1
Universidade Federal de Juiz de Fora
Faculdade de Fisioterapia
Lílian Maria Silva
INFLUÊNCIA DO TIPO DE TREINAMENTO FÍSICO SOBRE A VARIABILIDADE DA
FREQUÊNCIA CARDÍACA APÓS EXERCÍCIO SUBMÁXIMO E SUA RELAÇÃO COM
A PRESSÃO ARTERIAL
Juiz de Fora
2011
2
Lílian Maria Silva
INFLUÊNCIA DO TIPO DE TREINAMENTO FÍSICO SOBRE A VARIABILIDADE DA
FREQUÊNCIA CARDÍACA APÓS EXERCÍCIO SUBMÁXIMO E SUA RELAÇÃO COM
A PRESSÃO ARTERIAL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Faculdade de Fisioterapia da Universidade Federal de
Juiz de Fora como requisito parcial à obtenção do
título de Graduação em Fisioterapia.
Orientadora: Profa. Drª. Lílian Pinto da Silva
Juiz de Fora
2011
3
Silva, Lílian Maria.
Influência do tipo de treinamento físico sobre a variabilidade da
freqüência cardíaca após exercício submáximo e sua relação com a
pressão arterial / Lílian Maria Silva.
83 f. : il.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia)—
Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2011.
1. Esportes – Aspectos médicos. 2. Frequência cardíaca. 3. Pressão
Arterial. I. Título.
CDU 613.71/.72:612
4
DEDICATÓRIA
À minha família por seu apoio incondicional, paciência, compreensão e amor.
Lílian Maria Silva
5
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, por terem sido o contínuo apoio em todos estes anos, ensinandome, principalmente, a importância da construção e coerência de meus próprios valores.
Às minhas queridas irmãs, por sempre estarem ao meu lado, pela amizade e
carinho na convivência.
À Profª Drª Lilian Pinto Silva, um exemplo de profissional, pelos ensinamentos,
paciência dedicação demonstrados durante todo o período. Obrigada pelo voto de
confiança!
À Profª. Gabriela Trevizani e a mestranda Isabelle Guedes por participarem da
Banca de Defesa deste TCC, proporcionando discussões e sugestões que servirão
para crescimento deste trabalho.
Ao professor Dr. Mateus Camaroti Laterza pela ajuda na elaboração do protocolo
de pesquisa.
Às amigas Ana Letícia, Diene, Juliana e Lílian Verardo pelo companherismo e
amizade, pela contribuição durante todo o processo de estudo.
Aos voluntários, que permitiram os resultados aqui encontrados graça à
disponibilidade e credibilidade depositadas.
À Deus, por ter me dado forças, garra e perseverança para vencer este desafio.
A todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização
deste trabalho, meus sinceros agradecimentos. Muito obrigada!
Lílian Maria Silva
6
RESUMO
OBJETIVO: Este trabalho avalia a variabilidade da frequência cardíaca (VFC) em
repouso e a correlação das medidas de VFC com medidas de pressão arterial durante o
período de recuperação pós-exercício submáximo entre indivíduos sedentários,
indivíduos praticantes de exercícios físicos predominantemente aeróbios ou resistidos.
MÉTODOS: Participaram deste estudo 30 voluntários (22,81 ± 0,71 anos), sadios e não
fumantes, divididos em três grupos experimentais: Sedentário (n = 11), Aeróbio (n = 10)
e Resistido (n = 9). Os experimentos foram realizados em três dias distintos: 1o. dia)
foram coletados os dados da VFC de repouso na posição supina e, em seguida, era
realizado um teste de aptidão aeróbia máxima; 2o.dia) foi realizada a coleta dos
batimentos cardíacos em repouso, em seguida, os voluntários eram submetidos a um
exercício submáximo (60% VO2 máx), com duração de 45 minutos no cicloergômetro, e
por fim, era realizada a coleta dos batimentos cardíacos durante a recuperação passiva
por um período de 60 minutos; 3o. dia) os voluntários eram submetidos aos mesmos
procedimentos do 2o. dia, porém sem a realização do exercício físico (sessão controle).
Para as comparações intergrupo dos dados coletados no primeiro dia do protocolo
experimental foi utilizada a análise de variância para medidas independentes (p<0,05),
enquanto para as comparações inter e intragrupo dos dados coletados no segundo e
terceiro dias do protocolo experimental foi utilizada a análise de variância de duas
entradas (p<0,05), ambas com post-hoc de Tukey. RESULTADOS: Não houve
diferença estatisticamente significativa entre os grupos em relação aos dados
antropométricos, potência aeróbia máxima, níveis pressóricos e medidas de VFC em
repouso. O exercício físico submáximo promoveu redução significativa da pressão
arterial sistólica no 20º. e 35º. minuto da recuperação no grupo aeróbio e, nestes
mesmos
períodos
da
recuperação,
os
valores
de
pressão
arterial
média
correlacionaram-se significativamente com as medidas de VFC (coeficiente de
correlação = - 0,72 e -0,67, respectivamente). Os achados do presente estudo mostram
que a prática regular de exercícios físicos aeróbios promove redução aguda dos níveis
pressóricos, associada à recuperação da VFC pós-exercício.
Palavras-Chaves: Variabilidade da Frequência Cardíaca; Pressão arterial; Treinamento
físico.
7
ABSTRACT
OBJECTIVE: This study evaluates the heart rate variability (HRV) at rest and correlation
of measures of HRV with blood pressure measurements during the recovery period after
submaximal
exercise
among
sedentary
individuals,
individuals
who
practice
predominantly aerobic exercise or resistance. METHODS: The study included 30
volunteers (22,81 ± 0,71 anos), healthy and no smokers, divided into three groups:
Sedentary (n = 11), Aerobic (n = 10) and Resistance (n = 9). The experiments were
performed on three different days: 1°. day) were collected HRV data at rest in the supine
position and then was performed a maximal aerobic fitness test; 2°.dia) was collected
heart rate at rest, then the volunteers were subjected to a submaximal exercise (60%
VO2 max), lasting 45 minutes on a cycle ergometer, and finally was made to collect the
heart rate during passive recovery for a period of 60 minutes, 3° day) the volunteers
were subjected to the same procedures of the 2°. day, but without the performance of
physical exercise (control session). For intergroup comparisons of data collected on the
first day of the experimental protocol was used for analysis of variance for independent
measures (p <0.05), while for inter-and intragroup comparisons of data collected in the
second and third days of the experimental protocol was used analysis of variance of two
inputs (p <0.05), both with post-hoc Tukey. RESULTS: There were no statistically
significant difference between groups in relation to anthropometric data, maximum
aerobic power, blood pressure and heart rate variability measures at rest. The
submaximal exercise promoted a significant reduction of systolic blood pressure at 20
degrees. and 35. minutes of recovery in the aerobic group and in these same periods of
recovery, mean arterial pressure values were significantly correlated with measures of
HRV (correlation coefficient = - 0.72 and -0.67, respectively). The findings of this study
show that regular aerobic physical exercise promotes acute reduction of blood pressure,
associated with the recovery of HRV after exercise.
Keywords: heart rate variability; blood pressure; Physical training
8
LISTA DE FIGURAS
Contextualização
Figura 1: Sinal de eletrocardiograma ..................................................................
13
Figura 2.A: Três ritmos distintos: alta frequência; baixa frequência e muito
baixa frequência.................................................................................................... 15
Figura 2.B: Sinal complexo resultante da combinação dos fenômenos
ondulatórios representados em 2A (equivalente à série temporal de iNN) .........
15
Figura 2.C: Resultado da análise espectral representada em 2B, com
identificação das três faixas de frequência...........................................................
16
Figura 3.A: Ilustração de um sinal de eletrocardiograma com extração dos
intervalos entre as ondas R (iRR).........................................................................
22
Figura 3.B: Construção da série temporal de iNN (tacograma) utilizada para o
cálculo dos índices do domínio do tempo.............................................................
35
Figura 3.C: Estimativa da função densidade espectral de potência (análise
espectral) por método não paramétrico (transformada rápida de Fourier- FFT)..
36
Figura 4: Representação do espectro de potência estimado a partir de uma
série temporal de intervalos RR normais.............................................................
37
Figura 5: Resposta da frequência cardíaca durante e após o exercício físico ...
23
Figura 6.A: Série temporal de iRR coletados durante 10 minutos....................... 35
Figura 6.B: Série temporal de iNN nos 5 minutos de menor variância
selecionados automaticamente e que foram considerados para o cálculo das
medidas de VFC...................................................................................................
35
Figura 7: Interface do software Kubios HRV Analysis, versão 2.0......................
36
Figura 8: Ilustração dos valores obtidos para índice RMSSD30 (círculos
pretos) durante os sessenta minutos de recuperação após a realização do
exercício submáximo............................................................................................
37
Artigo
Figura 1: Comportamento da pressão arterial entre os grupos experimentais....
55
Firgura 2: Comportamento do RMSSD30 em cada grupo estudado...................
56
9
LISTA DE TABELAS
Contextualização
Tabela 1: Descrição dos índices de VFC calculados no domínio do tempo e
suas interpretações fisiológicas correspondentes...............................................
14
Artigo
Tabela 1: Valores de média ± desvio padrão dos dados antropométricos, do
nível de aptidão aeróbia, da prática de exercícios físicos e da VFC de
repouso...............................................................................................................
54
10
SUMÁRIO
1. CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................................. 12
1.1. Variabilidade da frequência cardíaca .................................................. 12
1.2. Efeito do treinamento físico na variabilidade da frequência
cardíaca de repouso ....................................................................................
18
1.3. Variabilidade da frequência cardíaca pós-exercício físico ...............
20
1.4. Pressão Arterial...................................................................................... 23
2. OBJETIVOS .................................................................................................... 25
2.1. Geral .......................................................................................................
28
2.2. Específicos ............................................................................................
28
3. MÉTODO ........................................................................................................
29
3.1. Amostra .................................................................................................. 29
3.2. Procedimentos experimentais .............................................................
30
3.2.1. Anamnese ....................................................................................... 30
3.2.2. Aferição da pressão arterial .........................................................
30
3.2.3. Avaliação antropométrica ............................................................. 30
3.2.4. Avaliação do nível de atividade física habitual ........................... 31
3.2.5. Coleta dos batimentos cardíacos ................................................
31
3.2.6. Avaliação da potência aeróbia máxima ....................................... 31
3.2.7. Exercício submáximo ....................................................................
33
3.3. Protocolo experimental ........................................................................
33
3.4. Análise da VFC ......................................................................................
34
3.4.1. Análise da VFC de repouso ..........................................................
36
3.4.2. Análise da VFC pós-exercício e sessão controle .......................
37
3.5. Análise estatística ................................................................................. 38
4. BIBLIOGRAFIA ..............................................................................................
39
5. ARTIGO
1.Introdução ............................................................................................... 48
2.Metodologia.............................................................................................
49
11
3.Resultados ..............................................................................................
53
4.Discussão................................................................................................. 57
5. Conclusão ..............................................................................................
60
5.Referências.............................................................................................. 61
6. ANEXOS
1 - Termo de consentimento livre e esclarecido ..................................
64
2 - Parecer do CEP/HU/UFJF................................................................... 66
3 - Roteiro de entrevista e avaliação física............................................ 68
4 - Questionário de atividade física habitual ........................................
71
5 - Escala de categoria de Borg ............................................................. 74
6 - Questionário do nível de atividade física ........................................
75
7 – Normas de publicação....................................................................... 76
12
1 – CONTEXTUALIZAÇÃO
1.1- Variabilidade da Frequência cardíaca
A porção do sistema nervoso central que controla a maioria das funções
viscerais do organismo é chamada de sistema nervoso autônomo (SNA) com o
objetivo de manter o equilíbrio das funções do organismo (DÂNGELO;
FATTINI, 2002). Sendo assim, a atividade cardíaca é modulada por este
sistema através da atuação neural simpática e vagal. Esta ação autonômica
modula a capacidade intrínseca de geração e condução rítmica dos impulsos
que dão origem aos batimentos cardíacos. Dessa forma, o ritmo dos
batimentos cardíacos é regulado de acordo com as necessidades específicas,
tanto metabólicas como teciduais, e momentâneas do organismo (GUYTON;
HALL, 2002).
A estimulação dos nervos parassimpáticos provoca a liberação da
acetilcolina
nas
terminações
vagais.
A
acetilcolina
liberada
gera
hiperpolarização, tornando o tecido menos excitável e possuindo um período
muito curto de latência. Assim, este neurotransmissor provoca diminuição da
frequência rítmica de despolarização do nódulo sinoatrial (SA) além da
diminuição da velocidade de transmissão do impulso cardíaco para os
ventrículos (GUYTON; HALL, 2002).
A estimulação dos nervos simpáticos libera o hormônio noradrenalina
nas terminações simpáticas. Esta estimulação causa efeitos opostos aos da
estimulação vagal sobre o coração, aumentando a frequência e condução das
descargas do nódulo SA, o nível da excitabilidade e a força de contração de
toda a musculatura cardíaca, além de possuir um período muito curto de
latência, o que causa alterações mais lentas e duradouras dos batimentos
cardíacos (GUYTON; HALL, 2002).
A relação existente entre a influencia do SNA sobre o
funcionamento do sistema cardíaco e os altos índices de mortalidade
cardiovascular têm estimulado o desenvolvimento de ferramentas que
quantifiquem a modulação autonômica sobre o coração. Nesse sentido, a
variabilidade da frequência cardíaca (VFC) destaca-se por ser uma ferramenta
13
não-invasiva para investigação da modulação autonômica sobre o nódulo
sinoatrial (TASK FORCE, 1996).
A VFC é definida como a variação entre ciclos cardíacos consecutivos
de origem sinusal e para o seu cálculo é utilizada a duração dos intervalos
entre batimentos cardíacos normais (intervalo RR normal = iNN) (figura 1), os
quais são influenciados continuamente pela atuação do SNA, tanto simpático
como vagal (TASK FORCE, 1996).
Figura 1 - Sinal de eletrocardiograma com destaque para os intervalos entre as
ondas R (iRR), as quais representam a despolarização dos ventrículos que dá
origem ao batimento cardíaco. (TASK FORCE, 1996)
A análise de VFC é realizada a partir de medidas calculadas no tempo e
da frequência. As medidas no domínio do tempo são obtidas através de
variáveis estatísticas e geométricas, cujos índices calculados estão descritos
na Tabela 1. Já para a análise no domínio da frequência, a série temporal de
iNN é decomposta nos seus diferentes componentes de frequência, como
ilustrado na figura 2, dando origem a função densidade espectral de potência
ou espectro de potência (Figura 3). (T ASK FORCE, 1996).
As Sociedades Européia e Americana de Cardiologia, em 1996,
recomendaram que os estudos da VFC fossem realizados a partir da análise de
séries temporais de intervalos RR de curta duração (5 minutos), ou de séries
temporais de longa duração (24 horas) podendo ser extraídos do sinal
eletrocardiográfico ou captados com o uso de monitores de frequência
cardíaca.
14
Tabela 1: Descrição dos índices de VFC calculados no domínio do tempo e
suas interpretações fisiológicas correspondentes.
Índice
MNN
Unidade
ms
Descrição
Duração
média
intervalos
RR
Interpretação Fisiológica
dos
normais
(iNN)
Inversamente proporcional
à frequência cardíaca
Reflete
SDNN
ms
Desvio padrão dos iNN
a
modulação
simpática e vagal sobre o
coração
Raiz média quadrática das
RMSSD
ms
diferenças entre iNN
sucessivos
Reflete a modulação vagal
sobre o coração
Proporção de iNN
sucessivos que
pNN50
%
apresentam diferença de
Reflete a modulação vagal
duração superior a 50 ms
sobre o coração
em relação ao número total
de intervalos NN do sinal
Figura 2: A) Três ritmos distintos: alta frequência em verde (15 ciclos/min ou
0,25 Hz); baixa frequência em amarelo (6 ciclos/min ou 0,01 Hz) e muito baixa
frequência em vermelho (1 ciclo/min ou 0,016 Hz). B) Sinal complexo resultante
da combinação dos fenômenos ondulatórios (equivalente à série temporal de
iNN). C) resultado da análise espectral, com identificação das três faixas de
frequência.
Fonte: www.cardios.com.br/Jornais/jornal-20/metodos%20diagnosticos.htm
15
Figura 3: A) Ilustração de um sinal de eletrocardiograma com extração dos
intervalos entre as ondas R (iRR). B) Construção da série temporal de iNN
(tacograma) utilizada para o cálculo das variáveis do domínio do tempo. C)
Estimativa da função densidade espectral de potência (análise espectral) por
método não paramétrico (transformada rápida de Fourier – FFT). (Modificado
de TREVIZANI, 2009).
A análise espectral revela picos em determinadas frequências e, a partir
das implicações fisiológicas atribuídas a eles, o espectro de potência é dividido
nas seguintes bandas de frequência: ultra-baixa frequência - ULF (< 0,003 Hz),
presente apenas em sinais de longa duração; muito baixa frequência - VLF
(0,003 - 0,04 Hz); baixa frequência – LF (0,04 – 0,15 Hz) e alta frequência - HF
(0,15 – 0,40 Hz) (TASK FORCE,1996). Estes componentes de frequência estão
ilustrados na figura 4.
Para a análise da VFC são consideradas, principalmente, duas destas
bandas: a de baixa frequência (LF), relacionada aos mecanismos barorreflexos
e que reflete a modulação predominantemente simpática, e a de alta frequência
(HF), relacionada à respiração e que reflete a modulação vagal (PAGANI et al.,
1986). A razão entre as bandas espectrais LF e HF (LF/HF) reflete o balanço
simpato-vagal (PAGANI et al., 1986).
16
Figura 4 – Representação do espectro de potência estimado a partir de uma
série temporal de intervalos RR normais. VLF = banda contendo as
componentes espectrais de muito baixa frequência (preto); LF = banda
contendo as componentes espectrais de baixa frequência (cinza); HF = banda
contendo as componentes espectrais de alta frequência (branco).
As amplitudes de frequência podem ser medidas em valores absolutos
de potência (ms2), em valores relativos (%) ou em unidades normalizadas (u.n.)
(TASK FORCE, 1996). As medidas em unidades normalizadas representam o
valor relativo da amplitude das componentes de frequência, presentes nas
bandas LF e HF, em proporção à potência total do espectro (TP) sem a
interferência da banda VLF, variando entre 0 e 100, conforme descrito nas
equações abaixo (TASK FORCE, 1996).
LF(u.n.) =
LF(ms 2 )
× 100
TP VLF(ms 2 )
(1)
HF(u.n.) =
HF(ms 2 )
× 100
TP VLF(ms 2 )
(2)
Dessa forma, a representação das componentes de frequências das
bandas LF e HF em unidades normalizadas revela a atuação balanceada dos
17
dois ramos do sistema nervoso autonômico no controle dos batimentos
cardíacos (TASK FORCE, 1996).
Os valores absolutos de potência das componentes de frequência da
banda HF são, razoavelmente, correlacionados com as variáveis RMSSD,
NN50 e pNN50, calculadas no domínio do tempo, enquanto a variável SDNN
correlaciona-se com a potência total do espectro (TASK FORCE,1996).
Nas últimas décadas, vem aumentando o interesse pelo estudo da VFC
como um índice prognóstico e de controle autonômico do coração (STEIN;
KLEIGER, 1999). A VFC reduzida em repouso tem sido consistentemente
apontada por diversos estudos como um marcador de mortalidade bem como o
surgimento de doenças cardiovasculares (TASK FORCE, 1999; STEIN;
KLEIGER, 1999).
A ampla possibilidade de uso, o custo-benefício com a aplicação da
técnica e a facilidade para aquisição de dados fazem da VFC uma opção
interessante para interpretações do funcionamento do SNA e uma ferramenta
clínica promissora para avaliar e identificar comprometimentos na saúde
(VANDERLEI et al., 2009).
1.2 - Efeitos do treinamento físico na variabilidade da frequência cardíaca
de repouso
Embora alguns estudos descritos na literatura não tenham encontrado
associação entre o aumento da aptidão aeróbia, advinda do treinamento físico,
e aumento do tônus vagal cardíaco com consequente aumento da VFC em
repouso (ALMEIDA; ARAÚJO, 2003), a maioria deles aponta que a atividade
vagal cardíaca e, por consequência, a VFC de repouso aumentam em resposta
a programas de treinamento aeróbio em detrimento da menor atividade
simpática (MEDEIROS et al., 2004; HAUTALA, 2004; MOUROT et al., 2004).
De acordo com Howorka et al. (1997), a VFC em repouso é influenciada
por diversos fatores de riscos cardiovasculares e o treinamento físico, ao
atenuar tais fatores, pode intervir na melhora do controle autonômico
cardiovascular. Neste contexto, Pagani et al. (1988) estudaram os efeitos de 4
18
meses de treinamento físico aeróbio em um grupo de pacientes hipertensos
utilizando análise espectral para avaliar a VFC durante o repouso e o esforço
físico. Estes autores observaram uma redução da modulação simpática,
simultânea ao aumento da modulação vagal após o período de treinamento
físico. Portanto, o reajuste do balaço simpato-vagal no coração com aumento
da modulação vagal é uma das mudanças adaptativas na regulação neural
produzida pelo exercício físico que pode ser observada pelo aumento da VFC
em repouso dos hipertensos (NOVAIS et al., 2004).
Nakumara et al. (2005) em um estudo longitudinal de curto prazo (3
semanas), com frequência de 3 vezes por semana e duração de 30 minutos
cada sessão, investigaram a modulação autonômica cardíaca após um
programa de treinamento aeróbio em cicloergômetro com intensidade
aproximada de 50% do intervalo entre a potência associada ao limiar da VFC e
a potência de pico, calculados através do teste incremental. Sendo que o limiar
da VFC é definido como a estabilização da VFC no teste incremental, calculada
pela Plotagem de Poincaré. Participaram do programa de treinamento físico 11
homens e 7 mulheres jovens e sadios que, ao final do estudo apresentaram
aumento significativo da VFC de repouso em relação ao grupo controle (4
homens e 3 mulheres), com concomitante redução da FC de repouso.
Lee (2001) realizou um estudo com 24 jovens saudáveis de sexo
masculino, submetidos a um programa de treinamento de curto prazo, com
duração de duas semanas, frequência de quatro vezes por semana e duração
de 40 minutos e apresentando uma intensidade de 80-85% da frequência
cardíaca de reserva em um cicloergômetro. Este autor encontrou que tal
treinamento aumenta a modulação vagal cardíaca e, além disso, indica que são
necessárias pelo menos oito sessões para induzir tais mudanças.
Outros estudos também mostraram aumento do predomínio vagal sobre
o controle dos batimentos cardíacos, na condição de repouso, em resposta ao
treinamento físico aeróbio em jovens e sadios (YAMAMOTO et al., 2001;
CARTER et al. 2003).
Em contrapartida aos achados supracitados, Catai et al. (2002) em um
estudo com homens saudáveis de meia-idade, submetidos a treinamento físico
aeróbio de curta duração (3 meses), com intensidade entre 70 e 85% da
19
frequência cardíaca pico, 3 vezes por semana com duração de 40 minutos não
encontraram alterações na VFC, apesar da melhora da capacidade aeróbia.
Corroborando estes achados, Silva (2009) também não observou mudanças
nos índices da VFC ao avaliar o efeito de um programa de treinamento aeróbio
de intensidade leve a moderada com duração de três meses sobre a VFC de
repouso em voluntários de meia-idade.
Em um estudo de meta-análise, Almeida e Araújo (2003) concluíram
que, possivelmente, algumas das modificações que ocorrem no controle da FC
em repouso e nos níveis submáximos do exercício sejam consequência de
adaptações intrínsecas do próprio nódulo sinusal ou, ainda, decorrentes de
outras modificações fisiológicas, como: aumento do retorno venoso e do
volume sistólico e melhora da contratilidade miocárdica, ou periféricas, como
melhora da extração de oxigênio ou melhora da utilização do oxigênio para
gerar mais trabalho (eficiência mecânica), resultando em diminuição da FC
para aqueles níveis (submáximos) de exigência.
Os efeitos cardiovasculares e autonômicos, decorrentes do treinamento
físico resistido, ainda encontram-se inconclusivos e controversos, além de
apresentarem biografia escassa, sobretudo em relação ao estudo da VFC com
intuito de investigar a modulação autonômica cardíaca.
Silva (2009) observou que o treinamento resistido promoveu um
incremento na VFC de repouso, demonstrado por uma elevação significativa do
índice SDNN ao longo do programa de treinamento nos sujeitos que realizaram
o treinamento resistido isoladamente e após treinamento aeróbio, em homens
de meia idade.
Por outro lado Lopes et al. (2007), através de um programa de
treinamento de força durante 3 meses, 3 sessões semanais, cuja carga de
trabalho foi estabelecida a partir do teste de força dinâmica máxima em
indivíduos jovens e de meia idade, ambos sadios, conclui, através da análise
do domínio do tempo, que o aumento da idade já provoca uma diminuição da
VFC nestes indivíduos, não sendo modificada de maneira significativa pelo tipo
de treinamento físico estudado.
Corroborando este achado Cooke e Carter (2005) mostraram que um
programa de treinamento físico resistido, de alta intensidade (75 a 85% de uma
20
repetição máxima - 1RM), realizado durante oito semanas, não interferiu na
VFC de repouso de jovens sadios de ambos os sexos.
Conforme discutido, os resultados sugerem que os efeitos do
treinamento físico sobre a VFC de repouso são dependentes da intensidade,
do volume, da duração e do tipo de exercício realizado, além da presença de
fatores de risco cardiovascular (SANDERCOCK; BROMLEY; BRODIE, 2005;
CARTER; BANISTER; BLABER, 2003; CAMBRI et al., 2008).
1.3 - Variabilidade da frequência cardíaca pós-exercício físico
No que se refere ao SNA está bem estabelecido sua função
cardioprotetora em indivíduos ativos por meio da melhora no controle
autonômico do coração, sendo que dentre as formas de análise tem sido
estudado a variabilidade da frequência cardíaca e/ou recuperação da
frequência cardíaca (RFC) pós-exercício (KAIKKONEN et al., 2008; SOLAN et
al., 2009).
A taxa de RFC é um parâmetro que caracteriza um fenômeno
multifacetado e resultados ainda inconclusivos. É definida como o intervalo de
tempo que a frequência cardíaca leva para retornar aos valores basais após a
realização de um exercício físico, e envolve diversos mecanismos, tais como, a
cessação
dos
estímulos
advindos
do
comando
central
e
dos
mecanorreceptores musculares, a regulação do calor interno, a eliminação das
catecolaminas produzidas e a ação dos barorreceptores (COOTE, 2009).
O tempo necessário para que a frequência cardíaca (FC) retorne aos
valores próximos aos do repouso pode ser de 1 a 24 horas, dependendo
principalmente da intensidade do esforço físico realizado (H AUTALA
et
al.,
2001; PAREKH e LEE, 2005). O estudo clássico de Cole et al (1999) foi um dos
primeiros a utilizar a taxa de RFC como preditor de mortalidade. Neste
trabalho, todos os participantes foram submetidos a um teste de esforço
sintoma limitante e a uma tomografia computadorizada para investigação de
alterações da perfusão miocárdica, sendo definido como retardo da RFC
21
decréscimos ≤ 12 batimentos no primeiro minuto da recuperação, em relação
ao valor de frequência cardíaca no pico do exercício.
Os primeiros estudos sobre esta temática demonstraram que a retirada
simpática ocorre logo após a interrupção do esforço físico e a reativação vagal
tem uma atuação tardia na RFC (SAVIN et al., 1982), já para outros, no
entanto, essa reativação vagal ocorre nos instantes iniciais da recuperação
sendo responsável pela modulação da frequência cardíaca no momento
(PERINI et al., 1989; KANNANKERIL et al., 2004). Pesquisas recentes
defendem que esta cinética reflete, na verdade, a interação coordenada da
modulação simpatovagal, não podendo ser considerada como resultado
apenas da atividade de uma única alça autonômica (PIERPONT; VOTH, 2004;
RICARDO et al., 2005). Coote (2009) confirma tais estudos ao observar que,
logo após o término do exercício físico, ocorre redução da frequência cardíaca
devido a um rápido incremento na atividade vagal, ocasionado principalmente
pela interrupção dos estímulos advindos do comando central que inibem o
tônus vagal durante o exercício e, também, pela interrupção da estimulação
dos mecanorreceptores musculares. Por outro lado, a atividade simpática sofre
uma redução mais lenta e gradativa, ocasionada pela eliminação progressiva
das
catecolaminas
circulantes
e
pela
suspensão
da
atividade
dos
metaboreceptores musculares, como ilustrado na figura 5.
Estudos revelam que a lenta reativação vagal influencia na recuperação
da FC e está associada com a síndrome metabólica, resistência a insulina,
inflamação, lesão endotelial e tabagismo, enquanto que indivíduos fisicamente
ativos apresentam rápida recuperação da FC que pode ser atribuída a
integridade da função neurocárdica (DAR et al., 1988; WÄNDELL et al., 2009).
Alguns estudos, como o de Bucheit et al. (2006), têm proposto uma associação
positiva entre o condicionamento físico e a regulação vagal. Quanto melhor o
condicionamento físico, maior o controle vagal das respostas cardiovasculares.
A partir dessas conclusões, pode-se inferir, então, que um melhor
condicionamento físico levaria a uma desaceleração mais rápida da FC pósesforço.
22
Figura 5: Resposta da frequência cardíaca durante e após o exercício físico
(modificado de COOTE, 2009).
Poucos estudos avaliam a influência do tipo de treinamento físico na
VFC de recuperação pós-exercício. Nesta temática Guerra (2009) demonstrou
que, no início da recuperação após esforço físico máximo, tanto os praticantes
de treinamento aeróbio quanto os de treinamento resistido, apresentaram
melhor recuperação da frequência cardíaca do que sedentários. Porém,
apenas os praticantes do treinamento aeróbio apresentaram melhor reativação
vagal, medida pelo RMSSD calculado a cada 30 segundos. Corroborando aos
achados Mendonça e Ávila (2010) observaram que sujeitos treinados
fisicamente apresentaram uma reativação vagal antecipada, após exercício
submáximo, em comparação a sujeitos sedentários, independentemente do
tipo de treinamento físico (predominantemente aeróbio ou resistido). Tais
estudos sugerem que qualquer um, destes dois tipos de treinamento físico,
pode acelerar a atividade dos barorreceptores arteriais e influenciar as
respostas advindas do comando central durante a recuperação após o
exercício.
Por outro lado, alguns estudos não conseguiram demonstrar qualquer
associação entre o condicionamento aeróbio e a elevada atividade vagal
(BYRNE et al., 1996; HEDELIN et al., 2000). JAVORKA et al. (2002) e
HEFFERMAN et al. (2006) mostraram que 30 minutos de recuperação na
23
posição supina não foram suficientes para os índices de VFC retornassem aos
níveis basais após submeter indivíduos destreinados a exercícios submáximos,
ressaltando assim a importância de períodos mais prolongados de análise da
recuperação autonômica.
1.4 - Pressão Arterial
A perfusão tecidual adequada é garantida pela manutenção da força
motriz da circulação – pressão sanguínea – em níveis adequados e
razoavelmente constantes esteja o indivíduo em repouso ou desenvolvendo
diferentes atividades (MICHELINI, 2008). A pressão arterial (PA) é definida
como a força exercida sobre qualquer unidade de área da parede de vaso
(GUYTON; HALL, 2000), sendo que o controle dos níveis pressóricos dentro de
uma faixa de normalidade depende de diferentes mecanismos de ajuste que
estão envolvidos não só na manutenção, como também na variação da
pressão arterial momento a momento (MICHELINI, 2008).
A PA depende de fatores físicos como o volume sangüíneo e a
capacitância da circulação, sendo resultante da combinação instantânea entre
o débito cardíaco (freqüência cardíaca x volume sistólico) e a resistência
periférica total. A PA aumenta sempre que a somatória desses fatores resultar
em aumento e reduz em situação oposta. O controle da PA implica, portanto,
ajustes apropriados da freqüência e da contratilidade cardíacas, do estado
contrátil dos vasos de resistência (resistência periférica) e dos vasos de
capacitância
(capacitância
venosa
ou,
inversamente,
retorno
venoso)
(MICHELINI, 2008).
A PA é controlada extensa e redundantemente por complexos
mecanismos neuro-humorais de ajuste instantâneo, a chamada regulação
momento a momento da PA, que é fundamental para corrigir prontamente os
desvios sendo sua ação imediata (questão de segundos). Envolvem alterações
apropriadas do débito cardíaco, da resistência periférica e do retorno venoso e
são possibilitadas pela intervenção do sistema nervoso central (SNC) que,
integrando as informações provenientes de diferentes sensores do sistema
24
cardiovascular, modula a atividade cardíaca e vascular através de nervos
autonômicos periféricos e da liberação de diferentes hormônios (MICHELINI,
2000).
A regulação neuro-hormonal da PA funciona como um arcoreflexo
envolvendo receptores, aferências, centros de integração, eferências e
efetores, além de alças hormonais (MICHELINI; 2008). Quando ocorre
elevação dos níveis pressóricos, aferências nervosas enviam estímulos até o
núcleo trato solitário (NTS), região onde será enviada uma resposta de
ativação parassimpática (através do estímulo do núcleo ambíguo e núcleo
dorsal motor do vago) e diminuição do estímulo simpático (bulbo ventro lateral
rostral). Deste modo, haverá diminuição da freqüência cardíaca, da
contratilidade miocárdica, da resistência vascular periférica e retorno venoso,
com a consequente redução reflexa da PA. Contudo, se houver diminuição dos
níveis, pelas mesmas vias de ativação supracitadas, ocorrerá estimulação
simpática e inibição vagal com consequente aumento da FC, da contratilidade
miocárdica, da resistência vascular periférica e do retorno venoso, seguido de
aumento da PA (IRIGOYEN; CONSOLIM-COLOMBO; KRIEGER, 2001;
MICHELINI, 2008).
Considerando-se que os mecanismos de controle dos batimentos
cardíacos são intimamente relacionados aos mecanismos de controle dos
níveis pressóricos, é relevante associar medidas de VFC e dos níveis
pressóricos a fim de se buscar entendimentos a respeito dos ajustes
cardiovasculares no período de recuperação pós-exercício e a influência do
treinamento físico sobre eles.
1.5 – Efeito do treinamento físico sobre os níveis pressóricos
A prática regular de exercícios físicos auxilia no controle dos níveis
pressóricos, atuando como um tratamento não farmacológico da hipertensão
arterial. Este efeito ocorre devido às importantes adaptações autonômicas e
hemodinâmicas que ocorrem no organismo durante a atividade física e que
agem diretamente na prevenção e no tratamento da doença (FRANKLIN;
25
GREEN; CABLE, 1993; FORJAZ; REZC, 2000; BRUM et al., 2004; MARGAUX
et al., 2006; SILVA, 2009).
As características do exercício físico (tipo, intensidade, duração) vão
gerar respostas e adaptações cardiovasculares diferenciadas no organismo
durante a sua execução.
No que diz respeito ao tipo, as adaptações cardiovasculares têm sido
mais frequentemente observadas após exercícios aeróbios que após exercícios
resistidos (FORJAZ, 2000). Bermudes et al. (2003) mostraram que uma única
sessão de exercício resistido promoveu reduções significativas dos níveis
tensionais de indivíduos normotensos apenas no período de sono, enquanto
que uma sessão única de exercício aeróbio promoveu reduções significativas
dos níveis pressóricos ao longo das 24h, quando avaliados pela monitorização
ambulatorial da pressão arterial após o exercício. Deste modo, tais achados
corroboram os de outros estudos que mostraram que o exercício aeróbio é
mais eficaz em promover redução aguda dos níveis pressóricos (BRUM et al.,
2004; FORJAZ; REZC, 2000; FRANKLIN; GRENN; CABLE, 2003; MARGAUX
et al., 2006; SILVA, 2009).
A duração do exercício aeróbio pode influenciar na magnitude e na
permanência da resposta hipotensora (FORJAZ; REZC, 2000; MARGAUX et
al., 2006; LATERZA; RONDON; NEGRÃO, 2006). Forjaz et al. (1998),
verificaram que uma sessão de exercício físico aeróbio com duração de 45
minutos provocou queda maior da pressão arterial e mais duradoura em
homens normotensos, quando comparada a uma sessão de exercício realizada
por um período de 25 minutos.
Em relação à duração do exercício, Cléoroux et al. (1992) submeteram
indivíduos normotensos e hipertensos a uma única sessão de atividade aeróbia
durante 30 minutos, e verificaram resposta hipotensora em indivíduos
hipertensos. Em contrapartida, os autores não encontraram redução dos níveis
pressóricos em indivíduos normotensos, após exercício físico. Halliwill (2001)
mostrou que a hipotensão pós-exercício ocorre de forma consistente após
sessões de exercícios físicos com duração entre 30 e 60 minutos e que
sessões mais curtas (30 min) provocam resposta hipotensora pós-exercício
apenas em pacientes hipertensos.
26
Da mesma forma que a duração, a intensidade do exercício pode
promover um diferente efeito hipotensor. No entanto, essa questão é bastante
controversa, visto que não há concordância entre os estudos no que diz
respeito a melhor intensidade de exercício físico para gerar resposta aguda de
redução dos níveis pressóricos. De acordo com Halliwill (2001), sessões de
exercícios aeróbios com intensidade moderada (50 a 60% consumo de
oxigênio pico) são responsáveis por provocar uma hipotensão pós-exercício
significativa em indivíduos normotensos. Por outro lado, um estudo de Forjaz e
Rezc (2000), mostrou que exercícios em 30%, 50% e 80% do consumo de
oxigênio máximo provocaram resposta hipotensora de magnitude semelhante.
Entretanto Carvalho e Carvalho (2010), num estudo preliminar, não
observaram queda pressórica significativa em indivíduos treinados ou
sedentários, após exercício submáximo, mostrando que o treinamento físico
não interferiu no comportamento da PA após o exercício. Este achado pode
estar relacionado ao fato da amostra estudada ter sido constituída de jovens
normotensos e sadios.
Em relação aos exercícios físicos resistidos, resultados controversos
têm sido evidenciados, como a redução, manutenção, ou ainda elevação da PA
pós-exercício. (BRUM et al., 2004; ROLTSCH; MENDEZ; WILUND, 2001;
NEGRÃO, 2006; SILVA 2009).
Maior et al. (2007), em um estudo com 15 jovens sadios do sexo
masculino, analisaram o efeito hipotensivo pós-exercício resistido (40 minutos)
entre duas sessões de exercícios com o mesmo volume, porém em diferentes
intervalos de recuperação (1 vs. 2 minutos). Estes autores concluíram que a
comparação da magnitude e duração do comportamento da PA intragrupos
apresentou queda pressórica pós-esforço a partir de 30 minutos para ambos os
intervalos de recuperação. Contudo, para análise intergrupos não foi verificada
uma diferença significativa. Deste modo, independentemente do tempo de
intervalo entre as séries, o treinamento resistido promove o efeito hipotensor.
Por outro lado Hill et al. (1989), investigaram as respostas pressóricas
agudas após o programa de treinamento de força e verificaram uma redução
significativa da pressão arterial diastólica (PAD) uma hora após o esforço,
porém sem reduções significativas em relação a pressão arterial sistólica
27
(PAS). O’Connor et al. (1993), analisaram as respostas pressóricas entre
30min e 2h após a sessão de exercício resistido não observando reduções
significativas na PAD, porém a PAS mostrou-se significativamente elevada.
Desta forma, pode-se afirmar que o grau de hipotensão pós-exercício
não depende de um único fator, mas verdadeiramente da interação dos fatores
citados acima, os quais são responsáveis por esta resposta fisiológica da PA.
2 – OBJETIVOS
2.1.Objetivo Geral
Verificar a influência do tipo de treinamento físico sobre a VFC de
repouso e sobre a resposta da pressão arterial e da VFC, durante o período de
recuperação pós-exercício submáximo.
2.2.Objetivos Específicos
Comparar a VFC de repouso, entre indivíduos sedentários e praticantes
de exercícios físicos predominantemente aeróbios ou resistidos.
Comparar o comportamento da VFC durante a recuperação, pósexercício submáximo, entre indivíduos sedentários e praticantes de exercícios
físicos predominantemente aeróbios ou resistidos.
Comparar o comportamento da pressão arterial durante a recuperação,
pós-exercício submáximo, entre indivíduos sedentários e praticantes de
exercícios físicos predominantemente aeróbios ou resistidos.
Correlacionar os dados de pressão arterial aos de VFC durante a
recuperação pós-exercício submáximo, em indivíduos sedentários e praticantes
de exercícios físicos predominantemente aeróbios ou resistidos.
28
3 – METODOLOGIA
3.1 – Amostra
Foram avaliados trinta voluntários, do sexo masculino, sadios, não
tabagistas ou ex-tabagistas há mais de um ano, com idades entre 18 e 29
anos. Os voluntários foram divididos em três grupos experimentais:
1) Grupo sedentário (GS) - onze indivíduos que não praticavam atividade física
regular há um período mínimo de seis meses.
2) Grupo de praticantes de exercícios físicos aeróbios (GA) - dez indivíduos
que praticavam exercícios físicos, predominantemente aeróbios, há um período
mínimo de quatro meses.
3) Grupo de praticantes de exercícios físicos resistidos (GR) - nove indivíduos
que praticavam exercícios físicos, predominantemente resistidos, há um
período mínimo de quatro meses.
Todos os sujeitos foram esclarecidos e orientados a respeito de suas
participações no estudo e, após concordarem em participar do mesmo,
assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (Anexo I), aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário da Universidade
Federal de Juiz de Fora sob parecer no. 0086/2009 (Anexo II).
Foram excluídos da pesquisa os voluntários que apresentaram
limitações cardiovasculares ou musculoesqueléticas que pudessem interferir na
execução dos exercícios físicos que constituíam o protocolo experimental e/ou
arritmias detectadas na monitorização eletrocardiográfica.
3.2 - Procedimentos experimentais:
3.2.1 - Anamnese
Foi realizada uma investigação dos hábitos de vida, história de doenças
e presença de fatores de risco para doenças do sistema cardiovascular (Anexo
III).
Os sujeitos da pesquisa foram submetidos a uma avaliação clínica,
composta por: anamnese, aferição da frequência cardíaca e da pressão arterial
29
em repouso, monitorização eletrocardiográfica nas 12 derivações padrão (DI,
DII, DIII, AVR, AVL, AVF, V1 a V6) em repouso e na posição supina.
3.2.2 - Aferição da pressão arterial
No protocolo experimental do presente estudo os níveis pressóricos
foram aferidos pelos métodos auscultatório e/ou oscilométrico, descritos a
seguir.
Método auscultatório: foi realizado utilizando um esfigmomanômetro com
coluna de mercúrio (Takaoka®). O estetoscópio foi posicionado sobre a artéria
braquial direita e as fases I e V de KorotKoff foram adotadas para identificação
das pressões sistólica e diastólica, respectivamente.
Método oscilométrico: foi realizado utilizando um monitor multiparamétrico
(Dixtal®, modelo 2020), com o manguito posicionado no braço direito, para
obtenção dos valores da pressão arterial sistólica, diastólica e média.
3.2.3 - Avaliação antropométrica
Foi mensurada a estatura, por meio de um estadiômetro (Asimed®) e a
massa corporal, por meio de balança antropométrica (Asimed®), para o cálculo
do índice de massa corporal (IMC). A estimativa do percentual de gordura
corporal foi realizada pela adipometria das dobras cutâneas, por meio de um
adipômetro (Cescorf®). As medidas foram feitas seguindo a padronização da
Sociedade Internacional para o Progresso da Cineantropometria (International
Society for Advancement in Kinanthropometry – ISAK) (NORTON; OLDS,
2000.) Para cada ponto antropométrico considerado no estudo, foram
realizadas três medidas, não consecutivas, para que se calculasse a média
entre elas e, assim, se computasse o resultado da espessura do ponto
analisado.
3.2.4 - Avaliação do nível de atividade física
Todos os voluntários responderam a um questionário (Anexo IV), já
validado (FLORINDO; LATORRE, 2003), para investigação de seus níveis de
atividade física habitual, do qual foi considerado para análise, além da
pontuação total alcançada – escore total (ET), a pontuação obtida no escore
30
bruto do domínio exercício físico/esporte (questão 9), definido neste trabalho
como escore bruto esportivo (EBE), que diz respeito à prática de exercícios
físicos regulares, independentemente dos exercícios praticados em atividades
de locomoção, lazer e ocupacionais.
3.2.5 - Coleta dos batimentos cardíacos
A coleta dos batimentos cardíacos, para o cálculo das medidas de VFC,
foi realizada por meio do monitor de frequência cardíaca (Polar®, modelo
S810i). Os valores pontuais dos intervalos entre cada batimento cardíaco (iRR)
coletados foram direcionados a um microcomputador, pela transmissão de
dados do receptor de pulso para o software Polar Precision Performance,
utilizando-se uma interface de emissão de sinais infravermelhos.
3.2.6- Avaliação da potência aeróbia máxima
Todos os voluntários foram submetidos a um teste cardiopulmonar para
avaliação da potência aeróbia máxima. Este teste foi realizado em
cicloergômetro eletromagnético (ERGOFIT®, modelo ergo 167 cycle), seguindo
o protocolo incremental em rampa (MAHLER, 2000), com manutenção de 50 a
60 rotações por minuto (rpm). A coleta e análise dos gases expirados foi
realizada
continuamente,
pelo
analisador
metabólico
modelo
VO2OOO
(MedGraphics®), devidamente calibrado (temperatura > 7 ºC; 2,5 l ≤ CO2 ≤ 3,5 l
e O2 > 8 l) antes de cada teste. Para coleta dos gases foi utilizado o
pneumotacógrafo de tamanho médio e escolhida a máscara facial que melhor
se ajustasse ao rosto do sujeito, de modo a não permitir o escape de fluxo
aéreo. O consumo de oxigênio e demais variáveis ventilatórias foram
amostradas em intervalos de 10 s. A partir deste teste foi identificado o VO2 no
pico do exercício e este foi considerado máximo quando foram observadas as
seguintes condições: percepção subjetiva do esforço acima de 18 na escala de
categoria de Borg (anexo V), quociente respiratório acima de 1,1 e frequência
cardíaca acima de 85% da máxima prevista para a idade. Além disso, durante
todo o teste foi realizada a monitorização eletrocardiográfica em três
derivações para acompanhamento do ritmo cardíaco e a pressão arterial foi
aferida pelo método auscultatório, antes do teste, durante o mesmo, no terceiro
31
minuto e a partir daí, de três em três minutos, utilizando um aparelho de coluna
de mercúrio devidamente calibrado. O teste era interrompido, imediatamente,
caso o voluntário relatasse ou apresentasse quaisquer sinais ou sintomas de
intolerância ao exercício ou de sobrecarga cardiovascular excessiva (ex.:
arritimia, dor torácica, dispnéia desproporcional à intensidade do esforço,
elevação exagerada ou queda da pressão arterial, etc.).
O incremento de carga (watts) a cada estágio foi estipulado levando-se
em consideração o VO2 máximo estimado de acordo com a equação de
Jackson et al. (1990), citada por Mahler (2000):
VO2 máx = 50,513 + 1,589 (NAF 0-7) – 0,289 (idade) – 0,552 (IMC)
+ 5,863 (sexo)
(3)
onde sexo feminino = 0 e masculino =1; NAF = nível de atividade física, obtido
a partir da pontuação alcançada no questionário para avaliação do nível de
atividade física descrito no Anexo VI.
Após o cálculo do incremento de carga, o voluntário permanecia em
repouso durante um minuto, com a máscara facial devidamente acoplada, para
coleta inicial dos gases (período de verificação dos valores basais) e, na
sequência, realizava um aquecimento de três minutos pedalando a 15 watts no
cicloergômetro. A partir do quarto minuto, o teste era efetivamente iniciado,
com uma carga inicial de 50 watts e o incremento da carga a cada estágio de
acordo com o cálculo obtido da maneira citada acima.
3.2.7- Exercício submáximo
Os
voluntários
realizaram
45
minutos
de
exercício
físico
no
cicloergômetro eletromagnético, com 60% da potência aeróbia máxima,
mantendo a cadência em aproximadamente 60 rotações por minuto. Durante
toda a execução do exercício a pressão arterial foi aferida pelo método
auscultatório, utilizando um aparelho de coluna de mercúrio devidamente
32
calibrado, aos 5, 15, 25, 35, e 45 minutos do exercício. Os batimentos
cardíacos foram monitorizados continuamente por meio do monitor de
frequência cardíaca (Polar®, modelo S810i).
3.3 - Protocolo experimental
O protocolo experimental constou de três dias distintos, sendo que todos
os experimentos ocorreram no período da manhã, a fim de evitar influências do
ritmo circadiano sobre as variáveis hemodinâmicas avaliadas. As coletas foram
realizadas no Laboratório de Avaliação Física e no Ambulatório de Fisioterapia
do Centro de Atenção à Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora –
HU/CAS, na sequência em que se encontram descritos nos tópicos abaixo.
Cada dia de experimento foi separado por um intervalo de no mínimo 72 horas
e no máximo de uma semana em relação ao anterior (GOLDBERGER et al.,
2006). Todos os voluntários foram orientados a buscar um sono reparador na
noite que antecede cada experimento, a realizar uma refeição leve uma hora
antes da coleta, além de não consumir bebidas alcoólicas, cafeína e não
praticar exercícios físicos intensos nas 24 horas que antecedem cada
experimento.
1º. Dia:
a) Anamnese
b) Avaliação antropométrica
c) Avaliação do nível de atividade física habitual (Questionário de Baecke)
d) Coleta dos batimentos cardíacos em repouso na posição supina durante dez
minutos
e) Avaliação da potência aeróbia máxima
2º. Dia (Exercício):
a) Coleta de dados pré-exercício
Antes do exercício físico os voluntários permaneceram sentados em repouso
durante dez minutos para coleta dos batimentos cardíacos pré-exercício. Em
33
seguida, era aferida a pressão arterial na posição sentada pelo método
oscilométrico.
b) Exercício submáximo
c) Coleta de dados pós-exercício
Ao término do exercício físico, os voluntários permaneceram sentados em
repouso numa poltrona confortável durante sessenta minutos para recuperação
passiva pós-exercício. Neste período os batimentos cardíacos eram captados,
continuamente, para o cálculo da VFC pós-exercício e a pressão aferida a cada
5 minutos.
3º. Dia (Controle):
Neste dia de experimento, os voluntários foram submetidos a uma sessão
controle, na qual eram adotados os mesmos procedimentos do 2º dia, com
exceção da execução do exercício físico.
3.4- Análise da VFC
3.4.1- Análise da VFC de repouso – 1° dia
A fim de utilizar séries temporais estacionárias, conforme recomendado
pelas Sociedades Européia e Americana de Cardiologia, os dados foram
transferidos para o aplicativo Matlab, versão 6.0, para seleção automática dos
cinco minutos de menor variância que foram utilizados para o cálculo da VFC
de repouso (Figura 5), por meio de uma rotina previamente implementada
(LOPES et al., 2007). Na presença de intervalos oriundos de batimentos
cardíacos prematuros, estes foram excluídos e substituídos por uma
interpolação linear a fim de garantir que a série temporal de iRR contivesse
apenas batimentos cardíacos considerados normais (iNN).
34
Figura 6: A) Série temporal de iRR coletados durante 10 minutos; B) Série
temporal de iRR normais (iNN) nos 5 minutos de menor variância selecionados
automaticamente e que foram considerados para o cálculo das medidas de
VFC.
As séries temporais com duração de cinco minutos selecionadas foram
transferidas para o software Kubios HRV Analysis, versão 2.0 (TARVAINEN;
NISKANEN, 2008), cuja interface com o usuário encontra-se reproduzida na
Figura 6. Neste aplicativo foi realizada a correção de artefatos utilizando o filtro
de nível médio do software e foram calculados os índices de VFC no domínio
do tempo (MNN, SDNN, RMSSD, pNN50). Para a estimativa da função
densidade
espectral
de
potência,
pelo
método
não
paramétrico
da
transformada rápida de Fourier (MALIK; CAMM, 1995), efetuou-se a remoção
da componente de tendência (detrend) da série temporal, pelo método de
suavização a priori, e a decimação em uma frequência de 4Hz utilizando
interpolação por spline cúbica.
Para a análise espectral da VFC foram consideradas as bandas de baixa
(LF) e alta frequência (HF) do espectro de potência, expressas em potência
absoluta e em unidades normalizadas, além da razão LF/HF.
35
Figura 7: Interface do software Kubios HRV Analysis, versão 2.0.
3.4.2- Análise da VFC pré-exercício (2º. dia) e pré-controle (3º. dia)
Para o estudo da VFC pré-exercício e pré-controle foram processados
apenas os 5 primeiros minutos do período de 10 minutos coletados em
repouso, como segue: 1) correção de artefatos pelo software Polar Precision
Performance, utilizando-se um filtro muito baixo, a fim de garantir a
preservação das características da série temporal de iRR; 2) cálculo da variável
RMSSD a cada 30 segundos (RMSSD30s) por meio de uma rotina previamente
implementada no aplicativo Matlab, versão 6.0 (MENDONÇA; ÁVILA, 2010); 3)
estimativa da média para os dez valores de RMSSD30s (RMSSD30s
médio),
calculados para cada uma das 10 janelas de 30s deste período.
3.4.3- Análise da VFC pós-exercício (2º. dia) e pós-controle (3º. dia)
Para o estudo da VFC pós-exercício e pós-controle toda a série temporal
de iR-R, coletada durante 60 minutos foi processada, como segue: 1) correção
36
de artefatos pelo software Polar Precision Performance, utilizando-se um filtro
muito baixo, a fim de garantir a preservação das características da série
temporal de iRR; 2) cálculo da variável RMSSD a cada 30 segundos
(RMSSD30s), por meio de uma rotina previamente implementada no aplicativo
Matlab, versão 6.0 (MENDONÇA; ÁVILA, 2010). Este procedimento deu origem
a aproximadamente 120 janelas de 30s, consequentemente com 120 valores
de RMSSD30s (RMSSD30s_janela1 a RMSSD30s_janela120), conforme ilustrado na
figura 8; 3) foram considerados para análise no presente estudo apenas o
RMSSD30s
calculado
a
cada
cinco
minutos
(RMSSD30s_janela10,
RMSSD30s_janela20,
RMSSD30s_janela30,
RMSSD30s_janela40,
RMSSD30s_janela50,
RMSSD30s_janela60,
RMSSD30s_janela70,
RMSSD30s_janela80,
RMSSD30s_janela90,
RMSSD30s_janela100, RMSSD30s_janela110 e RMSSD30s_janela120).
Figura 8: Ilustração dos valores obtidos para índice RMSSD30 (círculos pretos)
durante os sessenta minutos de recuperação após a realização do exercício
submáximo. Este gráfico contém 120 janelas de 30s.
37
3.5- Análise estatística
Todos os dados coletados foram submetidos a uma análise estatística
descritiva e para a verificação da normalidade das variáveis foi utilizado o teste
de Shapiro Wilk. A partir daí foram selecionados os testes paramétricos ou nãoparamétricos apropriados. Os dados de VFC no domínio da frequência,
expressos em potência absoluta, LF e HF, não apresentaram distribuição
normal. Sendo assim, foi utilizado o logaritmo natural destes dados, para que
pudessem ser empregados métodos paramétricos de análise estatística
(GLANTZ,1997).
A análise de variância (ANOVA) seguida do teste post-hoc de Tukey, foi
utilizada para comparação intergrupo dos seguintes dados coletados no
primeiro dia do protocolo experimental: idade, escore bruto esportivo do
questionário de Baecke, IMC, PAD, PAS e PAM de repouso, percentual de
gordura corporal, capacidade aeróbia máxima e medidas de VFC de repouso.
Os dados do escore total do questionário de Baecke não apresentaram
distribuição normal e, sendo assim, foram analisados pelo teste de KruskalWallis, seguido do teste post-hoc de Tukey. Para as comparações inter e
intragrupo dos dados coletados no segundo e terceiro dias do protocolo
experimental foi utilizada a análise de variância de duas entradas (p<0,05),
seguida do post-hoc de Tukey. Para o estudo da correlação entre os valores da
PA e as medidas de VFC foi calculado o coeficiente de correlação entre os
valores pressóricos medidos a cada 5 minutos da recuperação com os valores
de RMSSD30s calculados nos exatos 30s que coincidem com as medidas da PA
(RMSSD30s_janela10 a RMSSD30s_janela120), utilizando o método de correlação
linear de Pearson. Foi estabelecido um nível de significância de α = 0,05 e
todas as análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o software
Statistica (versão 6.0).
38
4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, M.B.; ARAÚJO.C.G.; Efeitos do treinamento aeróbico sobre a
frequência cardíaca. Rev Bras Med Esporte, v. 9, n. 2 , p. 104-112 , 2003.
ALMEIDA, M.B.; ARAÚJO.C.G.; Efeitos do treinamento aeróbico sobre a
frequência cardíaca. Rev Bras Med Esporte, v. 9, n. 2 , p. 104-112 , 2003.
BERMUDES,
A.M.L.M.;
VASSALLO,
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46
A versão referente ao Trabalho de Conclusão de Curso II (TCCII) será
apresentada em formato de artigo científico, na próxima sessão, e nela
constarão os resultados e discussão dos achados. O artigo será enviado para
publicação no Journal of Science and Medicine in Sport e, portanto, encontrase de acordo com as normas exigidas por este periódico (anexo 5).
47
5 - ARTIGO
- Artigo Original Influência do tipo de treinamento físico sobre a variabilidade da freqüência
cardíaca após exercício submáximo e sua relação com a pressão arterial
Lílian M. Silvaa, Mateus C. Laterzab, Lílian P. Silvaa.
a
Faculdade de Fisioterapia, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora,
Minas Gerais, Brasil
b
Faculdade de Educação Física e Desportos, Universidade Federal de Juiz de Fora,
Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil
1 - INTRODUÇÃO
A variabilidade da frequência cardíaca (VFC) é amplamente utilizada como
ferramenta não-invasiva para se investigar a modulação autonômica cardíaca, sendo
definida como a variação entre ciclos cardíacos consecutivos de origem sinusal. Para
o seu cálculo é utilizada a duração dos intervalos entre batimentos cardíacos sinusais
sucessivos (intervalo RR normais ou iNN)1. As medidas de VFC vêm sendo estudadas
atualmente como um índice prognóstico e de controle autonômico do coração.
Medidas de VFC diminuídas no repouso ou na recuperação pós-exercício são um
indicador de maior risco de morbi-mortalidade, tanto em indivíduos assintomáticos
como em cardiopatas2, 3.
Quando se considera a influência do treinamento físico sobre a modulação
autonômica cardíaca, os resultados ainda são controversos4, a maioria dos estudos
mostram que o treinamento físico aeróbio de longa duração afeta beneficamente a
modulação autonômica do coração, aumentando a VFC e a modulação parassimpática
e diminuindo a modulação simpática no repouso4,5. Em relação ao treinamento físico
resistido, não existem muitos estudos descritos na literatura e muitos deles são
conflitantes e inconclusivos6, 7.
A pressão arterial é resultante da combinação instantânea entre o débito
cardíaco (freqüência cardíaca x volume sistólico) e a resistência periférica total. A
ativação dos barorreceptores arteriais influencia a modulação autonômica da
48
freqüência cardíaca e controla a pressão arterial a curto prazo, propiciando regulação
das funções hemodinâmicas a fim de manter a perfusão sistêmica adequada8.
As características do exercício físico (tipo, intensidade, duração) vão gerar
respostas agudas imediatas e tardias diferenciadas no organismo durante e logo após
a sua execução. Apesar disso, a maioria dos estudos apontam que o exercício aeróbio
é eficaz em promover redução, tanto aguda quanto crônica, dos níveis pressóricos 9-11.
Por outro lado, resultados controversos vêm sendo demonstrados em relação ao efeito
dos exercícios físicos resistidos sobre a pressão arterial pós-exercício12.
Considerando-se que os mecanismos de controle dos batimentos cardíacos
são intimamente relacionados aos mecanismos de controle dos níveis pressóricos, é
relevante associar medidas de VFC e dos níveis pressóricos a fim de se buscar
entendimentos a respeito dos ajustes cardiovasculares no período de recuperação
pós-exercício e a influência do treinamento físico sobre eles. Neste contexto, o objetivo
do presente estudo é correlacionar medidas de variabilidade da frequência cardíaca e
de pressão arterial durante o período de recuperação pós-exercício em indivíduos
sedentários, indivíduos praticantes de exercícios físicos predominantemente aeróbios
e indivíduos praticantes de exercícios físicos predominantemente resistidos, bem
como o efeito do treinamento na resposta destas variáveis.
2 – MÉTODO
Foram avaliados trinta voluntários, do sexo masculino, sadios, não tabagistas
ou ex-tabagistas há mais de um ano, com idades entre 18 e 29 anos. Os voluntários
foram divididos em três grupos experimentais:
1) Grupo sedentário (GS) - onze indivíduos que não praticavam atividade física regular
há um período mínimo de seis meses.
2) Grupo de praticantes de exercícios físicos aeróbios (GA) - dez indivíduos que
praticavam exercícios físicos, predominantemente aeróbios, há um período mínimo de
quatro meses.
3) Grupo de praticantes de exercícios físicos resistidos (GR) - nove indivíduos que
praticavam exercícios físicos, predominantemente resistidos, há um período mínimo
de quatro meses.
O critério considerado para classificação dos voluntários nos grupos de
praticantes de exercícios físicos regulares foi alcançar pontuação entre 2 e 3 para a
primeira
modalidade
de
treinamento
avaliada
na
questão
9
(prática
de
49
esportes/exercícios físicos) do questionário de avaliação do nível de atividade física de
Baecke.
Todos os participantes foram esclarecidos e orientados a respeito de suas
participações no estudo e, após concordarem em participar do mesmo, assinaram o
termo de consentimento livre e esclarecido, aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora sob
parecer no. 0086/2009. Foram excluídos da pesquisa os voluntários que apresentaram
limitações cardiovasculares ou musculoesqueléticas que pudessem interferir na
execução dos procedimentos que constituíam o protocolo experimental e/ou arritmias
detectadas na monitorização eletrocardiográfica de repouso.
Todos os participantes foram submetidos à investigação dos hábitos de vida,
incluindo investigação do nível de atividade física por meio do questionário de
Baecke13, história de doenças e presença de fatores de risco para doenças do sistema
cardiovascular,
bem
como
monitorização
do
eletrocardiograma
e
avaliação
antropométrica. A estatura foi mensurada por meio de um estadiômetro (Asimed®) e a
massa corporal por meio de balança antropométrica (Asimed®). A estimativa do
percentual de gordura corporal foi realizada pela adipometria das dobras cutâneas, por
meio de um adipômetro (Cescorf®) seguindo a padronização da Sociedade
Internacional para o Progresso da Cineantropometria (International Society for
Advancement in Kinanthropometry – ISAK)14.
Além disso, realizaram um teste cardiopulmonar para avaliação da potência
aeróbia máxima, em cicloergômetro eletromagnético (ERGOFIT®, modelo ergo 167
cycle), seguindo um protocolo incremental em rampa15, com manutenção de 50 a 60
rotações por minuto e carga inicial de 50 watts. A coleta e análise dos gases expirados
foi
realizada
continuamente,
pelo
analisador
metabólico
modelo
VO2OOO
(MedGraphics®), devidamente calibrado (temperatura > 7 ºC; 2,5 l ≤ CO2 ≤ 3,5 l e O2 >
8 l) antes de cada teste. O consumo de oxigênio e demais variáveis ventilatórias foram
amostradas em intervalos de 10 s. A partir deste teste foi identificado o VO2 no pico do
exercício e este foi considerado máximo quando foram observadas as seguintes
condições: percepção subjetiva do esforço acima de 18 na escala de categoria de
Borg, quociente respiratório acima de 1,1 e frequência cardíaca acima de 85% da
máxima prevista para a idade. Durante todo o teste foi realizada a monitorização
eletrocardiográfica em três derivações para acompanhamento do ritmo cardíaco e a
pressão arterial foi aferida pelo método auscultatório (Takaoka®), utilizando um
aparelho de coluna de mercúrio devidamente calibrado. Os voluntários também foram
submetidos a um exercício físico submáximo (60% do VO2 pico) durante 45 minutos
50
em cicloergômetro eletromagnético. Antes e durante 60 minutos após a execução
deste exercício, os batimentos cardíacos foram coletados por meio do monitor de
frequência cardíaca (Polar®, modelo S810i), para posterior cálculo das medidas de
VFC. Todos os experimentos ocorreram no período da manhã, a fim de evitar
influências do ritmo circadiano sobre as variáveis hemodinâmicas avaliadas. As
coletas foram realizadas no Laboratório de Avaliação Física e no Ambulatório de
Fisioterapia do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora. Cada
dia de experimento foi separado por um intervalo de no mínimo 72 horas e no máximo
de uma semana em relação ao anterior16. Todos os voluntários foram orientados a
buscar um sono reparador na noite que antecede cada experimento, a realizar uma
refeição leve uma hora antes da coleta, além de não consumir bebidas alcoólicas,
cafeína e não praticar exercícios físicos intensos nas 24 horas que antecedem cada
experimento. O protocolo experimental constou de três dias distintos, a saber: 1º. dia)
composto por anamnese, avaliação antropométrica, avaliação do nível de atividade
física, coleta dos batimentos cardíacos em repouso na posição supina durante dez
minutos e avaliação da potência aeróbia máxima (repouso); 2º. dia) composto pela
execução do exercício físico submáximo com coleta de dados pressóricos e
batimentos cardíacos antes, sendo denominado pré-exercício (sentados em repouso
durante dez minutos) e pós-exercício (sentado numa poltrona confortável durante
sessenta minutos para recuperação passiva pós-exercício); 3º. dia) sessão controle,
na qual eram adotados os mesmos procedimentos do 2º. dia, com exceção da
execução do exercício físico (pré-controle e pós-controle).
Para a análise da VFC de repouso foram utilizadas séries temporais
estacionárias, conforme recomendado pelas Sociedades Européia e Americana de
Cardiologia. Para tal, as séries temporais de batimentos cardíacos, coletadas no 1º.
dia, foram transferidas para o aplicativo Matlab, versão 6.0, para a seleção automática
dos cinco minutos de menor variância, por meio de uma rotina previamente
implementada17. As séries temporais com duração de cinco minutos selecionadas
foram transferidas para o software Kubios HRV Analysis, versão 2.018. Neste aplicativo
foi realizada a correção de artefatos utilizando o filtro de nível médio do software e
foram calculados os índices de VFC no domínio do tempo (MNN, SDNN, RMSSD,
pNN50). Para a estimativa da função densidade espectral de potência, pelo método
não paramétrico da Transformada Rápida de Fourier19, efetuou-se a remoção da
componente de tendência (detrend) da série temporal, pelo método de suavização a
priori, e a decimação em uma frequência de 4Hz utilizando interpolação por spline
cúbica. Para a análise espectral da VFC foram consideradas as bandas de baixa (LF)
51
e alta frequência (HF) do espectro de potência, expressas em potência absoluta e em
unidades normalizadas, além da razão LF/HF.
Para o estudo da VFC pós-exercício e após a sessão controle foi calculado o
índice RMSSD, a cada 30 segundos (RMSSD30), a partir de toda a série temporal de
intervalos RR normais coletadas durante 60 minutos. Para isso, primeiramente, foi
realizada a correção de artefatos no software Polar Precision Performance, utilizandose o filtro muito baixo e, posteriormente, o RMSSD30 foi calculado por meio de uma
rotina previamente implementada no aplicativo Matlab, versão 6.020. Esta medida
também foi calculada durante os 5 primeiros minutos pré-exercício e o RMSSD30
médio, calculado a partir das 10 janelas de 30s deste período, foi utilizado para
comparações intra e intergrupos.
Todos os dados coletados foram submetidos a uma análise estatística
descritiva e para a verificação da normalidade das variáveis foi utilizado o teste de
Shapiro Wilk. A partir daí foram selecionados os testes paramétricos ou nãoparamétricos apropriados. Os dados de VFC no domínio da frequência, expressos em
potência absoluta, LF e HF, não apresentaram distribuição normal. Sendo assim, foi
utilizado o logaritmo natural destes dados, para que pudessem ser empregados
métodos paramétricos de análise estatística21.
A análise de variância (ANOVA) seguida do teste post-hoc de Tukey, foi
utilizada para comparação intergrupo dos seguintes dados coletados no primeiro dia
do protocolo experimental: idade, escore bruto esportivo do questionário de Baecke,
IMC, PAD, PAS e PAM de repouso, percentual de gordura corporal, capacidade
aeróbia máxima e medidas de VFC de repouso. Os dados do escore total do
questionário de Baecke não apresentaram distribuição normal e, sendo assim, foram
analisados pelo teste de Kruskal-Wallis, seguido do teste post-hoc de Tukey. Para as
comparações inter e intragrupo dos dados coletados no segundo e terceiro dias do
protocolo experimental foi utilizada a análise de variância de duas entradas (p<0,05),
seguida do post-hoc de Tukey. Para o estudo da correlação entre os valores da PA e
as medidas de VFC foi calculado o coeficiente de correlação entre os valores
pressóricos medidos a cada 5 minutos da recuperação com os valores de RMSSD30s
calculados nos exatos 30s que coincidem com as medidas da PA (RMSSD30s_janela10 a
RMSSD30s_janela120), utilizando o método de correlação linear de Pearson.
Foi estabelecido um nível de significância de α = 0,05 e todas as análises
estatísticas foram realizadas utilizando-se o software Statistica (versão 6.0).
52
3 - RESULTADOS
Neste estudo não ocorreu diferença estatisticamente significativa entre os
grupos com relação aos dados antropométricos, potência aeróbia máxima, níveis
pressóricos e medidas de VFC em repouso. Como esperado, os grupos aeróbio e
anaeróbio apresentaram diferença significativa em relação aos indivíduos sedentários
quanto ao escore bruto esportivo (EBE) e o escore total (ET) do questionário de
Baecke, conforme ilustrado na tabela 1.
A comparação intragrupo, entre os dados de pressão arterial pré-exercício e
pós-exercício, mostrou ausência de modificação significativa dos níveis pressóricos
em resposta ao exercício para os grupos sedentário e resistido. A comparação
intragrupo, entre os dados de pressão arterial pré-controle e pós-controle, mostrou
ausência de modificação significativa dos níveis pressóricos em resposta ao exercício
para todos os grupos. Por outro lado, foi observada redução estatisticamente
significativa da pressão arterial sistólica no 20º. e no 35º. minuto de recuperação pósexercício no grupo aeróbio. As comparações dos níveis pressóricos entre os grupos,
quanto não revelou diferenças estatisticamente significativas, conforme ilustrado na
Figura 1.
A Figura 2 ilustra o comportamento da variável RMSSD30s durante o pósexercício ou pós-controle (RMSSD30s_janela10 a RMSSD30s_janela120) em comparação
ao pré-exercício ou pré-controle (RMSSD30s_médio), respectivamente, em cada grupo
estudado. Observa-se que nos grupos sedentário e aeróbio, a variável RMSSD30s
permaneceu significativamente abaixo dos níveis pré-exercício até o 5°. minuto do
pós-exercício. No grupo resistido, esta variável permaneceu significativamente abaixo
dos níveis pré-exercício até o 10°. minuto do pós-exercício. A comparação das
medidas de VFC entre os grupos não revelou diferenças estatisticamente significativas
tanto na sessão exercício como na sessão controle.
53
Tabela
1:
Descrição
da
amostra
com
respeito
aos
dados
demográficos,
antropométricos, pressóricos, a potência aeróbia máxima, o escore bruto esportivo
(EBE) e escore total (ET) e dados da VFC de repouso. Valores descritos como média
± erro padrão.
Grupo Sedentário
Grupo Aeróbio
Grupo Resistido
(n = 11)
(n =10)
(n = 9)
Idade (anos)
23,64 ± 0,65
23,30±1,12
21,50 ± 0,36
IMC (kg/m²)
24,65 ± 0,97
23,01 ± 0,41
24,27 ± 0,83
Gordura corporal (%)
17,03 ± 2,21
12,95 ± 2,11
14,38 ± 3,2
PAD (mmHg)
66,55 ± 2,87
64,80 ± 3,30
64,11 ± 2,71
PAS (mmHg)
120,27 ± 3,40
121,11 ± 4,13
125,0 ± 2,81
PAM (mmHg)
84,30 ± 2,40
83,00 ±3,05
84,41 ± 1,76
VO2 máximo (ml/Kg/min)
37,30 ± 2,87
38,91 ± 3,87
34,18 ± 2,80
EBE
0,70 ± 0,24
6,41 ± 0,87*
4,96 ± 0,51*
ET
7,14 ± 0,53
11,22 ± 0,96*
10,28 ± 0,89*
MNN (ms)
914,70 ± 42,60
947,61 ± 45,83
826,80 ± 35,96
SDNN (ms)
46,92 ± 6,55
53,22 ± 5,15
47,05 ±6,15
RMSSD (ms)
47,85 ± 7,61
55,99 ± 7,32
47,05 ± 9,79
pNN50 (%)
25,30 ± 6,05
28,94 ± 6,94
23,63 ± 7,31
lnLF (ms²)
6,54 ± 0,32
6,97 ± 0,21
6,82 ± 0,25
lnHF (ms²)
6,61 ± 0,32
6,83 ± 0,27
6,60 ± 0,33
LF (un)
48,23 ± 4,96
53,17 ± 4,82
55,52 ± 20,83
HF (un)
51,77 ± 4,96
46,83 ± 4,82
44,48 ± 6,61
LF/HF
1,22 ± 0,34
1,50 ± 0,30
1,71 ± 0,54
Variáveis
*
Diferença estatisticamente significativa em relação ao grupo sedentário.
54
Controle
Exercício
85
85
Sedentário
Aeróbio
Resistido
80
75
PAD (mmHg)
70
65
60
70
65
60
55
55
140
Rec60
Rec55
Rec50
Rec45
Rec40
Rec35
Rec30
Rec25
Rec20
Rec15
p=ns
Rec10
50
Rep
Rec60
Rec55
Rec50
Rec45
Rec40
Rec35
Rec30
Rec25
Rec20
Rec15
Rec10
Rep
Rec5
p=ns
Rec5
PAD (mmHg)
75
50
Sedentário
Aeróbio
Resistido
80
135
Sedentário
Aeróbio
Resistido
135
Sedentário
Aeróbio
Resistido
130
130
125
120
PAS (mmHg)
PAS (mmHg)
125
115
110
105
120
115
110
100
105
100
100
Sedentário
Aeróbio
Resistido
95
Rec60
Rec55
Rec50
Rec45
Rec40
Rec35
Rec30
Rec25
Rec20
Rec15
Rec10
Rep
p=ns
Rec5
100
Rec60
Rec55
Rec50
Rec45
Rec40
Rec35
Rec30
*
Rec25
Rec15
Rec5
Rec10
Rep
90
Rec20
*
95
Sedentário
Aeróbio
Resistido
95
90
PAM (mmHg)
PAM (mmHg)
90
85
80
85
80
75
75
70
Rec60
Rec55
Rec50
Rec45
Rec40
Rec35
Rec30
Rec25
Rec20
Rec15
Rec10
Rep
Rec60
Rec55
Rec50
Rec45
Rec40
Rec35
Rec30
Rec25
Rec20
Rec15
Rec5
Rec10
Rep
70
Rec5
p=ns
p=ns
65
Figura 1: Comportamento da pressão arterial entre os grupos experimentais, no dia do
exercício e do controle no repouso e ao longo da recuperação.
Os marcadores
correspondem aos valores médios e as barras verticais correspondem aos erros
padrões. Rep = repouso; Rec = recuperação; 5 a 60 = minutos de recuperação.
*Diferença estatisticamente significativa em comparação ao repouso no dia do
exercício (ANOVA two-way, post hoc Tukey).
0
70
RMSSD 30s_j120
RMSSD 30s_j120
120
RMSSD 30s_j120
RMSSD 30s_j110
RMSSD 30s_j100
RMSSD 30s_j90
RMSSD 30s_j80
RMSSD 30s_j70
RMSSD 30s_j60
RMSSD 30s_j50
RMSSD 30s_j40
RMSSD 30s_j30
RMSSD 30s_j20
RMSSD 30s_j10
120
RMSSD 30s_j110
RMSSD 30s_j100
RMSSD 30s_j90
RMSSD 30s_j80
RMSSD 30s_j70
RMSSD 30s_j60
RMSSD 30s_j50
RMSSD 30s_j40
RMSSD 30s_j30
RMSSD 30s_j20
RMSSD 30s_j10
RMSSD30s (ms)
140
RMSSD 30s_j110
RMSSD 30s_j100
RMSSD 30s_j90
RMSSD 30s_j80
RMSSD 30s_j70
RMSSD 30s_j60
RMSSD 30s_j50
RMSSD 30s_j40
RMSSD 30s_j30
10
*
RMSSD 30s_j20
-20
RMSSD 30s_médio
-20
RMSSD 30s_médio
RMSSD 30s (ms)
0
RMSSD 30s_j10
RMSSD 30s_médio
RMSSD 30s (ms)
55
Grupo Sedentário
exercício
controle
100
80
60
40
20
*
140
Grupo Aeróbio
Exercício
Controle
100
80
60
40
20
0
80
Grupo Resistido
exercício
controle
60
50
40
30
20
* *
Figura 2: Comportamento do RMSSD30s no dia do exercício e no dia controle, no
repouso e ao longo da recuperação, em cada grupo estudado. Os marcadores
correspondem aos valores médios e as barras verticais correspondem aos erros
padrões. Rep = repouso; Rec = recuperação; 5 a 60 = minutos de recuperação.
*Diferença estatisticamente significativa em comparação ao repouso (ANOVA twoway, post hoc Tukey).
56
Nos grupos de indivíduos treinados foram encontrados os seguintes
coeficientes de correlação, estatisticamente significativos, para os dados coletados
pós-exercício: 1) grupo aeróbio = 5° minuto (-0,63), 10° minuto (-0,72), 20°minuto (0,72) e 35° minuto (-0,67) para PAM x VFC; 2) grupo resistido = 10° minuto (-0,87),
25° minuto (-0,77) e 30° minuto (-0,73) para a PAD x VFC. No grupo sedentário foi
observada correlação significativa apenas entre VFC e PAS no 5° minuto (-0,63) e
entre VFC e PAM no 35° minuto (-0,67) da recuperação pós-exercício.
4. – DISCUSSÃO
No presente estudo verificou-se que o grupo sedentário apresentou menores
valores no EBE e no ET em relação aos grupos aeróbio e resistido, tal evento, está
relacionado à pontuação obtida no questionário de Baecke que tem por finalidade
avaliar a atividade física habitual do indivíduo13.
Os efeitos crônicos do exercício representam adaptações hemodinâmicas que
diferenciam o indivíduo treinado de outro sedentário, tendo como exemplos típicos a
bradicardia relativa de repouso e o aumento do consumo máximo de oxigênio (VO2
máximo)22. No entanto, no presente estudo os valores pressóricos de repouso e a
potência aeróbia máxima não apresentaram diferença estatisticamente significativa
entre os grupos experimentais, tal fato pode estar relacionado ao perfil da amostra.
Para a constituição dos grupos de sujeitos treinados foram recrutados homens
praticantes de atividade física, jovens e saudáveis, cujo nível de atividade física foi
atestado pelo resultado dos escores calculados a partir do questionário de Baecke, e
não homens atletas
23
. Além disso, a presente pesquisa trata-se de um estudo
transversal, no qual os exercícios físicos realizados pelos sujeitos treinados não eram
controlados.
O presente estudo mostrou que a VFC de repouso não se modifica em
resposta à prática regular de exercícios aeróbios. Corroborando estes achados, Catai
et al.24, num estudo longitundinal, também não encontraram alterações na VFC em
decorrência do treinamento físico aeróbio em sujeitos de meia-idade. Por outro lado,
Nakumara et al.25 identificaram a ocorrência de um aumento do predomínio vagal
sobre o controle dos batimentos cardíacos, na condição de repouso, em resposta a um
programa de treinamento aeróbio com duração de 3 semanas e intensidade
moderada. Porém, estes autores estudaram sujeitos jovens de ambos os sexos,
57
diferentemente de Catai et al.24 que estudaram sujeitos de meia-idade e do sexo
masculino apenas.
Os resultados descritos na literatura com respeito ao treinamento físico
resistido ainda são controversos e escassos. Cooke e Carter6 mostraram que um
programa de treinamento físico resistido, de alta intensidade, não interferiu na VFC de
repouso de jovens sadios de ambos os sexos. Para Buccheit et al26 os índices da VFC
de repouso estão relacionados com a aptidão aeróbia e não com o treinamento físico
e, de fato, os sujeitos treinados investigados no presente estudo não apresentaram
potência aeróbia máxima diferente dos sedentários.
No presente estudo foi observada uma redução significativa da pressão arterial
sistólica no grupo aeróbio após o exercício, quando comparado aos valores préexercício, ocorrendo assim uma resposta hipotensora ao exercício dinâmico
submáximo realizado. Este achado indica que o treinamento físico aeróbio influencia a
resposta da PA ao exercício submáximo. Esta redução nos níveis pressóricos após
uma única sessão de exercício, mesmo em indivíduos normotensos, confirma os
resultados obtidos previamente por outros autores9,27. Além disso, a ausência de
modificações na PA durante a sessão controle confirma que a diminuição observada
na sessão exercício se deve realmente ao exercício físico e não às variações
pressóricas circadianas.
No grupo aeróbio houve correlação estatisticamente significativa e negativa
entre os valores de PAM e as medidas de VFC pós-exercício. Adaptações
cardiovasculares benéficas têm sido observadas após o treinamento aeróbio11, e
possivelmente, este achado do presente estudo possa ser mais um.
Guerra28
observou que existe diferença no controle autonômico cardíaco durante a recuperação
da frequência cardíaca pós-exercício máximo em indivíduos praticantes de exercícios
aeróbios. Esta autora concluiu que a reativação vagal ocorre precocemente em
indivíduos treinados aerobicamente. Talvez isto possa explicar o fato de a correlação
entre VFC e PAM ter ocorrido apenas no grupo em que houve redução significativa
dos níveis pressóricos pós-exercício. Além disso, os coeficientes de correlação foram
negativos, sugerindo que a VFC se restabelece à medida que os níveis pressóricos
permanecem mais baixos em comparação ao pré-exercício.
No grupo resistido houve correlação estatisticamente significativa e negativa
entre os valores de PAD e as medidas de VFC pós-exercício. Além disso, embora não
tenha existido diferença estatisticamente significativa, foi observado que os voluntários
deste grupo apresentaram níveis pressóricos discretamente elevados logo após o
exercício, em comparação ao pré-exercício (Figura 1), e até o 10º minuto de
58
recuperação a VFC ainda estava significativamente menor que no pré-exercício.
Miyachi et al. (2003)29 e Miyachi et al. (2004)30 têm demonstrado que o treinamento
resistido promove uma diminuição significativa da complacência arterial central.
Considerando-se que a PAD está intimamente relacionada à RPT31, pode-se aventar
que possíveis alterações na resposta vascular de sujeitos que praticam exercícios
resistidos podem ter contribuído para os achados supracitados, além de poderem
estar relacionada com a menor modulação vagal pós-exercício encontrada no grupo
resistido. Os coeficientes de correlação entre VFC e PAD foram negativos, sugerindo
que a VFC não se restabelece à medida que os níveis pressóricos permanecem mais
elevados em comparação ao pré-exercício.
O presente estudo apresentou como limitações o tamanho reduzido da
amostra. Além disso, considerando-se que a bibliografia sobre tema investigado ainda
é escassa, torna-se necessário a continuação desta pesquisa e o desenvolvimento de
outras.
5 - CONCLUSÃO
A prática regular de exercícios físicos não determinou diferenças significativas
na modulação autonômica cardíaca em repouso. Porém, a prática de exercícios
físicos, predominantemente aeróbios, promove uma redução dos níveis pressóricos
após a realização de exercício dinâmico submáximo. Tal resposta pode estar
relacionada à ação do sistema nervoso autônomo sobre o coração, considerando-se
que a correlação significativa entre as medidas de VFC pós-exercício e a pressão
arterial média ocorreu apenas no grupo aeróbio.
Sendo assim, o treinamento aeróbio parece causar um melhor controle
dinâmico dos batimentos cardíacos e da pressão arterial em comparação aos
exercícios resistidos.
- Reconhecimento
Não houve nenhum tipo de apoio externo.
59
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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NORTH AMERICAN SOCIETY OF PACING AND ELECTROPHYSIOLOGY. Heart rate
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study by spectrum and cross-spectrum analysis in humans. European Journal of
Applied Physiology. v. 84, n. 3, p. 187-194, 2001.
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Autonomic Control of Heart Rate. Sports Medicine. v. 33, p. 33-46, 2003.
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or cardiovagal baroreflex sensitivity in young healthy subjects. European Journal of
Applied Physiology.v. 93, p. 719-725, 2005.
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Halterofilistas e Sedentários. D.Sc., Faculdade de Educação Física /Universidade
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hemodinâmicas, autonômicas e morfofuncionais cardíacas da hipertensão
espontânea:influência
do
barorreflexo
[Tese
de
doutorado]
São
Paulo:
Universidade de São Paulo, Curso de Medicina, Área de concentração: Fisiopatologia
experimental; 2010
60
9- BRUM, P.C.; FORJAZ, C.L.M.; TINUCCI, T.; NEGRÃO, C.E. Adaptações agudas e
crônicas do exercício físico no sistema cardiovascular. Rev. paul. Educ. Fís., São
Paulo, v.18, p.21-31, 2004.
10- SILVA, L. P. Efeitos do Treinamento Resistivo, Isolado e Após Treinamento
Aeróbio, Sobre a Variabilidade da Frequência Cardíaca e a Pressão Arterial de
Homens com Idades Entre 40 e 60 anos. D.Sc., Programa de Engenharia
Biomédica, COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ,
Brasil, 2009.
11-FORJAZ,
C.L.M.;
REZC
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Hipotensão
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características,
determinantes e mecanismos. Revista Soc Cardiol Estados de São Paulo. v.10, n.3,
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12- FORJAZ, C. L. M. et al. Exercícios resistidos e Sistema cardiovascular. In:
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13- FLORINDO, A. A.; LATORRE, M. R. D. O. Validação e reprodutibilidade do
questionário de Baecke de avaliação da atividade física habitual em homens adultos.
Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v. 9, n. 3, p. 129-135, 2003.
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de meia idade e o efeito do treinamento de força. Revista Brasileira de Fisioterapia.
São Carlos, v.11, n. 2, p. 113-119, 2007.
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variabilidade da freqüênciacardíaca no repouso e pós-exercício [Trabalho de
conclusão de curso] Juiz de Fora: Universidade Federal de Juiz de Fora Faculdade de
Medicina, Departamento de Fisioterapia; 2010.
21- GLANTZ, S.A. Primer of biostatistics. 4 ed. New York, McGraw-Hill, 1997.
22- I CONSENSO NACIONAL DE REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR, v.69, n.4,
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effects of exercise on baroreflexes in spontaneously hypertensive rats. Hypertension,
Dallas, v.30, p.714-9, 1997.
24- CATAI, A. M. et al. Effect of Aerobic Exercise Training on Heart Rate Variability
During Wakefulness and Sleep and Cardiorespiratory Responses of Young and
Middle-Aged Healthy Men. Brazilian Journal of Medical and Biological Research. v.
35, n. 6, p.741-752, 2002.
25- NAKAMURA, F.Y.; AGUIAR, C. A.; FRONCHETTI, L.; AGUIAR, A.F.; LIMA, J.R.P.
Alteração do limiar de variabilidade da frequência cardíaca após treinamento
aeróbio de curto prazo, Motriz, Rio Claro, v.11, n.1, p. 01-09, 2005.
26-BUCHHEIT
M,
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parasympathetic
regulation:
respective
associations with cardiorespiratory fitness and training load. Am J Physiol Heart Circ
Physiol, v.291: p.451–458, 2006.
27- FORJAZ, C.L.M.; SANTANELLA, D.F.; RESENDE, L.O.; BARRETO A.C.P.;
NEGRÃO C.E. A duração do exercício termina a magnitude e a duração da hipotensão
pós-exercício. Arq Bras Cardiol. v. 70, n.2, p. 99-104, 1998.
28- GUERRA, Z. F. Modulação autonômica cardíaca no repouso e na recuperação
após esforço físico máximo de jovens saudáveis com diferentes níveis e tipos de
atividade física. M.Sc, Universidade Federal de Juiz de Fora / Universidade Federal
de Viçosa, MG, Brasil, 2009.
62
29- MIYACHI, M. et al. Greater Age-Related Reductions in Central Arterial Compliance
in Resistance-Trained Men. Hypertension. v. 41, p. 130-135, 2003.
30-MIYACHI, M. et al. Unfavorable Effects of Resistance Training on Central Arterial
Compliance. A Randomized Intervention Study. Circulation. v. 110, p. 2858-2863,
2004.
31- MICHELINI, L.C. Regulação neuro-humoral da pressão arterial. In Fisiologia.
Aires, MM, Guanabara Koogan: São Paulo, 2008.
63
6 - ANEXOS
ANEXO I
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
Titulo da pesquisa: Influência do treinamento físico sobre a variabilidade da
frequência cardíaca no repouso e pós-exercício.
Responsáveis: Profa. Dra. Lilian Pinto da Silva (coordenadora)
Prof. Dr. Mateus Camaroti Laterza (colaborador)
Comitê de Ética: Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário da
Universidade Federal de Juiz de Fora.
Rua Catulo Breviguieri, s/n, Bairro Santa Catarina, CEP: 36036-110. Tel. 40095187
E-mail: [email protected]
Endereços e telefones da pesquisadora responsável:
Profa Lilian Pinto da Silva
Rua Min. Amarílio Lopes Salgado, 50 / apto 102, Cascatinha. Tel. 9103-5053
Informações ao participante:
1. O presente termo tem por finalidade esclarecer que você fará parte de uma
pesquisa sobre a influência do tipo de treinamento físico na resposta da pressão
arterial e na atuação do sistema nervoso sobre o coração após uma única sessão de
exercício físico em pessoas sedentárias, pessoas que fazem exercícios para o
aumento da força muscular e pessoas que fazem exercícios aeróbios (ex.:
caminhada, corrida, natação, etc.).
2. Para esta pesquisa serão realizadas coletas de dados em três dias
diferentes:
1º. dia
Será aplicado um questionário para a avaliação do seu nível de atividade
física. Além disso, você responderá a uma entrevista para investigação dos seus
hábitos de vida, história de doenças e presença de fatores de risco para doenças do
sistema cardiovascular, bem como passará por um breve exame físico, onde será feita
uma avaliação antropométrica (peso, altura, composição corporal), verificação da
pressão arterial de repouso e coleta dos seus batimentos cardíacos para o estudo
indireto da atuação do sistema nervoso sobre o seu coração.
A coleta dos batimentos cardíacos será realizada por meio do uso de uma cinta
torácica que emite dados para um relógio de pulso que funciona como receptor
(monitor de frequência cardíaca). Estes dados serão coletados em repouso, na
posição deitada, durante aproximadamente dez minutos.
Em seguida será realizado um teste físico na bicicleta ergométrica para
avaliação da sua capacidade aeróbia máxima. O teste será executado com
monitorização eletrocardiográfica, para acompanhamento do ritmo cardíaco, e aferição
64
da pressão arterial. Este teste será interrompido imediatamente, caso você apresente
ou relate quaisquer sinais ou sintomas indesejados.
2º. dia
No segundo dia de coleta você permanecerá sentado em repouso durante dez
minutos para coleta dos batimentos cardíacos e aferição da pressão arterial antes do
exercício. Posteriormente você realizará 45 minutos de exercício submáximo na
bicicleta ergométrica. Durante todo o exercício a frequência cardíaca e a pressão
arterial serão monitorizadas.
Após o término do exercício físico, você permanecerá sentado em repouso
numa poltrona confortável durante sessenta minutos de recuperação. Neste período
os batimentos cardíacos serão captados, continuamente, por meio do monitor de
frequência cardíaca e a pressão arterial será aferida a cada cinco minutos.
3º. dia
Você será submetido a uma sessão controle, na qual você permanecerá
sentado na bicicleta ergométrica em repouso por 45 min e todos os procedimentos
realizados no segundo dia de coleta serão repetidos.
Todos os experimentos descritos ocorrerão sempre no período da manhã no
Centro de Atenção à Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora – HU/CAS.
3. A sua participação não implicará em receber bônus, como também não terá
ônus. Caso o tenha, se comprovado for, será ressarcido pelos pesquisadores
responsáveis.
4. Você poderá perguntar aos pesquisadores todas as dúvidas que tiver a
respeito da pesquisa e dos procedimentos aos quais será submetido. As suas dúvidas
serão prontamente esclarecidas pelos mesmos.
5. Você pode desistir de participar da pesquisa em qualquer momento, não
havendo penalizações para tal.
6. Os dados obtidos na pesquisa serão armazenados em total sigilo, sua
identidade não será revelada em hipótese alguma e os dados coletados serão de uso
exclusivo dos pesquisadores para a divulgação científica dos resultados da pesquisa.
Eu,
________________________________________________________,
portador
do
RG
nº
____________________________,
residente
à
_________________________
_____________________________________________________________________
________________na
cidade
de
__________________
_____,
tel:____________________ certifico que, tendo lido as informações prévias e sido
suficientemente esclarecido pelos responsáveis sobre todos os itens, estou
plenamente de acordo com a realização do estudo, autorizando a minha participação
no mesmo, como voluntário.
Juiz de Fora, ______ de ______________ de ________.
__________________________________________________
Voluntário
_________________________________________________
Acadêmico (a)
65
________________________________________________
Profa. Lilian Pinto da Silva
1ª via – voluntário da pesquisa / 2ª via – arquivamento com os pesquisadores
ANEXO II
66
67
68
ANEXO III
ROTEIRO DE ENTREVISTA E AVALIAÇÃO FÍSICA
Data: ____/____/____
1) Identificação:
Nome: ______________________________________Data nascimento:
____/____/____
Endereço:
_______________________________________________________________
Bairro: __________________________ Cidade: ______________________ UF:
______
Telefone(s): ____________________________ Profissão:
_________________________
2) Hábitos de Vida
Sono: (
(
) Reparador
) Não fumante (
(
) Não Reparador
) Ex – fumante: há quanto tempo parou de fumar?
_____________
Etilista: (
) Sim
(
) Não Qual(is) bebida(s) faz uso:
__________________________
Quantidade semanal: ___________________
Bebe café ou chá: ______
xícaras/dia
Já foi atleta? Sim (
) Não (
) Há quanto tempo: ________ Modalidade:
_________
3) Fatores de Risco para Doença Aterosclerótica Coronariana
Hipertensão arterial: Sim (
) Não (
Diabetes: Sim (
)
) Não (
Obesidade: Sim (
) Não (
Dislipidemia: Sim (
Estresse: Sim (
)
) Não (
) Não (
)
)
)
4) Sinais e Sintomas Relacionados com Alterações do Sistema Cardiovascular
69
Lipotímia: (
) Sim (
) Não
Há quanto tempo:
_____________________________
Síncope: (
) Sim (
) Não
Há quanto tempo:
_____________________________
Palpitação: (
) Sim (
) Não
Há quanto tempo:
_____________________________
Dor Precordial: (
) Sim (
) Não Há quanto tempo:
____________________________
Dispnéia: (
) Sim (
) Não
Há quanto
tempo:____________________________
5) Doenças Cardiovasculares:
(
) Sim
(
) Não
Qual (is)
________________________________________________________________
6) História Patológica Pregressa:
_____________________________________________________________________
_______
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
______________
7) Filho de pais hipertensos? ( ) Pai ( ) Mãe
8) Medicações em uso
Descrição
Concentração
Posologia
9) Avaliação física
Massa corporal: ________Kg
Estatura: ________m
IMC: ____________
Kg/m2
PA: _______ / ______ mmHg
Dobras cutâneas:
- Peitoral: ___________mm
___________mm
Média:
___________ mm
___________mm
70
- Abdômen: _________mm
___________mm
___________mm
___________mm
___________mm
___________mm
- Coxa: ____________ mm
___________mm
10) Monitorização eletrocardiográfica (supino):
DI: ____________________________
DII:
____________________________________
DIII: ___________________________ AVR:
___________________________________
AVL: __________________________ AVF:
___________________________________
V1: ___________________________ V2:
_____________________________________
V3: ___________________________ V4:
_____________________________________
V5: ___________________________ V6:
_____________________________________
Qualidade do traçado: (
) ótima
(
) boa
(
) regular
(
) ruim
Considerações:
___________________________________________________________
11) O voluntário está apto para participar do estudo? (
) Sim
(
) Não
Justificativa:
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
______________
71
ANEXO IV
72
73
74
ANEXO V
ESCALA DE CATEGORIA DE BORG
6
7 Muito, muito leve
8
9 Muito leve
10
11 Ligeiramente leve
12
13 Um pouco difícil
14
15 Difícil
16
17 Muito difícil
18
19 Muito, muito difícil
20
75
ANEXO VI
Questionário do Nível de Atividade Física – NAF
I – Não pratica, regularmente, esporte, ou atividade física programada
0. Evita caminhar ou fazer qualquer outro exercício (por exemplo: sempre usa
elevador, usa o carro sempre que possível)
1. Anda por prazer, rotineiramente usa escadas. Ocasionalmente faz alguma
atividade física que provoca aumento da respiração ou transpiração.
II – Pratica, regularmente, atividade de lazer ou profissional que requeira atividade
física moderada (por exemplo: ginástica localizada, musculação, tênis de mesa,
boliche ou trabalho braçal)
2. De 10 a 60 minutos por semana
3. Acima de 60 minutos por semana
III – Pratica, regularmente, exercício físico aeróbio (por exemplo: corrida, natação,
ciclismo, remo, pular corda, corrida estacionária, tênis, basquetebol, futebol ou
handebol)
Corrida (km/semana)
Outras atividades (tempo/semana)
4. Menos que 1,6 km
Menos que 30 min
5. Entre 1,6 e 8 km
Entre 30 e 60 minutos
6. Entre 8 e 16 km
Entre 1 a 3 horas
7. Mais que 16 km
Mais de 3 horas
76
ANEXO VII
Normas de Publicação
Journal of Science and Medicine in Sport
Official Journal of Sports Medicine Australia (SMA)
Site da revista: http://ees.elsevier.com/jsams/
Para instruções sobre artigo:
http://www.elsevier.com/wps/find/journaldescription.cws_home/707423/authorinstructio
ns
Guide for Authors
Contributors are invited to submit their manuscripts in English to the Editor for critical
peer review. The Journal of Science and Medicine in Sport considers for publication
manuscripts in the categories of:
- Original Research
- Review Article
Note: for other types of submissions, please inquire with the editorial office directly
([email protected])
The manuscripts must be in one of the following sub-disciplines relating generally to
the broad sports medicine and sports science fields: sports medicine, sports injury
(including injury epidemiology and injury prevention), physiotherapy, podiatry, physical
activity and health, sports science, biomechanics, exercise physiology, motor control
and learning, sport and exercise psychology,sports nutrition, public health (as relevant
to sport and exercise), and rehabilitation and injury management. Manuscripts with an
interdisciplinary perspective with specific applications to sport and exercise and its
interaction with health will also be considered.
Only studies involving human subjects will be considered.
Authors must declare that manuscripts submitted to the Journal have not been
published elsewhere or are not being considered for publication elsewhere and that the
research reported will not be submitted for publication elsewhere until a final decision
has been made as to its acceptability by the Journal.
The review process will consist of reviews by at least two independent reviewers.
Contributors must suggest the names and full contact details of 3 possible reviewers.
The reviewers must be from the same institutions as the authors, and one must be
from a country different to any of the authors. The Editor may, at his or her discretion,
choose no more than one of those suggested. The reviewers will be blinded to the
authorship of the manuscript. The Editor will make a final decision about the
manuscript, based on consideration of the reviewers' comments.
77
The journal receives an ever-increasing number of submissions and unfortunately can
only publish a small proportion of manuscripts. The journal's Editorial Board does not
enter into negotiations once a decision on a manuscript has been made. The Editor's
decision is final.
Papers accepted for publication become the copyright of Sports Medicine Australia.
Authors will be asked to sign a transfer of copyright form, on receipt of the accepted
manuscript by Elsevier. This enables the publisher to administer copyright on behalf of
the authors and the society, while allowing the continued use of the material by the
author for scholarly communication.
Manuscripts submitted to the Journal must conform to the style and submission
instructions (particularly concerning word and reference counts) outlined here, or they
will be returned without review.
PREPARATION OF MANUSCRIPTS
- Microsoft Word is the preferred software program. Eleven (11) point Arial or Times
New Roman fonts are preferred and more reliably convert to PDF files during electronic
submission.
- Manuscript is double-spaced throughout (including title page, abstract, text,
references, tables, and legends).
- Margins are 1 inch or 2.5 cm all around
- Include page and line numbers for the convenience of the peer reviewers.
- Number the pages consecutively, beginning with the title page as page 1 and ending
with the Figure legend page.
- All headings (including the Title) should be in sentence-case only, not in capital
letters.
- Sub-headings are generally not accepted. Incorporate into the text if required.
- Footnotes are not acceptable
- Keep the use of tables, figures and graphs to a minimum
- See notes on Tables, Figures, Formulae and Scientifc Terminology at the end
WORD COUNT LIMITS
Original Research papers
- 3000 word count limit (excluding title, abstract, tables/figures, figure legends,
Acknowledgements, and References)
- Maximum number (combined) of tables and figures is 3
- Long tables should only be included as supplementary material and will be made
available on-line only
- Maximum number of references is 30
- A structured abstract of less than 250 words (not included in 3000 word count) should
be included with the following headings: Objectives, Design, Method, Results, and
Conclusions
Review articles
4000 word count limit (excluding title, abstract, tables/figures, figure legends,
78
Acknowledgements, and References)
- Maximum number (combined) of tables and figures is 3
- Long tables should only be included as supplemental files and will be available on-line
only
- Maximum number of references is 60
- A structured abstract of less than 250 words (not included in 4000 word count) should
be included sticking as closely as possible to the following headings: Objectives,
Design, Method, Results, and Conclusions
SUBMISSION OF MANUSCRIPTS
All manuscripts, correspondence and editorial material for publication should be
submitted online via the Elsevier Editorial System at
http://www.ees.elsevier.com/jsams.
Authors simply need to "create a new account" (i.e., register) by following the
instructions at the website, and using their own e-mail address and selected password.
Authors can then submit manuscripts containing text, tables, and images (figures)
online. The entire peer-review process will be managed electronically to ensure timely
review and publication. Authors can expect an initial decision on their submission within
6 weeks.
Following registration, enter the "Author area" and follow the instructions for submitting
a manuscript, including the structured Abstract, suggested reviewers, Cover letter,
Tables, Figures, and any supplementary material.
If you wish to publish colour figures and agree to pay the "colour charge", tick the
appropriate box. Colour illustrations incur a colour charge of 312 US dollars for the first
page and 208 US dollars for every additional page containing colour. Figures can be
published in colour at no extra charge for the online version. If you wish to have figures
in colour online and black and white figures printed, please submit both versions.
The entire peer-review process will be managed electronically to ensure timely review
and publication. Authors can expect an initial decision on their submission within 6
weeks.
Note: the online manuscript submission program requires separate entries of some
information that also appears in the manuscript. These separate entries are needed to
manage processing and review of your manuscript and correspondence.
Every submission, regardless of category must include a Cover Letter stating:
- the category of article: Original Research or Review article
- the sub-discipline: sports medicine, sports injury (including injury epidemiology and
injury prevention), physiotherapy, podiatry, physical activity and health, sports science,
biomechanics, exercise physiology, motor control and learning, sport and exercise
psychology,sports nutrition, public health (as relevant to sport and exercise),
rehabilitation and injury management, and others having an interdisciplinary
perspective with specific applications to sport and exercise and its interaction with
79
health.
- Sources of outside support for research (including funding, equipment and drugs)
must be named.
- Financial support for the project must be acknowledged, or "no external financial
support" declared.
- The role of the funding organisation, if any, in the collection of data, their analysis and
interpretation, and in the right to approve or disapprove publication of the finished
manuscript must be described in the Methods section of the text.
- When the proposed publication concerns any commercial product, either directly or
indirectly, the author must include a statement (1) indicating that he or she has no
financial or other interest in the product or distributor of the product or (2) explaining the
nature of any relation between himself or herself and the manufacturer or distributor of
the product.
- Other kinds of associations, such as consultancies, stock ownership, or other equity
interests or patent-licensing arrangements, also must be disclosed. Note: If, in the
Editor's judgment, the information disclosed represents a potential conflict of interest, it
may be made available to reviewers and may be published at the Editor's discretion;
authors will be informed of the decision before publication.
- The ethical guidelines that have been followed must be stated clearly.
- Authors must declare that manuscripts submitted to the Journal have not been
published elsewhere or are not being considered for publication elsewhere and that the
research reported will not be submitted for publication elsewhere until a final decision
has been made as to its acceptability by the Journal.
Written permission from the publisher (copyright holder) must be submitted in hard
copy direct to the Editorial Office for the reproduction of any previously published
table(s), illustration(s) or photograph(s) in both print and electronic media or from any
unmasked subjects appearing in photographs.
Regulatory requirements
- Research protocol: Authors must state that the protocol has been approved by the
appropriate ethics committee. Name the committee.
- Human investigation: The ethical guidelines followed by the investigators must be
included in the Methods section of the manuscript.
STRUCTURE OF THE MANUSCRIPT (in order):
1.Cover Letter
2.Title Page (first page) should contain:
a. Title. Short and informative
b. Authors. List all authors by first name, all initials and family name
c. Institution and affiliations. List the name and full address of all institutions where the
study described was carried out. List departmental affiliations of each author affiliated
with that institution after each institutional address. Connect authors to departments
using alphabetical superscripts.
d. Corresponding author. Provide the name and e-mail address of the author to whom
80
communications, proofs and requests for reprints should be sent.
e. Total word count (excluding abstract and references), the Abstract word count, the
number of Tables, the number of Figures.
3.Manuscript (excluding all author details) should contain
a. The Abstract - must be structured using the following sub-headings: Objectives,
Design, Methods, Results, and Conclusions. Avoid abbreviations and acronyms.
b. Keywords - provide up to 6 keywords, with at least 4 selected via the Index Medicus
Medical Subject Headings (MeSH) browser list:
http://www.nlm.nih.gov/mesh/authors.html. These keywords should not reproduce
words used in the paper title.
c. Main body of the text.
For Original research papers, text should be organised as follows:
i. Introduction - describing the (purpose of the study with a brief review of background
ii. Methods - described in detail. This section is not called Materials and Methods, and
should not include subheadings. Do not use the term "subjects" - use terms such as
"participants" or "athletes", etc.
iii. Results - concisely reported in tables and figures, with brief text descriptions. Do not
include subheadings. Use small, non-italicized letter p for p-values with a leading zero,
e.g. 0.05; Measurements and weights should be given in standard metric units. Do not
replicate material that is in the tables or figures in the text.
iv. Discussion - concise interpretation of results. Cite references, illustrations and tables
in numeric order by order of mention in the text. Do not include subheadings.
v. Conclusion
vi. Practical Implications - 3 to 5 dot (bulleted) points summarising the practical findings
derived from the study to the real-world setting of sport and exercise - that can be
understood by a lay audience. Avoid overly scientific terms and abbreviations. Dot
points should not include recommendations for further research.
vii. Acknowledgments - this field is compulsory. Grants, financial support and technical
or other assistance are acknowledged at the end of the text before the references. All
financial support for the project must be acknowledged. If there has been no financial
assistance with the project, this must be clearly stated.
vii. References - authors are responsible for the accuracy of references.
ix. Tables - may be submitted at the end of the text file, on separate pages, one to each
81
page.
x. Figure Legends - must be submitted as part of the text file and not as illustrations.
4.Figures - must be submitted as one or more separate files that may contain one or
more images.
5.Supplementary material (if any) - tables or figures to be viewed online only
REFERENCES
- The reference style is the Vancouver system.
- References should be numbered consecutively in un-bracketed superscripts where
they occur in the text, tables, etc, and listed numerically (e.g. "1", "2") at the end of the
paper under the heading "References".
- For Original research papers, no more than three references should be used to
support a specific point in the text.
- All authors should be listed where there are three or fewer. Where there are more
than three, the reference should be to the first three authors followed by the expression
"et al".
- Book and journal titles should be in italics.
- Conference and other abstracts should not be used as references. Material referred
to by the phrase "personal communication" or "submitted for publication" are not
considered full references and should only be placed in parentheses at the appropriate
place in the text (e.g., (Hessel 1997 personal communication). References to articles
submitted but not yet accepted are not encouraged but, if necessary, should only be
referred to in the text as "unpublished data".
- Footnotes are unacceptable.
- Book references:
Last name and initials of author, chapter title, chapter number, italicised title of book,
edition (if applicable), editor, translator (if applicable), place of publication, publisher,
year of publication.
Example:
Wilk KE, Reinold MM, Andrews JR. Interval sport programs for the shoulder, Chapter
58, in The Athlete's Shoulder, 2nd ed., Philadelphia, Churchill Livingstone, 2009
- Journal references:
Last name and initials of principal author followed by last name(s) and initials of coauthor(s), title of article (with first word only starting in capitals), abbreviated and
italicised title of journal, year, volume (with issue number in parenthesis if applicable),
82
inclusive pages.
For guidance on abbreviations of journal titles, see Index Medicus at
www.nlm.nih.gov/tsd/serials/lji.html.
Example:
Hanna CM, Fulcher ML, Elley CR et al. Normative values of hip strength in adult male
association football players assessed by handheld dynamometry. J Sci Med Sport
2010; 13(3):299-303.
- Internet references should be as follows:
Health Care Financing Administration. 1996 statistics at a glance. Available at:
http://www.hcfa.gov/stats/stathili.htm. Accessed 2 December 1996.
- Articles in Press are cited using a DOI: http://www.doi.org. The correct format for
citing a DOI is as follows: doi:10.1016/j.jsams.2009.10.104.
TABLES
- Tables should be part of the text file, placed on separate sheets (one to each page).
Do not use vertical lines.
- Each table should be numbered (Arabic) and have a title above. Legends and
explanatory notes should be placed below the table.
- Abbreviations used in the table follow the legend in alphabetic order.
- Lower case letter superscripts beginning with "a" and following in alphabetic order are
used for notations of within-group and between-group statistical probabilities.
- Tables should be self-explanatory, and the data should not be duplicated in the text or
illustrations.
FIGURE LEGENDS
- Figure legends should be numbered (Arabic) and typed double- spaced in order of
appearance beginning on a separate sheet.
- Identify (in alphabetic order) all abbreviations appearing in the illustrations at the end
of each legend.
- All abbreviations used on a figure and in its legend should be defined in the legend.
- Cite the source of previously published (print or electronic) material in the legend.
- Figure legends must be submitted as part of the text file and not as illustrations.
FIGURES AND ILLUSTRATIONS
- Images or figures are submitted online as one or more separate files that may contain
one or more images.
- Within each file, use the figure number (e.g., Figure 1A) as the image filename.
- The system accepts image files formatted in TIF and EPS. PowerPoint (.ppt) files are
accepted, but you must use a separate PowerPoint image file for each PowerPoint
figure.
- Symbols, letters, numbers and contrasting fills must be distinct, easily distinguished
and clearly legible when the illustration is reduced in size.
- Black, white and widely crosshatched bars are preferable; do not use stippling, gray
83
fill or thin lines.
- Written permission from unmasked patients appearing in photographs must be
obtained by the authors and must be surface mailed or faxed to the editorial office once
the manuscript is submitted online.
FORMULAE, Equations and Statistical Notations
- Structural formulae, flow-diagrams and complex mathematical expressions are
expensive to print and should be kept to a minimum.
- Present simple formulae in the line of normal text, where possible. Use a slash (/) for
simple fractions rather than a built up fraction. Do not use italics for variables.
- In statistical analyses, 95% confidence intervals should be used, where appropriate.
Experimental design should be concisely described and results summarised by
reporting means, standard deviations (SD) or standard errors (SE) and the number of
observations. Statistical tests and associated confidence intervals for differences or pvalues should also be reported when comparisons are made. Only use normal text for
statistical terms: do not use bold, italics or underlined text.
SCIENTIFIC TERMINOLOGY
- To enable consistency, authors should generally follow the technical guidelines of
Medicine and Science in Sports and Exercise, unless otherwise stipulated in these
Instructions.
- Following are some examples of the Journal style in the most basic cases and some
general SI unit guidelines.
- Mass: 10 g, 2 kg
- Temperature: 20 o C
- Distance: 10 cm, 4 m, 20 km
- Time: 10 s, 20 min, 2 hr, 5 wk, 1 y
- Power: 10 W
- Energy: 400 J, 10 kJ.
- The centigrade scale (C) and the metric units (SI) must be used, except in the case of
heart rate (beats per min: bpm), blood pressure (mmHg) and gas pressure (mmHg).
- When opening a sentence, numbers should be expressed in words, e.g.: Forty-seven
patients were contacted by phone.
- The 24-hour clock should be used.
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Universidade Federal de Juiz de Fora Faculdade de Fisioterapia