Gestor Público? Não, obrigado! José Luiz Orrico O que é ser Gestor Público hoje? Na minha opinião é uma das piores carreiras para alguém optar hoje. Dois são os motivos básicos dessa minha visão: A remuneração e a Integridade Moral. Antes de mais nada, e para não ser mal interpretado, quero deixar claro que não sou contra processos e prisões de gestores desonestos que procuram carreira no setor público para enriquecerem. Mas, vamos ao que interessa. As funções importantes são mal remuneradas. Exemplo: Um Secretário de Saúde no ES ganha R$ 15 mil brutos para gerir um orçamento de mais de 1,5 bilhões e colocar o sistema à disposição de mais de 3 milhões de capixabas. Caso esse Secretário fosse um Executivo de um Plano de Saúde de ponta com um orçamento e um número de usuários bem menor que este, quanto ele ganharia? Não tenho dúvidas de que a remuneração direta seria umas 4 ou 5 vezes maior do que essa. Fora as remunerações por resultado. Esse problema é resolvido via abnegação, altruísmo e até por pessoas que tem interesse em seguir na carreira política, ou seja, várias pessoas estariam à disposição do sacrifício em função de outros objetivos de vida. Agora em relação a integridade moral está cada dia mais difícil ser gestor no serviço público. As legislações existentes e o sistema de fiscalização montado partem do princípio que os ordenadores de despesas (gestores) não são honestos, então toda e qualquer não conformidade já é tratada como desonestidade e anunciada ao mundo com impactos na imagem do gestor e, o que é pior, com um impacto na vida pessoal irrecuperável, atingindo família, amigos, instituições, etc. Qual a preocupação que acho que devemos ter em função disso? Penso que cada dia será mais difícil para um governador, um prefeito, um presidente de empresa estatal, etc. conseguir recrutar pessoas competentes para fazerem parte de sua equipe e devolver para os cidadãos serviços de qualidade. Além disso, essa movimentação faz com que aqueles que trabalham no serviço público tenham medo de tudo, fazendo com que a execução dos projetos e serviços sob sua responsabilidade andem em uma velocidade não compatível e não desejável do ponto de vista de resultado e, em alguns casos até deixando de fazer o que tem que ser feito. Que profissional que está disposto a abrir mão de uma remuneração maior e, principalmente, abrir mão da sua integridade moral para contribuir trabalhando no serviço público? Eu sei de mim e de pessoas que conheço que se recebessem um convite para fazer parte de uma equipe de governo já têm a resposta na ponta da língua: Não, obrigado.