MARCÉU
Marcos Bagno
FICHA TÉCNICA
Formato: 12,5 x 21 cm
Número de páginas: 48
ISBN: 978-85-385-6642-7
SINOPSE
A história de Marcos Bagno é uma ode em homenagem ao irmão morto,
recontando seus “causos” de uma vida perpassada pela simplicidade que lhe fazia
ter pontes com a natureza a dignificar sua vida. A tragédia da morte é encarada
de forma sensível, sem dramas, como uma experiência de amadurecimento.
PRÊMIOS
• Prêmio Glória Pondé de Literatura 2013 (1º lugar), na categoria Literatura
Juvenil — Fundação Biblioteca Nacional
• II Prêmio Brasília de Literatura 2014 (1º lugar), na categoria Literatura
Juvenil
• Selo “Altamente Recomendável”, 2014 — Fundação Nacional do Livro
Infantil e Juvenil (FNLIJ)
• Selecionado para o catálogo brasileiro apresentado na Feira do Livro Infantil
de Bolonha 2014, na Itália
PREPARAÇÃO E MOTIVAÇÃO PARA A LEITURA
Marcéu tem o formato de uma narrativa, mas, na verdade, é um poema em
prosa, ou seja, um gênero literário híbrido. Essa característica valoriza a leitura
e contribui para a formação de leitores em razão da sua proposta de escrita,
dos seus desafios aos conhecimentos literários e da delicadeza do tratamento
temático. O livro também apresenta uma excelente edição de arte, coerente com
a proposta literária.
• Comece a fazer a leitura da capa e das ilustrações internas para seus
alunos. No entanto, evite ler a apresentação do autor nas páginas 44 e
45, para não influenciar o entendimento do texto literário. Lembre-se de
que dessa forma, você poderá subordiná-lo a uma interpretação biográfica,
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o que diminuiria o caráter poético, substituindo-o por uma compreensão
linear, realista e limitada.
O título traz uma composição da água e do ar indispensável para a
interpretação de personagens e situações narrativas. Pergunte aos alunos
se há uma relação entre o título e a capa. Provavelmente, eles associarão
as linhas, seu movimento e as cores à concepção visual da água.
Oriente seus alunos a ler as palavras retiradas do corpo da narrativa e
reproduzidas na quarta capa. A presença dos termos “rio” e “mar” vai
assegurar a correção da interpretação da primeira capa: artisticamente e
de forma estilizada, as capas falam de água em formato de rio ou de mar.
O filósofo grego Empédocles, desde o século VI a.C., afirmava que a Terra
era composta por quatro elementos: água, fogo, terra e ar. Hoje, a ciência
recusa essa quadripartição e escala sete elementos: neutrino, elétron,
quark, glúon, bóson da força fraca, fóton e gráviton. Mas a literatura fez da
combinação dos quatro antigos elementos uma simbologia que pode explicar
alguns textos com uma argumentação bastante adequada. Entraria nessa
argumentação a linha de pensamento denominada fenomenologia, que
atribui aos quatro elementos imagens primitivas que explicam a dinâmica
do mundo e que traduzem realizações artísticas, poéticas e filosóficas.
O título Marcéu cabe integralmente nessa perspectiva fenomenológica.
Para seus alunos, você pode perguntar:
•• O que vem a ser “marcéu”: uma paisagem, um animal híbrido, o nome
de uma pessoa, a descrição de um novo fenômeno natural, um ponto
geográfico? Você também pode deixar em aberto para que os alunos
opinem.
•• Escreva as opiniões no quadro de giz. Em seguida, peça a eles que
descrevam em palavras e, se quiserem, ilustrem o significado que
escolheram.
•• Como é a paisagem?
•• Como é a pessoa?
•• Onde fica esse ponto geográfico e que formato tem?
•• Após a descrição, caberá a eles construir uma narrativa ficcional (com
começo, meio e fim) em que entre a descrição anterior. Leia para a
turma as melhores narrativas e coloque todas elas no mural da sala.
Solicite aos alunos que opinem sobre as ilustrações:
•• São realistas, simbólicas, econômicas, apenas ocupam o espaço vazio
das páginas?
•• Que linhas são essas?
•• São apenas a representação estilizada de um rio?
•• São metáforas?
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• Há uma epígrafe inicial retirada de uma canção de Chico Buarque.
•• Pergunte aos alunos se eles conhecem essa canção.
•• Leve uma cópia para ouvirem.
•• Aqueles que conhecem a canção podem cantar junto.
• Em seguida pergunte o que essa epígrafe parece anunciar sobre a narrativa
que irão ler?
• Só depois comece a leitura da narrativa ou do poema em prosa.
EXPLORAÇÃO DA LEITURA
• A leitura pode ser realizada em voz alta, por você e/ou pelos alunos. Você
também pode planejar dois ou três capítulos para o início das aulas durante
um certo período.
• Como o texto tem fortes características poéticas, seria recomendável a
leitura expressiva e em voz alta, pois salientará a sonoridade das palavras
e a beleza das metáforas e comparações, além de qualidades dramáticas
e imagens sensoriais.
• Terminada a leitura, volte ao registro anterior das previsões dos alunos para
o título Marcéu e aponte semelhanças e diferenças.
Personagens e conflito
• Há concentração, até mesmo redução, no número de personagens.
Pergunte aos alunos como explicam essa concentração da narrativa no
narrador e em Marcéu.
• No livro, os demais personagens ficam reduzidos a figurantes. Pergunte
qual a razão dessa escolha.
• O narrador tem interesse em:
•• contar a vida da família?
•• denunciar a vida simples e cheia de carências dos meninos?
•• mostrar como vivem os habitantes da região?
•• descrever a tragédia de uma enchente?
Por meio dessas questões, você poderá investigar o nível de compreensão
de seus alunos após a leitura do livro.
• Em uma roda de conversa, mostre aos alunos que as questões de família,
carências, região e acontecimentos são episódios secundários. A principal
interação entre os personagens fica por conta do narrador, que é incapaz
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de compreender e avaliar a estranha e complexa mente do irmão e sua
capacidade de conectar-se com outra dimensão dos seres vivos: a dos
pássaros.
• Explique a eles que o mistério da morte é o tema mais significativo do texto.
Ele está demarcado por duas posições geográficas: o cá e o lá. As ideias,
mistério puro, estão do lado de lá.
• Seus alunos já devem ter ouvido e até dito a expressão tão comum “chegar
lá”. Pergunte a eles:
•• o que significa o “lá”?
•• que palavras colocariam no lugar de “lá”?
• Aproveite para conversar sobre o relativismo dessas indicações. Lá é para
quem está aqui. E aqui é para quem está lá.
• Coloque lado a lado os dois personagens em formato de bonecos, desenhos,
cartões. E, entre eles, uma linha (fio, barbante, fita). Em seguida, pergunte:
•• Onde estão no começo da história?
•• Para onde foram no decorrer dos acontecimentos?
•• Como ficaram ao final da narrativa?
•• Introduza o termo “travessia” para a mudança de lugar.
•Dê ao termo um valor conotativo: travessia pode ser uma decisão
importante da vida, uma troca de emprego, a passagem para a morte, uma
aprendizagem.
• Em uma roda de conversa, estimule seus alunos a pensar quantas e quais
travessias já realizaram e a trocar ideias com os colegas.
• Ao final, ressalte que as ideias que estavam no “lá”, segundo Marcéu,
tornaram-se “aqui” na roda de conversa.
Foco narrativo e tempo
• Na percepção dos alunos, por que não foi escolhido Marcéu para ser o
narrador?
• Que diferenças eles veriam quanto:
•• ao modo de narrar?
•• à escolha dos acontecimentos a serem narrados?
•• à interpretação dada pelo narrador?
•• ao final da história?
• Proponha que eles reescrevam o texto sob o ponto de vista do tio ou do
primo que moravam longe da casa dos dois irmãos.
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Marcos Bagno
• Sugira aos alunos que, em grupos, façam uma reportagem sobre a relação
entre pessoas e animais.
•• Afinal, é possível que eles conversem e se entendam?
•• Animais pensam?
•• Podem falar?
•• Em que condições?
• Informe aos alunos que histórias de pessoas que falam com animais
podem ser conseguidas por meio de entrevistas e conversas com
familiares, professores, funcionários da escola, membros da comunidade
e, logicamente, entre os próprios alunos. Em seguida, questione-os:
•• Quais são os animais preferidos para conversar?
•• Que resultados um diálogo desse tipo traz/trouxe para a pessoa
entrevistada?
•• Com os resultados, peça aos alunos que escrevam e ilustrem
(desenhos, fotos, colagens, recortes), acrescentem notícias tiradas de
jornais, revistas e internet e criem o “Dia do diálogo”, apresentando os
resultados nos murais da escola.
•• Atualmente, e em especial nas cidades, cresce o número de animais
de estimação e cresce a dependência desse tipo de contato. Por quê?
• O narrador passa da descrença ao estado de total aceitação da conversa
com pássaros. Pergunte a seus alunos:
•• Em que partes da narrativa é possível descobrir essa mudança?
•• Quais foram os fatos que desencadearam a transformação?
•• Por que a escolha dos pássaros?
•• Qual sua significação?
• A presença dos pássaros como interlocutores e como profetização está na
história da humanidade desde o começo das religiões e dos mitos narrados
pelos povos mais antigos. Solicite aos alunos uma pesquisa a esse respeito,
pois, dessa forma, haverá maior densidade à compreensão e à verificação
de que o autor de Marcéu se inseriu em uma forte e ininterrupta tradição de
crenças e relatos humanos.
• Em seguida, peça aos alunos que tragam os resultados da pesquisa para
compartilhar com os colegas.
• Não se esqueça de revisar o que eles trouxerem e, provavelmente, sintetizar,
porque o material é abundante.
• O tempo de uma narrativa pode ser o que faz referência aos fatos narrados
(tempo cronológico = um acontece depois do outro), o tempo pode ser
o da narração (começo, meio e fim) e o tempo pode ser o da duração,
correspondente ao sentimento experimentado pelos personagens (a alegria
parece ser mais rápida do que a dor). Como se apresentam esses tempos
em Marcéu:
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•• O cronológico (por exemplo, a infância, as informações sobre conversas
com pássaros, a enchente)?
•• O da narração? Demora muito tempo o começo? Quantas páginas tem
o meio? O desenlace é rápido?
•• O de duração (o afeto pelo irmão, as histórias da infância, a morte de
Marcéu)?
Linguagem
• O texto todo é repleto de achados felizes de comparações, de uso da língua,
de sonoridades, de frases que fogem ao lugar-comum e de metáforas.
Selecione alguns exemplos e alguns parágrafos, entregue para os alunos,
divididos em grupos, e peça a eles que:
•• expliquem o que entenderam pelo texto recebido;
•• interpretem o que entenderam num sentido amplo da história toda e no
sentido especial de travessia;
•• expliquem por que consideram uma escrita diferente (e poética);
•• redijam um exemplo semelhante;
•• apresentem aos colegas o resultado.
Por exemplo, na página 26, o terceiro parágrafo; o primeiro parágrafo da
página 11; o primeiro parágrafo da página 23; a expressão “a gente se sentava
para escutar o pôr do sol e ouvir as cores do céu em fogo” na página 22; e assim
por diante.
• Retome, ao final da atividade, as explicações que os alunos deram para o
termo “Marcéu” e peça a eles que observem o que mudou e o que, neste
novo momento da leitura, eles podem acrescentar.
• Reveja os conceitos de poema e de narrativa ficcional e explique aos alunos
por que o livro em processo de leitura pode ser considerado um poema em
prosa, que é um gênero literário híbrido. Entre algumas razões estão:
•• texto centrado na apreensão de sensações e de percepções afetivas e
existenciais;
•• sonoridade esparsa e contínua;
•• texto de curta ou média extensão;
•• uso de linguagem figurada;
•• o acontecimento é ultrapassado por uma visão de mundo mais
abrangente e que afeta quem narra.
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Proposta de atividade final
• Solicite a produção de um texto que retrate uma experiência de infância em
que foi possível obter uma aprendizagem que afetou o aluno em sua forma
de ver o mundo.
• Depois de avaliá-los e da reescrita, organize os textos em formato de
uma apostila, com capa ilustrada e identificada, por exemplo, com um
título sugestivo e, se possível poético, como “Travessias de infância”,
“Iluminações”, “Auroras”, etc.
• Somente depois de terminadas todas as atividades é que você pedirá a um
aluno que leia a apresentação feita pelo próprio autor nas páginas 44 e 45.
A intenção é mostrar que se pode ter interpretações excelentes e variadas
sem que o leitor fique preso ao entendimento de que tudo que é narrado
tem a ver direta e exclusivamente com a vida do autor.
EXPANSÃO DA LEITURA
LIVROS E FILMES
• Memórias inventadas, de Manoel de Barros é um extraordinário livro de
pequenas crônicas sobre a infância. Com uma linguagem poética e saborosa,
traz narrativas de humor, aprendizagem de vida e novas perspectivas para
olhar a realidade. Um livro para leitores de todas as idades.
• Um conjunto de quatro livros de Bartolomeu Campos de Queirós com os
seguintes títulos: Indez, Por parte de pai, O olho de vidro de meu avô e Ler,
escrever e fazer conta de cabeça. São narrativas de grande sensibilidade,
retratando a vida em família em uma cidade do interior, com todas as
dificuldades e com toda a poesia de uma vida simples e de contato com a
natureza. Uma lição de vida em cada volume.
• O filme Ponte para Terabítia, de Gabor Csupo, é um filme comovente, em
que a infância tem a capacidade de transformar e dar novos sentidos ao
mundo e à vida. Traz a história de dois adolescentes que criam um mundo
próprio em que o sonho pode vir a se tornar realidade.
Os alunos certamente conhecem pessoas que poderão contar como a vida
era diferente há uns 60 anos. A turma pode organizar um encontro de gerações
sob o tema “Vida em tempos que não vivi”. Além de convidar pessoas de mais
idade para darem seus depoimentos, podem montar um ambiente de recordação
com fotos, brinquedos e figurinos antigos, bem como apresentar uma encenação
de histórias contadas previamente.
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PINTURA
• William Turner foi um pintor inglês de centenas de obras cujo motivo central
é o mar. São quadros estupendos sobre o mar revolto, embarcações em
perigo, naufrágios. Esse pintor demonstra um domínio extraordinário da cor
e antecipa a pintura mais avançada do século seguinte, a do impressionismo.
• A obra do pintor brasileiro José Pancetti tem o ponto alto na pintura de
imagens marinhas, ou seja, de quadros que têm o mar como assunto. Sua
obra tem o estilo modernista do século XX e é numerosa na quantidade de
formas de apresentar e admirar o mar em suas combinações com o céu e
com embarcações.
• Claude Monet (1840-1926) foi um dos maiores pintores da história da arte.
Tem quadros em que procura captar a luminosidade das águas do mar, com
toda a técnica impressionista, de que foi um dos maiores representantes.
Com base nas telas de Turner, Pancetti e Monet, os alunos poderão criar
releituras, utilizando diversas técnicas, como colagens, pinturas, mosaicos,
grafite, etc. As obras de arte dos alunos poderão ser expostas na sala de aula
ao lado da reprodução das obras originais, para que se estabeleça relação entre
elas.
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