O GLOBO
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ECONOMIA
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AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
PÁGINA 32 - Edição: 9/05/2010 - Impresso: 8/05/2010 — 01: 21 h
ECONOMIA
Domingo, 9 de maio de 2010
O GLOBO
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Copa e Olimpíadas trazem R$ 1,5 bi ao Rio
Pelo menos 15 empresas já anunciam investimentos na cidade, em hotelaria, setor imobiliário e de serviços
Editoria de Arte
O mapa dos projetos
Bruno Rosa e
Henrique Gomes Batista
O Rio começa a colher os frutos de ser escolhida a sede das
Olimpíadas de 2016 e da Copa de
2014. Até o momento, os investimentos mapeados pelo
GLOBO somam R$ 1,452 bilhão,
de 15 empresas. A lista é extensa
e inclui novos hotéis, empreendimentos imobiliários, feiras e
infraestrutura em telecomunicações. Mas esse volume, contudo,
tende a aumentar:
— Recebemos por semana
três missões empresariais no Rio.
Antes da escolha como sede dos
Jogos era uma missão por semana, no máximo duas — disse o
secretário de Desenvolvimento
da prefeitura, Felipe Góes, que
lembrou que as missões, agora,
são mais diversificadas e não
apenas centradas em petróleo e
energia, como ocorria antes.
A maior parte dos valores
anunciados são no setor de hotelaria. Mas empresas diversas
reforçam os investimentos na cidade. Esse é o caso das gigantes
americanas IBM, que vai fazer do
Rio uma “Cidade Inteligente”, e
GE, que escolheu a capital fluminense como a única na América Latina para seu programa
“Cidades Sustentáveis”:
— Os Jogos foram fundamentais para a escolha. Nossa ideia é
aplicar e desenvolver soluções
completas de tratamento de
água, economia de energia, gerenciamento de infraestrutura e
obras — disse João Geraldo Ferreira, presidente da GE Brasil.
●
Barra vai ganhar primeiro
hotel butique da região
Todos estão de olho no Rio. A
cadeia Hilton e o Hotel Emiliano
já procuram espaços. Segundo
fontes do setor, o Grand Hyatt
finaliza a compra de um terreno
na Barra e estuda a abertura de
um espaço na Zona Portuária.
Empresários brasileiros, como
Jayme Drummond, também investem. Ele vai aplicar R$ 40
milhões em um hotel butique na
Barra, com 116 quartos, todos
com vista para o mar:
— Há uma carência nessa
área do Rio. Na Barra, o Rio se
esqueceu que é Rio. Temos que
nos preparar para esse futuro.
Escritórios de advocacia também selam parcerias com bancas
estrangeiras para agilizar os negócios na cidade. Foi o que aconteceu com a Campos Mello, que
selou acordo com a DLA-Piper. E
já contabiliza em R$ 210 milhões
os investimentos das incorporadoras Inverrio Mallorca, da Espanha, e Temple, de Portugal.
— Eles compram terrenos pa-
ENTREVISTA
Leonardo Paixão
Mão de obra
qualificada é
gargalo
DINHEIRO PARA A CIDADE
Oi
Inverrio Mallorca
(incorporadora da Espanha)
Temple (incorporadora
de Portugal)
Compra de terrenos, a
maior parte na Barra
Compra de
terrenos, a maior
parte na Barra
R$ 60 milhões
R$ 46,275 milhões
(valor com base
no que foi investido em
infraestrutura durante os
Jogos Pan Americanos)
R$ 150 milhões
NEP Empreendimentos
(incorporadora)
● O maior entrave aos
investimentos no Rio é a
falta de mão de obra qualificada. Segundo empresários, a cidade corre o
risco de ter que “importar” trabalhadores. E, até
nas profissões que exigem uma qualificação
mais básica, há carência
de profissionais com treinamento adequado. Segundo Marcus Carruthers, diretor de Cursos
de Nichos da Universidade Estácio de Sá, Copa
e Olimpíadas vão gerar
ao menos 120 mil vagas
na cidade.
E a qualificação já virou
um novo filão de negócios. A Estácio vai lançar
em novos cursos. O empresário Jayme Drummond vai lançar em dois
meses o Hyper Saber, portal de ensino à distância,
com cursos voltados para
o setor hoteleiro:
A Associação Brasileira de Recursos Humanos
(ABRH) está investindo
R$ 1 milhão no Congresso Estadual de Recursos
Humanos, em junho no
Rio. O evento vai abordar
como o setor pode contribuir para a formação
de profissionais para os
eventos esportivos.
A Real Auto Ônibus investe R$ 50 mil para ensinar inglês a seus 800
motoristas. A prefeitura
do Rio ainda vai implantar inglês nos nove anos
do ensino fundamental.
R$ 37 milhões
(US$ 20 milhões)
Supreme Caxias (centro
empresarial com 165
salas e duas torres de
hotéis) + cinco hotéis
(como na Rodovia
Presidente Dutra)
Four Seasons*
R$ 140 milhões
(60 milhões de euros)
Rede estuda abrir hotel
na cidade
Empresário Jayme
Drummond
R$ 40 milhões
Glória Palace
(ex-Hotel Glória)
Hotel butique no
fim da barra
R$ 200 milhões
Reforma
Metalbagno Spazi
(marca de metais
sanitários e toalheiros)
TOTAL
Marina da Glória
R$ 150 milhões
R$ 1.452.375.000,00
Reforma
R$ 2,7 milhões
Fernandez Mera
Negócios (Imobiliária)
R$ 10 milhões
Construção de uma
sede no Rio e
lançamento de uma
nova marca, a Sol
RioCentro (GL events)
R$ 50 milhões
(R$ 28 milhões para
construção de um hotel
com 350 apartamentos
e outros R$ 22 milhões
para construção do sexto
pavilhão)
Grand Hyatt*
Hy
R$ 60 milhões
Construção de um hotel na
Constr
Barra com 300 quartos
Accor
Rede Acc
Hotel Nacional
R$ 100 milhões
Reforma e construção
de uma nova torre, que
será comercial
InterContinental
R$ 400 mil
Novo centro de
convenções
FEIRAS
Congresso Estadual de Recursos
Humanos (Em junho, no Centro)
R$ 1 milhão
ra uso residencial, comercial e
hotelaria — explicou Rodrigo de
Castro, do Campos Mello.
Com tanta procura na cidade
do Rio, os municípios vizinhos já
são beneficados. A incorporada
NEP aposta no Supreme Caxias,
um centro empresarial com 165
salas e duas torres de hotéis.
Além disso, vai levantar cinco
hotéis. O primeiro deles será na
Rodovia Presidente Dutra. Alfredo Lopes, presidente da Associação Brasileira da Indústria de
Hotéis do Rio de Janeiro (ABIHRJ), cita ainda Niterói:
— A tendência é que o investimento aumente mais. Só no
R$ 135 milhões em andamento e mais
R$ 271 milhões planejado
Seis hotéis (das bandeiras Ibis, Mercure e
Novotel) já em obras, mais outros cinco
empreendimentos devem ser anunciados em
breve, incluindo o Novotel Barra
Rio Sports Show
(em julho, no Píer Mauá)
Feira de Construção Pesada
(Em novembro, no RioCentro)
R$ 1 milhão
Rio, há 15 espaços sendo ampliados e 20 em reformas.
Entre as empresas, mais pujança. A Coca-Cola Brasil criou a
Equipe Copa do Mundo 2014,
cujo objetivo é definir os investimentos. Entre 2010 e 2014, a
companhia vai aplicar R$ 11 bilhões no país, sendo que o “Rio
vai receber uma parcela grande”,
diz Michel Davidovich, responsável pela equipe. A Oi, que investiu mais de R$ 46 milhões no
serviço de telecomunicações no
Pan Americano, em 2007, vai investir ainda mais com a Copa e as
Olimpíadas. A Embratel vai elevar os recursos em até 15%.
R$ 4,5 milhões
— É preciso apostar em centrais temporárias, por exemplo
— afirma Marcelo Miguel, diretor-executivo de Negócio Residencial da Embratel.
No setor de alimentos, a BestFork, dona dos restaurantes Laguiole, Giuseppe e Clube Gourmet, quer comprar espaços para
eventos e levar algumas de suas
bandeiras para a Barra.
Enquanto os Jogos não chegam, outros eventos esportivos
movimentam a cidade. O Rio
Sports Show, evento de fitness
que acontece no Píer Mauá, em
julho, vai investir R$ 1 milhão.
Ana Paula Leal Graziano, diretora
*Sem confirmação oficial das empresas.
OBS: Conversões feitas com base na cotação
do dólar de R$ 1,851 e do euro de R$ 2,34391
Fontes: empresas, associações e governo municipal
do projeto, afirma que este ano o
evento está 30% maior:
— Já há um efeito devido aos
eventos esportivos. Em 2011,
acontecem os Jogos Militares,
que é pouco conhecido.
Em 2015, o Rio vai sediar ainda
a SportAccord, a maior feira de
negócios esportivos do mundo.
Arthur Repsold, presidente da
GL Events, que administra o RioCentro, lembra que, a pedido das
empresas de construção pesada,
foi preciso antecipar uma feira
para o setor:
— A procura está muito
grande em função desse clima
esportivo na cidade.
.
Mas nem tudo é otimismo.
Abel Alves de Castro, diretor de
Desenvolvimento de Novos Negócios da rede francesa de hotéis
Accor, revela que é necessário
cautela nos investimentos:
— Fala-se muito dos Jogos,
mas é necessário pensar que um
hotel ficará depois dos jogos, os
eventos são efêmeros. Nós estamos construindo seis hotéis no
Estado e devemos ter mais cinco
projetos na cidade porque acreditamos, em muito, na demanda
do pré-sal — disse, antecipando
que o novo empreendimento a
ser anunciado será o segundo
Novotel, agora na Barra. ■
‘O momento da internacionalização é agora’
Novo presidente do Instituto de Resseguros prepara expansão no exterior. No Brasil, empresa mira de PAC a pré-sal
Em seis meses, o Instituto de Resseguros do
Brasil (IRB) será uma empresa privada e poderá não só
competir em condições de igualdade no mercado
interno, como também iniciar sua expansão no exterior.
Os alvos são América Latina e África, destinos das
BRASÍLIA.
Geralda Doca
O GLOBO: O que mudou para o
IRB com o fim do monopólio?
LEONARDO PAIXÃO: Passou a
ter de disputar mercado, embora não tenha se preparado
para isso. Agora, tem que correr atrás do prejuízo. Algumas
medidas são necessárias, como a reestruturação societária
e administrativa.
● Como será essa mudança?
PAIXÃO: Na reestruturação societária, o principal é a entrada
do Banco do Brasil por intermédio da sua holding (BB Seguros) no capital do IRB. A ideia
é expandir a fatia do banco, hoje
de menos de 1% para algo entre
25% e 30%. Além da força da
marca, expertise e canais de distribuição, o BB vai agregar ao
IRB conhecimento em gestão de
pessoas e tecnologia da informação. Como resultado desse
arranjo, o IRB terá como prin-
cipais acionistas a União e três
dos maiores bancos do mundo
(BB, Bradesco e Itaú-Unibanco).
● Qual será a participação da
União no novo desenho?
PAIXÃO: A União tem hoje 50%
do capital, mas isso corresponde
a 100% das ações ordinárias. A
ideia é que o IRB tenha apenas
ações ordinárias e que a União
mais o BB tenham algo em torno
de 49% delas, ficando o restante
com a iniciativa privada.
Como se dará o processo?
PAIXÃO: Primeiro, será feita
uma oferta pública sem acompanhamento da União, de forma
que o lado privado fique um
pouco maior. O segundo passo
será a venda de um pedaço da
participação da União ao BB.
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● Há planos de abertura do
capital?
PAIXÃO: É uma possibilidade,
mas só após dois ou três anos.
companhias nacionais no processo de internacionalização. Na sua primeira entrevista como presidente do
IRB, Leonardo Paixão, que assumiu oficialmente o cargo
ontem, contou detalhes da reestruturação da empresa.
Ele terá a missão de conduzir a transição da estatal para
A União continuará mandando no IRB?
PAIXÃO: Ela vai ser o principal
integrante de um bloco de controle, mas não vai mandar sozinha, como ocorre hoje.
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E a reestruturação administrativa?
PAIXÃO: O problema central
do IRB é a falta de investimento
em tecnologia da informação.
Estamos implantando um programa de modernização.
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Como será a expansão internacional?
PAIXÃO: Não é possível competir num mercado global tendo
todos os seus clientes e riscos no
Brasil. O IRB negocia no exterior
há setenta anos, só que como
cliente. Vai precisar fazer o caminho inverso. Além disso, conta com linhas evidentes de expansão por conta do crescimento da economia brasileira. O momento é agora.
●
Quais são as oportunidades?
PAIXÃO: O IRB tem bons negócios à vista no PAC, na Copa do
Mundo, nas Olimpíadas, no trembala, no pré-sal. São atividades
no Brasil que vão exigir seguro
aqui, que por sua vez vão exigir
resseguro, e o IRB tem uma posição privilegiada em relação aos
concorrentes estrangeiros por
conhecer melhor o Brasil e os
riscos das seguradoras nacionais.
uma empresa privada. Animado, disse ao GLOBO que
“o momento é agora”, de olho nos bons negócios que o
IRB tem pela frente como obras do Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC), Copa do Mundo,
Olimpíadas, trem-bala e pré-sal.
Simone Marinho/30-4-2010
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Quais são as perspectivas
para o mercado de resseguros
no Brasil?
PAIXÃO: O mercado segurador deve crescer a taxas superiores a 10% ao ano, ou seja,
acima do PIB, e o mercado
ressegurador, acima disso. ■
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O GLOBO NA INTERNET
a Leia a íntegra da entrevista
oglobo.com.br/economia
PAIXÃO, SOBRE nova estrutura do IRB: “União não vai mandar sozinha”
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1º Lugar - Reportagem - Henrique Gomes Batista