UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA CARDIOPATIAS CONGÊNITAS DE MAIOR OCORRÊNCIA EM CÃES DANIEL LEITE DA SILVA São Paulo, out. 2009 DANIEL LEITE DA SILVA CARDIOPATIAS CONGÊNITAS DE MAIOR OCORRÊNCIA EM CÃES Trabalho apresentado à Coordenação de Pós-Graduação do curso de Medicina Veterinária – Universidade Castelo Branco – UCB/QUALITTAS, para obtenção do título de Especialização latu sensu em Clínica Médica e Cirúrgica em Pequenos Animais, sob a orientação do Prof. Dr. Wagner Luis Ferreira. São Paulo, out. 2009 CARDIOPATIAS CONGÊNITAS DE MAIOR OCORRÊNCIA EM CÃES Elaborado por Daniel Leite da Silva Aluno de pós-graduação do curso de Clínica Médica e Cirúrgica de Pequenos Animais – UCB/QUALITTAS Foi analisado e aprovado com Grau ______________ _________________________ Prof. Membro Avaliador _________________________ Prof. Membro Avaliador ________________________________________ Prof. Doutor Wagner Luis Ferreira Orientador São Paulo, 27 de Outubro de 2009 Dedico este trabalho sobretudo a Deus, meus pais e minha noiva que permanecem ao meu lado em todos os momentos. Agradeço à UNESP-Araçatuba por fornecer a base dos meus conhecimentos e o Instituto Qualittas por aperfeiçoá-los. Agradeço em especial o Prof. Wagner por participar de ambas as etapas de minha carreira. RESUMO Este trabalho destaca inicialmente as características de resenha das cardiopatias congênitas dos cães e gatos, evidenciando as predisposições de espécie, idade, sexo e raça. E, sobretudo, realiza uma revisão e discussão das três cardiopatias congênitas mais comumente relatadas em cães: Persistência do ducto arterioso, Estenose Subaórtica e Estenose Pulmonar. “O que vemos é novidade, o que sabemos é conhecimento, o que sentimos é opinião.” Lester Markel SUMÁRIO Página Resumo ……………………………………………………………………………… Índice de Tabelas ………………………………………………………………….. Lista de Abreviaturas ………………………………………………………………. 1. Introdução ………………………………………………………………………... 2. Causas De Doenças Cardíacas Congênitas …………………………………. 3. Importância da Resenha na Identificação das Doenças Cardíacas Congênitas em Cães e Gatos ...……………………………………………….. 3.1. Espécie .....................………………………………………………………. 3.2. Idade ……………….……….……………………………………………….. 3.3. Sexo …………….………………….……………………………………….. 3.4. Raças ...…………………………………….……………………………….. 4. Doenças Cardíacas Congênitas mais comuns em cães .…………………… 4.1. Ducto Arterioso Patente …………………………………………………… 4.1.1. Morfologia e Definição ……………………………………………... 4.1.2. Patogenia ……………………………………………………………. 4.1.3. Fisiopatologia ……………………………………………………….. 4.1.4. Achados Clínicos do PDA Típico …………………………………. 4.1.5. Achados Clínicos do PDA Reverso ………………………………. 4.1.6. Diagnóstico do PDA Típico ………………………………………... 4.1.7. Diagnóstico do PDA Reverso ……………………………………... 4.1.8. Tratamento e Prognóstico do PDA Típico ……………………….. 4.1.9. Tratamento e Prognóstico do PDA Reverso ……………. ……… 4.2. Estenose de Pulmonar …………………………………………………….. 4.2.1. Morfologia e Definição ……………………………………………... 4.2.2. Patogenia ……………………………………………………………. 4.2.3. Fisiopatologia ……………………………………………………….. 4.2.4. Achados Clínicos …………………...………………………………. 4.2.5. Diagnóstico ………………...………………………………………... 4.2.6. Tratamento e Prognóstico …………………………...……. ……… 4.3. Estenose Subaórtica .. …………………………………………………….. 4.3.1. Morfologia e Definição ……………………………………………... 4.3.2. Patogenia ……………………………………………………………. 4.3.3. Fisiopatologia ……………………………………………………….. 4.3.4. Achados Clínicos …………………...………………………………. 4.3.5. Diagnóstico ………………...………………………………………... 4.3.6. Tratamento e Prognóstico …………………………...……. ……… 5. Conclusão ………………………………………………………………………... 6. Bibliografia ……………………………………………………………................ v viii ix 1 2 3 3 5 5 6 8 8 8 9 9 11 12 14 15 16 20 20 20 21 22 24 25 26 28 28 28 30 31 32 34 37 38 ÍNDICE DE TABELAS Página 1. Defeitos Cardíacos Congênitos no Cão e no Gato …………..……………… 4 2. Predisposição Racial para Doenças Cardíacas Congênita em Cães …….. 6 3. Predileções Raciais Caninas para Cardiopatia Congênita …………………. 7 LISTA DE ABREVIATURAS DAS – Defeito do Septo Atrial DSV – Defeito do Septo Ventricular DV - Dorso-ventral ECA – Enzima conversora de angiotensina ECG – Eletrocardiograma ECO – Ecocardiografia EP - Eestenose pulmonar ESA – Estenose Subaórtica ICC – Insuficiência Cardíaca Congestiva ICCD – Insuficiência Cardíaca Congestiva Direita ICCE – Insuficiência Cardíaca Congestiva Esquerda PDA – Persistência do ducto arterioso RX – Radiografia TF - Tetralogia de Fallot TFSVD - Trato do fluxo da saída ventricular direito TFSVE - Trato do fluxo da saída ventricular esquerdo VD - Ventro-dorsal 1. INTRODUÇÃO Os distúrbios congênitos do coração e grandes vasos encontram-se entre as anomalias mais freqüentemente encontradas e mais importantes em animais. As anomalias mais graves podem não ser compatíveis com a vida fetal; outras, embora completamente compatíveis com a sobrevivência fetal, tornam-se evidente com a mudança da circulação fetal para a circulação pósnatal. (JONES, 2000). Segundo Sisson (2004) as malformações do coração e dos grandes vasos adjacentes constituem uma porcentagem pequena, mas clinicamente significativa, de distúrbio cardiovascular nos cães e nos gatos. As cardiopatias congênitas constituem a causa principal de morbidade e mortalidade cardíaca nos animais jovens. (MERCK, 2001). A verdadeira prevalência das doenças cardíacas congênitas é difícil de determinar com acurasse, pois vários animais morrerem antes que a patologia seja diagnosticada e outros com quadros brandos irão viver sem quaisquer sinais de cardiopatia. E com certeza deve haver diferenças de prevalência conforme país ou região estudada. Estas anomalias podem levar ao rápido surgimento de sinais clínicos, e à morte em decorrência de insuficiência cardíaca; ou podem permitir que o indivíduo sobreviva até a idade adulta, embora com deficiências funcionais. Podem-se dividir as alterações cardíacas congênitas em cinco categorias: 1) Defeitos que permitem o desvio de sangue do lado direito para o esquerdo, ou vice-versa; 2) Defeitos que levam à obstrução do fluxo sangüíneo; 3) Defeitos valvulares que podem levar à regurgitação ou obstrução de fluxo; 4) Conexões ou posicionamento arterial ou venoso anormais; 5) Mal posicionamento do coração. (JONES, 2000). Muitas anomalias congênitas envolvem várias combinações de alterações morfológicas. Dependendo da patologia e de suas combinações, estas terão patogenias distintas que podem evoluir de forma mais rápida ou não. Por exemplo, dentre as patologias as que permitem o desvio sanguíneo, se da esquerda para a direita leva uma oxigenação inadequada do sangue, e à hipóxia dos tecidos. Este desvio com o passar do tempo leva a uma hipertensão pulmonar, hipertrofia do ventrículo direito e inversão do fluxo da direita para a esquerda, levando à anoxia tecidual. Já moléstias valvulares que permitam o fluxo retrógrado e defeitos obstrutivos, quando graves, levam à rápida ocorrência de insuficiência cardíaca ou angústia respiratória aguda. (JONES, 2000). 2. CAUSAS DE DOENÇAS CARDÍACAS CONGÊNITAS Segundo Sisson (2004) os defeitos congênitos podem ser causados por fatores genéticos, toxicológicos, nutricionais, infecciosos, ambientais e farmacológicos. A maioria desses fatores já foram estudados em laboratório, mas pouco se sabe sobre o papel dos fatores não-genéticos na ocorrência de cardiopatias congênitas espontâneas nos cães e gatos. Embora alguns defeitos sejam herdados como traços poligênicos, em geral a causa dos defeitos cardiovasculares congênitos não é totalmente conhecida e são detectadas em todas as espécies animais. (JONES, 2000). No caso de vários defeitos, suspeita-se de uma base herdada em predileções raciais. Os defeitos cardíacos congênitos são importantes, não somente pelo efeito que produzem nos animais afetados, como também pelo seu potencial de afetar populações reprodutivas inteiras. Além dos defeitos cardíacos clássicos, muitos outros distúrbios cardiovasculares apresentam provavelmente uma base genética, dentre estes a valvulopatias degenerativas em cães de raças de pequeno porte que podem ter um componente hereditário importante. (MERCK, 2001). Embora as predisposições raciais tenham sido sugeridas para determinadas malformações nos gatos, a evidencia de uma base genética da cardiopatia congênita é mais forte nos cães, nos quais as bases hereditárias de vários defeitos em determinadas raças foi comprovada. As maiorias dos estudos indicam uma base poligênica para a transmissão dos defeitos, embora alguns autores apontem em certos casos uma provável ação dominante autossômico com modificadores. (SISSON, 2004). Em alguns estudos sugeriu-se um padrão de herança poligênica, embora exista um fato mais recente sobre um único gene principal, influenciado por genes modificadores. As predisposições reconhecidas de raças particulares a certos defeitos congênitos são bem definidas, embora outras raças e mestiços também possam apresentar tais defeitos. (WARE, 2006). Sisson (2004) ainda afirma que a ausência de um modo mendeliano simples de herança torna difícil aconselhar os criadores sobre o acasalamento de cães; e recentemente foi constatado que a normalidade morfológica não se iguala a normalidade genética, se tornando assim, praticamente impossível eliminar ou reduzir acentuadamente a prevalência de defeitos cardíacos até que o teste genético para defeitos específicos se torne uma realidade. 3. IMPORTÂNCIA DA RESENHA NA IDENTIFICAÇÃO DAS DOENÇAS CARDÍACAS CONGÊNITAS EM CÃES E GATOS O exame físico do paciente cardiopata (identificação do animal, anamnese, inspeção, palpação, percussão e auscultação) é o começo da avaliação clínica do paciente e, indubitavelmente, o procedimento mais importante, pois é o crivo que determinará se o paciente será rotulado como cardiopata ou não. (CAMACHO, 2004). Ao ler uma resenha de um animal, muitas vezes sem conhecer o paciente, já estamos de certa forma procurando diagnosticar a possível cardiopatia, alguns raciocínios clínicos são feitos tentando prever a doença ou afunilar as hipóteses diagnósticas. (CAMACHO, 2004). 3.1. ESPÉCIE Segundo Camacho (2004), dentro da resenha o quesito espécie é muito importante, pois algumas doenças se apresentam com maior freqüência em cães e outras em gatos. Merck (2001) relata que o cão possui uma incidência mais alta de cardiopatias congênitas que o gato, os defeitos mais comuns em cães incluem patência do ducto arterioso (PDA), estenose pulmonar (EP), estenose subártica (ESA), defeito septal ventricular e tetralogia de Fallot; e os defeitos menos comuns englobam displasia mitral, displasia tricuspideana e coração triatrial direito. Os defeitos mais comuns no gato são displasias valvulares, defeitos nos amortecedores (coxins) endocárdicos, estenose aórtica supravalvular, PDA e tetralogia de Fallot. O PDA e ESA são indicadas como as anomalias cardiovasculares congênitas mais comuns no cão; a EP também é bastante comum. A persistência do arco aórtico direito, defeito de septo ventricular (DSV), malformações das valvas atrioventriculares, defeito de septo atrial (DAS) e tetralogia de Fallot (TF) ocorre com menor freqüência, mas não são raros. (WARE, 2006). Nos gatos, as malformações mais comuns são as displasias de valvas atrioventriculares (DAV), defeitos de septo atrial (DAS) ou ventricular (os quais podem ocorrer como parte de um defeito do coxim endocárdico) e fibroelastose endocárdica. (WARE, 2006). Sisson (2004), em concordância com Merck e Ware, refere que as maiorias das pesquisas descrevem o PDA como a malformação mais comum no cão e que a DAS e DAV são a mais comum entre os gatos; entretanto, nas últimas duas décadas a estenose subaórtica aumentou de modo gradual, tornando-se o defeito mais diagnosticado em cães em muitas regiões do mundo. Segundo TidHolm (1997), em cães, a estenose subaórtica é a alteração cardíaca congênita mais comum em muitos países, seguidas (na ordem) pelo PDA, EP, DSV, Displasia da válvula atrioventricular (DAV), Tetralogy of Fallot (TF), Persistência da veia cava cranial esquerda (PCVC) e hérnia peritôneo-pericárdica. Na tabela a seguir (Tabela 1) estão citadas as alterações cardíacas congênitas comuns e incomuns que são observadas em cães e gatos. Tabela 1. DEFEITOS CARDIOVASCULARES CONGÊNITOS NO CÃO E NO GATO CANINOS Defeitos mais comuns Defeitos raros Ducto Arterioso Patente Hipoplasia aótica Estenose subaórtica Estenose aórtica valvular Estenose pulmonar Janela Aorticopulmonar Displasia de válvula Tricúspide Retorno venoso pulmonar anômalo Displasia de válvula Mitral Fístula Arteriovenosa Defeito Septal Ventricular Defeito septal atrial Tetralogia de Fallot Coartação da aorta Persistência do arco aortico direito Coração triatriado direito Veia cava cranial esquerda persistente Arco aórtico duplo Hernia diafragmática peritôneoepicárdica Ventrículo direito com saída dupla Anomalia de Ebstein Defeito do coxim endocárdico Fibroelastose endocárdica Artéria subclávia esquerda retroesofágica Inversão de posição Anomalias vasculares Disturbio de condução do ECG: Bloqueio d feixe de ramos direito Pré-excitação ventricular FELINOS Defeitos mais comuns Defeitos raros Defeitos septais atrioventriculares Atrio direito anômalo Defeito Septal ventricular Coração triatriado Defeito Septal atrial Ventrículo direito com saída dupla Defeito do Canal (Coxim endocárdico) Complexo Taussing-Bing Displasia da válvula tricúspide Tronco arterioso Displasia da válvula mitral Anomalias vasculares Ducto Arterioso Patente Anomalias vasculares Estenose aórtica Estenose de veia pulmonar Fibroelastose endocárdica Tetralogia de Fallot Estenose pulmonar Arco aórtico direito persistente Hernia diafragmática peritôneoepicárdica *Sisson, D.D.; Thomas, W, P.; Bonagura, J. D.: Cardiopatia Congênita in ETTINGER, S.J.; FELDMAN, E.C. Tratado de Medicina Interna Veterinária: Doenças do cão e do gato, 5.ed., p. 787, 2004. 3.2. IDADE Conhecendo a idade do animal, pode-se ter uma idéia geral do problema, pois a presença de um sopro (murmúrio) num filhote de três meses sugere uma cardiopatia congênita e por outro lado, um sopro em um cão de dez anos é sugestivo de cardiopatia adquirida. Porém é importante dizer que existem exceções, pois um cão de cinco anos pode apresentar um sopro devido a uma cardiopatia congênita de baixo gradiente de pressão, compensada e sem sinais clínicos de insuficiência cardíaca congestiva ou decorrente de uma alteração valvar adquirida ou secundária a uma miocardiopatia primária. (CAMACHO, 2004). É imperativo considerar que a presença de um sopro cardíaco em um animal jovem não é patognomônico de um defeito cardíaco congênito. Um sopro, especialmente se for de alta intensidade (grau IV ou maiores) e sopros diastólicos, em um jovem filhote de cão ou gato, pode ser uma indicação de doença congênita cardíaca, embora algumas malformações graves não sejam acompanhadas de sopros. Por outro lado, “sopros inocentes”, sem significado clínico, são relativamente comuns em animais jovens, sendo estes geralmente suaves, de ejeção, mais intensos na base esquerda do coração e não acompanhados de sinais clínicos e/ou anormalidades radiográficas; sua intensidade pode variar com a freqüência cardíaca ou posicionamento corporal. Estes sopros tendem a se tornar mais suaves e geralmente desaparecem com aproximadamente quatro a seis meses de idade. Os sopros associados a doenças congênitas geralmente persistem e tendem a se tornar mais altos com o passar do tempo, embora não seja uma regra. (WARE, 2006; MERCK, 2001). A detecção precoce de um defeito cardíaco congênito é crítica por várias razões, incluindo o tratamento precoce e a descarte reprodutivo deste animal. Determinados defeitos devem ser tratados clínico e/ou cirurgicamente antes do início de uma insuficiência cardíaca congestiva para evitar danos cardíacos irreversíveis e aumentar a expectativa de vida do mesmo. A detecção precoce também evita a incorporação de defeitos genéticos em linhagens reprodutivas, já que em algumas cardiopatias o animal pode manter-se assintomático / compensado por anos. (MERCK, 2001). 3.3. SEXO Embora existam poucas cardiopatias geneticamente ligadas ao sexo do animal, essas informações podem sugerir certas enfermidades, mas nem sempre de forma precisa. Por exemplo, em certas raças, as fêmeas são mais afetadas, como no caso de persistência do ducto arterioso. Nos felinos nenhuma prevalência está relacionada ao sexo do animal. (CAMACHO, 2004). Contrapondo a idéia acima, Ware (2006), refere que as malformações congênitas são mais prevalentes em gatos machos do que em fêmeas. Acredita-se que muitas vezes a maior prevalência de determinadas doenças em relação ao sexo do animal estejam obscurecida pela ausência de diagnósticos mais precisos. (CAMACHO, 2004). 3.4. RAÇAS Algumas raças podem apresentar predisposição para alguma cardiopatia específica. Sempre é conveniente considerar o país, a região e a cidade de origem, pois a população animal varia muito de um lugar para o outro. Existem também condições aplicáveis em todos os lugares, por exemplo, a persistência do ducto arterioso é comum em poodles, pastores-alemães, collies; e estenose subaórtica em Rottweilers e boxers; e a estenose pulmonar em Buldogues, Schnauzers e Beagles. (CAMACHO, 2004). A prevalência dos defeitos congênitos é maior em animais de raça pura do que em mestiços. As predisposições reconhecidas de raças particulares a certos defeitos congênitos são relacionados abaixo (Tabela 2). Sempre devemos lembrar que, acima de tudo estamos tratando com doente e não com doenças, por isso é necessário ter cautela em relacionar uma raça a uma determinada doença, pois muitas vezes podem-se cometer erros. (CAMACHO, 2004). Tabela 2. PREDISPOSIÇÃO RACIAL PARA DOENÇAS CARDÍACAS CONGÊNITA EM CÃES DOENÇA RAÇA Ducto Arterioso Patente Maltês, Lulu da Pamerânea, Pastor de Shetland, Springer Spaniel Inguês, Keeshond, Bichon Frise, Poodle Toy, Poodle miniatura, Yorkshire terrier, Collie, Cocker Spaniel, Pastor Alemão, Chihuahua, Kerry Blue Terrier, Labrador Retriver, Newfoundland Estenose Subaórtica Newfoundland, Golden Retriver, Rottweiler, Boxer, Pastor Alemão, Bulldog Inglês, Dogue Alemão, Pointer Alemão de pêlo curto, Bouvier de Flandres, Samoieda Estenose Pulmonar Bulldog inglês, Mastiff, Samoieda, Schanauzer miniatura, West Highland White Terrier, Cocker Spaniel, Beagle, Airedale Terrier, Baykin Spaniel, Chihuahua, Scottish Terrier, Boxer, Fox Terrier Defeito de septo ventricular Bulldog inglês, Springer Spaniel Inglês, Keeshond Defeito de septo atrial Samoieda, Doberman Pinscher, Boxer Displasia Tricúspide Labrador Retriver, Pastor Alemão, Boxer, Weimaraner, Dogue Alemão, Old English, Sheepdog, outras raças de grande porte Displasia Mitral Bull Terrier, Pastor Alemão, Dogue Alemão, Golden Retriver, Newfoundland, Mastiff, Rottweiler Tetralogia de Fallot Keeshond, Bulldog Inglês Persistênicia de arco aortico direito Pastor Alemão, Dogue Alemão e Setter Irlandês * Nelso, R. W.; Couto, C. G., Medicina Interna de Pequenos Animais, p. 149, 2006. Tabela 3. PREDILEÇÕES RACIAIS CANINAS PARA CARDIOPATIA CONGÊNITA RAÇA DOENÇA Basset Hound EP Beagle EP Bichon Frise DAP Boxer ESA, EP, DSA Boykin Spaniel EP Buldogue Inglês EP, DSV, TF Bull Terrier DVM, EA Chihuahua DAP, EP Chow Chow EP, CTD Cocker Spaniel DAP, EP Collie DAP Dinarmaquês DVT, DVM, ESA Doberman Pinscher DAS English Springer Spaniel DAP, DSV Golden Retriver ESA, DVT, DVM Keeshond TF, DAP Labrador Retriver DVT, DAP, EP Maltês DAP Mastiff EP, DVM Newfoundland ESA, DVM, EP Pastor Alemão ESA, DAP, DVT, DVM Pastor de Shetland DAP Golden Retriver ESA Pomerânea DAP Poodle DAP Raças Terrier EP Rottweiler ESA Samoyeda EP, ESA, DSA Schnauzer EP Weimaraner DVT, HDPP Welsh Corgi DAP West Highland White Terrier EP, DSV Yorkshire Terrier DAP EA = estenose aórtica; DSA = defeito do septrial; CTD = Coração Triatriado direito; DVM = displasia da válvula mitral; DAP = ducto arterioso patente; HDPP = Hérnia Diafragmática Peritoneopericádica; EP = estenose pulmonar; ESA = estenose subaórtica; TF = Tetralogia de Fallot DVT = Displasia da válvula tricúspide; DSV = defeito de septo ventricular *Sisson, D.D.; Thomas, W, P.; Bonagura, J. D.: Cardiopatia Congênita in ETTINGER, S.J.; FELDMAN, E.C. Tratado de Medicina Interna Veterinária: Doenças do cão e do gato, 5.ed., 2004. 4. DOENÇAS CARDÍACAS CONGÊNITAS MAIS COMUNS EM CÃES 4.1. DUCTO ARTERIOSO PATENTE 4.1.1. MORFOLOGIA E DEFINIÇÃO No feto, um dos mecanismos para o desvio de sangue com relação ao pulmão fetal afuncional ocorre pelo canal arterial (ductus arteriosus), um curto vaso sanguíneo derivado do sexto arco aórtico embrionário esquerdo que liga a artéria pulmonar principal à aorta descendente proximal, permitindo o desvio do sangue fetal da artéria pulmonar para a circulação sistêmica e placenta, onde ocorre a oxigenação fetal. (JONES, 2000; SISSON, 2004). O mecanismo pelo qual se realiza a oclusão do ducto arterioso ainda não está bem esclarecido. Acredita-se que logo após o parto e o início da respiração, o aumento rápido da tensão do oxigênio inibe as prostaglandinas locais e provoca a constrição da musculatura lisa do ducto e o fechamento funcional do mesmo, sendo assim, o fluxo sanguíneo para os pulmões através da artéria pulmonar é subitamente ampliado. Dentro de horas após o nascimento o lúmen do ducto é ocluído, e com o decorrer das primeiras semanas de vida ocorre alterações estruturais como necrose e fibrose que causam o fechamento permanentemente do mesmo; seus restos permanecem como ligamentum arteriosum. (JONES, 2000; WARE, 2006; SISSON, 2004; STOPIGLIA, 2004). Dentre as transformações histológicas que ocorrem durante a oclusão fisiológica do ducto observa-se, primeiramente, a separação de células endoteliais da lâmina elástica interna, resultando em amplo edema subendotelial; a seguir, constata-se a migração de fibras musculares lisas não-diferenciadas e aposição de células endoteliais no interior do lúmen do ducto. (STOPIGLIA, 2004). O ducto pode ficar patente nos filhotes com menos de quatro dias de idade e em geral está fechado com segurança por volta de sete a dez dias após o nascimento. A persistência do ducto arterioso (PDA), também denominada de ducto arterioso patente é um defeito cardíaco congênito freqüentemente encontrado em cães. Com relação aos gatos, pode-se afirmar que sua ocorrência seja rara. E com base nos estudos de reprodução dos cães tipo poodle por Patterson e cols., o modo de transmissão do PDA nos cães é poligênico (SISSON, 2004; STOPIGLIA, 2004). Nesse defeito cardíaco congênito, comum em seres humanos e animais, o lúmen permanece aberto, o sangue é desviado através do ducto da aorta descendente para a artéria pulmonar (desvio à priori da esquerda para a direita). O desvio ocorre tanto na fase sistólica como diastólica, pois a pressão aórtica é normalmente maior que a pulmonar durante todo o ciclo cardíaco. (JONES, 2000; WARE, 2006; GOODWI, 2002). 4.1.2. PATOGENIA Um fator importante em relação à ocorrência da enfermidade é que existe uma incidência aproximadamente três vezes maior em fêmeas do que em machos. (WARE, 2006). E segundo Sisson (2004) existe uma relação da enfermidade em fêmeas de 2,49 em 1000 e em machos de 1,45 em 1000. A parede ductal em animais com PDA hereditário é histologicamente anormal e incapaz de constrição. O tamanho do ducto patente pode depender do número de genes associados. (WARE, 2006). A parede do ducto fetal normal é formada por musculatura lisa padronizada ou circunferencial ramificada frouxa por toda sua extensão que possui capacidade de constrição. E a falha de fechamento do ducto nos cães parece ser o resultado de anormalidades histológicas na parede do mesmo, acredita-se que uma continuação da estrutura da parede não contrátil da aorta para um seguimento crescente do ducto arterioso prejudique progressivamente a capacidade deste sofrer o fechamento fisiológico. O resultado de tal processo é a persistência de ducto arterioso. (SISSON, 2004; STOPIGLIA, 2004). O PDA em sua forma mais moderada, o ducto fecha-se apenas na extremidade arterial pulmonar, e propicia uma bolsa cega em forma de funil na face ventral da aorta, denominada de divertículo do ducto. Esta forma encoberta (forma frustra) do PDA só pode ser diagnosticada por angiografia ou necropsia, mas este cão carreia genes para a malformação. (SISSON, 2004). O PDA em forma de funil é o mais comumente diagnosticado e este possui um afunilamento típico da aorta à artéria pulmonar e com desvio da esquerda para a direita. A forma mais grave, porém menos comum, é o PDA não-afunilado cilíndrico e com hipertensão pulmonar pós-natal persistente (Síndrome de Eisenmenger) que permite desvio bidirecional, predominantemente da direita para a esquerda. (SISSON, 2004). 4.1.3. FISIOPATOLOGIA De maneira geral, podemos subdividir a fisiopatologia desta enfermidade em duas condições com características hemodinâmicas distintas: a primeira, e a mais freqüente, é caracterizada pelo fluxo sanguíneo no interior do ducto ocorrendo no sentido da esquerda para direita, denominada de persistência do ducto arterioso clássica ou PDA típico; a segunda forma, chamada persistência do ducto arterioso reverso, caracteriza-se pela reversão do fluxo sanguíneo, isto é, no sentido contrário. (SISSON, 2004; STOPIGLIA, 2004; JONES, 2000; WARE, 2006; MERCK, 2001; GOODWI, 2002). De maneira geral, em cães, é observado que o ducto arterioso persistente é largo, sendo maior que 1 cm de diâmetro, porém curto, com aproximadamente 1 cm de comprimento, localizado entre a aorta e o tronco pulmonar, caudal à origem do tronco braquiocefálico e artéria subclávia esquerda. (STOPIGLIA, 2004). No PDA típico, com desvio da esquerda para a direita, a pressão aórtica é sempre maior que a pressão da artéria pulmonar por todo o ciclo cardíaco, sendo assim ocorre um shunting de sangue de forma contínua da aorta para a artéria pulmonar, o que resulta clinicamente em um sopro cardíaco contínuo. (MERCK, 2001; SISSON, 2004). Esse shunt da esquerda para a direita sobrecarrega de volume as artérias e veias pulmonares, átrio esquerdo e ventrículo esquerdo. O volume desviado está relacionado à diferença de pressão (gradiente) entre as duas circulações e o diâmetro do ducto. (SISSON, 2004; MERCK, 2001). Os mecanismos compensatórios (por exemplo, aumento de freqüência cardíaca e retenção de volume) mantêm o fluxo sanguíneo ao corpo. Porém uma maior carga hemodinâmica é imposta ao ventrículo esquerdo, especialmente se o ducto for largo, pois o volume é bombeado para a aorta de pressão relativamente alta. (WARE, 2006). O desvio da esquerda para a direita além de resultar em sopro cardíaco contínuo, propicia também um maior fluxo pulmonar, sobrecarga de volume com dilatação diastólica de átrio e ventrículo esquerdo. Conseqüentemente a sobrecarga, o ventrículo esquerdo sofre hipertrofia excêntrica e, nos casos moderados a graves, pressão diastólica final ventricular esquerda aumenta. (SISSON, 2004). A dilatação do anel mitral e do ventrículo esquerdo pode causar regurgitação mitral e sobrecarga de volume adicional. Retenção de fluido em excesso, insuficiência progressiva do miocárdio originária da sobrecarga crônica, e arritmias (devido à dilatações da câmera atrial esquerda) contribuem para o desenvolvimento de Insuficiência Cardíaca Congestiva Esquerda (ICCE). Se o defeito for suficientemente amplo para permitir um grande desvio e a resistência vascular pulmonar permanecer baixa, o resultado final pode ser a ICCE com edema pulmonar. (WARE, 2006; MERCK, 2001; SISSON 2004; STOPIGLIA, 2004). O volume sistólico ventricular esquerdo fica aumentado (princípio de Frank-Starling) e reflete na pressão sistólica arterial aumentada. Além disso, a rápida saída do sangue da aorta pelo ducto provoca pressão diastólica aórtica e arterial reduzida. O fluxo de volume aumentado no arco aórtico e na artéria pulmonar provoca a dilatação da aorta e da artéria pulmonar principal. (SISSON, 2004). O ventrículo direito nunca maneja o sangue desviado e permanece normal, a menos que haja aumento na resistência vascular pulmonar e na pressão arterial pulmonar. (SISSON, 2004). Devido ao aumento do fluxo sanguíneo no pulmão em cães com PDA típico reflete em sua grande maioria em edema pulmonar. Raramente, podem desenvolver hipertensão pulmonar suprasistêmica capaz de reverter a direção do fluxo sanguíneo através do ducto, causando a chamada PDA reversa. Normalmente, tal quadro pode ocorrer decorrente da não correção cirúrgica do defeito. (STOPIGLIA, 2004). Ocasionalmente, o alto fluxo pulmonar causa doença vascular pulmonar com aumento da resistência e hipertensão pulmonar. Normalmente, o sistema vascular pulmonar de baixa resistência pode receber um grande aumento do fluxo sanguíneo sem aumento significativo da pressão arterial pulmonar. O mecanismo exato pelo qual a resistência vascular pulmonar aumenta não é completamente compreendido e se desenvolve em 15% dos cães com PDA hereditário, mas o defeito associado em tais animais é geralmente de grande dimensão. (SISSON, 2004; WARE, 2006). A hipertensão pulmonar pode ocorrer de duas formas: a alta resistência pulmonar fetal normalmente encontrada pode não regredir nesses animais; ou seu sistema vascular pulmonar pode reagir de forma anormal ao fluxo esquerdo-direito inicialmente alto. Independente do caso, alterações histológicas irreversíveis levam ao aumento da resistência vascular pulmonar nas artérias pulmonares (espessamento de camada intima, hipertrofia de camada média e lesões plexiformes características). (WARE, 2006). Conforme a resistência pulmonar se eleva, a pressão da artéria pulmonar aumenta e o volume do sangue desviado da esquerda para a direita diminui, caso a pressão pulmonar se igualar à aórtica pouquíssimo sangue será desviado. Se a pressão do coração direito e do pulmão ultrapassarem as da circulação sistêmica, ocorre a reversão da direção do desvio e o sangue não oxigenado flui para o interior da aorta. Parece que estas alterações ocorrem antes que o animal atinja seis meses de idade, embora possam existir exceções. O termo Fisiologia de Eisenmenger refere-se à hipertensão grave e a conseqüente desvio reverso. (SISSON, 2004; WARE, 2006). Segundo Darke (2000), tais casos são incomuns, desenvolvem-se durante os primeiros dois a quatro meses de vida, são irreversíveis e não podem ser tratados cirurgicamente. Em uma pequena porcentagem de casos (PDA não-afunilado cilíndrico) o lúmen pós-natal do ducto arterioso patente permanece cilíndrico e amplo o suficiente para impedir o declínio pósnatal normal da resistência vascular pulmonar, causando uma hipertensão pulmonar persistente. Nesses casos, a pressão aórtica e pulmonar se equilibram em níveis de pressão sistêmica, propiciando a que o ventrículo direito permaneça concentricamente hipertrofiado. Este tipo de alteração é muito grave, e o padrão de hipertensão pulmonar associado com desvio bidirecional ou reverso, se desenvolve principalmente dentro das primeiras semanas de vida. (SISSON, 2004; WARE, 2006). 4.1.4. ACHADOS CLÍNICOS NO PDA TÍPICO Os filhotes podem aparecer magros ou taquipnéico por ICCE, entretanto na maioria das vezes os cães e gatos com PDA são identificados inicialmente de forma assintomática, pois os sinais clínicos raramente se desenvolvem dentro das primeiras semanas de vida, e muitos diagnósticos são feitos por ocasião do exame inicial com 6 a 8 semanas de idade (idade onde se inicia normalmente os protocolos vacinais – opinião do autor). (SISSON, 2004; WARE, 2006). No PDA típico, com desvio da esquerda para a direita, mesmo nos casos moderadamente acometidos, com desvios muito pequenos, os pulsos arteriais são hipercinéticos. Este pulso arterial amplo é sentido como um pulso arterial circunscrito e hipercinético, chamado de martelo d´água. (SISSON, 2004). Pulsos artérias hipercinéticos são característicos do PDA. A saída de sangue da aorta para o sistema pulmonar leva à diminuição da pressão aórtica em diástole para níveis mais baixos que os normais. Um pulso arterial palpável resulta da pressão de pulso mais ampla (pressão sistólica menos diastólica baixa). (WARE, 2006). Na anamnese, apesar da maioria não possuir indícios, alguns podem apresentar relutância a exercícios, taquipnéia e tosse. Os achados ao exame físico incluem: mucosas normalmente rosas (as membranas mucosas ainda permanecem normocoradas, tornando-se cianóticas apenas quando se instaura quadro de insuficiência ventricular e edema pulmonar); o pulso arterial hipercinético (já referido); freqüentemente frêmito precordial; e um “sopro de maquinaria” característico contínuo que aumenta e diminui acompanhando a sístole e diástole, sendo este sopro de grande intensidade, normalmente se sobrepondo aos sons normais do coração. (DARKE, 2000; STOPIGLIA, 2004). O impulso precordial freqüentemente exagerado é mais difuso que o normal devido ao aumento cardíaco. O frêmito contínuo pode ser palpado na base do coração e o sopro contínuo é claramente audível, principalmente no foco da artéria pulmonar principal na base esquerda dorsal e pode irradiar-se cranialmente para a entrada torácica e para a base direita, onde sempre é mais suave. (SISSON, 2004). Freqüentemente, apenas um sopro sistólico em foco mitral é audível. Isso pode ocorrer simplesmente por uma maior intensidade e radiação do componente sistólico do sopro contínuo ou pode ser um aumento de intensidade por regurgitação mitral secundária associada. (SISSON, 2004). 4.1.5. ACHADOS CLÍNICOS NO PDA REVERSO Quando um PDA é complicado por resistência vascular pulmonar elevada e desvio da direita para a esquerda é feito o diagnóstico de “PDA invertido”. Invariavelmente se desenvolvem sinais clínicos, embora alguns animais não sejam diagnosticados até os 3 ou 4 anos de idade ou ainda mais tarde. Muitos proprietários não identificam os sinais clínicos óbvios em seus animais de estimação durante os primeiros 6 a 12 meses de vida. Por causa da falta de sopro cardíaco alto, o exame físico regular pode não identificar os sinais mais sutis deste defeito. O paciente sintomático pode apresentar intolerância ao exercício, respiração curta, hiperpnéia, fraqueza dos membros posteriores, sincope (especialmente com exercícios ou excitação), convulsões e ate mesmo morte súbita. Também podem ocorrer tosse e hemoptiase. (SISSON, 2004; WARE, 2006). De maneira clássica, a cianose diferencial (cianose da mucosa caudal, principalmente vaginal e peniana, com as mucosas craniais rosadas) é causada por PDA reverso, mas a identificação pode necessitar de exame após exercício físico. Neste caso normalmente o sangue oxigenado flui para a parte cranial do corpo por meio do tronco braquiocefálico e da artéria subclávia esquerda (a partir do arco aórtico), ao passo que o resto do corpo recebe sangue dessaturado através do desvio da direita para a esquerda da artéria pulmonar para dentro da aorta descendente. (WARE, 2006; STOPIGLIA, A.J., 2004; SISSON, 2004). O exame clínico é muito diferente do PDA mais comum (da esquerda para a direita), pois no exame físico não se encontram presente sopro contínuo, nem pulsos hipercinéticos. O achado mais comum é um som acentuado e de desdobramento da segunda bulha sobre a base esquerda do coração, muitas vezes não revela sopro ou revela apenas um sopro sistólico suave precoce na base esquerda do coração. Pode haver sopro diastólico branco em alguns casos de insuficiência pulmonar. (SISSON, 2004; WARE, 2006; MERCK, 2001). Um sopro típico de um defeito ou defeitos subjacentes pode estar presente. Porém, nem sopro ou apenas um sopro sistólico muito suave é freqüentemente auscultadado devido à elevada viscosidade do sangue, resultante da policitemia. Na hipertensão pulmonar, o S2 pode ser alto e “com estalo’’ ou desdobrado. Um som de galope é auscultado ocasionalmente. Outros achados sutis do exame físico incluem choque precordial direito pronunciado e pulsações jugulares. (WARE, 2006). Outro fator de destaque do PDA reverso é o aparecimento de uma policitemia secundária. O principal fator que estimula a produção de eritrócitos nos estados de baixa concentração de oxigênio é um hormônio circulante, denominado eritropoietina. Quando o sistema da eritropoietina está funcional, a hipóxia provoca aumento acentuado da formação de eritropoietina, que, por sua vez, aumenta a produção de eritrócitos até o desaparecimento da hipóxia. No indivíduo normal, cerca de 90% de toda eritropoietina são produzidas nos rins, sendo o restante formado, principalmente, no fígado. Algumas vezes, a hipóxia em outras partes do corpo que não seja os rins, também estimula a secreção renal de eritropoietina, sugerindo que devem existir sensores não renais que enviam sinais adicionais aos rins para a produção do hormônio. (GUYTON-HALL, 2002). Devido à viscosidade aumentada do sangue, na policitemia, o fluxo sanguíneo pelos vasos é, com freqüência, muito lento. De acordo com os fatores que regulam o retorno do sangue ao coração, o aumento da viscosidade tende a diminuir a velocidade do retorno deste. Por outro lado, o volume sanguíneo está acentuadamente aumentado na policitemia, o que tende a aumentar o retorno venoso. Na verdade o débito cardíaco não se afasta muito do normal, visto que esses dois fatores, mais ou menos, se neutralizam mutuamente. (GUYTON-HALL, 2002). A perfusão dos rins com sangue hipoxêmico leva à policitemia e à hiperviscosidade secundária, com o VG gradualmente aumentando para 65% ou mais. Pode ocorre policitemia durante o primeiro ano, mas freqüentemente não se torna grave até os 18 a 24 meses de idade. (SISSON, 2004) O achado de policitemia em um animal jovem com os sinais clínicos anteriores deve suscitar um diagnóstico cardíaco adicional. (MERCK, 2001). Embora isso não esteja comprovada pode haver incidência aumentada de PDA reverso nos cães que vivem em altitudes acima de 1.600 à 1.800 metros. (SISSON, 2004). 4.1.6. DIAGNÓSTICO DO PDA TÍPICO A base o diagnóstico do PDA é a anamnese e o exame físico, não sendo normalmente encontradas alterações laboratoriais. O diagnóstico definitivo deste quadro depende de exames complementares como RX, Ecocardiograma, eletrocardiograma e outros. Estudos não invasivos, em geral, são diagnósticos. Os achados radiográficos geralmente consistem em cardiomegalia com alongamento da silhueta cardíaca (dilatação do coração esquerdo), aumento atrial e auricular esquerdo, e hipervascularização pulmonar em proporção à magnitude do desvio da esquerda para a direita. Freqüentemente evidencia-se uma saliência na aorta descendente (“inchaço ductal”), no tronco pulmonar principal, ou em ambos. A tríade de todas as três saliências (tronco pulmonar, aorta e aurícula esquerda) localizada nesta ordem nas posições do relógio correspondentemente a 1 à 3 horas, na projeção dorso-ventral (DV), é um achado clássico, mas não é visto sempre. Na vista VD (ventro-dorsal) pode haver proeminências para a aurícula esquerda e para a artéria pulmonar principal. O achado mais específico é o aspecto de abaulamento aórtico perto da origem do ducto, o qual é causado pelo arco aórtico alargado e pelo afinamento abrupto da aorta descendente imediatamente caudal a origem do ducto. Também existe evidência de edema pulmonar em animais com insuficiência cardíaca esquerda. (WARE, 2006; SISSON, 2004). A eletrocardiografia geralmente indica aumento ventricular pelo eixo QRS do plano frontal normal e voltagens das ondas R altas, e, freqüentemente, ondas Q profundas nas derivações craniocaudais II, III e AvF e nas derivações torácivas V2 e V4. O aumento atrial esquerdo também pode ser identificado pelo alargamento das ondas P nas derivações II, aVF e CV6LL. As alterações secundárias ao aumento do ventrículo esquerdo podem ocorrer no segmento ST-T. (WARE, 2006; SISSON, 2004). Além das características eletrocardiográficas compatíveis com aumento de volume ventricular e atrial esquerdo, pode-se observar um espectro de arritmias cardíacas incluindo complexos prematuros tanto atriais como ventriculares. (MERCK, 2001). O diagnóstico pode ser comprovado por ecocardiografia em quase todos os casos. O estudo 2D de modo M demonstraram dilatação do átrio esquerdo, ventrículo esquerdo, da aorta e da artéria pulmonar. A fração de encurtamento ventricular esquerda freqüentemente está na variação “normal” ou “diminuída”, e a distância E-Septo está freqüentemente aumentada. (SISSON, 2004; WARE, 2006). Pode ser difícil visualizar o ducto devido à sua localização entre a aorta descendente e a artéria pulmonar. Os cortes obtidos a partir da posição paraesternal cranial esquerda são úteis. O estudo com Doppler registra a presença de fluxo contínuo e turbulento na artéria pulmonar e permite estimar o gradiente de pressão entre a aorta e a artéria pulmonar. Se a pressão da artéria pulmonar estiver perto do normal, a velocidade máxima desse jato é de cerca de 4,5 a 5m/s. Outros achados podem incluir velocidade moderadamente aumentada do fluxo da saída do ventrículo esquerdo (de 1,8 a 2,3m/s) e insuficiências modestas secundárias da válvula mitral e/ou da válvula pulmonar. (SISSON, 2004; WARE, 2006). A cateterização cardíaca geralmente é desnecessária, especialmente com o advento da ecocardiografia com Doppler ao menos que se planeje um procedimento intervencionista, ou os estudos ecocardiográficos de Doppler sejam ambíguos ou se suspeite de malformações adicionais. Nos cães com PDA, defeitos cardíacos associados são raros, e não se justifica a cateterização se os dados não-invasivos garantirem o diagnóstico. (SISSON, 2004; WARE, 2006). Embora sejam raros, alguns autores relatam casos de PDA associados à persistência de arco aórtico direito com posterior obstrução esofágica (HOLT, 2000), tetralogia de Fallot (McENTEE, 1998), persistência de veia cava cranial e displasia de valva atrioventricular direita (FERNANDEZ DEL PALACIO, 1997). Os achados da cateterização incluem uma saturação de oxigênio na artéria pulmonar maior do que o encontrado no ventrículo direito (“degrau” de oxigênio) e uma pressão de pulso aórtico ampla. Nos grandes desvios os dados de cateterização podem apresentar pressões elevadas diastólicas ventriculares esquerda, atrial esquerda, em cunha capilar pulmonar e da artéria pulmonar. A pressão do pulso aórtico é ampla e as pressões da artéria pulmonar e ventricular direita variam de normais a moderadamente elevadas nos casos não complicados por Insuficiência cardíaca ou doença vascular pulmonar. (WARE, 2006; SISSON, 2004). A angiocardiografia mostra o desvio da esquerda para a direita do sangue opacificado através do ducto, mas especificadamente, quando o material de contraste é injetado no ventrículo esquerdo ou na aorta ascendente, o PDA é observado, e tanto, as artérias aórticas como pulmonar ficam opacas. Podendo haver regurgitação modesta das válvulas mitral e pulmonar devido a dilatação dos ânulos valvulares. (WARE, 2006; SISSON, 2004). 4.1.7. DIAGNÓSTICO DO PDA REVERSO No exame comum, como o hemograma, pode-se evidenciar a policitemia durante o primeiro ano, mas freqüentemente não se torna grave até os 18 a 24 meses de idade. (SISSON, 2004). No PDA reverso, as radiografias torácicas mostram aumento cardíaco direito, dilatação da artéria pulmonar principal e aspecto variável das artérias lobares e periféricas. (SISSON, 2004; MERCK, 2001). O eletrocardiograma do PDA reverso mostra alterações de hipertrofia ventricular direita (desvio do eixo direito DI, DII e DIII). Além de evidenciar características de aumento de câmeras cardíacas direitas, pode esta também identificar arritmias ocasionais. (MERCK, 2001). No PDA reverso a ecocardiografia demonstrar hipertrofia ventricular direita e artéria pulmonar principal dilatada, e a imagem pode mostrar o ducto em alguns casos. A forma mais sensível de demonstrar o desvio da direita para a esquerda é por meio da ecocardiografia contrastada. A injeção de salina agitada na veia cefálica ou safena resulta em opacificação da artéria cardíaca direita e pulmonar e da aorta descendente (melhor observada pela imagem abdominal da aorta dorsal à bexiga), mas não o coração esquerdo ou a aorta ascendente. (WARE, 2006; SISSON, 2004). A injeção de contraste ventricular direito demonstra hipertrofia ventricular direita e em geral delineia um PDA amplo que parece continuar distalmente como a aorta descendente. As artérias pulmonares lobares podem parecer quase normais, especialmente durante o primeiro ano de vida, ou demonstrar tortuosidade aumentada e os vasos colaterais broncoesofágicos podem ser delineados. (SISSON, 2004). No PDA reverso, a cateterização cardíaca demonstra hipertensão da artéria pulmonar com elevação da pressão sistólica ventricular direita em relação à pressão ventricular esquerda ou aórtica. (SISSON, 2004). 4.1.8. TRATAMENTO E PROGNÓSTICO DO PDA TÍPICO A correção cirúrgica é recomendada em todos os casos de PDA com desvio da esquerda para a direita nos animais com menos de 2 anos de idade ou com riscos anestésicos satisfatórios. Quando estas condições não são encontradas deve-se avaliar o caso individualmente. (SISSON, 2004; MERCK, 2001). O momento cirúrgico é motivo de controvérsia entre os autores, mas de maneira geral, indica-se a intervenção cirúrgica para correção do PDA em idade precoce ou tão logo seja feito o diagnóstico, especialmente se a insuficiência cardíaca for iminente. (SISSON, 2004). Segundo Ware (2006) recomenda-se o fechamento do ducto com desvio da esquerda para a direita nos animais acometidos, geralmente tão logo isso seja factível. Os exames pré-operatórios recomendados incluem eletrocardiograma e radiografias torácicas, para avaliar a gravidade do desvio e a cardiomegalia resultante, e a Ecocardiografia Doppler é fundamental para descartar defeitos adicionais. (SISSON, 2004). Deve-se primariamente verificar o estado geral do paciente antes do procedimento cirúrgico. Para aqueles que apresentam quadro de edema pulmonar, deve-se instituir tratamento à base de furosemida antes da intervenção cirúrgica. Nos casos onde se identificou fibrilação atrial, a atividade cardíaca deve ser monitorada e, se necessário, administrar inotrópicos positivos, como digoxina. (STOPIGLIA, 2004). Animais com sinais de insuficiência cardíaca congestiva devem ser tratados com inotrópicos positivos (digoxina), vasodilatadores (maleato de enalapril) e diuréticos (furosemida) previamente ao procedimento cirúrgico. Excesso de diuréticos e/ou vasodilatadores pode propiciar à hipotensão, devendo, portanto, ser administrados com cautela. (STOPIGLIA, 2004). Adequada avaliação pré-operatória é fator crucial para o sucesso do procedimento anestésico e cirúrgica, sendo de total relevância, todos os dados do histórico clínico do animal, exame físico e laudos dos exames complementares (eletrocardiograma, radiografia torácica, ecocardiograma e laboratorial clínico) para a escolha da conduta mais apropriada. (FANTONI, 2002; STOPIGLIA, 2004). Duas abordagens à correção do PDA estão disponíveis atualmente, a mais clássica é a toracotomia esquerda com posterior ligadura do ducto; e a técnica alternativa cirúrgica, menor e menos invasiva, como a embolização espiralada do PDA. (STOPIGLIA, 2004; WHITE, 2009). Por muitos anos, a toracotomia esquerda com ligadura do PDA foi o tratamento cirúrgico recomendado. Esta técnica e seus resultados foram descritos em detalhes em vários relatos, indicando alta taxa de sucesso cirúrgico e prognóstico excelente após cirurgias bem sucedidas. A mortalidade cirúrgica deve ser de menos de 3% nos casos não complicados. (SISSON, 2004). A ligadura cirúrgica é bem sucedida na maioria dos casos, embora existam relatada de mortalidade perioperatória de aproximadamente 11%. (WARE, 2006). A toracotomia e ligadura é um procedimento muito efetivo nas mãos de um cirurgião hábil com uma taxa de sucesso de até 95% e uma taxa de mortalidade de menos que 2%, mas a desvantagem principal de ser um procedimento muito invasivo. (WHITE, 2009). Segundo Fantoni (2002) o protocolo anestésico recomendado para o procedimento cirúrgico de toracotomia com ligadura do ducto é: medicação pré-anestésica com a administração de morfina ou meperidina; indução com propofol; e a manutenção com isofluorano. A conduta anestésica deve ter monitorização invasiva de pressão arterial, visto que duas das principais intercorrências transoperatórias são hipertensão e hemorragia. Quando à fibrilação atrial ou ICC avançada, os riscos anestésicos e operatórios são altos, e o prognóstico pós-operatório é muito mais reservado. (SISSON, 2004). De maneira geral, a toracotomia intercostal esquerda é realizada no quarto espaço intercostal, com posterior incisão do saco pericárdico paralelamente e dorsal ao nervo frênico. O nervo vago posiciona-se dorsalmente ao ducto arterioso persistente, devendo ser identificado e reparado durante a dissecção do ducto. A técnica mais utilizada na correção da PDA típico é a dissecção do ducto arterioso e sua posterior dupla ligadura (polipropileno 4-0 ou seda 1-0). (BORJRAB, 1996; STOPIGLIA, 2004). Normalmente são realizadas duas laçadas para reduzir o risco de recanalização, sendo primeiramente ligada à região do ducto próximo à aorta. Neste momento, a pressão arterial aumenta significantemente, concomitante com a redução na freqüência cardíaca (reflexo de Branham). O tronco pulmonar diminui seu tamanho, e após um a dois minutos é aplicado o nó à segunda ligadura, próximo ao tronco pulmonar. Finalizada a ligadura do ducto, coloca-se dreno torácico temporário do tipo selo d'água de modo a restabelecer pressão negativa intratorácica após toracorrafia. (BORJRAB, 1996; STOPIGLIA, 2004). Cuidados pós-operatórios devem ser tomados, principalmente para controlar a dor com analgésicos potentes, além de curativo na ferida cirúrgica, atentando para que aquele não dificulte o trabalho respiratório do animal. O cloridrato de bupivacaína intercostal ou intrapleural são usados para analgesia suplementar. (FANTONI, 2002; STOPIGLIA, 2004). A mais comum complicação cirúrgica é o rompimento do ducto arterioso durante a sua dissecção previamente à Iigadura. Os locais mais propensos ao rompimento do ducto são as junções ducto-aorta, tronco pulmonar-ducto e a porção média do ducto. Uma vez ocorrida, a hemorragia deve ser controlada rapidamente com pinça vascular, e a junção reparada com Sutura. A técnica de escolha após o rompimento do ducto é a técnica de divisão e sutura do ducto, utilizando fio sintético não-absorvível (polipropileno 6-0). Usualmente, após rompimento do ducto, simples ligadura não é suficiente, sendo necessário fechamento ou divisão do ducto com sutura manual ou grampo vascular. (STOPIGLIA, 2004). Pode ocorrer bradicardia durante ligação do ducto arterioso devido à resposta vagal associada. Caso a freqüência cardíaca caia para menos de 60 bpm, o uso de anticolinérgico deve ser avaliado e empregado. Em casos de hemorragias severas, a transfusão sanguínea deve ser realizada. (STOPIGLIA, 2004). Outras complicações cirúrgicas e pós-operatórias são hemorragias não associadas à dissecção do ducto, edema pulmonar, insuficiência cardíaca congestiva, recanalização do ducto, septicemia, fibrilação ventricular e trauma pulmonar iatrogênico. Vale atentar para o fato de que o fechamento do ducto sem a sua divisão é mais seguro, porém, o risco de recanalização é maior. A intercorrência pós-operatória de recanalização do ducto é muito rara, ocorrendo em menos de 2% dos casos, comumente associada infecção. A febre e infiltrados pulmonares podem indicar infecção no ponto cirúrgico e pneumonia hematógena. (SISSON, 2004). Após a cirurgia, dependendo da idade do animal e da gravidade da cardiomegalia, a maioria dos animais torna-se clinicamente normal, e o tamanho cardíaco tende a normalidade. Pode-se esperar um tempo de sobrevida normal após uma obliteração não complicada do ducto. A regurgitação mitral concomitante geralmente se resolve após a ligadura ou oclusão do ducto se a válvula for estruturalmente normal. (WARE, 2006; STOPIGLIA, 2004). Um sopro sistólico apical esquerdo suave, em geral de regurgitação mitral secundária residual freqüentemente é audível por um período variável. A função sistólica, avaliada pela ecocardiografia através da fração de encurtamento do ventrículo esquerdo, parece declinar de forma abrupta logo após a cirurgia, indicando insuficiência miocárdica secundária a partir de sobrecarga de volume. O exame Doppler pós-operatório pode indicar desvio residual pequeno, embora o sopro contínuo em geral esteja ausente e a conseqüência clínica seja boa. (SISSON, 2004). Os resultados até hoje obtidos indicam que melhor prognóstico para o quadro é alcançado quando a correção cirúrgica é realizada com o animal ainda jovem. (STOPIGLIA, 2004). Tem-se que, aproximadamente, 1,5% dos animais submetidos à ligadura de ducto arterioso persistente sofrem recanalização, sendo necessário, portanto, nova intervenção cirúrgica. É relatada, muito raramente, a sobrevivência de cães com PDA típico até a maturidade, embora 70% dos cães não-tratados cirurgicamente cheguem à óbito antes de um ano de idade. (STOPIGLIA, 2004). Outras técnicas de fechamento de PDA típico têm sido descritas na literatura. Algumas delas utilizam cateterização, antes somente aplicada em medicina humana. O desenvolvimento de espirais finas de metais embutidas com filamento de Dacron trombogênicos, que podem ser colocados por cateteres relativamente pequenos, tornou a embolização espiralada do PDA possível nos pequenos animais. A experiência e a disponibilidade de oclusão transcateter do PDA são crescentes; tais técnicas oferecem uma alternativa muito menos invasiva. Mas vale ressaltar, que tal técnica é indicada apenas para casos em que o ducto é de pequeno calibre, sendo impróprio para aqueles maiores que 5 mm. (STOPIGLIA, 2004; SISSON, 2004; WARE, 2006). As técnicas de cateterização que incluem o uso de filamentos trombogênicos estão normalmente reservadas para fechamento de PDAs pequeno (<4 mm). Já os “Amplatzer plug” produzidos com fios de nitinol podem-se ajustar à forma do PDA e foram usados para fechar médio PDAs de tamanho de 4–7 mm em diâmetro. (WHITE, 2009). Segundo Glaus (2006), a embolização por filamento é realmente possível para oclusão de PDAs menores que 4 mm, menos indicada para PDAs de 5 mm e não recomendada para oclusão PDAs com diâmetro superior à 5 mm. E os “Amplatzer plug” é uma excelente opção para PDAs maiores que 5 mm. Embora os detalhes dessa técnica continuem a evoluir, tal intervenção cirúrgica realiza-se por meio da introdução de espirais com potencial trombogênico no interior do ducto arterioso através de cateter individual, via artéria femural ou outro vaso periférico, direcionados por angiografia. (STOPIGLIA, 2004; SISSON, 2004). Para vários autores, normalmente, é necessária a colocação de 20 espirais para que se tenha uma obliteração completa do ducto arterioso. As espirais ficam no ducto em forma de funil e estimulam a trombo-se que ocloi o PDA. Após embolização o PDA nessa técnica, radiografias torácicas demonstram as espirais no local do ducto. As vantagens da embolização espiraladas sobre a toracotomia com ligadura incluem menores taxas de morbidade e mortalidade, hospitalização mais curta e recuperação mais rápida. (STOPIGLIA, 2004; SISSON, 2004). Até o presente momento, a taxa de sucesso dessa técnica tem sido boa e a principal taxa de complicação tem sido baixa, consistindo principalmente na embolização pulmonar de uma espiral. Estudos posteriores definirão as limitações e contra-indicações dessa técnica para posterior refinamento e adequações. (SISSON, 2004). As principais desvantagens desta técnica restringem-se ao custo operacional de tal intervenção, já que exige equipamento de angiografia e a aquisição de espirais, que são relativamente onerosos, e ao risco de migração daquelas podendo causar reação vascular iatrogênica de corpo estranho ou embolismo pulmonar ou aórtico potencialmente fatal. (STOPIGLIA, 2004). O tratamento com inibidores da prostaglandina, como a indometacina, freqüentemente utilizada em crianças prematuras para auxiliar o fechamento do PDA estruturalmente normal, mas funcionalmente imaturo, foi malsucedido nos cães e gatos, mais provavelmente por causa da natureza histopatológica da lesão (ausência de músculos lisos na parede do ducto). (SISSON, 2004). Se o ducto não for ocluído o prognóstico dependo do tamanho do ducto e do nível da resistência vascular pulmonar. A ICC é o desfecho final para a maioria dos casos em que o ducto não é ocluído. Mais de 50% dos cães acometidos morrem dentro do primeiro ano. (WARE, 2006). O proprietário deve ser avisado sobre o possível caráter hereditário do defeito e de que o animal não deve ser usado para a reprodução. (SISSON, 2004; MERCK, 2001). 4.1.9. TRATAMENTO E PROGNÓSTICO DO PDA REVERSO Estes animais apresentam doença vascular pulmonar obstrutiva irreversível e desvio reverso, a oclusão do ducto é fortemente contra-indicada, pois este funciona como uma valva de escape para as altas pressões encontradas no lado direito. A ligadura do ducto é extremamente contra-indicada em animais com PDA reverso, pois acarreta invariavelmente uma ICC direita aguda pós-operatória precoce ou operatória tardia e conseqüente óbito. (SISSON, 2004; WARE, 2006; MERCK, 2001; ARORA, 2001). O tratamento tem sido limitado principalmente à restrição de exercícios, evitar stresses e manter o VG entre 58% e 65% através de flebotomias periódicas, visando minimizar os sinais da hiperviscosidade. (SISSON, 2004; WARE, 2006; ARORA, 2001). A flebotomia consiste no sangramento de forma controlada (retirada de 5 a 10 ml/kg de sangue por peso corporal), evitando fraqueza e colapsos, e o volume intravascular deve ser reposto através de fluidoterapia com soluções cristalóides, se necessário. Segundo Sisson (2004), não foram relatados tentativas de controle do VG por meio de terapia com fármacos. Mas segundo Ware (2006), refere que experiências preliminares indicam que o tratamento crônico com hidroxiuréia (40 a 50mg/kg - VO) é uma alternativa à flebotomia. Drogas vasodilatadoras tendem a ter efeito sistêmico igual ou maiores que seus efeitos no sistema arterial pulmonar, portanto são pouco benéficas e podem ser prejudiciais. (WARE, 2006). Hemograma e contagem de plaqueta deveriam ser monitorados semanalmente, com o principal objetivo de manter um hematócrito de 54% a 60% (abaixo de 62%), e nunca deve exceder 68%. (WARE, 2006; ARORA, 2001). O prognóstico geralmente é ruim, mas alguns casos têm se mantido por alguns anos com o auxílio de flebotomia periódica. (WARE, 2006; ARORA, 2001). Cães com PDA invertido são, de maneira geral, debilitados por causa da hipóxia, ou podem ter morte súbita decorrente de formação de trombo arterial ou arritmias cardíacas fatais. Poucos animais afetados sobrevivem além dos 5 a 7 anos de idade. (ARORA, 2001). 4.2. ESTENOSE PULMONAR 4.2.1. MORFOLOGIA E DEFINIÇÃO A estenose pulmonar é uma das anomalias cardíacas mais freqüentes em cães. (JONES, 2000). Sendo um dos três defeitos cardíacos congênitos mais comuns que ocorrem nos cães e ocasionalmente é identificada nos gatos. (SISSON, 2004). O tronco pulmonar deixa o ventrículo direito no cone arterial e seu óstio é guardado pela valva do tronco pulmonar, que consiste em três cúspides semilunares (válvulas semilunares direita, esquerda e intermediária); próximo ao meio côncavo livre de cada cúspide há um pequeno e fibroso nódulo que garante o vedamento perfeito. (GHOSHAL, 1986). A estenose consiste em um estreitamento localizado em qualquer ponto desde o trato de saída do ventrículo direito até a artéria pulmonar principal, sendo mais comum a estenose valvar ou subvalvar. (BELERENIAN, 2003). A estenose pulmonar com freqüência ocorre como um defeito cardíaco isolado, mas às vezes é acompanhada por anomalias cardíacas adicionais. Obstruções congênitas do trato do fluxo da saída ventricular direito (TFSVD) podem desenvolver-se no infundíbulo, na região subvalvular e acima da válvula pulmonar, mas a malformação primária da válvula pulmonar (displasia) é o defeito observado com mais freqüência nos cães. (SISSON, 2004). O lúmen da artéria pulmonar está estreitado por tecido conjuntivo fibroso (JONES, 2000). As valvas pulmonares displásicas são geralmente associadas com acentuado espessamento fibroso na base da valva. A estenose valvar ou infundibular é um componente da Tetralogia de Fallot e a estenose supravalvular é pouco freqüente. (DARKE, 2000). 4.2.2. PATOGENIA Estudos com a herdabilidade e a patologia da displasia da válvula pulmonar sugeriram o modo poligênico de transmissão para este defeito, mas não excluíram a possibilidade de um mecanismo de gene único com penetrância variável. (SISSON, 2004). A malformação congênita valvar é caracterizada por lesões morfológicas que podem incluir combinações de hipoplasia da valva, vários graus de espessamento dos folhetos da valva, fusão de folhetos, separação incompleta comissural dos folhetos e folhetos das valvas assimétricos. (DARKE, 2000; SISSON, 2004). Enquanto alguns cães apresentam uma válvula fina em forma abaulada com orifício central, a maioria dos cães apresenta lesões mais complicadas, que lembram a EP atípica nas crianças. (SISSON, 2004). Embora alguns casos resultem da simples fusão das cúspides valvares, a displasia da valva pulmonar é mais comum, na qual seus folhetos valvares são freqüentemente espessados de forma variável, assimétricos e, em geral, fundidos. O anel valvar hipoplásico é encontrado também em alguns cães. (WARE, 2006; SISSON, 2004). As anormalidades histológicas incluem espessamente da válvula esponjosa e presença de faixas de células fusiformes em uma rede densa de colágeno, que propiciam a superprodução de elementos valvulares normais ou falha na conversão dos primórdios valvulares embrionários em coxim. Espaços repletos de sangue e espaços revestidos por endotélio também são encontrados em uma ou mais das cúspides dos cães acometidos. Alguns desses últimos cães apresentam anel fibroso logo abaixo dos folhetos valvulares acompanhando as alterações valvulares. (SISSON, 2004). Em outros cães, a lesão obstrutiva ocorre na região infundibular. Às vezes, o TFSVD é repartido a partir do corpo (região do influxo) do ventrículo direito por uma crista fibromuscular bem-desenvolvida, o que resulta na anomalia chamada de ventrículo direito com duas câmaras ou com câmara dupla. A EP supravalvular é um defeito muito raro nos cães. (SISSON, 2004). 4.2.3. FISIOPATOLOGIA Estenose da valva pulmonar promove obstrução ao fluxo de saída do ventrículo direito causando resistência aumentada à ejeção e aumento proporcional na pressão sistólica ventricular, com subseqüente hipertrofia concêntrica do ventrículo direito na tentativa de normalizar o estresse da parede. Esta hipertrofia concêntrica, em geral, se desenvolve na proporção da gravidade do defeito que obstrui. (BELERENIAN, 2003; WARE, 2006; SISSON, 2004). A hipertrofia ventricular direita inicialmente normaliza a função sistólica, e geralmente permite que o volume ventricular direito permaneça dentro da taxa normal. Um ventrículo direito hipertrofiado reduz o volume diastólico final e reduz a habilidade do ventrículo em encher-se corretamente limitando o volume ventricular. (KIENLE, 1998). Embora esta resposta compensatória sirva para normalizar o estresse da parede, esta pode ter conseqüência deletéria. Em alguns cães com EP, a hipertrofia secundária da região infundibular do TPSVD contribui para a obstrução do fluxo de saída, particularmente durante o exercício ou os testes (obstrução TFSVD dinâmica). A hipertrofia ventricular grave pode estimular o desenvolvimento de isquemia miocárdica diminuição do tempo de diástole, diminuição do fluxo coronariano, e a hipertrofia miocárdica, dificulta a passagem de sangue e suas seqüelas, serão, hipóxia, arritmias e morte súbita. Um déficit de irrigação coronariana direita pode ocasionar o aparecimento de arritmias e morte súbita. (BELERENIAN, 2003). Durante a sístole, a ejeção do sangue do ventrículo direito acelera a medida que atravessa o orifício de obstrução. A velocidade e a turbulência do fluxo tornam-se máximas logo adiante deste ponto. O efeito de corrente ou “jato” do sangue forçado através desse estreito orifício resulta em dilatação pós-estenótica (de forma bolhosa) da artéria pulmonar principal, pois à medida que o jato turbulento de sangue desacelera este gasta parte de sua energia cinética contra a parede do vaso. (SISSON, 2004; JONES, 2000). Alterações da válvula tricúspide geralmente se desenvolvem nos casos de estenose pulmonar severa, como conseqüência de malformação intercorrente ou hipertrofia dos músculos papilares. (DARKE, 2000). A regurgitação tricúspide pode ser secundária a dilatação progressiva do ventrículo direito, ou a partir da displasia valvular, ou uma combinação desses fatores. (SISSON, 2004). A dilatação do átrio direito, resultante da insuficiência da tricúspide e do aumento da pressão de enchimento do ventrículo direito, predispõe ao aparecimento de arritmias atriais e insuficiência cardíaca. (WARE, 2006). Desenvolve-se insuficiência cardíaca em conseqüência da disfunção ventricular direita sistólica e diastólica e, em muitos casos, a partir da regurgitação tricúspide concomitante. (SISSON, 2004). O aumento da rigidez do ventrículo direito faz com que os átrios se contraiam vigorosamente. A dilatação do átrio direito ocorre provavelmente por vários fatores, como obstrução ao fluxo, elevada pressão diastólica do ventrículo direito e disfunção diastólica, regurgitação da valva tricúspide secundária às alterações estruturais do ventrículo direito e diminuição do débito cardíaco. Se a pressão do átrio se mantém muito alta, há o desenvolvimento de insuficiência cardíaca congestiva. (FANTONI, 2002). A insuficiência congestiva ventricular direita pode ser observada se existir displasia tricúspide associada, pois é rara na estenose pulmonar isolada. (BELERENIAN, 2003). A estenose pulmonar e a displasia da válvula tricúspide podem ser uma combinação particularmente letal; tais malformações com freqüência causam insuficiência cardíaca direita intratável. Considerando que o volume de regurgitação tricúspide se dá em função do tamanho do orifício regurgitante (que se correlaciona diretamente com a gravidade da displasia da válvula tricúspide) e do gradiente de pressão sistólica (que aumenta conforme a gravidade da EP), desenvolve-se regurgitação tricúspide maciça nos cães acometidos. (SISSON, 2004). A retenção de sódio e água provoca dilatação adicional do coração direito, aumentando a gravidade da insuficiência valvular tricúspide e, portanto, estabelecendo um ciclo vicioso de deterioração da função cardíaca direita. A medida que a pressão atrial direita aproxima-se de 15mmHg, de desenvolvem-se sinais de ICCD. (SISSON, 2004). Conexões patentes entre o coração direito e o esquerdo ocorrem em uma porcentagem substancial dos cães com EP. (SISSON, 2004). A combinação entre EP e PDA ou desvios intracardíacos podem resultar em desvio da direita para esquerda e propiciar um quadro de cianose. (WARE, 2006). Em alguns Buldogues ingleses e Boxers, a EP subvalvular é acompanhada pelo desenvolvimento anômalo das artérias coronárias. Nesta anomalia, as artérias coronárias esquerda e direita ramificam-se de uma única artéria coronária grande que se origina do seio aórtico direito de Valsalva. A partir desta localização, a artéria coronária esquerda rodeia o TFSVD logo abaixo da válvula pulmonar, contribuindo, por isso, para o componente subvalvular desta malformação complexa. A relação exata entre a anomalia da artéria coronária e a EP é incerta, já que ocorre obstrução do TFSVD nos Buldogues e nos Boxes com artérias coronárias normalmente desenvolvidas. (SISSON, 2004). Nestes casos, procedimentos cirúrgicos paliativos e valvuloplastias por têm causado a morte secundariamente a transecção ou avulsão do ramo coronário esquerdo principal. (WARE, 2006). Se o volume diastólico reduz, o débito cardíaco pode diminuir, afetando a irrigação coronária direita, podendo terminar em arritmias e morte súbita. (BELERENIAN, 2003). O débito cardíaco é dependente do aumento da freqüência cardíaca. No entanto, taquicardia pode comprometer o enchimento ventricular. (FANTONI, 2002). Presume-se que os mecanismos fisiológicos responsáveis pela síncope nos cães com EP seja a hipotensão desenvolvida em conseqüência do débito cardíaco reduzido (bradicardia ou a piora da obstrução dinâmica) combinado à vasodilatação arteriolar periférica (com o exercício). O fluxo sanguíneo coronário direito reduzido foi comprovado em alguns cães com estenose pulmonar e também pode contribuir para o desenvolvimento da síncope, da intolerância ao exercício e da insuficiência miocárdica. (SISSON, 2004). O enrijecimento aumentado do ventrículo direito é responsável pelas contrações vigorosas do átrio direito hipertrofiado e pelas ondas gigantes resultantes que às vezes são residentes nas veias jugulares externas (pulso jugular positivo). (SISSON, 2004). 4.2.4. ACHADOS CLÍNICOS A EP é mais comum em animais de raças pequenas e muitos cães apresentam-se assintomáticos no momento do diagnóstico, embora possam existir sinais de ICCD ou histórico de intolerância à exercícios ou síncope. (WARE, 2006). Também no histórico do animal pode-se verificar uma falha no desenvolvimento físico do mesmo. (MERCK, 2001). Animais com pequeno grau de obstrução podem atingir a idade adulta sem apresentarem sinais clínicos da enfermidade, sendo considerados clinicamente normais e com apenas um sopro sistólico. (FANTONI, 2002; DARKE, 2000). A maioria dos cães com EP é assintomática durante o primeiro ano de vida, quando a condição em geral é descoberta. Os cães gravemente acometidos podem evidenciar fadiga ou síncope ao exercício em idade jovem. Os sinais de insuficiência cardíaca direita congestiva, como ascite, são relatados com mais freqüência nos cães mais idosos. A cianose pode ser observada quando a EP é complicada por desvio da direita para esquerda através do forame oval patente ou por DSA ou DSV coexistentes. (SISSON, 2004). A insuficiência cardíaca direita também pode causar dispnéia e cianose, como resultado do reduzido fluxo pulmonar e do aumento da extração de oxigênio pelos tecidos durante esforço/excitação. (FANTONI, 2002). Os achados do exame físico característicos de estenose moderada a grave incluem impulso precordial direito proeminente, frêmito precordial correspondente na base esquerda, pulso femorais normais à discretamente diminuídos, membranas mucosas róseas e, ocasionalmente, pulso jugular. (WARE, 2006). À auscultação, o sopro da estenose pulmonar é tipicamente “áspero” e de ejeção (sistólico), em geral auscultado em foco pulmonar (bem cranialmente no esquerdo do tórax), mas em todos os casos o sopro se irradia dorsalmente na parede torácica. (DARKE, 2000). Em alguns casos, o sopro é ouvido igualmente bem no tórax cranial direito. Nos cães com insuficiência valvular concomitante, o sopro sistólico é acompanhado por um sopro diastólico suave mais bem ouvido logo ventral à região da válvula pulmonar. Um sopro holossistólico da regurgitação tricúspide pode ser notado sobre o hemitórax direito em cães com esta complicação. (SISSON, 2004). Algumas vezes identifica-se um clique sistólico inicial que, provavelmente, resulta do refreamento súbito da valva fusionada, no início da ejeção. (WARE, 2006). Podem também arritmias e desdobramento de segunda bulha devido ao fechamento retardado da valva pulmonar. (GOODWIN, 2002). Pulsos jugulares de grande amplitude podem ser observados no terço inferior do pescoço a partir de uma onda gigante ou de uma onda regurgitante mesmo na ausência de insuficiência cardíaca. Distensão venosa jugular e pulsos jugulares proeminentes são evidentes na maioria dos cães com insuficiência cardíaca direita e ascite. (SISSON, 2004). 4.2.5. DIAGNÓSTICO As radiografias torácicas podem se apresentar normal, mas em geral mostram graus variáveis de cardiomegalia ventricular direita. Em alguns casos, observa-se dilatação pósestenótica da artéria pulmonar, e os pulmões geralmente parecem com hipoperfusão. (DARKE, 2000; BELERENIAN, 2003). A hipertrofia acentuada do ventrículo direito freqüentemente causa o desvio dorsal e à esquerda do ápice cardíaco. O coração pode se assemelhar a um “D invertido” na projeção DV (dorsoventral) ou VD (ventrodorsal). Uma saliência do tronco pulmonar com tamanho variado (dilatação pós-estenótica) é mais bem visibilizada na posição correspondente há 1 hora na posição VD ou DV, mas o tamanho desta dilatação não se correlaciona com a gravidade do gradiente de pressão, não sendo então um fator prognóstico. (WARE, 2006). Achados adicionais e mais variáveis incluem dilatação da artéria pulmonar esquerda proximal, tamanho diminuído da vasculatura pulmonar e aumento da veia cava caudal. (SISSON, 2004). O eletrocardiograma em casos leves pode ser normal, já em casos graves pode-se observar padrão sugestivo de aumento de ventrículo direito, bloqueio do ramo direito ou de ambos, pode também apresentar mudanças da onda P em razão do aumento atrial direito. (DARKE, 2000; BELERENIAN, 2003). As características do ECG além do padrão de aumento ventricular direito, apresenta desvio do eixo à direita (acima de 120°) e algumas vezes padrão de aumento de átrio direito (P pulmonale) ou taquiarritmias. (WARE, 2006). Caso estejam presentes P pulmonale, deve-se suspeitar de aumento do átrio direito por displasia de tricúspide. (BELERENIAN, 2001). O desvio do eixo direito, padrão SI SII SIII, e ondas S profundas nas derivações torácicas precordiais esquerdas são indicadores confiáveis do aumento de volume do coração direito. (SISSON, 2004). O método mais comumente usado para confirmar o diagnóstico de EP é a ecocardiografia. Os achados ecocardiográficos característicos de estenose moderada a grave incluem imagens do modo M e 2D (bidimensional) tipicamente mostram hipertrofia concêntrica e dilatação do ventrículo direito, proeminência aumentada dos músculos papilares, estreitamento do trato do fluxo de saída ventricular direito, graus variáveis de aumento atrial e dilatação pós-estenótica da artéria pulmonar principal. (SISSON, 2004). O septo interventricular freqüentemente parece aplainado, pois a alta pressão ventricular direita o empurra para o lado esquerdo. (WARE, 2006). No eixo curto da janela paraesternal direita, pode-se apreciar a dilatação pós-estenótica da artéria pulmonar. A valva pulmonar é de difícil visualização, portanto a lesão estenótica nem sempre é bem demarcada. (DARKE, 2000; BELERENIAN, 2003). Para confirmação do diagnóstico é necessário a cateterização cardíaca ou ecocardiografia Doppler, ambas as técnicas permitem medir o gradiente de pressão, útil para avaliar o prognóstico. (DARKE, 2000). Com o emprego do Doppler pulsátil pode-se identificar a localização da estenose e o Doppler contínuo pode ser utilizado para determinar a velocidade máxima do fluxo sangüíneo e, assim classificar a estenose conforme sua gravidade em: leve (velocidade menor a 3,5m/s ou gradiente de pressão de 40 a 50 mmHg); moderada (velocidade entre 3,5 a 4,5m/s ou gradiente de pressão entre 50 e 80mmHg) e grave (velocidade maior a 4,5m/s ou gradiente de pressão maior a 80mmHg). (BELERENIAN, 2003). Como regra geral, gradientes derivados do Doppler são de 40% a 50% maiores do que o gradiente de cateterização medido em cão individualmente. Há varias razões para esta aparente discrepância. Os estudos Doppler são realizados em animais acordados ou ligeiramente sedados, e o fluxo transvalvular é consideravelmente mais alto nessas circunstâncias do que nos cães que foram anestesiados para cateterização cardíaca. (SISSON, 2004). 4.2.6. TRATAMENTO E PROGNÓSTICO Após estudos não-invasivos, o clínico em geral pode determinar se a estenose provavelmente é de branda a moderada ou de moderada a grave. Não se pode estabelecer com certeza em que gradiente de pressão a operação deve ser recomendada. Entretanto, cães com gradiente Doppler maior do que 100 a 125 mmHg ou cães com gradientes menos graves que apresentem sinais clínicos compatíveis, devem ser considerados candidatos à valvuloplastia por balão ou à cirurgia. (SISSON, 2004). Cães com estenose dos graus leve a moderado podem viver por longo tempo sem tratamento. O tratamento médico clínico convencional pode ser empregado, mas as taxas de mortalidade são altas. (BELERENIAN, 2003). Recomenda-se atenuar a estenose grave e, algumas vezes, moderada, por meio de valvuloplastia por balão, especialmente se a hipertrofia infundibular não for excessiva. Embora não esteja claro se a intervenção realmente melhore a taxa de sobrevida a longo prazo, a opção cirúrgica têm eliminado ou reduzido os sinais clínicos em animais gravemente acometidos. (WARE, 2006). Para cães com estenose pulmonar moderada a grave faltam estudos comparativos da eficiência do tratamento médico convencional a longo prazo e do procedimento cirúrgico corretivo. (BELERENIAN, 2003). Vários procedimentos cirúrgicos são utilizados para atenuar EP moderada à grave em cães. Geralmente, tenta-se a valvuloplastia por balão antes de procedimentos cirúrgicos, pois acredita-se que tenha menor risco. Porém, em animais com artéria coronária anômala única, todos estes procedimentos são contra-indicados. A anatomia coronariana pode ser verificada utilizandose a ecocardiografia ou angiografia. (WARE, 2006). A hipertrofia muscular infundibular é importante clinicamente porque causa um segundo nível de obstrução dinâmica, que deve ser avaliada pelo clínico antes de selecionar a cateterização por balão ou cirurgias como tratamento. (DARKE, 2000). O objetivo do tratamento dos cães com EP é abolir ou reduzir o gradiente de pressão sistólica antes que os sinais de insuficiência cardíaca se desenvolvam. O desenvolvimento de insuficiência cardíaca congestiva manifesta reduz substancialmente a possibilidade de procedimentos bem-sucedidos. (SISSON, 2004). A valvuloplastia por balão é feita em conjunto com a cateterização cardíaca e envolve a dilatação da área estenótica usando cateter de balão, especialmente projetados. É mais provável que o procedimento seja bem sucedido em cães com fusão simples das cúspides da valva pulmonar. Porém, a maioria dos cães com EP têm valvas displásicas, as quais são mais difíceis de dilatar eficazmente. (WARE, 2006). Este método usa um cateter de dilatação com balão inflável para expandir o orifício obstruído. A redução bem-sucedida do gradiente de pressão gira em torno de 50% ou mais, e foi relatada em 75% a 80% dos cães tratados com esta técnica. Pode ocorrer a reestenose tardia, mas isto não é tido como problema importante. A valvuloplasia com balão é mais bem-sucedida quando o ânulo pulmonar está normalmente desenvolvido e as válvulas estão finas ou fundidas. Resultados mais variáveis são obtidos nos cães com lesões complexas e hipoplasia do ânulo pulmonar. A valvuloplastia com balão em geral seja encarada o um método seguro com baixa taxa de complicação. (SISSON, 2004). A técnica de enxerto em placa aberta é um método particularmente versátil e barato para o tratamento dos cães com EP, em especial quando há obstrução subvalvular substancial. Esta técnica é bem disponível para o tratamento de algumas situações que não são corrigidas pela valvuloplastia com balão. (SISSON, 2004). Como opção cirúrgica, além da dilatação com cateter de balão, existe a valvulotomia sob visão direta, dilatação fechada via transventricular ou transpulmonar, enxerto de pericárdio ou prótese sobre uma artério-ventriculotomia e a implantação de um conduto ventrículoarterial (com ou sem valva). (BELERENIAN, 2003). A restrição de exercício é recomendada geralmente, em especial para animais com EP de moderada a grave. O uso de β-bloqueador pode ser útil se a hipertrofia infundibular do ventrículo direito for acentuada. Os sinais de ICC são tratados com drogas cronotrópicas positivas e diuréticas. (WARE, 2006; BELERENIAN, 2003). O prognóstico em animais com EP é variável e dependente da gravidade da estenose. Os animais com a forma branda podem ter expectativa de vida normal, mas animais com estenose grave freqüentemente morrem dentro dos primeiros 3 anos do diagnóstico. (WARE, 2006). O prognóstico é consideravelmente pior em animais que apresentem regurgitação tricúspide, fibrilação atrial ou outras taquiarritmias, e ICC. (WARE, 2006). Se a estabilização clínica puder ser atingida, a valvuloplasia com balão ou a cirurgia podem ser tentadas. (SISSON, 2004). Independente do prognóstico e do grau de acometimento da enfermidade, os cães não devem acasalar, para evitar propagação dos fatores genéticos. (SISSON, 2004). 4.3. ESTENOSE SUBAÓRTICA 4.3.1. MORFOLOGIA E DEFINIÇÃO A estenose aórtica é reportada com a terceira mais freqüente alteração cardíaca em cães. (O'GRADY, 1989). Sendo a estenose subaórtica (ESA) a malformação cardíaca congênita mais comum nas raças caninas de grande porte. (SISSON, 2004). O óstio da aorta está situado próximo ao centro da base do coração, ligando o ventrículo esquerdo com a aorta ascendente. O óstio é guardado ela válvula da aorta, consistida das válvulas semilunares septal, direita e esquerda. (GHOSHAL, 1986). A estenose aórtica em animais é quase sempre relacionada com uma malformação congênita, mas a endocardite bacteriana severa pode causar uma estenose aórtica adquirida, embora seja incomum. (DARKE, 2000). A estenose aórtica pode ocorrer em uma das três localizações: subvalvular, valvular e supravalvular. (O'GRADY, 1989). As malformações dos folhetos da valva são infreqüentes e as lesões da aorta supravalvular são muito raras, enquanto a grande maioria das lesões ocorre na região subvalvular. (DARKE, 2000; O'GRADY, 1989). A ESA resulta da formação de uma faixa constritora formada por tecido conjuntivo fibroso denso num ponto do ventrículo esquerdo situado imediatamente abaixo das válvulas semilunares aórticas. As vávulas semilunares podem estar essencialmente normais, ou ligeiramente distorcidas pela faixa fibrosa, que restringe o fluxo de sangue na direção da aorta. (JONES, 2000). Trata-se de um distúrbio perturbador, pois além de muito difícil de diagnosticar nos cães moderadamente acometidos, é difícil de tratar quando é grave. (SISSON, 2004). O fenômeno da obstrução dinâmica do trato do fluxo de saída ventricular esquerdo (TFSVE) também está sendo identificado com freqüência crescente nos cães e gatos associado a uma variedade de distúrbios cardíacos, incluindo ESA, displasia da válvula mitral, miocardiopatia hipertrófica e outras condições que causam hipertrofia do septo ventricular. (SISSON, 2004). 4.3.2. PATOGENIA O estreitamento subvalvular causado por um anel fibroso ou fibromuscular é o tipo de mais comum de estenose aórtica em cães. Acredita-se que seja hereditário, como um traço autossômico dominante com genes modificadores que influenciam a sua expressão fenotípica. (WARE, 2006). A estenose aórtica subvalvular foi extensamente estudada, em particular na raça Newfoundland. Estudos de acasalamento dos cães desta raça estabeleceram uma base genética para a perpetuação da ESA nesta raça. A herança da ESA no canino Newfoundland é mais compatível com o modo dominante autossômico de transmissão com genes modificadores, mas o mecanismo poligênico não pode ser excluído. (SISSON, 2004; O'GRADY, 1989). Segundo O´Grady (1989), o modo autossômico de herança, prevê que a cada 2 indivíduos da linhagem um possua pelo menos um alelo para estenose subaórtica, ou seja, 50% da linhagem possuem gene para a patologia. Segundo observações de O´Grady (1989), sugere-se que muitos cães das raças prédispostas vivam com patologias moderadas sem apresentarem sinais de morbidade. Sendo similar ao que ocorre com os humanos, onde o período de latência é muito longo e demoram a aparecerem sinais clínicos compatíveis. Os estudos na colônia de acasalamento de Pyle e Patterson indicam, além disso, que a obstrução pode não estar presente ao nascimento, mas desenvolver-se durante as primeiras 4 a 8 semanas de vida. A progressão possui significância particular relativa à identificação de sopros cardíacos em filhotes caninos de raças conhecidas como em risco de ESA. (SISSON, 2004). Os indivíduos que desenvolvem a patologia quando neonatos apresentam uma taxa de progressão da doença mais rápida, enquanto os cães que desenvolvem esta deformidade após o nascimento apresentam uma taxa de progressão da enfermidade de forma mais lenta. (O´GRADY, 1989). A obstrutiva da ESA desenvolve-se durante os primeiros meses de vida e pode não existir nenhum sopro audível no princípio. Em alguns cães não se detecta nenhum sopro até 1 ou 2 anos de idade. (WARE, 2006). A detecção clínica da ESA pode ser muito difícil nos casos brandos e que o aconselhamento genético aos criadores pode estar cheio de erros. Várias anormalidades cardíacas podem acompanhar a ESA, mais notavelmente a displasia da válvula mitral, a DAP e uma variedade de anormalidades do arco aórtico. (SISSON, 2004). O espectro da gravidade da ESA varia amplamente; três graus de ESA foram descritos nos cães da raça Newfoundland. O mais leve (grau I) não está associado a nenhuma manifestação clínica ou sopro e somente um discreto anel subaórtico de tecido fibroso é visto no exame post-mortem (nódulos ligeiramente elevados esbranquiçados e pequenos na superfície endocárdica do septo ventricular imediatamente abaixo da válvula aórtica). Cães com ESA moderada (grau II) têm apenas discreta evidência clínica e hemodinâmica da doença e o achado post-mortem de um anel fibroso incompleto abaixo da valva aórtica (crista estreita de endocárdio espessado e esbranquiçado estendendo-se parcialmente sobre o TFSVE). E cães com ESA grau III apresentam doença grave e um anel fibroso completo ao redor da via de saída, em alguns casos sendo uma obstrução alongada em forma de túnel. (SISSON, 2004; WARE, 2006). O anel estenótico consiste em fibras reticulares frouxamente distribuídas, substâncias básicas de mucopolissacarídio e fibras elásticas. Feixes discretos de colágeno e mesmo cartilagem são encontrados nas lesões avançadas. (SISSON, 2004). Em muitos cães com ESA, incluindo os da raça Golden Retriever, os achados patológicos divergem da descrição clássica no parágrafo precedente. Muitos cães não manifestam membrana subvalvular discreta, ao contrário, uma crista fibromuscular ampla, que emerge da base do septo interventricular, faz protrusão para dentro do TFSVE. Cristas musculares grandes, que lembram um músculo papilar acessório quando vistas em secção transversal, atravessam o eixo longo do TFSVD, eventualmente fundindo-se no septo interventricular. Músculos papilares malformados e desalinhados, cordas tendinosas espessadas e folhetos mitrais alongados ou distorcidos são encontrados em muitos cães acometidos. Os cães da raça Bull Terrier também possuem uma forma rara de estenose aórtica, que freqüentemente ocorre em conjunto com malformação da válvula mitral. A natureza da obstrução do TFSVE não está bem caracterizada, mas o trato do fluxo de saída parece menor do que o normal e os folhetos da válvula aórtica ficam espessados e rígidos. (SISSON, 2004). As alterações histológicas das artérias coronárias intramurais incluem proliferação da íntima do tecido conjuntivo e do músculo liso, bem como degeneração medial. Tais alterações presumivelmente são relacionadas à tensão elevada da parede encontrada nesta condição, e sua gênese pode estar relacionada à elaboração de angiotensina II ou outros mediadores bioquímicos. Além disso, estas lesões podem ser importantes na gênese da morte súbita. (SISSON, 2004). 4.3.3. FISIOPATOLOGIA As conseqüências funcionais da ESA variam de acordo com a severidade da obstrução. Estenoses pequenas e incompletas causam obstruções mínimas com gradientes de pressão triviais, sopros cardíacos suaves, sem sinais clínicos ou hipertrofia. (DARKE, 2000). Entretanto, anéis subaórticos completos podem ser discretos, largos ou em forma de túnel e causam obstruções significantes de fluxo. (DARKE, 2000). A gravidade da estenose determina o grau de sobrecarga pressórtica do ventrículo esquerdo e a resultante hipertrofia concêntrica ventricular esquerda. (WARE, 2006; MERCK, 2001). Desenvolve-se hipertrofia atrial esquerda em conseqüência da complacência reduzida do ventrículo esquerdo hipertrofiado e o fluxo turbulento e de alta velocidade através da área estenosada causa o sopro cardíaco e resulta em dilatação pós-estenótica da aorta ascendente, do arco aórtico e do tronco braquiocefálico. (SISSON, 2004). A perfusão coronária è facilmente comprometida em animais com ESA grave. A densidade capilar pode se tornar inadequada conforme a hipertrofia progride, e uma alta tensão de parede durante a sístole, com estreitamento coronário, pode causar a reversão do fluxo sistólico em pequenas artérias coronárias. Estes fatores contribuem para o desenvolvimento de isquemia miocárdica e fibrose. (WARE, 2006). Em conseqüência da obstrução fixa, a ejeção ventricular esquerda é tardia, provocando pulso arterial pequeno e elevado tardio (parvus et tardus). (SISSON, 2004). Muitos animais com ESA também têm regurgitação valvar mitral ou aórtica devido a malformações relacionadas ou alterações secundárias. (WARE, 2006). A elevação subaórtica pode “envelopar” a base da valva aórtica, ou jatos de alta velocidade podem espessar os folhetos valvulares, alterações que predispõe alguns cães à regurgitação aórtica moderada à severa. (DARKE, 2000). A regurgitação aórtica média, provavelmente, se deve ao espessamento dos folhetos valvulares ou à dilatação da aorta ascendente. A lesão ao endotélio valvular (lesões em jato) predispõe os cães com ESA à endocardite bacteriana, à destruição do folheto e à regurgitação aórtica rapidamente progressiva. (SISSON, 2004). A hipertrofia ventricular esquerda e a isquemia miocárdica são responsáveis pelas alterações no complexo QRS e no segmento ST-T. A ESA crítica pode levar à insuficiência cardíaca congestiva do lado esquerdo a partir de insuficiência miocárdica, enrijecimento ventricular aumentado, regurgitação mitral, fibrilação atrial ou uma combinação desses fatores. Com mais freqüência, a síncope ao exercício ou a morte súbita é relatada, presumivelmente em conseqüência da isquemia miocárdica e do desenvolvimento de arritmias ventriculares malignas. (SISSON, 2004). Em alguns cães, o colapso ao exercício é resultado da hipotensão precipitada por aumentos na pressão ventricular esquerda, ativação dos mecanorreceptores ventriculares e bradicardia ou vasodilatação inadequada. (SISSON, 2004). 4.3.4. ACHADOS CLÍNICOS Os achados clínicos da ESA variam com a gravidade da obstrução e com presença de defeitos cardíacos concomitantes. Os achados clínicos dos filhotes com ESA moderada freqüentemente são sutis e facilmente omitidos. Caninos assintomáticos apresentam sopro de ejeção de suave à moderadamente intenso, que pode ser facilmente confundido com sopro cardíaco inocente ou funcional. (SISSON, 2004). A diferença é que o sopro patológico possui uma maior intensidade sobre a base esquerda do coração e se mantém estável ou aumentando, enquanto o sopro inocente tende a existir apenas em filhotes e costuma desaparecer após os seis meses de idade. (O´GRADY, 1989). A maioria dos cães com estenose subaórtica triados durante o exame clínico são assintomáticos, e o achado ocorre de forma ocasional durante avaliações antes de viagens, durante processo vacinal ou nas consultas por outros problemas. (O´GRADY, 1989). Em casos leves, um sopro de ejeção pouco irradiado e suave, pode ser a única anormalidade encontrada durante o exame físico. (WARE, 2006). Segundo estudos realizados por O'Grady (1989) em cães da raça Golden Retriver, dos cães com diagnostico de estenose subaórtica cerca de 44% apresentavam apenas sopros leves de grau I/VI ou II/VI. Por outro lado, a identificação da ESA grave não é difícil, já que o sopro geralmente se torna mais alto e mais prolongado quando há obstrução grave. (SISSON, 2004). Nos cães com alterações leves o sopro é breve, ocorrendo apenas durante a primeira terça parte da sístole (“protosystolic”). E nos cães severamente comprometidos, o sopro ocorre durante toda a sístole. (O´GRADY, 1989). Visto que as lesões da ESA podem desenvolver-se durante o período pós-natal, o sopro pode tornar-se crescentemente de forma proeminente durante os primeiros 6 meses de vida. (SISSON, 2004). Os achados característicos ao exame físico em cães com estenose moderada a grave incluem o pulso femoral fraco e de elevação tardia (pulsus parvus et tardus), frêmito precordial sobre a base esquerda do coração e ausência de pulso jugular; pode também haver evidências auscultatórias de edema pulmonar e arritmias. (WARE, 2006). Os animais gravemente acometidos também podem estar assintomáticos. De forma ocasional, eles podem apresentar-se com cansaço ao exercício, síncope ou insuficiência congestiva do lado esquerdo. A morte súbita, sem sinais premonitórios, é comum. (SISSON, 2004). De forma resumida a sintomatologia, quando ocorre, é reflexo de uma grave falha circulatória, sendo: a fraqueza resultado da redução do aporte sanguíneo à musculatura esquelética; a síncope resultado da falha na oxigenação cerebral; e as arritmias ventriculares reflexo da hipóxia de miocárdio. (O´GRADY, 1989). O achado típico durante a auscultação de cães com essa enfermidade é um sopro de ejeção sistólica e ruidoso auscultado com sua máxima intensidade no hemitórax esquerdo na área correspondente à valva aórtica ou um pouco abaixo. (WARE, 2006; O´GRADY, 1989). Em alguns cães, o sopro sistólico é tão alto ou mais alto na base cardíaca direita, presumivelmente por irradiação para a aorta ascendente acompanhando o arco aórtico. Freqüentemente o sopro também pode irradiar-se para as artérias carótidas e até para a calvária. (SISSON, 2004; WARE, 2006). Em alguns cães acometidos, o sopro sistólico é acompanhado por sopro diastólico suave secundário à insuficiência valvular aórtica. Vários cães apresentam ESA tanto quanto regurgitação mitral, mas estes em geral são de difícil identificação por apresentarem uma sincronização similar e áreas de superposição de intensidade máxima. (SISSON, 2004). 4.3.5. DIAGNÓSTICO As anormalidades radiográficas podem ser sutis, principalmente em animais com ESA discreta, podendo o ventrículo esquerdo se apresentar normal ou aumentado (hipertrofia). (WARE, 2006) A dilatação pós-estenótica da aorta ascendente é observado ao RX por uma perda da cintura cranial na radiografia lateral e alargamento do mediastino cranialmente na radiografia dorsoventral. Nos cães com ESA moderada ou grave, é comum aumento atrial esquerdo médio, no entanto o aumento atrial esquerdo acentuado sugere regurgitação mitral concomitante. (SISSON, 2004; WARE, 2006). Nas observações de O´Grady (1989), a maioria dos casos de ESA a radiografia apresenta o ventrículo esquerdo de tamanho normal e, além disso, a verificação radiográfica da dilatação pós-estenótica da aorta é freqüentemente dificultada por causa da sobreposição da imagem com mediastino cranial. O eletrocardiograma freqüentemente está normal, mas nos casos graves pode indicar hipertrofia ventricular esquerda refletida pelas amplitudes aumentadas da onda R ou desvio do eixo esquerdo. A depressão do segmento ST e as alterações da onda T sugerem isquemia miocárdica, particularmente quando essas alterações são desencadeadas pelo exercício ou ocorrem na companhia de ectopia ventricular. (SISSON, 2004). As principais alterações de QRS, segmento ST e onda T são observadas nas derivações DII e aVF; e as taquiarritmias ventriculares são comuns. (WARE, 2006). Comparando ao eletrocardiograma em repouso, os estudos ECG Holter de 24 horas oferecem um método mais sensível para detectar arritmia ventricular e alteração do segmento ST, em particular quando tais alterações são desencadeadas através do exercício. A gravidade das arritmias detectadas freqüentemente está relacionada á gravidade da doença, mas nem sempre existe esta correlação. (SISSON, 2004). A ESA de moderada a grave é facilmente confirmada pela ecocardiografia 2D. Os achados típicos incluem hipertrofia ventricular esquerda concêntrica, estreitamento subaórtico (em alguns casos, podendo evidenciar-se um discreto anel de tecido logo abaixo da valva aórtica, podendo ser uma lesão obstruída fibrosa ou fibromuscular) e dilatação pós-estenótica da aorta. As extremidades dos músculos papilares e vários segmentos do miocárdio ventricular com freqüência aparecem hiperecóicos (aumento da ecogenicidade subendocárdica), presumivelmente refletindo as alterações fibróticas induzidas pela isquemia crônica. O fechamento prematuro da valva aórtica; além de alterações estruturais na válvula mitral também podem ser apreciadas com freqüência (o movimento anormal da válvula atrioventricular esquerda, também conhecido com movimento anterior sistólico, pode ser detectado nos cães com displasia da válvula mitral coexistente e/ou obstrução dinâmica. (SISSON, 2004; WARE, 2006). Muitas das alterações descritas acima não são observadas nos cães com ESA brada, sendo assim faz-se necessário a utilização de ecocardiografia Doppler e/ou angiocardiografia e/ou cateterização cardíaca. Desde 1960 até meados de 1990 a cateterização cardíaca era considerada como “teste ouro” para identificar e quantificar a ESA. Mas atualmente, a ecocardiografia com Doppler é claramente o melhor método diagnóstico por se tratar de uma técnica não invasiva e possui maior sensibilidade para detectar estenoses brandas por não necessitar de anestesia, ou seja, a pressão é mensurada sem que ocorra a depressão miocárdica da anestesia. (O´GRADY, 1989). A cateterização cardíaca e angiografia são atualmente utilizadas com menor freqüência para diagnosticar ou quantificar defeito, mas são comumente utilizadas em conjunto durante a técnica de dilatação por balão. (WARE, 2006). A investigação com a ecocardiografia Doppler nos casos de TFSVE parece ser o meio mais sensível de verificar a lesão obstrutiva branda. (SISSON, 2004). A turbulência sistólica que se origina abaixo da válvula aórtica e se estende para dentro da aorta, bem como as altas velocidades sistólicas máximas da via de saída, podem ser identificadas. (WARE, 2006). A gravidade da doença freqüentemente é estimada medindo-se a velocidade máxima do fluxo no TFSVE. Gradientes derivados do Doppler apresentam correlação excelente com medidas invasivas. (SISSON, 2004). Em geral os gradientes de pressão sistólica estimado pelo Doppler em animais não anestesiados são geralmente 40% a 50% mais altos que aqueles registrados durante cateterização cardíaca, que é realizada em pacientes anestesiados. (WARE, 2006). As medidas Doppler a partir de registros feitos com o transdutor na localização subcostal em geral são mais altas do que aquelas feitas a partir da janela apical esquerda ou da incisura supra-esternal. Entretanto, rotineiramente várias janelas são avaliadas, pois a melhor localização para o alinhamento ideal varia de um paciente para outro. (SISSON, 2004). Gradientes de pressão estimados pelo Doppler entre 75 e 100 mmHg (velocidade de fluxo máximo variando de 4,3 a 5,0m/s) indicam obstrução do TFSVE. (SISSON, 2004). E gradientes estimados em mais de 100 e 125 mmHg indicam obstrução grave. (WARE, 2006). Como acontece nos cães com EP, essas designações são um pouco arbitrárias. Os registros de Doppler com fluxo colorido também são valiosos para detectar e estimar a gravidade da insuficiência valvular aórtica ou mitral coexistente. (SISSON, 2004; WARE, 2006). A detecção da ESA branda por ecocardiografia Doppler permanece algo controvertida, especialmente se o alinhamento do feixe do Doppler com o fluxo de saída do ventrículo esquerdo estiver aquém do ideal. O limite superior para a velocidade aórtica nos cães normais não está bem estabelecida, e outras condições além da ESA branda podem causar elevação ligeira nas velocidades aórticas. (SISSON, 2004; WARE, 2006). A velocidade aórtica máxima nos laboratórios dos autores é de 1,7m/s. Valores acima de 2,2m/s são encarados como indicativos de ESA branda, e valores de 1,7 a 2,2m/s são encarados como equívocos. O diagnóstico de ESA branda é mais seguro quando as medidas da velocidade medianamente elevada estão acompanhadas por fluxo perturbado ou quando o fluxo da velocidade repentinamente se acelera sobre uma região discreta no TFSVE. (SISSON, 2004). A limitação de uso do gradiente de pressão estimado para obter informações sobre a gravidade da obstrução é que este depende do fluxo sanguíneo que por sua vez pode sofrer alterações, como: estimulação simpática, aumento do débito cardíaco (excitação, febre), drogas cardiodepressoras, dentre outras. (WARE, 2006). Recentemente, o cálculo da área do orifício esquerdo efetivo indexado da obstrução da via da saída do ventrículo esquerdo foi proposta como uma forma de contornar a limitação do cálculo do gradiente de pressão. (WARE, 2006). 4.3.6. TRATAMENTO E PROGNÓSTICO Os cães com ESA branda não são tratados, necessitando apenas de avaliações periódicas para acompanhamento da evolução clínica. (SISSON, 2004). E de maneira geral, muitos cães levemente afetados vivem uma vida normal mesmo sem tratamento. (DARKE, 2000). Dado o risco eminente de endocardites bacterianas, um maior cuidado na terapia antibacteriana com estes pacientes deve ocorrer principalmente durante procedimentos cirúrgicos, odontológicos e na presença de feridas cutâneas. A eficácia desta abordagem ainda não foi comprovada. (SISSON, 2004; DARKE, 2000). A restrição de exercícios é recomendada para todos os pacientes, em especial para os com ESA de moderada a grave, pois a morte súbita ocorre com freqüência durante logo após exercícios vigorosos. E teoricamente os sinais clínicos de insuficiência cardíaca congestiva podem ser amenizados com diuréticos e inibidores da ECA. (SISSON, 2004; WARE, 2006). Os dilatadores arteriolares são relativamente contra-indicados nos casos de obstrução da via de saída, mas os inibidores da ECA podem ser usados em dosagens baixas, com extrema cautela e monitoração da pressão arterial para prevenir hipotensão. (DARKE, 2000). Segundo Sisson (2004) o atenolol é o fármaco mais utilizado, mas outros também podem ser empregados. Os -bloqueadores reduzem a freqüência cardíaca máxima e diminuem o consumo de oxigênio pelo miocárdio, reduzindo desta forma a hipóxia e refletindo em melhora eletrocardiográfica (reduz alterações em ST e extra-sístoles ventriculares). Além disso, os cães com doses elevadas de são menos capazes de praticar exercícios vigorosos prolongados e, sendo assim, seguem a recomendação de repouso. De forma geral os animais com gradiente de pressão muito alto e com arritmias severas (algumas vezes com histórico de síncope) são provavelmente os que mais se beneficiarão com esse tratamento. Embora não esteja esclarecido se os -bloqueadores prolongam a sobrevida. (WARE, 2006). Quando se opta por um procedimento cirúrgico para amenizar a estenose algumas opções são descritas pela literatura. Sendo necessária uma circulação extracorpórea e cirurgia de coração aberto para chegar diretamente à lesão e realizar a ressecção cirúrgica da membrana estenótica, e claramente oferecer a melhor oportunidade para reduzir de forma substancial e permanente o gradiente de pressão sistólica. (SISSON, 2004; WARE, 2006). Infelizmente, mesmo o procedimento bem sucedido não exclui a ocorrência final de morte súbita. (SISSON, 2004). E sendo assim, não encontrou nenhuma melhora na taxa de sobrevida a longo prazo quando comparada com cães que não sofreram este procedimento. (WARE, 2006). A dilatação com balão da área estenosada têm reduzido o gradiente de pressão em alguns cães, mas pode-se desenvolver reestenose parcial com o passar do tempo. E da mesma forma não foi doado nenhum benefício na sobrevida quando este procedimento foi adotado. (WARE, 2006). A dilatação por balão em cães com ESA é mais difícil e mais arriscada do que a valvuloplastia com balão em cães com EP. Pois pode ocorre arritmia fatal durante a inflação, avulsão da artéria braquiocefálica durante a retirada do balão e o desenvolvimento de endocardite aórtica entre 1 ou 2 semanas após o procedimento. (SISSON, 2004). Várias alternativas podem ser consideradas para os cães com ESA de moderada a grave, porém as maiorias são de valores questionáveis e/ou não comprovados. Sendo necessária uma avaliação correta dos benefícios de cada opção. O prognóstico nos casos de estenose grave é reservado, e cerca de 50% dos cães severamente acometidos apresentam morte súbita antes dos 3 anos de idade. E a prevalência global de morte súbita em cães com ESA de variados graus é de cerca de 20%. (WARE, 2006). O prognóstico pode piorar nos casos de associação com outras patologias cardíacas congênitas ou nos casos do desenvolvimento de endocardites bacterianas e/ou insuficiência cardíaca congestiva. (SISSON, 2004; WARE, 2006). A historia natural da ESA foi relatada em uma pesquisa retrospectiva de 96 cães acometidos examinados entre 1967 e 1991. Desses cães, 21 morreram repentinamente, em geral dentro dos primeiros 3 anos de vida. Onze cães desenvolveram endocardite (6 cães) ou insuficiência cardíaca (7 cães) e 32 cães evidenciaram intolerância ao exercício ou síncope. (SISSON, 2004). Segundo observações de O´Grady (1989), a maioria dos casos de ESA possui uma vida longa quando comparada com outras patologias congênitas. Se a estenose é branda a expectativa de vida do animal não é afetada, possuindo assim um bom prognóstico. 5. CONCLUSÃO As doenças cardíacas congênitas, quando brandas apresentam sutis ou nenhuma sintomatologia, mas podem muitas vezes ser identificadas pelo médico veterinário durante exames de rotina, como vacinações e avaliação de filhotes. Para identificarmos estes pacientes, a ausculta deve ser realizada durante alguns minutos, em local silencioso e preferencialmente com o animal calmo. As alterações mais severas, normalmente possuem repercussão clínica que induz o proprietário a procurar o médico veterinário e durante consulta podemos direcionar o exame físico para investigar com maior acurasse as alterações cardio-respiratórias. Em ambos os casos, na suspeita de alterações cardíacas congênitas considero importante a realização de exames complementares que possam confirmar ou direcionar o diagnóstico e auxiliar na decisão do tratamento. Dentre os exames cabíveis, a Ecocardiografia com Doppler na minha concepção é o mais completo, pois mesmo sendo não invasivo, avalia a morfologia das estruturas cardíacas e vasos principais, além de definir característica do fluxo sanguíneo e gradientes de pressão. O exame de Ecocardiografia com Doppler foi citado com importante método diagnóstico nas três alterações cardíacas congênitas estudadas neste trabalho. E nos grandes centros, este exame é considerado de fácil acesso e de custo intermediário; se tornando a mais importante ferramenta para a identificação precoce dos animais com malformações cardíacas. Após o diagnóstico deve-se definir o tratamento a ser realizado baseado na gravidade da alteração e na melhora da condição de vida deste paciente, de maneira geral deve optar-se por tratamento apenas clínico e/ou correção cirúrgica. 6. BIBLIOGRAFIA ARORA, Manju. Reversed patent ductus arteriosus in dog. The Canadian Veterinary Journal. v. 42, p. 471-472, 2001. BELERENIAN, G.C. Estenose Pulmonar. In: BELERENIAN, G.C.; MUCHA, C.J.; CAMACHO, A.A. Afecções Cardiovasculares em Pequenos Animais. São Paulo: Interbook, 2003. cap.11, p.126129. BORJRAB, M.J. Técnicas atuais de cirurgia de pequenos animais. 3.ed. São Paulo: Roca, 1996. cap. 37, p. 467-478. CAMACHO, Aparecido Antonio; MUCHA, Carlos José. Semiologia do sistema circulatório de cães e gatos. In: FEITOSA, Francisco Leydson (Ed.). Semiologia Veterinária: Arte do Diagnóstico. São Paulo: Roca, 2004. cap. 6, p. 282-311. DARKE, P.; BONAGURA, J.D.; KELLY, D.F. Atlas Ilustrado de Cardiologia Veterinária. Tradução de Patrícia Soares Lacerda Neme. São Paulo: Manole. 2000. cap. 12, cap. 13, cap. 21, p.77-79, p. 80-84, p.132. FANTONI, D. T. Anestesia no cardiopata. In: FANTONI, D. T.; CORTOPASSI, S. R. G. Anestesia em cães e gatos. São Paulo: Roca, 2002. p.294-320. FER ANDEZ DEL PALACIO, M. J. et aI. Persistent left cranial vena cava associated with ultiple congenital anornalies in a six-week-old puppy. Journal or Small Animal Practice, v.38, p. 526530, 1997. GHOSHAL, N.G. Coração e artérias do carnívoro. In: GETTY, Robert. Anatomia dos animais domésticos. Tradução de Alzido de Oliveira et al. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, © 1986. cap. 55, p. 1497-1550. GLAUS, Tony M. et al. Catheter losure of patent ductus arteriosus in dogs: variation in ductal size requires different techniques. Revista on line: Sciencedirect. Disponível em 14 February 2006. Acessado em 16/07/08 às 18hs. GOODWI, J. K. Cardiopatias congênitas. In: TILLEY, L. P.; GOODWIN, J. K. Manual de cardiologia para cães e gatos. São Paulo: Roca, 2002. p. 259-276. GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 10.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002, cap. 32, p. 362-363. HEDERSON, R. A.; JACKSO , W. F. Coração e grandes vasos. In: BORJRAB, M. J. Cirurgia dos pequenos animais. Botucatu: ROCA, 1983, p.491-522. HOLT, D. et aI. Esophageal obstruction caused by a left aortic arch and an anomalous right patent duclus arleriosus in two Gerrnan Shepherd Iittermates. Veterinary Surgery, v. 29, p. 264-270, 2000. JONES, Thomas Carlyle; HUNT, Ronald Duncan; KING, Norval William. Patologia Veterinária. Tradução de Fernando Gomes do Nascimento. 6.ed. São Paulo: Manole, 2000. cap. 21, p. 991995. KIENLE, R. D. Congenital Pulmonic Stenosis. In: KITTLESON, M. D; KIENLE, R. D. Small Animal Cardiovascular Medicine. St. Louis, Mosby, 1998. p. 248-59. McE TEE, K. et aI. Clínical vignette: tetralogy of Fallot associated with a patent duclus arleriosus in a German shepherd dog. Journal or Veterinary Internal Medicine, v. 12, p. 53-55, 1998. MERK. Manual Merck de Veterinária. 8.ed. AIELLO, Susan E., MAYS, Asa (Ed.).São Paulo: Roca, 2001, p.55-59. O´GRADY, Michael R., HOLMBERG, David L., MILLER, Craig W. COCKSHUTT, Joanne R. Canine Congenital aortic stenosis: A review of the literature and commentary. The Canadian Veterinary Journal. v. 30, p. 811-815, Oct., 1989. SISSON, D. David; THOMAS, Willliam P.; BONAGURA, J. D. Cardiopatia Congênita. In: ETTINGER, Stephen; FELDMAN, Edward C. (Ed.) Tratado de Medicina Interna Veterinária: doenças do cão e do gato. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, © 2004. V.1, cap. 112, p.788-817. STOPIGLIA, A.J. et al. Persistência do ducto arterioso em cães: revisão. Rev. Educ. Contin. CRMV-SP, São Paulo, v. 7, n. 1/3, p. 23-33, 2004. TIDHOLM, A. Retrospective study of congenital heart defects in 151 dogs. J Small Anim Pract, 1997; v. 38, p. 94-98. WARE, Wendy A. Anomalias Cardíacas Congênitas Comuns. In: NELSON, R.W., COUTO, C.G. (Ed.). Medicina Interna de Pequenos Animais. 3.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. cap. 9, p. 147-163. WHITE, Pan. Treatment of patent ductus arteriosus by the use of an Amplatz canine ductal occluder device. The Canadian Veterinary Journal. v. 50, p. 401-404, Apr., 2009.