Ambientes de Aprendizagem: uma abordagem
hipertextual contemporânea
Alício Rodrigues da Silva Neto1 (UNEB)
Resumo:
Abordar ambientes de aprendizagem é um desafio, uma vez que traz
flexibilidade, rapidez, relação tempo‐espaço e mobilidade. Esta pesquisa
objetiva compreender o papel dos ambientes de aprendizagem como
espaços potenciais no campo hipertextual contemporâneo. Apresentam
como pressupostos teóricos: Arnaud Lima Júnior, Pierre Lèvy, Alex Primo
dentre outros, evidenciando discussões sobre as potencialidades que essas
relações sociais podem proporcionar aos sujeitos. Este estudo em
andamento apresenta uma abordagem qualitativa que consiste numa
relação dinâmica entre realidade, sujeito, mundo objetivo e subjetividade.
Palavras‐chave: Ambiente de aprendizagem, Contemporaneidade,
Hipertexto.
Abstract:
Addressing learning environments is a challenge, since it brings flexibility,
speed, time‐space ratio and mobility. This research aims to understand the
role of learning environments as potential spaces in contemporary
hypertext field. Present theoretical assumptions: Arnaud Lima Junior,
Pierre Levy, Alex Primo among others, highlighting discussions on the
potential that these relationships may provide social subjects. This ongoing
study presents a qualitative approach consisting of a dynamic relationship
between real subject, objective and subjective world.
Palavras‐chave: learning environments, contemporary, hypertext.
Para começo de conversa
A sociedade, na atualidade, propõe que “refletir a tecnologia é refletir o
próprio homem” (Lima Jr. 2005, p.16), onde “o ser humano está totalmente
implicado na tecnologia e a tecnologia está totalmente implicada no humano”
(Lima Jr. Op. cit). A relação sujeito‐objeto estabelece uma significação
indissociável, pois requer a formação de pessoas críticas, com expressividade,
criatividade, capacidade de trabalho em grupo, entre outras habilidades. Em
conseqüência a sociedade contemporânea, as relações sociais requerem, acima de
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tudo, ambiente “inteligente”, especialmente criado para interação, cooperação e
colaboração. Estes locus de aprendizagem podem construir segundo estilos
individuais uma relação de colaboração em construção coletiva.
A intenção de relacionar ambientes de aprendizagem como espaço
hipertextual contemporâneo requer uma análise dos processos tecnológicos e
educacionais, a partir da inovação no processamento da informação e da
comunicação possibilitando maior difusão das informações, novas formas de
conhecer, de se comunicar e de gerar processos de virtualização.
As Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) vão se estruturando e
possibilitando a integração dos meios de comunicação como potencializadores da
condição de interatividade entre pessoas, gerando mudanças culturais significativas
tanto no campo social como no campo educacional. Neste cenário, e através de
experiências concretas, constrói‐se sentido e significados para a realização dessas
transformações através de um processo ativo e dinâmico
As TIC podem levar à constituição de espaços colaborativos inovadores
instrumentalizados e os ambientes de aprendizagem podem contribuir de forma
significativa para a consolidação das bases tanto práticas quanto teóricas visto que
permitem ampliar as zonas de atuação dos sujeitos pertencentes à práxis social em
questão.
A colaboração pode ser considerada uma categoria‐chave para a compreensão
das novas formas de pensar o processo educativo, articulando técnica, educação,
cultura. Assim, discutir as Tecnologias da Informação e Comunicação numa
perspectiva dos ambientes de aprendizagem na educação requer percebê‐las não
como elementos isolados na sociedade, porque toda ação tecnológica também é
uma ação social, a qual é produzida em um contexto específico permitindo não
somente as suas potencialidades, mas também sua predisposição em proporcionar
transformações no modo de conceber a sociedade em sua organização e estrutura.
A interação e o convívio em redes de computadores geram um fenômeno
social tipicamente contemporâneo: “a emergência das comunidades” (PRIMO,
1997) como agregações sociais. Este espaços de sociabilidade se efetivam pelo
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encontro de sujeitos dispostos a compartilhar informações e saberes suportados
pela
atual
infra‐estrutura
tecnológica,
que
desterritorializa
e
liberta
a
comunicação dos limites impostos pelas noções de tempo e espaço, implementando
uma comunicação dinâmica através do seu potencial para a interatividade.
Transpondo assim, os espaços “tradicionais formais” da sala de aula.
As transformações sociais têm ocorrido de maneira muito rápida, a
construção/ reconstrução do conhecimento faz parte da dinâmica da educação,
que tem por finalidade a formação de indivíduos críticos num contexto histórico.
Desta forma,
o papel da informática e das técnicas de comunicação com base digital não
seria “substituir o homem”, nem aproximar‐se de uma hipotética
“inteligência artificial”, mas promover a construção de coletivos
inteligentes, nos quais as potencialidades sociais e cognitivas de cada um
poderão desenvolver‐se e ampliar‐se de maneira recíproca. (LÈVY, 1993, P.
15)
A constituição de coletivos inteligentes está distribuída em toda parte,
favorecendo
a
mobilidade,
construção
de
competências,
reconhecidas
e
enriquecidas em tempo real. Falar em ambientes de aprendizagem como espaço de
sociabilidade é vislumbrar criatividade, construção de conhecimento, inovações,
interações em lugar da unidirecionalidade, é trabalhar numa perspectiva em que
todos cooperam para a coletividade do grupo, participando ativamente.
Ambientes de Aprendizagem: relações hipertextuais na
contemporaneidade
Nossa
sociedade
vive
momentos
paradoxais
do
ponto
de
vista
da
aprendizagem. Por um lado, há cada vez mais pessoas com dificuldades para
aprender aquilo que a sociedade exige, o que, em termos educacionais, costuma
ser interpretado como um crescente fracasso escolar.
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Contudo,
ao
mesmo
tempo
em
que
esse
fracasso
escolar
cresce
assustadoramente, também podemos afirmar que o tempo dedicado a aprender
estende‐se e prolonga‐se cada vez mais na história pessoal e social, ampliando a
educação obrigatória, impondo uma aprendizagem ao longo de toda a vida.
Nunca houve tantas pessoas aprendendo tantas coisas ao mesmo tempo como
em nossa sociedade atual. De fato, podemos concebê‐la como uma sociedade da
aprendizagem, uma sociedade na qual aprender constitui não apenas exigência
social crescente como também uma via indispensável para o desenvolvimento
pessoal, cultural e mesmo econômico dos cidadãos.
Enquanto num primeiro momento a imprensa tornou possível outras formas de
ler e compreender o mundo, as quais, sem dúvida, mudaram a cultura da
aprendizagem temos uma nova vertente, onde as tecnologias da informação estão
criando maneiras de difundir socialmente o conhecimento que a sociedade está
começando a vislumbrar. Esta nova forma de ter acesso ao conhecimento promove
outras alfabetizações que permeiam todos os campos: literária, gráfica,
informática, científica, tecnológica, etc., e que a escola não pode negligenciar.
A década de 80 foi caracterizada pela popularização do computador e dos
equipamentos eletrônicos. Com o advento da Internet e suas ferramentas de
comunicação e interação, o computador pessoal passou de equipamento de luxo,
equipamento de poucos para instrumento necessário a vida social.
Em menos de quinze anos, a Internet e com ela o ambiente em rede a longa
distância, surgiu como nova ferramenta de comunicação acessível a usuários
domésticos e empresariais. Com os avanços tecnológicos e com a globalização
outras formas de comunicação e transmissão cultural possibilitam a constituição de
grupos de sujeitos ligados por vínculos formalizados ou não, os quais podem
apresentar características comuns, formando agrupamentos socias comumente
chamados de comunidades ou ambientes.
Esses ambientes quando direcionados à área pedagógica, educacional, são
denominadas como ambientes de aprendizagem. Assim, na modernidade, o
conceito de ambiente de aprendizagem é costumeiramente caracterizado como
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espaços interativos, onde os indivíduos fazem trocas simbólicas constituindo
relações sociais.
Compreendendo que um ambiente em rede é composto por um grupo de
pessoas com características comuns ou não, além de serem formadas a partir da
interação de movimentos locais, sociais e que extrapolam a delimitação do espaço
geográfico, podemos perceber que a conceituação de ambiente envolve relações
muito complexas entre os sujeitos.
Assim, um grupo de pessoas reunido em “algum lugar da rede” (SANTOS,
OKADA, 2004, 165), no ciberespaço que possui interesse em coletivizar, colaborar,
construir, comunicar alguma coisa pode ser considerado um agrupamento social,
potencial em um ambiente de aprendizagem os quais podem fazem trocas
simbólicas. Este movimento é muito característico dos ambientes de aprendizagem.
Neste contexto, podemos compreender que surgem ambientes, espaços
coletivos no ciberespaço que agregam pessoas e equipamentos técnicos com a
função de produzir e disseminar informações.
As tecnologias (computador, internet, formas de comunicação, redes socias)
facilitaram a constituição de grupos de sujeitos ligados por vínculos formalizados,
os quais apresentam características comuns, formando o que a sociedade
convencionou chamar de comunidades ou redes sociais, possibilitando com isso o
acesso ao conhecimento sistematizado e as mais diversas mídias de interação e
interatividade.
Um dos que valorizam esta outra e relevante história é o sociólogo espanhol
Manuel Castells que reconhece,
a história da criação e do desenvolvimento da internet é a história de uma
aventura humana extraordinária. Ela põe em relevo a capacidade que as
pessoas têm de transcender metas institucionais, superar barreiras
burocráticas e subverter valores estabelecidos no processo de inaugurar
um mundo novo. Reforça também a ideia de que a cooperação e a
liberdade de informação podem ser mais propícias à inovação do que a
competição e o direito de propriedade. (CASTELLS, 2003, P. 25)
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Este agrupamento social silencioso e invisível está desenvolvendo, divulgando,
comentando, distribuindo, defendendo, multiplicando, em suma, viabilizando um
novo ambiente de comunicação, inovação e conhecimento, a partir de trocas
simbólicas entre os sujeitos participantes.
As tecnologias potencializam mudanças na educação, uma vez que o processo
de digitalização e o contexto da cibercultura vêm promovendo a utilização do meio
digital como locus de inúmeras experiências pedagógicas, principalmente ligadas à
área educacional.
Diante das diversas possibilidades abertas, temos uma série de iniciativas de
cursos, principalmente de graduação e formação continuada pautadas nas
orientações legais vigentes, que têm como preocupação básica a construção de
novos espaços de aprendizagem via internet.
O filósofo Pierre Lévy, assinala logo na introdução do seu livro que “o
crescimento do ciberespaço resulta de um movimento internacional de jovens
ávidos para experimentar, coletivamente, formas de comunicação diferentes
daquelas que as mídias clássicas nos propõem”. (LÉVY, 1999, p. 5). Este novo
paradigma de comunicação começou de forma intensa e promissora em pequenos
ambientes inovadores e tem se alastrado para grupos maiores, já alterando e
ampliando a maneira como os seres humanos se comunicam e produzem
conhecimento.
Mas esse ambiente em rede permite, viabiliza e deixa brechas para que este
novo espaço de comunicação floresça. No entanto, ele não é nenhuma garantia de
sucesso, é uma condição necessária, mas não suficiente, ou seja, estar na rede não
nos faz, necessariamente, gerar inovação ou conhecimento, poderá não integrar ao
mundo moderno, o que ocorre na verdade é uma possibilidade de integração.
É fundamental e necessário compreender o movimento do conceito de
cibercultura e suas bases para a área educacional em todos os níveis. O conceito é
significativo a tal ponto, que é capaz de fecundar as práticas docentes em favor de
uma
nova
ambiência
comunicacional
mediada
pelas
tecnologias
digitais,
principalmente computador e internet .
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A cibercultura é mais do que objetos, processos, comportamentos e relações
internos ao cyberspace, é uma configuração social‐histórica, uma nova realidade
antropológica e política, um quase sinônimo propriamente de sociedade ou de
organização social.
Para Lemos,
compreender a cibercultura como forma sociocultural que emerge da
relação simbólica entre a sociedade, a cultura e as novas tecnologias de
bases da microeletrônica que surgiram com a convergência das
telecomunicações e com a informática na década de 70. (LEMOS, 2002, p.
13)
A cibercultura é a cultura contemporânea marcada pelas tecnologias digitais.
O movimento proclamado pela cibercultura é de tal forma imersa em nosso
presente, que home‐banking, cartões inteligentes, celulares, ipad, voto eletrônico
com ou sem leitura biométrica, imposto de renda via rede, trata‐se de uma
representação à cultura contemporânea sendo consequência direta da evolução da
cultura técnica moderna.
Vale a pena também trazer para a discussão a argumentação de Pierre Lévy,
para ele, “a cibercultura é o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de
práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores, que se desenvolvem
juntamente como crescimento do ciberespaço” (LÉVY, 1999, p. 32). Hoje o
ciberespaço requer um novo meio de comunicação que surge com a interconexão
mundial de computadores, sendo um dos principais canais de comunicação e
suporte de memória da humanidade a partir do início do século XXI.
O ciberespaço pode ser compreendido pela metáfora do hipertexto mundial
interativo, onda cada um pode adicionar, retirar e modificar partes desta estrutura
telemática, como um texto vivo, um ambiente de circulação de discussões
pluralistas, reforçando competências diferenciadas e aproveitando o caldo de
conhecimento que é gerado dos laços comunitários, podendo potencializar a troca
de competências, gerando a coletivização dos saberes.
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Esta nova estrutura social orgânica, não tem controle social centralizado,
multiplicando‐se de forma anárquica e extensa, desordenadamente, a partir de
conexões múltiplas e diferenciadas, permitindo agregações ordinárias.
Estar on‐line não significa estar incluído na cibercultura. O ambiente de
aprendizagem não estimula o fazer do hipertexto e da interatividade próprios das
mídias on‐line, sendo uma valiosa atitude de inclusão cidadã na cibercultura. Em
lugar de guardião da aprendizagem transmitida, o professor, atento ao contexto
cibercultura e à exigência de qualidade em educação, propõe a construção do
conhecimento, disponibilizado um campo de possibilidades, de caminhos que se
abrem quando elementos são acionados pelos educandos. Ele garante a
possibilidade de significações livres e plurais e, sem perder de vista a coerência
com sua opção critica embutida na proposição, coloca‐se aberta a ampliações, a
modificações vindas da parte dos aprendizes, onde essas inúmeras possibilidades
são potencialmente hipertextuais.
Uma das possíveis leituras do hipertexto refere‐se ao mundo sem barreiras, os
textos e as pessoas conectam‐se de maneira complexa, não havendo motivos para
pensá‐lo apenas como a realização de um texto em que pequenos blocos de
informações que estão conectados por links. O conceito de hipertexto de Lévy foge
ao domínio informático,
Tecnicamente, um hipertexto é um conjunto de nós ligados por conexões.
Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos ou partes de
gráficos, sequências sonoras, documentos complexos que podem eles
mesmos ser hipertextos. Os itens de informação não são ligados
linearmente, como em uma corda com nós, mas cada uma deles, ou a
maioria, estende suas conexões em estrela, de modo reticular. Navegar em
um hipertexto significa portanto desenhar um percurso em uma rede que
pode ser tão complicada quando possível. Porque cada nó pode, por sua
vez, conter uma rede inteira. (LÉVY, 1993, p. 33)
Menos famosa do que essa, o posicionamento de Lévy, passa por dois pontos
fundamentes: técnico e funcional. Do ponto de vista técnico, esta definição foge as
questões da informática proporcionando uma simples conexão entre os elementos
que a rede pode proporcionar. Na perspectiva funcional, a compreensão deste
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conceito tem um caráter bastante mecânico, não passando de uma descrição de
máquinas e programas que vinham sendo pesquisados na década de 1990,
funcionalmente, um hipertexto é um tipo de programa para a organização
de conhecimento ou dados, a aquisição de informações e a comunicação.
Em 1990, sistemas de hipertexto para o ensino e a comunicação entre
pesquisadores estão sendo desenvolvidos experimentalmente em cerca de
vinte universidades da América do Norte, bem como em várias grandes
empresas. Esses hipertextos avançados possuem um grande número de
funções complexas e rodam em computadores grandes ou médios. (LÉVY,
1993, p. 33)
Embora o posicionamento de Lévy considere o hipertexto a realização de uma
arquitetura textual “informática”, o autor descreve o hipertexto como um modelo
de funcionamento da mente em rede, revelando um conceito de “tecnologia
intelectual” (LÉVY, 1996, P.38), como mecanismo de realizar externamente e de
forma similar a realidade, modos de trabalho da mente de quem escreve ou lê.
Com relação a este posicionamento, acrescenta que
se ler consiste em hierarquizar, selecionar, esquematizar, construir uma
rede semântica e integrar ideias adquiridas a uma memória, então as
técnicas digitais de hipertextualização e de navegação constituem de fato
uma espécie de virtualização técnica ou de exteriorização dos processos e
leitura. (LÉVY, 1996, p. 49‐50)
Uma tecnologia intelectual, quase sempre exterioriza, objetiviza, virtualiza
uma função cognitiva, uma atividade mental, sendo o hipertexto a matriz de textos
potenciais. Com esses posicionamento é possível entrever a ideia mais bem
formulada de que o hipertexto seja uma tecnologia da inteligência, um modo de
exteriorizar o que se passa na mente enquanto ela opera com textos.
Fazendo‐se uma aproximação com os ambientes de aprendizagem, o
hipertexto
é
extremamente
potencial.
Potência
no
sentido
de
nos
dar
possibilidades em compreender os modelos, as mais diversas formas de como se lê
o mundo, a realidade ou como a mente funciona para algumas atividades.
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Os hipertextos podem ser representados de modos diversos, visualizados de
forma gráfica e diagramática, mais intuitivo, onde teríamos certas qualidades de
conexões e o sujeito direcionando sua aprendizagem.
Num segundo momento, podemos perceber os mais diversos caminhos e
possibilidades de inclusão nos campos educacionais, proporcionando acessos a
instrumentos de orientação em um domínio do conhecimento, assim o “hipertexto
adequa‐se perfeitamente ao uso educativo, pois graças à sua dimensão reticular ou
não‐linear, face ao material a ser assimilado. Portanto um instrumento bem
adaptado a uma pedagogia ativa” (LÉVY, 1996, p. 40)
Sem nos deixar seduzir pela utopia tecnológica, podemos perceber como os
ambientes de aprendizagem são espaços potenciais para o uso do hipertexto, uma
vez que pode influenciar a forma de atuação dos sujeitos envolvidos nos processos
educacionais. Esses sujeitos deixam as bases “tradicionais”, as funções de emissor
e receptor deverão ser suplantadas para uma perspectiva de interlocução, havendo
trocas simbólicas e tendo como categorias básicas cooperação e colaboração,
transformando assim, o locus num espaço transacional apropriado ao ensino e
aprendizagem colaborativa, coletiva, mas também adequado ao atendimento das
individualidades.
O
hipertexto
e
os
ambientes
de
aprendizagem
podem
facilitar
a
aprendizagem, ressignificando a forma como acontece à apropriação da
informação, não acontecendo de forma incidental e sim por descoberta, pois ao
localizar as informações, os sujeitos participam ativamente de um processo de
busca e construção de conhecimento como um dos possíveis produtos dessa
imersão.
Uma característica marcante deste processo de aproximação entre hipertexto
e ambientes de aprendizagem é a autonomia. Quem aprende se apropria não
apenas do conhecimento, mas também do processo pelo qual adquiriu o
conhecimento. Quem aprende sabe exatamente como aprendeu. Assim, os
“caminhos” aprendidos podem ser logo ensinados, numa polifonia de ações. Os
sujeitos seguem trajetos diferentes para compor a riqueza que se tem ao final.
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Essa forma de perceber a educação, utilizando estes espaços de aprendizagem e
esses instrumentos, permite o diálogo evidenciado em trocas simbólicas.
A tecnologia instrumental dentro de um projeto educacional inovador, facilita
o processo de ensino‐aprendizagem, sensibilizam para novos assuntos, trazem
informações diferentes, diminuem a rotina, ligam os sujeitos com o mundo, com
outras realidades, aumenta a interação, cooperação, colaboração, permitindo a
personalização e a comunicação, porque trazem para esses ambientes, linguagens e
formas de interação inovadora.
A formação de ambientes de aprendizagem não passa necessariamente pelos
fatores territoriais físicos, mas pelo desenvolvimento do sentimento subjetivo dos
participantes de construir um todo. Desta forma, há inúmeras maneiras de estar
ligado pelo todo e no todo. A ideia de ambiente de aprendizagem (território
simbólico) marcado pela extensão e pela interação entre os indivíduos em construir
esse todo com uma natureza flexível e policêntrica da internet têm funcionado
como suporte para as relações interpessoais, ajudando a superar o característico
individualismo da sociedade de massa, como sugere várias reflexões sociológicas.
Últimas palavras inconclusivas
Muitos conhecimentos que podem ser proporcionados aos alunos atualmente
não apenas deixam de ser verdades absolutas em si mesmas, saberes
insubstituíveis, como passaram a ter data de validade. No ritmo das mudanças
tecnológica e científica em que vivemos, ninguém pode prever quais os
conhecimentos específicos que os cidadãos precisarão dominar dentro de 10 ou 15
anos para poder enfrentar as demandas sociais que lhes sejam colocadas.
O sistema educacional não pode formar especificamente para cada uma
dessas necessidades, porém, pode formar futuros cidadãos autônomos, dotando‐os
de estratégias de aprendizagem adequadas, fazendo deles pessoas capazes de
enfrentar novas e imprevisíveis demandas de aprendizagem.
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Assim, o conhecimento é um processo que prevê a condição de reelaborar o
que vem consolidado pela sociedade, possibilitando que não sejamos meros
reprodutores, inclui a capacidade de novas elaborações, permitindo conhecer,
reconhecer, trazer a superfície o que ainda é implícito, o que, na sociedade, está
ainda mal desenhado.
Para tanto, o conhecimento deve prevê a construção de possibilidades em que
os sujeitos possam ter uma visão aberta, totalizante dos fatos, inter‐relacionando
todas as esferas da sociedade, percebendo que o que está acontecendo em cada
uma delas é resultado da dinâmica que faz com que todos interajam, dentro das
possibilidades da transformação social, no momento histórico, permitindo perceber
enfim, que os diversos fenômenos da vida social estabeleçam suas relações tendo
como referência a sociedade como um todo.
O uso efetivo de tecnologia de informação para comunicar conhecimento
requer que o contexto interpretativo seja compartilhado também. Quanto mais
comunicadores, sujeitos imersos em ambientes de aprendizagem, maior o
compartilhamento dos conhecimentos similares, experiências e conhecimentos
anteriores, maior será a eficiência da comunicação e difusão por canais de
mediação digital.
Essas possibilidades desenham um cenário propício à realização da interação
nos ambientes de aprendizagem, pois representam alternativas para aproximar os
sujeitos
envolvidos
disponibilizados.
e
Desta
aumentar
a
exploração
dos
forma,
o
conhecimento
recursos
pode
ser
tecnológicos
construído
colaborativamente.
É no interior do processo educacional que podemos encontrar algumas
respostas para as questões que surgem a partir do uso de ambiente de
aprendizagem e que remetem à transformação da prática do educador e dos
educados. Neste sentido, é necessário que a escola tenha abertura e flexibilidade
para relativizar suas práticas e suas estratégias do uso da tecnologia com vista a
propiciar ao aluno a reconstrução do conhecimento. Para que o sujeito possa
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produzir conhecimento é importante que o ambiente de aprendizagem possibilite a
construção de saberes e não a reprodução de informações produzidas por outrem.
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