalho realizado pelo avaliado. Além do fato surpreendente que 85% dos funcionários que perderam seus empregos tiveram problemas de relacionamento e não conhecimento técnico. As causas principais são a (a) impulsividade, (b) contenção, (c) indiscrição, (d) orgulho e (e) vaidade das pessoas. Ao se estabelecer metas de resultado cometem-se erros ao não se levar em conta: (a) a perspectiva de crescimento econômico do país ou região; (b) a capacidade de gerenciamento da empresa; e (c) o nível atual de produtividade e stress dos profissionais envolvidos. As dificuldades gerenciais são de toda ordem, vão: • desde a implantação de programas de participação de lucros ou resultados, que apesar da obrigatoriedade legal são pouco implementados; • desde os sistemas de avaliação que não existem nas médias e pequenas empresas e algumas vezes são aplicados por profissionais despreparados nas grandes, causando mais malefícios do que benefícios às organizações ou são inócuos perante os resultados; • desde os profissionais que não exploram suas potencialidades na forma máxima, trabalham de forma equivocada, são obedientes e pouco participativos e engajados nos objetivos da empresa. Prioriza-se a utilização de sistemas operacionais e administrativos com máquinas, softwares e hardwares de última geração o que eleva a produtividade da organização como um todo, mas pouco se ensina como as pessoas devem trabalhar no seu dia a dia. 18 Saber “gerenciar suas ações” com foi abordado no item cinco é o caminho inicial a ser traçado de modo a criar condições de consolidar resultados a médio e longo prazo, aumentado à produtividade e reduzindo o nível de stress dos profissionais. NOTAS EXPLICATIVAS (1) Rosa, F.D. – Participação Lucros ou Resultados – São Paulo. Editora Atlas, 1ª. edição, 2004. (2) Siqueira,Wagner – Avaliação de Desempenho- Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Ed. 2002. (3) Siqueira,Wagner – Avaliação de Desempenho- Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Ed. 2002. (4) Harvard Business Scholl, Review. 1999. (5) Extraído e adaptado do livro Deficiências e Propensões do Ser Humano. Carlos Bernardo Gonzalez Pecotche (RAUMSOL). Editora Logosófica. São Paulo. 10ª edição. 2001 (6) Senge P.M. – A Quinta Disciplina – São Paulo – Editora Best Seller 11º. Edição, 1996. (7) Senge P.M. – A Quinta Disciplina – São Paulo – Editora Best Seller 11º. Edição, 1993. (8) Allen,D. – Produtividade Pessoal – Rio de Janeiro – Editora Campus, 2001 (9) Allen,D. – Produtividade Pessoal – Rio de Janeiro – Editora Campus, 2001 (10) Allen,D. – Produtividade Pessoal – Rio de Janeiro – Editora Campus, 2001 ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1-Fotos e traços objetivos Tabela 2 - Sistemas de Avaliação BIBLIOGRAFIA ALLEN, D. – Produtividade Pessoal – RJ – Ed. Campus, 2001. AUGUSTO, D.M. – Medida de produtividade na ind. moderna. SP. Ed. Moderna. 2004. CLEGG, B - Administração do Tempo. Ed. SP. Ed. Qualitymark. 2002. COVEY, S. R - Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes. Ed. Best Seller 1989. 19 FIALHO, L – Participação nos resultados como ferramenta motivacional. Cases Studies, São Paulo; IBMEC, no. 10 p. 62-66, jul/ago. 1998. GUIA EXAME, 2204. As melhores empresas para você trabalhar. SP. 2005. MAITLAND, I - Administre seu Tempo. SP. Ed. Nobel – 2002. OLIVEIRA, R.D. Reengenharia do Tempo. Ed. Rocco. 2003. PRAHALAD, H.G. – Competindo para o futuro. SP. Ed. Campus. 1995. PECOTCHE, C.B.G. - Deficiências e Propensões do Ser Humano. Editora Logosófica. SP. 10ª Ed. 2001. ROSA, F.D. – Participação Lucros ou Resultados – SP. Ed. Atlas, 1ª. Ed. 2004. SENGE, P.M. – A Quinta Disciplina – SP – Ed. Best Seller 11º. Ed, 1993. SERVAN – SCHREIBER - A Arte do Tempo. SP. Cultura Editores Associados. 2000. RECHTSCHAFFEN, S - Reorientando o Tempo –SP. Ed. Rocco. 1997. STEPHEN R. C. – Primeiro o mais importante. Elsevier Ed.. 3º. Ed. 2003. SIQUEIRA, W – Avaliação de Desempenho- RJ: Reichmann & Affonso Ed. 2002. SURYA, L.S. – Como obter resultados positivos sistematicamente. SP. Ed. Iman. 2º. Ed. 1994. 20