A entrada da Rússia na Primeira Guerra Mundial precipitou o processo revolucionário, pois a guerra aumentou as insatisfações da sociedade. O pais estava despreparado para enfrentar o esforço de guerra e nenhum outro apresentava tantos contrastes sociais. Os soldados, mal-armados e subalimentados, foram dizimados em derrotas sucessivas. Em dois anos e meio, a Rússia perdeu 4 milhões de homens. Em outubro de 1916 a situação era insustentável e a oposição aumentou tanto no seio da nobreza e da burguesia quanto no campesinato e no proletariado. Os únicos setores beneficiados eram os ligados à indústria de guerra. Esta Revolução foi a primeira vitória do socialismo revolucionário, ideologia teorizada e pregada por Karl Marx e Friedrich Engels. Nas primeiras semanas de março de 1917 , eclodiu um movimento revolucionário na cidade de Petrogrado (atualmente São Petersburgo). As tropas do exército aderiram à revolução, e até os setores mais moderados da sociedade russa abandonaram o czar. Todos pressionavam o governo provocando manifestações de rua e greves generalizadas. A polícia não conseguia deter o movimento e o exército se recusava a marchar contra a população. Nicolau II abdicou. Os revolucionários formaram um governo provisório composto por tendências políticas variadas, dirigido por Alexandre Kerenski , um dos líderes de um partido chamado Socialista Revolucionário, e ligado ideologicamente aos mencheviques. A princípio pretendiam consolidar uma monarquia constitucional, mas posteriormente acabaram por implantar um governo republicano. A burguesia liberal e vários setores da aristocracia apoiaram o novo governo, que iniciou uma série de reformas. Entre elas,podemos destacar a adoção do sufrágio universal, a convocação de uma Assembléia Constituinte, anistia aos líderes revolucionários bolcheviques que estavam exilados.Era um governo um tanto quanto contraditório, existiam dois poderes paralelos: •A Duma ( parlamento) composto por moderados; •Sovietes( conselho de operários) que pretendiam acabar com a monarquia; As pressões sobre o governo imperial czarista levou-o a promulgar o "Manifesto de Outubro“ em 1905, no qual fazia promessa liberais, tentando acalmar a oposição ao seu governo. Dentre essas promessas, além de transformar seu governo numa monarquia constitucional, o czar prometia a adoção da DUMA, ou seja, uma Assembléia Nacional Parlamentar com a finalidade de exercer um poder de caráter legislativo. Seria eleita com base na afiliação político partidária e estendida a todos os partidos, incluindo os revolucionários mais radicais. A Primeira Duma • Foi eleita em março de 1906. Mais de 40 partidos e grupos políticos estavam representados com predomínio dos "kadets". Quando começou seus trabalhos, mostrou-se demasiado liberal para a administração czarista, levando o governo a dissolve-lá. A Segunda Duma • Se reuniu em março de 1907. Era uma Duma hostil ao governo imperial e dela fazia parte Lenine e os bolcheviques e por isso foi dissolvida mais depressa que a primeira. O governo fez algumas mudanças no processo eleitoral para escolha dos representantes da Duma de forma a favorecer os partidos mais conservadores. A Terceira Duma • Beneficiada pelas mudanças do processo de eleição, possuía em suas fileiras uma maioria de representantes da direita conservadora e cumpriu, integralmente, seu mandato de cinco anos. Apesar do seu aspecto conservador, essa Duma introduziu muitas reformas, concedeu direitos civis ao camponeses ao introduzir a justiça local e expandir o sistema educacional. A Quarta Duma • Mais conservadora que a anterior, teve que contornar problemas diversos com o início das revoluções da década de 20 e outros relacionados com a 1ª Guerra Mundial. Após a revolução de outubro de 1917, essas Assembléias foram quase que ignoradas e durante o governo de Stalin, praticamente desapareceram. Um dos primeiros conselhos de trabalhadores soviéticos foi organizado por Trotsky em 1905. Um conselho popular de estrutura livre que defendia uma forma de governo socialista radical e atuava como um governo paralelo.Composto de analfabetos, operários, soldados e até camponeses, seus membros eram escolhidos por aclamação popular, funcionava sem jurisdição e sem qualquer regra ou procedimentos fixos. Sua composição política era quase que totalmente composta de socialistas que diziam representar os verdadeiros interesses dos trabalhadores. Os objetivos do Soviets eram basicamente dois: • A criação de uma ordem exclusivamente socialista na Rússia. • O enfraquecimento de todas as forças políticas não socialistas, chamados por eles de "burgueses" ou "capitalistas". Combatiam os membros do governo provisório de Kerenski. Somente em junho de 1917, a instituição "Soviets" foi reconhecida como fundamental para o sucesso do movimento revolucionário na Rússia Com a vitória de Lenin, o Estado socialista ficou, pelo menos em teoria, estruturado e submetido a um Conselho de operários (Soviets) localizados nas fábricas, locais de trabalho diversos, nos bairros,etc O objetivo fundamental era vincular a atividade cotidiana das massas aos problemas fundamentais do Estado, da economia etc. E, também, uma forma de evitar que a administração destas questões se tornasse privilégio de uma burocracia isolada das massas. Três correntes políticas, se defrontavam: 1) 2) 3) O Partido Constitucional Democrata ou Cadete, partido da burguesia e da nobreza liberal, tornando um reduto do conservadorismo, favorável à continuação na guerra e adiando para depois quaisquer modificações sociais e econômicas. Os Bolchevistas, que defendiam o confisco das grandes propriedades, o controle operário da indústria e, acima de tudo, a paz imediata com a Alemanha. Os Menchevistas e Socialistas Revolucionários, que não admitiam a derrota da Rússia. Em outras questões permaneciam divididos e indecisos, com o que foram perdendo prestígio político. Ao tomar o poder, os bolcheviques fizeram inúmeras reformas, entretanto, o sistema adotado pela revolução não apresentou bons resultados. A fome e a miséria continuavam atormentando a população russa. Internamente, os contra-revolucionários continuam tentando retornar ao poder auxiliados pelas potências estrangeiras, principalmente européias que tentavam desestabilizar o regime soviético, considerando-o uma ameaça para a sociedade capitalista burguesa liberal. A ameaça de uma vitória dos contra-revolucionários leva o governo a tomar medidas de exceção para reduzir a fome e modernizar o país. A indústria recebe estímulos para aumentar a produção, com a adoção de métodos de racionalização do trabalho. Técnicos estrangeiros são contratados para auxiliar a recuperação do parque industrial. O Estado confisca o trigo e torna sua produção monopólio estatal. A terra dos kulaks, médios proprietários rurais, é dividida e os camponeses pobres estabelecem governos locais para reunir o trigo excedente e administrar sua circulação e consumo. Os trabalhadores e soldados desanimados diante das dificuldades, a população descontente com os problemas de produção e abastecimento, os operários insurgindo contra o governo e outras rebeliões internas, fizeram com que Lenin, em 1921, com a Revolução consolidada, instituísse a NEP (Nova Política Econômica), como solução para vencer o impasse econômico. E diz a famosa frase: 'É preciso dar dois passos para trás para depois voltar a avançar'. Em 1924 é criada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) com a adoção de nova Constituição. A criação de uma União é a fórmula encontrada pelos bolcheviques para conseguir manter unidos nacionalidades, etnias e territórios que pouco têm em comum.