Histórico do Município de Alvarenga PRIMÓRDIOS O município de Alvarenga está inserido no território que na era colonial foi denominado “Casa da Casca”, região que no limiar das Gerais se destacou pela descoberta de ouro pelo bandeirante paulista Antonio Rodrigues Arzão, no ano de 1693, em território posteriormente denominado Distrito do Cuieté. Os primeiros sertanistas a serem citados como exploradores dos afluentes do Manhuaçu, a partir de 1708, foram o espírito-santense Martinho de Alvarenga e os sertanistas taubateanos Domingos Luiz Cabral e Pedro Bueno Cacunda. ALVARENGA E A ORIGEM DE SEU NOME No segundo quartel dos anos setecentos, por volta de 1745, a barra do ribeirão do Alvarenga foi habitada e explorada pelo paulista José Pereira de Alvarenga, o que levou o ribeirão a tomar o seu nome, dando identidade à região, que passou a ser chamada Ribeirão do Alvarenga. O sertanista Alvarenga era ligado ao tronco dos Leme do Prado. Tanto os Lemes Prados quanto os Alvarengas pertenciam à primeira leva de bandeirantes e sertanistas paulistas que vieram em busca de metais preciosos no início das Gerais. Nesta mesma época o governador da Repartição Sul, Gomes Freire de Andrade, o Conde de Bobadela, autorizou a exploração de ouro na paragem do Cuieté e, entre 1746 e 1747, as minas do Cuieté foram exploradas pelo paulista Pedro de Camargo Pimentel. OUTRAS EXPLORAÇÕES Em 1768 padre Ângelo Pessanha, responsável pelo início da catequese indígena no Distrito do Cuieté, explorou vários córregos na região, dentre eles o ribeirão que hoje leva o seu nome, o Ribeirão Padre Ângelo. Nesta mesma época padre Ângelo explorou o já conhecido Ribeirão do Alvarenga. Outro companheiro de padre Ângelo, o sertanista Manuel Fernandes Sobreira, em bandeira oficial, explorou um dos afluentes do Ribeirão do Alvarenga, chamado mais tarde de Ribeirão do Sobreira. O CAMINHO DO CUIETÉ Entre 1775 e 1781 foi aberto um caminho de Vila Rica ao arraial do Cuieté, denominado “Novo Caminho para a Conquista do Cuieté”, que passava pela região de Alvarenga. O governador dom Rodrigo José de Meneses visitou o Cuieté em 1781, e, em seu retorno à Vila Rica, passou pela barra do ribeirão, no rio Manhuaçu, para ver de perto as noticiadas faisqueiras da região. POSSE DAS TERRAS DO ALVARENGA Originalmente as terras do atual município de Alvarenga pertenciam aos índios botocudos, e foi área de atuação do índio Pocrane, que manteve aldeia em vários pontos da região, entre 1831 e 1843. Em 1858 tais terras 1 pertenciam, praticamente em sua totalidade, a dois irmãos, Tristão Cristiano de Vasconcelos e Basílio Rodrigues de Vasconcelos, que as adquiriram de José Correa. O INÍCIO DO POVOAMENTO DE ALVARENGA A povoação do lugar teve início na primeira metade do século XIX, com a chegada de uma caravana de desbravadores, por volta de 1837, que veio abrindo uma picada em direção ao legendário Cuieté. Nesta caravana encontravam-se João de Barros e sua filha Maria Florinda dos Prazeres, conhecida como Maria Guanhães, naquela ocasião com idade aproximada de onze anos. Segundo historiadores, neste mesmo ano de 1837 o poaieiro Domingos Fernandes de Lana passou em nossa região em direção ao Cuieté em busca de poaia, cabendo a ele o devassamento do atual município de Caratinga. Em 1844 foi aberta uma picada rumo à Ponte Nova, por João Rodrigues da Cunha, caminho chamado de “Estrada do Córrego do Ouro ao Cuieté”, que passava pelo atual município de Alvarenga, via aldeamento do falecido índio Pocrane, com o objetivo de ligar o arraial do Cuieté à estrada que estava sendo aberta entre Ouro Preto e Vitória, chamada Estrada São Pedro de Alcântara. Hoje, parte desta estrada pertence à BR 262. NÚCLEOS DE POVOAMENTO Com a posse das terras foram surgindo núcleos de povoamento na região da atual cidade, nos córregos do Cataca, Alvarenguinha, Sobreiro, Barra Mansa e Cachoeira Alta. Nesta fase inicial da formação do povoado, entre 1875 e 1890, destacaram-se famílias oriundas da região do Cuieté, Aldeamento do Itueto, Manhuaçu, São João de Nepomuceno, Descoberto, Queluz, Muriaé e Carangola, em destaque para os troncos dos Lino Ferreira de Andrade, Rodrigues de Vasconcelos, Soares de Almeida, Rodrigues de Oliveira e Souza Lima (Tenentes), Malaquias dos Anjos, Marçal, Ferreira Borges, Barbosa Castro, Gonçalves da Costa, Hermenegildo Pinto, Paulino dos Reis, Carreiro, Gonçalves Filgueiras e Gonçalves de Oliveira, Alves de Souza, Alves Jorge, Dias da Silva, Dias do Nascimento e Dias de Souza, Souza Freitas, Gonçalves Neves, Gonçalves da Silva, Onofre Pereira, Leocádio da Silva, Pereira de Mendonça, Pinto de Bitencourt, Cardoso, Teófilo, Carneiro, Damascena, Fernandes, Pedra, Godoy, Oliveira, Anacleto de Miranda, Gomes da Silva, Quintino, Oliveira Pinto, Rodrigues Pires, Modesto, Miranda Brito, Cristo, Martins de Paiva, Xavier Soares, Dutra, dentre outros. Nas duas primeiras décadas do século XX começaram a chegar novos aventureiros, em busca de terras férteis, principalmente para o plantio do café. Destacou-se nesta fase a figura de Cristiano dos Reis Torres, da região de São João de Nepomuceno, que influenciou a vinda das famílias dos Ferreira de Amorim, Furtado, Pereira do Valle e Pimentel de Medeiros. Nesta mesma época começaram a chegar as famílias dos Martins, Paula, Souza Ferreira, Vieira, Cunha, Fogaça, Luiz de Souza, Firmino, Pereira, Rodrigues de Almeida, Marcelino de Souza, Melo, Araújo, Fonseca, Motinha (Souza Lima), Antunes, Silveira, Miranda, Calaca, Ribeiro, Marques dos Reis, Rosa, Pouza, Mendes, Portes, Bento, Peixoto e outras mais que hoje formam o povo Alvarenguense. 2 Em nossa região não houve núcleo de imigração européia, mas em fins do século XIX e nas primeiras décadas do século XX algumas famílias de imigrantes se destacaram no desbravamento do município, como os Conte, Genelhu, Escossio, Mayrink, Riani, Zauzirolomi, Trambaioli, Colli, Frassoni, Biscarde, Mazzoni, Segala, Bonfá, Pavoni, Vesada, Valadão, Pimentel de Medeiros, Saar, Inácio da Silva, Gonçalves de Moraes Carvalho, Vailante, Unhão Ribeiro, Bramute e Falcão. CONTEXTO GERAL E ADMINISTRATIVO Quanto às questões de jurisdição, inicialmente Alvarenga pertenceu à freguesia do Cuieté, termo e bispado de Mariana, comarca de Ouro Preto. Por volta de 1875 o lugar já era arraial, denominado “Novo Arraial de Alvarenga”, e visitado pelos frades capuchinhos que comandavam o Aldeamento Imaculada da Conceição do Itueto ou Manhuaçu, frei Miguel Ângelo Maria de Troiana e frei Joaquim de Palermo, que celebravam seus sacramentos na região de Cuieté. Já no despertar da República, o lugar era conhecido como Bocayuva, em homenagem ao político republicano paulista Quintino Bocayuva, Ministro das Relações Exteriores do Governo de Deodoro da Fonseca. Com a criação do município de São João do Caratinga, hoje Caratinga, através do Decreto Estadual nº 16 de 06 de fevereiro de 1890, confirmado pela Lei Estadual nº 02 de 24 de setembro de 1891, foi criado o Distrito de Bocayuva. Nesta época, a família do capitão José Francisco dos Anjos, primeiro juiz de paz do distrito, que tomara posse de uma grande área de terras, construiu, por volta de 1890, uma pequena igreja devotada a Nossa Senhora da Saúde, que seria mais tarde a Padroeira da Cidade. O primeiro padre do distrito de Bocayuva foi o padre Gustavo Botti. Outra figura que se destacou por ocasião da criação do distrito foi o primeiro escrivão, Antonio José Marçal. Em 1899 o povoado foi elevado a distrito de paz, passando a ser chamado Distrito de Nossa Senhora da Saúde de Floresta. Mais tarde, em 1923, o distrito de Floresta foi anexado ao município de Itanhomi, pela Lei Estadual nº 843 de 07 de Setembro de 1923, que criou o município de Itanhomi, oficialmente instalado em 07 de fevereiro de 1926. Através da Lei nº 148 de 17 de dezembro de 1938, pela Divisão Judiciária do Estado, o antigo Lajão desmembrou-se de Itanhomi, passando a se chamar Conselheiro Pena. Alvarenga passou, então, a pertencer ao novo município. Através do Decreto-Lei nº 1.058 de 31 de dezembro de 1943, a vigorar no qüinqüênio 1944/1948, Alvarenga foi elevada à categoria de Vila, retornando a seu nome original, mantido até hoje. Alvarenga emancipou-se como município através da Lei Estadual nº 2.764 de 30 de dezembro de 1962. Pela divisão territorial o município é constituído do distrito sede. No dia 1º de Março de 1963 foi instalada a Cidade de Alvarenga, tendo como intendente Simeão Pena de Faria, que administrou o município até 31 de agosto de 1963. Em 30 de junho do mesmo ano foi realizada a primeira eleição para prefeito, sendo eleito Antonio de Sousa Peixoto, que administrou até 1967. A partir daí seguiram-se as seguintes administrações: José Carlos 3 Martins (1967/1971); Oswaldo Pereira de Oliveira (1971/1973); Joaquim Borges de Melo (1973/1977); José Pedro de Oliveira (1977/1983); Joaquim Borges de Melo (1983/1988); Gumercindo de Freitas Neto (1989/1992); Homero João Peixoto de Freitas (1993/1996); José Raimundo (1997/2000); Homero João Peixoto de Freitas (2001/2004); José Pedro de Oliveira (2005/2008) e Maria Izabel da Silva Netto (2009/2012). A cidade encontra-se encravada num vale, entre as serras do Bananal e Padre Ângelo. O Pico do Itacolomi é um dos principais símbolos da cidade, e imponentemente se destaca com seu belo contorno ondulado e reluzente. Destacam-se na região outros pontos importantes, como o Pico da Aliança, a Cachoeira do Padre Ângelo e a Cordilheira do Bananal. A área atual do município é de 278.173 km², e está localizada no Vale do Rio Doce, Leste de Minas, em Latitude 19º25'02" Sul e Longitude 41º43'43" Oeste, fazendo limite com os municípios de Conselheiro Pena, Tarumirim, Inhapim e Pocrane. O município tem dois povoados, o de Vista Alegre e o de Barra Mansa. O adjetivo gentílico local é alvarenguense, e a população atual, segundo dados do IBGE do ano de 2010, é de 4.444 habitantes, sendo 2.119 na área urbana e 2.325 na área rural. A densidade demográfica é de 15,98 hab/km². Fonte: Pesquisa desenvolvida pelo professor e historiador José Araújo de Souza. Alvarenga, 22 de março de 2013. É proibida a reprodução, total ou parcial, do texto e de todo o conteúdo sem autorização do autor. 4