Logística Integrada
Autor: José Humberto Ataulo Nunes
Colaboradores: Lérida Gherardini Malagueta
Santiago Valverde
Professor conteudista: José Humberto Ataulo Nunes
José Humberto Ataulo Nunes, natural de São Paulo (SP), é bacharel em Ciências Econômicas pela
Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP) e mestrando em Ciências Sociais pela Universidade de São
Paulo (USP). Professor da Universidade Paulista (UNIP) desde 2007, lecionando as disciplinas Logística
Integrada, Logística para Importação e Exportação e Administração de Operações Produtivas.
Atuou em empresas de grande porte, como BASF, AKZO, CROMOS e ARINOS, exercendo cargos
de liderança nas áreas de Logística, Produção, PCP e Materiais.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
N972l
Nunes, José Humberto Ataulo
Logística integrada / José Humberto Ataulo Nunes. - São Paulo:
Editora Sol, 2011.
128 p., il.
Notas: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-038/11, ISSN 1517-9230.
1. Logística Integrada. 2. Cadeia de Suprimentos 3. Distribuição
Física I.Título
CDU 658.78
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Projeto gráfico:
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Revisão:
Andréia Andrade
Sumário
Logística Integrada
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
Unidade I
1INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA .............................................................................................................................9
1.1 A logística e o valor aos clientes .................................................................................................... 10
1.2 O conceito de logística........................................................................................................................11
1.3 Evolução histórica ................................................................................................................................ 13
1.4 Missão e objetivos ................................................................................................................................ 15
1.5 A integração das operações ............................................................................................................. 17
1.6 Composição da Logística ................................................................................................................... 18
2 A INTEGRAÇÃO DA LOGÍSTICA COM PRODUÇÃO E MARKETING ................................................ 20
2.1 Atividades-chave e atividades de apoio ..................................................................................... 21
2.2 Logística de suprimentos .................................................................................................................. 22
2.3 Administração de materiais e estoques ...................................................................................... 25
2.4 Logística de apoio à manufatura ................................................................................................... 28
2.5 Logística de distribuição física ........................................................................................................ 29
Unidade II
3 INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA INTEGRADA ................................................................................................ 33
3.1 A necessidade de integração das operações ............................................................................. 34
3.2 A Logística Integrada .......................................................................................................................... 34
3.3 A gestão dos custos na Logística Integrada............................................................................. 37
3.4 Logística Integrada e Marketing .................................................................................................... 38
3.5 Os custos logísticos ............................................................................................................................. 40
3.6 A questão dos Trade-offs .................................................................................................................. 42
4 O SERVIÇO AO CLIENTE ................................................................................................................................. 44
4.1 Objetivos do serviço ao cliente ....................................................................................................... 45
4.2 O Nível de Serviço Logístico (NS) ................................................................................................... 46
4.3 Custos do Nível de Serviço Logístico............................................................................................ 48
4.4 Indicadores de desempenho ............................................................................................................ 49
Unidade III
5. DISTRIBUIÇÃO FÍSICA E ARMAZENAGEM............................................................................................. 55
5.1 Distribuição física ................................................................................................................................. 55
5.2 Os transportes na distribuição física ............................................................................................ 59
5.3 A terceirização dos serviços logísticos......................................................................................... 62
5.4 Logística reversa ................................................................................................................................... 66
5.4.1 Logística reversa de pós-consumo .................................................................................................. 70
5.4.2 Logística reversa de pós-venda ......................................................................................................... 71
5.5 Armazenagem de produtos .............................................................................................................. 73
5.5.1 A armazenagem na cadeia de suprimentos................................................................................. 76
5.2.2 Sistemas de armazenagem ................................................................................................................. 77
6 TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO APLICADAS À LOGÍSTICA ........................................................... 80
6.1 Internet..................................................................................................................................................... 81
6.2 Principais sistemas/aplicativos em Logística............................................................................. 83
Unidade IV
7 INTRODUÇÃO À GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS (SCM)................................................... 89
7.1 O conceito de cadeia de suprimentos.......................................................................................... 90
7.2 Estrutura da cadeia de suprimentos............................................................................................. 94
7.3 O conceito de cadeia de valor ......................................................................................................... 94
7.4 Objetivos da cadeia de suprimentos............................................................................................. 96
7.5 A gestão da demanda ......................................................................................................................... 99
7.6 A previsão de vendas ........................................................................................................................100
8. TÉCNICAS DE PROGRAMAÇÃO NA CADEIA DE SUPRIMENTOS .................................................107
8.1 Gestão da qualidade .........................................................................................................................109
APRESENTAÇÃO
Prezados(as) alunos(as),
A disciplina Logística Integrada tem o objetivo de transmitir aos alunos os conhecimentos atuais
relativos a uma área que está em grande destaque nas empresas: a Logística.
Hoje, classificamos Logística como uma atividade empresarial fundamental e importante para a
eficiência e sobrevivência das empresas no atual mercado globalizado de bens e serviços.
O objetivo deste livro-texto é apresentar a base teórica e ilustrar como a área de logística atua
dentro das empresas. Buscaremos demonstrar sua importância para atingir os resultados como parte
dos objetivos estratégicos das empresas.
Dividimos o presente livro-texto em quatro unidades principais que irão abordar as atividades dessa
importante área empresarial.
Unidade I - Introdução à logística
Nessa unidade, apresentamos definições, conceitos e o histórico recente, analisando a estrutura da área
de logística e sua composição, destacando a integração operacional com as outras áreas das empresas.
Unidade II - Logística integrada
No Brasil, as empresas que atuam no setor de varejo e atacado enfrentam um período de crescimento.
Veremos, nessa unidade, a gestão integrada dos serviços logísticos no setor atacadista/varejista como
um ponto de ligação com os fabricantes na cadeia de suprimentos, com objetivo de agregar valor aos
clientes como um canal de distribuição e alcançar melhores resultados.
Unidade III - Distribuição física e armazenagem
Nessa unidade, apresentamos as principais funções dessa parte da logística moderna, com uma
descrição detalhada das operações de distribuição física de produtos aos clientes, além de uma análise
das atuais formas de armazenagem e transportes.
Veremos também os principais sistemas computacionais utilizados nas operações e uma avaliação
de uma área que vem ganhando força em função da questão ambiental de descarte de resíduos sólidos,
conhecida como Logística reversa de produtos.
Unidade IV - Gestão da cadeia de suprimentos
Apresentamos, nessa unidade, os fundamentos desse modelo de gestão de materiais e informações,
sua origem e estrutura, e concluímos com uma avaliação de seus impactos na gestão interna das
empresas e para os fornecedores e clientes.
7
A disciplina Logística Integrada estuda a maneira pela qual a gestão da logística tradicional e
independente de suprimento e distribuição evoluiu para o conceito de logística integrada, conceito
esse que iremos abordar com detalhes e que vem para aprimorar o desempenho das empresas junto
aos clientes e ao mercado, atuando com maior eficiência, custos menores e melhor atendimento dos
pedidos.
Esperamos que gostem dos temas abordados e desejamos a todos bons estudos!
8
LOGÍSTICA INTEGRADA
Unidade I
1INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA
De acordo com o Dicionário Aurélio, a palavra logística tem origem no idioma francês Logistique e
se define de forma militar, sendo uma parte estratégica para alcançar objetivos de guerra e conquista,
tratando das funções de planejar e realizar atividades militares.
Com a evolução da integração econômica mundial a partir dos anos 1990, processo esse conhecido
como globalização, as empresas localizadas no Brasil estão sendo pressionadas por concorrentes de
várias regiões do mundo, que, de forma rápida e inesperada, estão disputando os mercados com as
empresas brasileiras, produzindo e importando produtos de boa qualidade com preços competitivos e
prazos de entrega rápidos.
Até 1990, as vantagens competitivas tradicionais das empresas nacionais eram menores prazos de
entrega e pronta disponibilidade de estoques. Porém, essas vantagens passaram a ser questionadas, já
que as novas concorrentes, recém-chegadas, conseguem também, com um eficiente planejamento de
vendas, produção e estoques, garantir entregas rápidas e confiáveis.
Como resultado desse processo, as empresas nacionais precisam dar uma resposta à crescente
complexidade do mercado e sentem a necessidade de serem mais eficientes para enfrentar a concorrência
nacional e internacional.
Logística–Macrofluxo de Operações
Objetivos
estratégicos
Restrições de
capacidade
Necessidades
logísticas
Projeções
Posicionamento
de estoque
Necessidades de
fabricação
Necessidades de
suprimento
Transporte e
expedição
Suprimento
Gerenciamento
de estoque
Gerenciamento
de pedidos
Processamento de
pedidos
Operações de
distribuição
Figura 1–Fluxo de informações operacionais
9
Unidade I
Empresas e consumidores demandam produtos e serviços, como entregas pontuais, produtos de
qualidade, estoques reduzidos, baixos custos, rentabilidade e preços competitivos.
Para atender ao mercado nesse nível de atendimento e eficiência, as empresas precisam
desenvolver eficientes processos administrativos que sejam organizados de forma a prover uma
rápida reposição de pedidos junto aos fornecedores nacionais e internacionais, aliando conceitos
importantes, como gestão de demanda, estoques equilibrados, com um sistema de transporte ágil
e eficiente.
A Logística é uma área em crescimento permanente que busca conquistar ganhos de produtividade
com redução de custos, prestando um serviço satisfatório ao cliente, e, para isso, precisa reagir aos
desafios das alterações constantes no mercado.
Até pouco tempo, era considerada uma área de apoio e, portanto, acessória; mas, hoje, é vista como
uma área de perfil estratégico, em função dos altos custos que administra e das repercussões que suas
ações são percebidas pelos clientes.
1.1 A logística e o valor aos clientes
Nos últimos anos, as necessidades e exigências dos clientes cresceram, e as empresas são pressionadas
por essas novas demandas e concorrentes em escala global.
Como clientes, quando vamos ao mercado de produtos e serviços, temos a expectativa de
que os produtos estejam disponíveis naquele momento a um custo acessível para atender nossas
necessidades.
Quando isso acontece, há uma transação comercial (venda) que foi possível porque a logística atuou
para que os produtos estivessem disponíveis no momento necessário.
A logística, portanto, é uma competência qualitativa que as empresas devem desenvolver
para fazer uma ligação direta entre clientes e fornecedores, agregando valor ao produto.
Valor esse que para os clientes é percebido quando ele pode reduzir tempos gastos, agregar
confiabilidade na entrega e diminuir custos financeiros referentes a estoques e a manuseio de
produtos.
Mas, apesar de adquirirmos produtos e serviços de empresas, a criação de valor nas atividades
logísticas precisa de um conjunto de processos e informações que fazem parte de uma cadeia de
suprimentos.
10
LOGÍSTICA INTEGRADA
O processo de valor aos clientes
Benefícios percebidos
 Entrega no prazo
 “Lead Times” menores
 Resposta flexível
VALOR PARA O CLIENTE
Custo da propriedade (capital)
 Estoques menores
 Menores custos de pedidos
 Menores custos de manuseio
Figura 2
No mercado atual, a logística é considerada uma atividade estratégica que pode ser fonte de uma
vantagem competitiva no mercado.
Para Porter (1989), a capacidade de uma empresa ser competitiva depende de sua cadeia de valor,
isto é, para o conjunto das atividades da empresa que criam valor para o cliente de forma visível e real.
Ainda para Porter (1989, p. 36), a vantagem competitiva não pode ser compreendida olhando-se
para a empresa como um todo. Ela deriva de muitas atividades discretas, e cada uma pode contribuir
para a posição de custos e criar a base para a diferenciação.
Conforme podemos ver, as empresas precisam agregar valor aos clientes, operando de forma mais
eficiente do que os concorrentes, e a logística tem potencial para criar essa vantagem.
Lembrete
Quando estudamos a logística moderna e suas funções nas empresas,
devemos ter em mente sempre dois paradigmas de eficiência, que
são: tempo e lugar. Hoje, com as novas tecnologias de informação e
comunicação, como a internet, os desafios de eficiência em relação a esses
dois paradigmas são cada vez maiores e exigem ações e profissionais cada
vez mais qualificados.
1.2 O conceito de logística
A Logística, como várias áreas empresariais, está em evolução e busca atingir objetivos de alta
produtividade a custos reduzidos e, que em função do agressivo ambiente empresarial, enfrenta
desafios.
11
Unidade I
Conforme vimos, a origem do termo Logística remonta aos meios militares e estava vinculada
às necessidades de abastecer tropas militares na França em combate, e é importante sabermos que
guerras e batalhas foram e serão ganhas ou perdidas como consequência de eficientes sistemas
logísticos.
Os generais precisavam que as tropas avançassem de forma decidida e, para
tal, é preciso haver uma equipe de retaguarda que levasse suprimentos de
víveres, munição e socorro médico e que por ser um trabalho de suporte
apenas atuava sem glamour (NOVAES, 2007, p. 32).
Essa visão militar alterou-se e, com o tempo de uma função complementar, é hoje considerada parte
de uma boa estratégica empresarial.
Ao longo dos últimos anos, vários pesquisadores têm definido a área de Logística conforme sua visão
e a evolução de suas atribuições nas empresas. Uma definição inicial foi atribuída por Bowersox (2004),
que declara que a logística é:
O processo de gerenciamento de todas as atividades necessárias para
movimentar estrategicamente matérias-primas, peças e componentes e
produtos acabados de vendedores, entre instalações de empresas e para
consumidores.
Para outro autor, Copacino (1997), em uma definição simples, afirma que logística é: “Processo de
administração do fluxo de produtos da fonte ao ponto de uso”.
Utilizaremos, para efeito de nosso estudo, a definição do Council of Logistics Management (1998),
que define:
Logística é a parte do processo da cadeia de abastecimento que planeja,
implanta e controla o fluxo eficiente e eficaz de matérias-primas, estoques
em processo, produtos acabados e informações relacionadas, desde seu
ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender os
requisitos dos clientes.
A logística, hoje, é uma área de prestação de serviços (serviços logísticos) que busca na execução
de suas funções operacionais desenvolver uma integração entre o fluxo de materiais que ocorre
internamente com um fluxo de informações, integrando-os de forma a atingir objetivos estratégicos
definidos, como atuar com eficiência e a baixos custos.
Entre as tradicionais funções operacionais da logística, podemos citar a gestão das áreas de
transportes, estoques, processamento de pedidos, armazenagem, expedição e compras.
Entre os fatores que impulsionam seu desenvolvimento, destacamos a busca por ganhos de
produtividade e redução de custos, que precisam ser alcançados em um momento em que há uma
12
LOGÍSTICA INTEGRADA
redução no tempo de vida útil dos produtos e uma maior exigência de serviços e produtos de qualidade
por parte dos clientes.
Ao contrário da área de produção, que tem como objetivo ser uma vantagem competitiva através
dos custos, a área de logística, que é um elo entre as pontas do fornecimento e do mercado, deve unir
as pontas de forma eficiente e com qualidade.
Em termos gerais, a logística responde por cerca de 5 a 35% do valor das vendas, sendo uma das
maiores partes dos custos totais das empresas, e é nesse contexto que precisamos entendê-la em seus
esforços para atingir objetivos estratégicos necessários às empresas na competição de mercado atual.
1.3 Evolução histórica
A Segunda Guerra Mundial é considerada um divisor de águas no desenvolvimento da Logística, pois,
tal qual uma representação do mercado mundial, desencadeou reações no mundo inteiro, demandou
grandes deslocamentos de tropas, uma produção industrial e agrícola em larga escala, aliadas a um
grande esforço de produção industrial e de produtos da incipiente, naquele momento, indústria que
viria a ser conhecida como microeletrônica e depois informática.
Até pouco tempo, a Logística tinha suas atribuições vinculadas à gestão dos transportes e de
armazéns; porém, hoje, seu desenvolvimento como parte da evolução empresarial evoluiu de forma
crescente.
Evolução conceitual
Década
Ambiente
Focos Setoriais
Foco de Logística
50
Produção/Volume
Custos
Estoques
60
Vendas/Marketing
Serviços
Distribuição
70
Disposição de Capital
Lucratividade
Produção
80
Competição
Qualidade
Compras/Produção/Venda
90
Globalização, Parcerias,
Ecologia
Tempo
Processo de Negócios
Figura 3
Até a década de 1950
Após a Segunda Guerra Mundial, as empresas industriais recomeçaram a operar e a buscar
novos mercados para colocar seus produtos. Nesse período, o desenvolvimento industrial era a força
da economia mundial e havia, dentro das organizações, uma clara separação entre as atividades de
logística na organização interna das empresas, que assumiram as responsabilidades das atividades de
forma segmentada e fracionada, sem grande integração interna. Podemos destacar as responsabilidades
conforme divisão a seguir:
13
Unidade I
Anos 1950 – Funções independentes
Marketing
Finanças
Produção
Distribuição,
Atendimento
Custos de estoques
Suprimentos, Manufatura,
Armazenagem, Transporte
Cada área desenvolve suas atividades de forma isolada e sem grande coordenação interna, buscando
atingir objetivos setoriais e isolados.
Entre 1950 e 1970
Com o fim da Segunda Guerra, a economia mundial cresceu bastante, e a logística ganhou destaque
nas empresas em função da necessidade de atingir mercados mais distantes e maiores.
Lentamente, o conceito de logística voltada para a produção começa a perder espaço para uma
visão dos clientes, como a parte da cadeia que determina o mercado. Nesse período, identificamos um
claro desenvolvimento das atividades logísticas, em que atuam como fatores decisivos de mudança no
ambiente empresarial:
1) Evolução qualitativa nas exigências dos consumidores.
2) Necessidade de aumento da eficiência e redução de custos.
3) Surgimento de novas tecnologias de informação.
4) Histórico militar.
Entre 1970 e 1990
Nesse período, surgem novas técnicas de comunicação e as indústrias passam a produzir produtos
variados. Com o crescimento do mercado, as empresas se ressentem de uma nova forma de distribuição,
em que o importante é entregar.
Na década de 1990, surgiu uma nova visão e um novo conceito, o de Logística empresarial, definido
por Ballou (1992) como “área que trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem, que
facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição até o consumo final”.
Para o autor, nesse período, a logística assume o conceito de gerir de forma integrada suas
responsabilidades tradicionais, como transportes, armazenagem, compras e administração de materiais,
com a parte da logística de distribuição externa, conhecida como distribuição física. E vemos surgir nas
empresas estruturas unificadas de logística com gestão e comando sob a responsabilidade da mesma
diretoria e gerência operacional.
Na origem das mudanças que induziram ao novo modelo organizacional, destacamos:
14
LOGÍSTICA INTEGRADA
• Concorrência acirrada em termos de preço, quantidade, prazos.
• Inovações tecnológicas que criam novas oportunidades e mudam as condições de produção
nas empresas.
• Mudanças das indústrias para um perfil globalizado e virtual.
• Desenvolvimento de novas tecnologias de produção.
• Redução dos tempos nas operações entre produção, compras e distribuição.
Concorrência externa
No modelo de logística atual, suas responsabilidades ampliaram-se, gerenciando agora uma ampla
gama de informações, e convergem para a integração com fornecedores e clientes através de canais de
distribuição mais eficientes e levando em conta atividades como logística reversa, reciclagem, descarte
de resíduos.
Saiba mais
Para você ter uma ideia melhor da utilidade militar do que hoje
chamamos Logística e suas origens militares, recomendamos um famoso
filme, ganhador de cinco Oscars, inspirado em uma história real da Segunda
Guerra Mundial, que demonstra como suas operações desenvolveram-se ao
longo da história. Não deixe de assistir!
SPIELBERG, Steven. O resgate do soldado Ryan. Estados Unidos, 1998.
Paramount Pictures.
1.4 Missão e objetivos
Um bom desempenho em logística é uma competência que as empresas precisam desenvolver para
que seja possível oferecer produtos e serviços de qualidade com eficiência operacional.
Além de produtos e serviços fabricados e desenvolvidos pelas áreas de vendas, marketing e novos
produtos, as empresas precisam oferecer aos seus clientes serviços logísticos de qualidade.
A logística atua diretamente com a responsabilidade de fornecer produtos, serviços, matérias-primas
aos locais necessários e no momento correto em que foram pedidos, e responder às questões de volumes,
prazos e informações são as principais respostas que a logística deve suportar dentro das empresas.
Logística – principais questões operacionais
• O que produzir e comprar.
15
Unidade I
• Quanto produzir e comprar.
• Quando produzir e comprar.
• Com que recursos produzir.
Além das questões básicas listadas, a logística deve se preocupar com outras questões, como:
• Onde comprar materiais e componentes
• Qual deve ser o tamanho da frota de veículos
• Onde e como estocar produtos e matérias-primas
• Qual o nível de serviço prestado e seu custo operacional
• Qual tipo de transporte usar
Os serviços logísticos são, hoje, um fator de diferenciação da concorrência e agregam valor aos
produtos e serviços, vendidos em um mercado competitivo em que há variedade de produtos a preços
semelhantes. E a Logística, por sua vez, no exercício das suas atribuições, precisa acompanhar o mercado
empresarial oferecendo serviços de qualidade ao menor custo total.
Devem ser eficientes e prover aos clientes as atividades de transporte, administração de estoques,
compras, gerenciar pedidos de vendas e compras, prover locais de armazenagem, gerir a expedição dos
produtos e planejar a disposição das embalagens.
Além dessas atividades-chaves relacionadas ao fluxo de materiais, ela precisa gerir e prover a todas
as áreas da empresa um sistema de informações gerenciais (SIG) sobre o andamento das operações
(status) envolvidas.
Resumindo, as empresas devem, por meio da prestação dos serviços logísticos, fornecer
produtos e serviços certos, no momento certo, conforme os requisitos de qualidade solicitados
pelos clientes.
Para Bowersox (2001), o objetivo central da logística é “atingir o melhor nível desejado de serviço ao
cliente pelo menor custo total”.
Nesse contexto de mercado, a logística é fundamental para que as empresas operem no mercado
com lucros, eficiência operacional e alto nível de serviço aos clientes.
Fluxo da logística tradicional
1 Fontes
2 Fornecedores
3 Fábricas
4 Distribuidores
5 Varejistas
6 Clientes
Para a logística é preciso conciliar os objetivos citados com um nível de serviço
elevado aos clientes onde o desempenho em logística pode fazer a diferença
16
LOGÍSTICA INTEGRADA
e ser um diferencial competitivo e de lucros de forma equilibrada entre os
desejos dos clientes e os resultados previstos (BOWERSOX, 2004, p. 23).
Assim, a principal missão da área de Logística, como parte integrante da estratégia empresarial que
visa conquistar e manter clientes, é atuar de forma determinada para atender às condições abaixo:
1. Atendimento Just In Time (quantidade, lugar, tempo certo).
2. Dispor o produto certo aos clientes (nível de serviço).
3. Fornecer nas quantidades solicitadas.
4. Entregar nas condições estabelecidas pelos clientes nos pedidos de venda.
5. Atender conforme os locais solicitados.
6. Entregar para o cliente correto.
7. Redução de custos.
Saiba mais
Recomendamos, para reforço extra dos conceitos e das funções da
Logística, um artigo do site Logística Descomplicada sobre inovação e um breve
vídeo mostrando como funciona o centro de distribuição de uma das maiores
empresas de logística do mundo, a UPS, dos EUA. Não deixe de ler e ver!
1. Artigo: <http://www.logisticadescomplicada.com/
7-ideias-para-gerar-valor-na-sua-empresa/>
2. Vídeo: <http://www.youtube.com/watch?v=NWpLCA8bVgU>
1.5 A integração das operações
Para Bowersox (2001, p. 36), a Logística de uma empresa atua de forma integrada quando ocorrem
dois fluxos no processo de atendimento aos clientes:
– Fluxo de materiais físico, que envolve os suprimentos, a produção e todos os processos internos.
– Fluxo de informação, que atua em todos os processos e setores, de planejamento, produção,
vendas e distribuição de produtos. Como suporte, utiliza-se sistemas ERP de controle, que
fornecem informações on-line sobre as operações totais.
17
Unidade I
Macrofluxo de materiais e informação
FORNECEDOR
MANUFATURA
DISTRIBUIDOR
VAREJISTA
CONSUMIDOR
Fluxo de Informação
Fluxo de Materiais
Fluxo de Dinheiro
Figura 4
Um sistema logístico integrado reduz custos e otimiza as operações, melhora o relacionamento
pessoal dos colaboradores, que percebem melhor a necessidade de somar forças com um objetivo em
que cada um faz parte de um objetivo final, proporciona aos líderes um aumento do controle gerencial
e administrativo, e os resultados aparecem a médio prazo e são percebidos pelos clientes como valor
agregado e perceptível.
1.6 Composição da Logística
A área de logística deve ser desenhada em sua estrutura para atender às necessidades
individuais de cada empresa e sua condição de mercado. Como são atividades operacionais
e que envolvem o dia a dia, precisam ser bem organizadas para que sejam alcançados os
objetivos.
Conforme vimos, a logística desempenha atividades operacionais em que interagem de forma
integrada dois fluxos básicos: de materiais e de informações. Vejamos, em detalhes, o fluxo de materiais,
que está dividido em três setores:
– Logística de suprimentos
– Logística de apoio à manufatura
– Logística de distribuição física
A execução dessas atividades deve ser realizada de forma integrada, de modo que as empresas
atendam rapidamente aos pedidos dos clientes, com o menor custo possível em estoques, com qualidade
18
LOGÍSTICA INTEGRADA
e que contribua para atingir os objetivos da área e da empresa. As atividades logísticas, apesar de
desempenharem operações específicas, precisam estar coordenadas.
No fluxo de materiais, as operações de suprimentos, manufatura e distribuição física acontecem
ao mesmo tempo e, para termos um bom resultado, é preciso que essas operações sejam realizadas de
forma eficiente e integradas entre si.
Por fazerem parte de um grupo, as atividades logísticas mantêm uma relação direta entre si, em
que, a partir das necessidades solicitadas pelo mercado (previsão de vendas), acionamos a área de
distribuição física, para em seguida executarem-se as atividades de produção ou manufatura, em que as
necessidades dos clientes serão produzidas.
Após a produção prevista, serão desenvolvidas as atividades de suprimentos no sentido puxado da
produção.
Importante destacar que essas atividades operam dentro das empresas de forma simultânea e
precisam ser coordenadas ou integradas para que os objetivos das empresas, de atender os clientes no
menor custo e no melhor nível de serviço, sejam alcançados.
No fluxo de suprimentos, são realizadas as operações de compra, recebimento, transportes,
desenvolvimento de novos fornecedores, importação, exportação, identificação de fontes de suprimentos,
negociações comerciais, colocação de pedidos e acompanhamento geral das entregas previstas e
necessárias para suporte aos processos de manufatura.
No fluxo de apoio à manufatura, são desenvolvidas as operações que dão suporte à área industrial
e produtiva. O objetivo central dessas atividades é manter um fluxo regular e contínuo de suprimentos
e de retirada de produtos acabados da área produtiva, de forma a otimizar o ritmo de produção sem
interrupções e restrições físicas de espaço.
Ao contrário das atividades de suprimentos e distribuição física, as operações de apoio à produção
são internas e se realizam com recursos próprios.
Uma situação que exige uma logística de apoio à manufatura especial é quando a empresa possui
mais de uma unidade produtiva, que deve ser suportada pelas áreas de suprimentos e distribuição física,
de modo especial e de caráter multifacetado.
No fluxo de distribuição física, são executadas as atividades específicas, como o processamento de
pedidos de venda e as entregas dos produtos e serviços aos clientes. Na distribuição física, a base para
o início das operações é a colocação do pedido, a separação física dos produtos nos armazéns e o envio
ao setor de expedição, que providenciará o transporte e a entrega.
Caráter estratégico deve ser dado a essa atividade, visto sua integração com a área de vendas e
marketing, que em suas atividades coordenam informações aos clientes, como prazos de entrega e de
atendimento, como parte dos esforços em criar um diferencial competitivo.
19
Unidade I
Logística Integrada
Logística
Suprimento
Fornecedor
Administrar
materiais
Administrar
materiais junto a
manufatura
Logística
Distribuição
Manufatura
Atividades de
distribuição c/
manufatura
Atividade
específica
distribuição
física
Cliente
Consumidor
Atividades
distribuição
física junto
ao cliente do
fornecedor
Atividades da
distribuição
física junto ao
consumidor
Figura 5
De forma efetiva, somente com a integração das atividades operacionais internas (suprimentos,
manufatura e distribuição) com atividades externas (fornecedores, transportadoras etc.) é possível as
empresas atingirem um desempenho superior na sua logística e, portanto, junto aos clientes.
Portanto, “superar a concorrência com base na competência logística significa fornecer um nível de
serviço superior aos clientes” (BOWERSOX, 2004).
Para atingir um bom nível de integração em logística, as empresas devem contar com a colaboração e
o apoio de clientes, fornecedores e prestadores de serviço, considerando toda a cadeia de suprimentos.
2 A INTEGRAÇÃO DA LOGÍSTICA COM PRODUÇÃO E MARKETING
Na logística atual, há a necessidade de integração entre áreas internas envolvidas com as áreas de
produção e marketing, que são consideradas estratégicas em suas ações para o bom desempenho da
logística.
Pontos de interesse mútuo ocorrem entre as áreas, principalmente em relação ao nível de serviço
desejado aos clientes, que é influenciado por ações tomadas sobre transportes, frota ou entregas
terceirizadas, a definição de centros de distribuição avançados.
Os serviços logísticos, para atingirem seus objetivos, precisam estar integrados às áreas de vendas,
operações, produção e marketing, visto que há uma interligação que, em certas ocasiões, pode ser
conflitante.
20
Produção
Logística e Produção
Logística
Logística e Marketing
Marketing
Controle de qualidade
Programação de
produto
Transporte
Padrões de serviço aos
clientes
Promoção
Programação
detalhada da produção
Localização da fábrica
Manutenção de
estoques
Precificação
Pesquisa de
mercados
Manutenção de
equipamentos
Compras
Processamento de
pedidos
Embalamento
Composto de
produtos
LOGÍSTICA INTEGRADA
Logística
Logística e Marketing
Marketing
Planejamento de
Capacidade
Armazenagem
Localização do varejo
Administração da
força de vendas
Projeto de trabalho
Manuseio de
materiais
Produção
Logística e Produção
Figura 6
Na integração com a área de produção, a ligação direta estabelece-se principalmente na programação
da produção, na qual volumes e prazos são determinados. Esse trabalho é coordenado pela área de PCP
(Programação e Controle da Produção), e as programações das entregas de pedidos dos clientes que
saem da linha de produção serão usadas pelos setores de estoque e transporte.
Na integração com a área de marketing, as principais ligações se dão em função das atividades que
podem influenciar ações de logística, como a definição dos pontos de vendas, as previsões de volumes
a serem vendidos e os prazos de entrega, além de ações de promoção comercial, políticas de divulgação
pública e campanhas publicitárias em geral.
Os três setores, logística, produção e marketing, devem atuar de forma conjunta e buscar atingir
os objetivos a que se propõem: gerar os lucros que as empresas precisam para manter uma trajetória
sustentável.
2.1 Atividades-chave e atividades de apoio
Na configuração atual, além das atividades típicas de logística, algumas outras estão incorporadas
no conjunto das atividades. Podemos dividir as atividades em dois grupos, atividades-chave ou principais
e atividades de apoio ou auxiliares.
ATIVIDADES-CHAVE
Padrões de serviço aos clientes cooperando com o
marketing ao
– determinar as necessidades e os desejos dos
clientes em relação aos serviços logísticos;
– determinar a resposta do cliente ao serviço;
ATIVIDADES DE APOIO
– Armazenagem.
– Determinação de espaço.
– Layout de estocagem e projeto de docas (dock).
– Configuração do armazém.
– estabelecer os níveis de serviço aos clientes.
– Localização de estoques.
Transporte
Manuseio de materiais
– Seleção do modo e serviços de transporte.
– Seleção de equipamentos.
– Consolidação de cargas.
– Políticas de substituição de equipamentos.
– Roteirização de transportadores.
– Procedimentos de realização (picking) de pedidos.
– Programação de veículos.
– Armazenamento e recuperação de estoque.
– Seleção de equipamentos.
– Processamento de reclamações.
– Auditoria de taxas.
21
Unidade I
ATIVIDADES-CHAVE
ATIVIDADES DE APOIO
Gerenciamento de inventário
Compras
– Políticas de estocagem de matérias-primas e
produtos acabados.
– Seleção da fonte de suprimento.
– Oportunidade (timing) de suprimento.
– Previsões de vendas de curto prazo.
– Quantidades de compra.
– Composto (mix) de produtos nos pontos de
estocagem.
Embalamento de proteção. Projeto para
– Número, tamanho e localização dos pontos de
estocagem.
– manuseio;
– Estratégias de Just In Time, “empurrar” e “puxar”
produção.
– proteção contra perdas e danos.
Processamento de pedidos
Cooperação com a produção para
– Procedimento de interface entre vendas e pedidos
de inventário.
– especificação de quantidades agregadas;
– estocagem;
– Métodos de transmissão de informações de
pedidos.
– sequenciamento e tempo do resultado da produção.
Manutenção da informação
– Coleta, armazenamento e manipulação de informações.
– Regras de elaboração de pedidos.
– Análise de dados.
– Procedimento de controle.
Figura 7
Conforme vimos, as diversas atividades desenvolvidas pela Logística podem ser descritas em
atividades de suprimentos, manufatura (produção) e distribuição física.
2.2 Logística de suprimentos
Considerada a parte de abastecimento das atividades produtivas, nesse segmento, que compreende
atividades de suprimento de matérias-primas e materiais auxiliares das operações produtivas das
empresas (Supply Chain), são realizadas as atividades de aquisição com fornecedores (compras), além da
administração de materiais e estoques.
Fluxograma da Logística de Suprimentos
Fontes de
suprimento
Colocação
de pedidos
Fornecedor
Recebimento
Transporte
Figura 8
No fluxo acima, vemos a relação entre as empresas consumidoras e fornecedoras por meio de um
fluxo contínuo de colocação de pedidos e materiais, que estabelece um suprimento sempre em operação
e que precisa ser mantido para que não ocorram interrupções no fluxo interno (produção) e no fluxo
externo (clientes).
22
LOGÍSTICA INTEGRADA
Etapas do fluxo de materiais em suprimentos
As principais atividades operacionais na área de suprimentos consistem nas seguintes etapas:
1. Receber e analisar as solicitações de compra (SC) das áreas solicitantes (produção, venda, PCP,
almoxarifado).
2. Selecionar os fornecedores, efetuar as cotações e definir a empresa escolhida.
3. Emitir o pedido de compra (PC).
4. Realizar o acompanhamento preventivo das entregas para garantir os prazos solicitados.
5. Aprovar os pagamentos aos fornecedores.
A moderna gestão de suprimentos
Nos últimos anos, está ocorrendo um intenso processo de fusões e aquisições de empresas de
segmentos idênticos, e mesmo de setores bem distintos, e uma consequência, para vários setores, tem
sido a redução do número de fornecedores no mercado.
A tendência atual em suprimentos é a redução do número de fornecedores e a entrada de novas
empresas do exterior (Global Sourcing), em que as empresas e seus fornecedores buscam desenvolver
parcerias estratégicas que resultem em ganhos para todos na forma de maior eficiência, qualidade,
custo e serviço.
Ao mesmo tempo em que criam uma base menor de fornecedores, as relações de parceria se
aprofundam a ponto de empresas de grande porte colocarem seus fornecedores dentro de suas fábricas,
realizando a gestão dos suprimentos fornecidos e o controle de qualidade.
O setor de suprimentos desenvolve uma função importante para o andamento das operações e
dos resultados finais da empresa; portanto, deve ser tratado como área estratégica dentro do contexto
de logística e da empresa. Além de suprir a empresa com os recursos necessários para atender os
clientes, esse setor precisa fornecer os materiais dentro dos prazos solicitados pela área requisitante,
com o melhor nível de custos possível, e dentro das especificações corretas contribuirá para a melhor
performance possível.
As atividades de compras desenvolvem as etapas de negociação e aquisição dos suprimentos
necessários às operações das empresas. Podemos classificar os materiais a serem adquiridos em
produtivos (matérias-primas) e improdutivos (material de escritório).
No fluxo operacional padrão, a área de suprimentos deve:
1. Atender às necessidades da área solicitante.
23
Unidade I
2. Selecionar de onde virão os suprimentos.
3. Conseguir melhores condições de preço e de pagamento.
4. Emitir e administrar os pedidos de compras.
5. Fazer o follow-up preventivo e corretivo das entregas.
6. Conferir preços e prazos das entregas.
7. Desenvolver novos fornecedores local e internacional.
Na gestão da logística, existem funções que podem ter reflexos na performance da empresa. Uma
função importante é selecionar fornecedores, o que envolve definir preços, prazos, qualidade e localização
de onde virá o suprimento, afetando o trabalho da gestão de estoques e de armazenagem.
Veja como exemplo a situação de um item importado com entregas semanais comparado a itens
nacionais de reposição diária.
Podemos apontar como objetivos principais da área de suprimentos:
1. Manter suprimento de materiais de forma contínua, sem interrupções.
2. Equilibrar o fluxo de investimentos em estoques ao mínimo possível.
3. Comprar materiais ao menor custo possível.
4. Reduzir o índice de perdas na operação e os vencimentos dos lotes.
5. Desenvolver novos fornecedores e materiais novos.
6. Global Sourcing (fornecimento internacional).
Além das atividades acima, a área de suprimentos deve trabalhar em conjunto com as áreas de vendas,
engenharia, finanças, PCP, produção e armazenagem, de forma a estabelecer um controle completo e efetivo
sobre as operações, bem como estabelecer um fluxo de informações sobre os pedidos e os estoques.
Custos da logística de suprimentos
Os custos das empresas em função das atividades de suprimentos são altos e merecem melhor
observação. Os custos de suprir estão ligados a dois processos, a saber, os custos de aquisição e estocagem
(armazenagem) e os custos de movimentação (embalamento/handling), no sentido dos fornecedores às
empresas produtoras.
24
LOGÍSTICA INTEGRADA
1. Custos de aquisição de matérias-primas e insumos.
2. Custos de manutenção de estoques.
3. Custos de materiais danificados e vencidos.
4. Custos de manter equipamentos à disposição, como empilhadeiras, carrinhos, EPIs, pessoas.
Considerando os valores envolvidos nas operações citadas, as empresas precisam ter rígidos controles
e gestão atuante, estudando possibilidades de redução, como a implantação de técnicas modernas
de estoque. E também buscar com os fornecedores reduções de custos por meio do aumento da
produtividade, em função dos volumes comprados, e avaliar a implantação de centros de distribuição
de matérias-primas e acabados para evitar estoques altos.
2.3 Administração de materiais e estoques
A administração de materiais tem o objetivo de fornecer recursos para a produção e deve atuar para
que não falte material na produção e para os clientes.
Ao mesmo tempo, deve atuar de forma que evite imobilização de recursos financeiros em estoques;
na administração de materiais desenvolvem-se as seguintes atividades:
1. Planejamento das necessidades de materiais e insumos.
2. Gestão e controle dos estoques.
3. Planejamento das necessidades de produção.
4. Administração de almoxarifados.
Administração de materiais
Previsão de vendas
Distribuição de
produção
Planejamento de
produção
Produção
Figura 9
25
Unidade I
Na gestão de estoques, um foco que as empresas precisam ter é gerir volumes e valores, os quais, se
não forem bem administrados, podem afetar negativamente resultados operacionais e financeiros.
No caso dos estoques, existem alguns custos, como comprar e mantê-los em uma área física
(almoxarifados). Para isso, é necessário um sistema de planejamento que deve definir quando e quanto
de cada item deverá ser mantido nos estoques da empresa.
Quando as empresas mantêm estoques elevados para atender à demanda, isso implica aumentar as
necessidades de espaço e capital de giro; no caso de estoques baixos, a empresa poderá ter custos, faltas,
atrasos nas entregas e insatisfação do cliente.
Uma administração de materiais ineficaz aparece quando os produtos necessários não estão
disponíveis no momento exato e correto para atender às necessidades de mercado.
Cabe à administração de materiais gerenciar, de forma integrada, a gestão dos suprimentos com as
exigências de produção e atuar de forma que os custos sejam mínimos.
Além do transporte, dos estoques e do processamento dos pedidos, existem outras atividades que
compõem a administração de materiais, como obtenção, embalagem de proteção, armazenagem,
manuseios de materiais e manutenção de informações.
Em um contexto de gestão de serviços logísticos, a administração integrada pode melhorar a
coordenação das atividades, dando-lhe maior produtividade, e diminuir o custo administrativo.
Gestão de estoques
Planejar e controlar a gestão de materiais e estoques é muito importante para a gestão do processo
produtivo e do atendimento aos clientes, e deve atuar sobre disponibilidade, volumes, prazos, qualidade,
informações.
Entre os objetivos, um dos principais deve ser não deixar faltar material na produção e para isso
modernas filosofias japonesas, como JIT (Just in Time), Kanban, ECR, VMI e sistemas computacionais tipo
ERP, APS, permitem desenvolver práticas dentro e fora da empresa para atingir resultados positivos.
Motivos para manutenção de estoques
As empresas podem, em determinadas situações, decidir manter estoques de produtos acabados e
matérias-primas, seja para atender pedidos de vendas acima do previsto ou para garantir o fluxo regular
de produção. A seguir, um resumo com as razões para manter estoques:
– Assegurar o suprimento adequado de matéria-prima, material auxiliar, peças e insumos ao
processo de fabricação.
– Manter o estoque o mais baixo possível para atendimento compatível às necessidades vendidas.
26
LOGÍSTICA INTEGRADA
– Identificar itens obsoletos e defeituosos em estoques, para eliminá-los.
– Não permitir condições de falta ou excesso em relação à demanda de vendas.
– Prevenir-se contra perdas, danos, extravios ou mau uso.
– Manter as quantidades em relação às necessidades e aos registros.
– Fornecer bases concretas para a elaboração de dados ao planejamento de curto, médio e longo
prazos das necessidades de estoque.
– Manter os custos nos níveis mais baixos possíveis, levando em conta os volumes de vendas,
prazos, recursos e seu efeito sobre o custo de venda do produto.
PRINCIPAIS FATORES QUE AFETAM A LOCALIZAÇÃO DE ESTOQUES
Giro de estoque
Quanto maior o giro, maior a tendência à descentralização e menores são os
custos de armazenagem e os riscos de obsolescência.
Lead Time
Quanto maior o tempo de resposta, maior a tendência à descentralização.
Nível de disponibilidade
Quanto maior o nível de serviço, maior a tendência a posicionar os produtos
perto do cliente.
Valor agregado
Quanto maior o valor dos produtos, maior a tendência à centralização.
Figura 10
Locais de armazenagem
Apesar do recente desenvolvimento de novas formas de suprimentos e entregas diretas, os armazéns
continuam desempenhando a função de receber e administrar os estoques.
Os custos de manutenção de suas operações e a necessidade de investir em áreas grandes ainda são
fatores de pressão sobre os custos de logística.
A localização dos armazéns deve ser bem planejada, de forma a garantir um suprimento contínuo
entre os fabricantes e os clientes.
Os almoxarifados dividem-se em dois tipos, almoxarifado de matérias-primas e almoxarifado de acabados.
Observação
Na gestão de armazenagem, os três tipos principais de estoque, a saber:
produtos acabados, intermediários e matérias-primas, precisam estar
claramente separados, identificados e codificados, de forma a permitir uma
gestão consistente sem faltas ou excessos, em qualquer um dos três níveis,
sem onerar os recursos financeiros das empresas.
27
Unidade I
Almoxarifado de matérias-primas/insumos
Manter estoques de matérias-primas usadas na produção é importante para garantir um fluxo
regular e estável de produção, e os estoques devem estar próximos aos locais de produção, de forma a
permitir o suprimento às linhas de produção.
Matérias-primas são itens que entram no processo de produção da fábrica e, após passar pelo
processo de transformação, será produto acabado.
Almoxarifado de produtos acabados
Considerado estoque de reserva em várias empresas, nesse local são armazenados os produtos
prontos dos clientes.
A quantidade em estoque será função do planejamento dos estoques elaborado pelo PCP junto com
a área de vendas e marketing.
O planejamento e o controle são críticos, pois material parado em estoque onera o custo do produto.
Lembrete
Na administração de materiais e estoques, a função planejamento
operacional é fator crítico para o sucesso; para isso, as empresas precisam
ter atenção aos processos de planejamento da previsão de vendas, a fim de
evitar estoques em excesso ou faltantes, bem como locais de armazenagem
desnecessários ou insuficientes.
2.4 Logística de apoio à manufatura
A logística de apoio à manufatura executa atividades operacionais internas que prestam serviços de
suporte à produção e à manufatura. Esses serviços podem ser divididos em dois grupos, as atividades
de PCP (Planejamento e Controle da Produção), em que se elaboram o planejamento dos volumes e os
prazos a serem produzidos, e as atividades de movimentação de materiais e produtos acabados, como
abastecimento das linhas de produção, retirada de produto acabado e armazenagem nos almoxarifados.
A gestão dos estoques de matérias-primas, produtos em processo e produtos acabados é o principal
suporte para a área de produção e manufatura, pois um sistema de abastecimento contínuo é preciso
para que a produção não seja interrompida.
Os custos logísticos para apoio à manufatura são os custos de dar o correto apoio operacional
às atividades produtivas, como custos de recebimento,de PCP, de estoques de insumos para uso nas
fábricas, de equipamentos dedicados, de manuseio e mão de obra.
28
LOGÍSTICA INTEGRADA
2.5 Logística de distribuição física
A distribuição é muito importante para o sucesso das empresas no mercado e para o atendimento
aos clientes, pois é na distribuição física que se desenvolvem atividades de movimentação de produtos
e sua entrega para os clientes.
Para que essa função aconteça, é de vital importância que os produtos a serem entregues estejam
disponíveis no momento necessário ao carregamento e que os pedidos de vendas estejam devidamente
programados e prontos para o embarque.
É importante destacar que é na distribuição física de produtos que os clientes e o mercado formam a maior
parte da percepção sobre seus fornecedores, o que já denota o caráter estratégico dessa parte operacional.
A distribuição física estabelece um canal entre o marketing das empresas
e seus clientes através de um extenso e complexo sistema logístico entre
empresas que une fabricantes, atacadistas, varejistas e prestadores de
serviços (BOWERSOX, 2004, p. 45).
A distribuição física desenvolve as atividades de transporte, armazenagem, movimentação física,
gestão dos estoques, gestão de locais de estoques, processamento de pedidos de vendas e atendimento
aos clientes.
Representa uma parcela significativa dos custos logísticos totais das empresas, contribuindo para
atingir objetivos comerciais e financeiros.
As características de uma área de distribuição física são:
1. Confiabilidade na operação e nas informações.
2. Rapidez nas entregas e nas retiradas.
3. Controle de custos apurados e precisos.
4. Rastreabilidade e monitoramento dos pedidos de vendas e entregas.
Observação
É na distribuição física que se concebe grande parte da percepção que
os clientes formam de seus fornecedores de produtos e serviços; portanto,
especial atenção deve ser dada à parte final da entrega com relação aos
prazos e especificações solicitadas pelos clientes, e que não comprometam
a entrada de novos pedidos.
29
Unidade I
Na composição dos custos totais da distribuição física, que vão desde a armazenagem dos produtos
até a entrega efetiva, a gestão dos transportes representa até 2/3 dos custos totais e, de forma geral, são
custos elevados para as empresas.
Conceituamos custos de distribuição todos aqueles que ocorrem após o processo produtivo;
destacamos:
– custos de transferência para outros centros de distribuição;
– custos operacionais de distribuição;
– transportes;
– custos de manutenção de centros de distribuição;
– motoboys e serviços expressos.
Realizar a gestão dos transportes exige dos administradores conhecimentos técnicos sobre os
materiais a serem transportados, as possibilidades de utilização de modal para uma determinada
localidade (rodoviário, aquaviário, ferroviário, aéreo, multimodal), bem como os tempos de entrega e
retirada de cada local/ destino.
Para a definição do melhor modal de transportes, o gestor deve conhecer a disponibilidade de vias
para o local da entrega, as características físicas dos produtos, os volumes que devem ser entregues, a
frequência das entregas, os custos envolvidos e a confiabilidade.
Para o atendimento de cada pedido de venda, a área de distribuição física deve analisar as opções e
as possibilidades de entrega, de modo a atender os clientes ao menor custo operacional.
Fluxograma da distribuição física
Processamento de pedidos
Transmissão de pedidos
Pedido do cliente
Separação de pedidos
Transporte do pedido
(mercadoria)
Entrega ao cliente
Figura 11
30
LOGÍSTICA INTEGRADA
O ponto de partida para compreensão da distribuição física é a iniciativa, por parte dos clientes, na
colocação de seus pedidos de compra, e as empresas fornecedoras atuam a partir dessas demandas em
seus processos internos, conforme vimos no fluxograma.
De forma simplificada, podemos afirmar que a distribuição física compreende as operações entre a
colocação dos pedidos pelos clientes e sua entrega efetiva.
Para Bowersox (2001, p. 57), como a distribuição física lida com as necessidades dos clientes, significa
que estão mais sujeitos a erro do que as atividades de produção e suprimentos.
Exercício de aplicação
1. A integração das atividades internas da Logística nas empresas é estabelecida por meio da
integração entre os fluxos de materiais e de informações. Entre os fluxos de materiais, aquele que
se encarrega de prover recursos junto aos fornecedores é denominado:
a) Distribuição física.
b) Suprimentos.
c) Marketing.
d) Apoio à manufatura.
e) Produção.
Resposta do exercício de aplicação
b) Suprimentos
Conforme vimos no texto, a logística interna é composta de três fluxos de materiais, suprimentos,
apoio à manufatura e distribuição física. A área de suprimentos é responsável por estabelecer
contatos com os fornecedores e colocar os pedidos de compras de matérias-primas e insumos para
a produção.
RESUMO
Podemos concluir, conforme aprendemos nesta unidade, que a área de
Logística evoluiu rapidamente em suas funções e atribuições nos últimos
anos, devido ao avanço de novas tecnologias de gestão e produção,
agregando novas funções dentro das empresas.
31
Unidade I
A Logística é considerada, atualmente, uma área que colabora e atua de
forma decisiva para o alcance das metas que fazem parte do planejamento
estratégico das empresas.
Essa colaboração deve ser desenvolvida em duas frentes principais de
ação, a saber, no atendimento aos pedidos dos clientes dentro dos padrões
de qualidade e nos atendimentos solicitados e na gestão dos custos
logísticos, principalmente os de estoques, transportes e armazenagem, que
compõem grande parte dos custos operacionais totais das empresas.
Vimos também que a moderna gestão logística aponta para uma gestão
que procura organizar as atividades internas da empresa, que fazem parte
das funções operacionais, ou seja, a logística de suprimentos, apoio à
produção e distribuição física, visando maior integração entre os setores
envolvidos, principalmente os departamentos de vendas, marketing,
produção e finanças, que passam a assumir de forma conjunta as decisões
e os projetos da logística.
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