Proposta de correção do exame nacional – 2ª fase – 2012
GRUPO I
A
1. Quando Baltasar regressa a casa, este vem sem nada, pobre, “de mãos vazias”; chega ainda mutilado,
pois perdera a sua mão esquerda na guerra da sucessão em Espanha (“uma lhe ficou no campo de
batalha” – linhas 1-2) e acompanhado de Blimunda (“trouxe mulher” – linha 1), que poderá contribuir para que este se sinta menos pobre emocionalmente.
2. Marta Maria, mãe de Baltasar, manifesta dor, sofrimento e aflição face à amputação do filho, querendo saber o que a motivou (“a dor que a mutilava” – linhas 16-17, “as lágrimas e as perguntas,
Meu querido filho, como foi, quem te fez isto” – linhas 18-19). Contudo, João Francisco mostra uma
certa indiferença e resignação, revelando alguma compreensão face à condição do filho, uma vez
que ser soldado acarreta consequências daquelas, afirmando, por isso, “Paciência, quem foi à
guerra” – linha 31.
3. Inicialmente, Marta Maria vê um vulto, mas a preocupação com a situação do filho fá-la alhear-se
dessa presença, daí que Blimunda se afaste para dar espaço à mãe e ao filho; seguidamente, Baltasar
apresenta a companheira à mãe, verificando-se aqui alguma aproximação que, finalmente, se concretiza plenamente quando ambas vão “tratar da ceia”.
4. O narrador, no seu comentário, salienta a insensibilidade dos filhos que se afastam dos pais, deixando-os sem notícias e em sofrimento por não saberem se estão vivos ou mortos. Porém, este comentário surge em sequência do comportamento de Baltasar, funcionando, portanto, como uma
crítica à atitude assumida porque, apesar de ter estado dois anos em Lisboa depois de regressado
da guerra, não dera qualquer sinal de vida aos pais até “há poucas semanas” (linha 35), tendo omitido o facto ao progenitor, para que este não visse nisso indiferença.
GRUPO I
B
A vanguarda europeia caracteriza-se pela rutura com o tradicional e com a lógica aristotélica impressa
na arte.
Álvaro de Campos, enquanto filho indisciplinado da civilização moderna, reflete, na sua poesia, uma
inovação quer em termos temáticos quer estilísticos, na esteira dos modernistas europeus. Por isso,
elogia a máquina, a civilização industrial e as transformações delas decorrentes, procurando senti-las
intensamente, aspirando, mesmo, a ser triturado por um motor. Vê beleza na fealdade e reage impulsiva e euforicamente à modernidade, tentando reproduzir os ritmos e os barulhos das máquinas, através do versilibrismo e heteroestrofismo, das onomatopeias, traduzindo a volúpia das sensações, como
documentam as “Ode Triunfal” e “Ode Marítima”.
Pode assim afirmar-se que Campos capta, na sua fase futurista-sensacionista, a lógica das tendências
vanguardistas e impregna a sua poesia de realidades antilíricas.
(130 palavras)
1
GRUPO II
Item
Versão 1
Versão 2
1.1.
(B)
(D)
1.2.
(D)
(A)
1.3
(B)
(D)
1.4
(C)
(B)
1.5
(A)
(C)
1.6
(C)
(A)
1.7
(D)
(B)
2.1
Complemento direto
2.2
das palavras / palavras / as palavras
2.3
(Oração) subordinada (adverbial) concessiva
GRUPO III
Ao longo dos tempos tem-se assistido a inúmeras alterações relativamente aos papéis atribuídos ao
homem e à mulher nos diferentes domínios – família, educação e profissão.
Se nas civilizações ocidentais o homem foi sempre considerado o chefe da família, tendo, por isso,
acesso à educação e ao exercício de uma profissão, à mulher estavam-lhe atribuídas as tarefas de procriar, de cuidar da casa, dos filhos, do marido e dos familiares diretos e mais velhos, vedando-se-lhe
a possibilidade de estudar, mas exigindo-se-lhe que se transformasse na mãe e esposa perfeitas.
Contudo, com o decorrer dos anos e a consciência da igualdade de direitos por parte do sexo considerado mais fraco, surge a exigência e a necessidade de as mulheres frequentarem a escola e acederem a cursos superiores, obtendo qualificações que lhes permitiriam exercer funções e profissões até
ali reservadas aos homens.
Também a nível familiar se verifica uma alteração de mentalidades, assistindo-se à partilha das tarefas
domésticas e educacionais, pese embora as mulheres continuem a acumular determinadas funções
de caráter doméstico e educacional, como cuidar dos filhos e supervisionarem-nos na escola, preparar
as refeições e proceder às limpezas, se bem que algumas sejam já auxiliadas pelos companheiros.
Porém, e apesar das transformações e do facto de as mulheres contribuírem com o seu trabalho para
o orçamento familiar, a verdade é que ainda se assiste à sua depreciação, em particular quando são
preteridas em cargos de chefia ou de nível político, ou ainda com discriminações salariais.
Perante isto, pode concluir-se que existe uma maior aproximação entre os papéis dos homens e das
mulheres nos domínios familiar, educacional e profissional, embora se verifiquem ainda inúmeros
atropelos ao princípio constitucional da igualdade entre os dois sexos, o que, consequentemente,
implica que se continue a lutar pelo cumprimento do estipulado constitucionalmente.
(296 palavras)
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