Estrutura antigênica da Salmonella Liliane Miyuki Seki [email protected] Salmonella Classificação atual (Popoff, 2001) Família Enterobacteriaceae Gênero Salmonella Espécies: S. enterica subspécie enterica 1478 salamae 498 arizonae 94 diarizonae 327 houtenae 71 indica 12 S.bongori Atualmente um total de 2501 sorovares 21 Estrutura Bacteriana Antígeno Somático- “O” ( Ohne) ¾ Representa a parte mais externa da parede celular ¾ ¾ ¾ ¾ ¾ (lipopolissacarídeo) Contém unidades de cadeias repetidas de açúcares (especificidade do antígeno) São termoestáveis (1 hora a 100º C) e resistêntes ao álcool e ácidos diluídos São hidrofílicas e tornam a bactéria estável em suspensão homogênia em solução salina Possuem 67 diferentes antígenos “O” Tem sido designados atualmente por números arábicos Antígeno Flagelar – “H” (Hauch) ¾ ¾ ¾ ¾ ¾ ¾ Representa o grupo determinante de uma proteína flagelar denominada flagelina São termolábeis à 100º C e sensíveis ao álcool, mas resistem a sol. formol 0,5% A maioria possuem 2 fases de antígenos flagelares Na fase 1 ou fase específica os antígenos são designados pelas letras minúsculas ( a, b, c, d ,... z, z1, z2, z3, etc.) Na fase 2 ou não- específica os antígenos são designados pelos números arábicos como 1, 2, etc. Em alguns sorovares os antígenos flagelares da fase 1 podem ocorrer na fase 2 (e,n,x,z,s) Antígeno de Superfície ou Envoltório (Vi) ¾ S.Typhi ,S.Paratyphi C e S.Dublin formam este antígeno, como uma camada que cobre o lado externo da parede celular ¾ É um polissacarídeo que quando totalmente desenvolvido, confere aglutinação pelo antissoro “Vi” e não pelo antissoro “O” ¾ São termolábeis e podem ser removidos pelo aquecimento a 100º C/ 10-15 minutos Antígeno de Superfície- “M” ¾ S.Paratyphi B produz este antígeno, que é um polissacarídeo extracelular, formando colônias mucóides, quando culturas são mantidas em temperaturas de 22º C ¾ Assemelham-se aos antígenos capsulares de Klebsiella tipo 13 ¾ Podem ser removidos pelo aquecimento a 100º C / 2 horas e meia Antígenos Fimbriais- “F” ¾ São apêndices filamentosos, somente visíveis ao microscópio eletrônico, dispostos na superfície da célula bacteriana ¾ São antigênicas e produzem antissoros aglutinantes antifimbriais em título elevados ¾ Interferem na aglutinação somática ¾ São destruídas pelo aquecimento a 100º C por 1 hora Variações Antigênicas As estruturas antigênicas estão sujeitas as variações, sendo importante o seu conhecimento para uma correta interpretação na identificação dos sorotipos Variação da estrutura somática (S-R) ¾ Natureza genotípica ¾ A variação das cepas lisas (“S”- Smooth) para cepas rugosas (“R” - Rough) através de alterações do antígeno “ O” ¾ Ocorrem também mudanças na morfologia colonial, tornando-se rugosa, sem brilho, larga, irregular ¾ Em solução salina são autoaglutináveis ¾ Impede o diagnóstico antigênico Variação de superfície( V-W) ¾ Natureza fenotípica ¾ Isso acontece quando ha perda do antígeno “Vi” sem afetar os antígenos “O” e “H” ¾ Avaliação epidemiológica de S. Typhi ¾ A transformação é feita de maneira gradativa, havendo o aparecimento de uma fase “V-W”em indivíduos em fase “Vi”e em fase “W” ¾ Esses estágios intermediários durante a perda do “Vi”, onde a cepa é aglutinável tanto com antissoros “Vi”e “O” são chamados de formas “V-W” Variações Mediadas por Fagos ¾ São mudanças na fórmula estrutural do antígeno “O” ¾ São induzidos por bacteriófagos lisogênicos de conversão, resultando em um novo sorotipo ¾ Exemplo: S. Newington é convertido por um fago em S.Anatum ¾ Os fatores ambientais contribuem para a grande variedade de sorotipos de Salmonella Variação de superfície- “M-N” ¾ É a mudança da forma mucóide (M)para a forma normal não mucóide (N) ¾ Pode ser eliminado pelo aquecimento a 100º C / 2 horas Variação flagelar (OH-O) VARIAÇÃO DA FASE MÓVEL (OH) PARA FASE IMÓVEL (O) ¾ Ocorre devido a perda ou alteração do sistema enzimático responsável pela síntese da flagelina ¾ Há uma diminuição dos antígenos flagelares ¾ Para obter uma população de células móveis, ricas em antígeno “H”, utiliza-se o tubo de Craigie VARIAÇÃO DE FASE FLAGELAR (H) ¾ A maioria das Salmonellas ocorrem em 2 fases flagelares (difásicas) ¾ Quando esta apresenta apenas uma das fases, a sorotipificação não pode ser realizada ¾ Então utiliza-se o tubo de Craigie Esquema de Kauffmann-White ¾ Contém informações de espécies, sub-espécies e as fórmulas antigênicas de todos os sorovares ¾ 1a coluna apresenta a estrutura somática: Ex: grupo A (O:2), grupo B (O:4), grupo C 1 (O:6,7), grupo C2 (O:6,8,20), grupo D ( O:9), grupo E1 (O:3,10) ¾ 2a e 3a colunas apresentam as estruturas flagelares: Ex: S.Typhimurium: 1,4,[5],12: i :1,2 S.Enteritidis: 1,9,12: g,m: S.Typhi: 9,12, [Vi] : d: - Características diferenciais das espécies e subespécies de Salmonella Espécies S.enterica S.bongori Subspécie Características enterica salamae arizonae diarizonae houtenae indica Ducitol + + - - - d + ONPG (2h) - - + + - d + Malonato - + + + - - - Gelatinase - + + + + + - Sorbitol + + + + + - + Crescimento KCN - - - - + - + L(+) Tartarato + - - - - - - Galacturonato - + - + + + + Gama glutamyltransferase +* + - + + + + Beta-glucuronidase d d - + - d - Mucato + + + - (70%) - + + Salicina - - - - + - - Lactose - - - (75%) + (75%) - d - Lise- Fago O1 + + - + - + d Habitat normal Animais de sangue quente *S.Typhimurium d, S.Dublin (-) d=diferentes reações Animais de sangue frio e meio ambiente Outras subespécies não pertencentes a S.enterica são indicadas de acordo com os símbolos abaixo: ¾ S.enterica subsp.salamae- II ¾ S.enterica subsp.arizonae- IIIa ¾ S.enterica subsp.diarizonae- IIIb ¾ S.enterica subsp.houtenae- IV ¾ S.enterica subsp.indica- VI Nomenclatura Atual Salmonella enterica subsp.enterica sorovar Enteritidis Salmonella enterica sorovar Enteritidis Salmonella Enteritidis Fórmula antigênica da Salmonella : O [Vi] : H1 : H2 Salmonella O4: i : O4: -: 1,2 ?????? Inversão de fase: -liquefazer o meio de Craigie + 2 gotas do antissoro Hi ou H1,2 -semear a cepa no interior do tubo Diferenciação Bioquímica de Biossorotipos de Salmonella enterica subspécie enterica S.Paratyphi A S.Paratyphi B S.Paratyphi B biossorovar Java H2S - + + Citrato de Simmons - + + Lisina (Descarboxilação) - + + Xylose - + + d -tartarato - - + S.Paratyphi A 1,2,12: a :[1,5] S.Paratyphi B 1,4,[5],12: b :1,2 S.Paratyphi B biossorovar Java 1,4, 5,12: b :[1,2] Características bioquímicas diferenciais de sorovares que tem a mesma fórmula antigênica Ducitol H2S Mucate Paratyphi C (Vi+ ou Vi-) + + - Choleraesuis* - - - Choleraesuis var.Kunzendorf - + - Choleraesuis var. Decatur + + + Typhisuis** - - - **S Typhisuis ( colônias pequenas , d- tartarato negativo) *Choleraesuis ( d- tartarato positivo) Paratyphi C 6,7,[vi]: c:1,5 Choleraesuis 6,7 :c:1,5 Choleraesuis var.Kunzendorf 6,7 :c:1,5 Choleraesuis var. Decatur 6,7 :c:1,5 Typhisuis 6,7 :c:1,5 Diferenciação bioquímica entre S.Typhi, S. Paratyphi e sorovares de S. enterica subsp. enterica mais freqüente S.Typhi S.Paratyphi A S.enterica subsp. enterica - + + Ducitol +/- + + Arabinose -/+ + + Descarboxilação lisina + - + Descarboxilação ornitina - + + Dehidrolação arginina +/- + + H2S +* - / (+) + - - + Glicose (gás) Citrato de Simmons +: positivo; -: negativo; (+) 75% positivo após 48 horas; * lentp Diferenciação bioquímica de S.Pullorum e S.Gallinarum S.Pullorum S.Gallinarum Descarboxilação ornitina + - Gás de Glicose + - Ducitol - + D- tartarato - + Fórmula antigênica: 1,9,12 : - : - Principais cuidados ¾ Não utilizar crescimento a partir de meios de cultura que ¾ ¾ ¾ ¾ contenham carboidratos Suspensão utilizando salina (0,85% NaCl) Turbidez próxima do tubo 3 da escala de MacFarland (+/1,5 mL) Cultivos recentes de 24 horas de crescimento a 37º C Amostras com antígeno de envoltório, efetuar aquecimento em banho-maria a 100º C/ 15 min.