Exame Nacional de 2012 (2.a fase)
GRUPO I
A
As respostas podem contemplar os tópicos que a seguir se enunciam, ou outros considerados relevantes.
1. No momento em que regressa a casa, Baltasar vem:
– pobre («de mãos vazias» – linha 1);
– mutilado, já que perdeu a mão esquerda («uma lhe ficou no campo de batalha» – linhas 1-2);
– acompanhado de Blimunda («trouxe mulher» – linha 1; «e a outra segura a mão de Blimunda» – linha 2).
2. Os pais de Baltasar reagem de forma diferente à mutilação do filho:
– Marta Maria manifesta espanto e dor, chorando e fazendo perguntas ao filho («a dor que a mutilava naquele
braço» – linhas 16-17; «as lágrimas e as perguntas, Meu querido filho, como foi, quem te fez isto» – linhas 18-19;
«soluçava de mansinho» – linha 21);
– João Francisco encara a mutilação do filho com resignação, compreendendo a sua condição de soldado («mas
dela não falou, apenas isto, Paciência, quem foi à guerra» – linhas 30-31).
3. A relação entre Marta Maria e Blimunda evolui ao longo do excerto:
– num primeiro momento, Marta Maria distingue o vulto de uma mulher, o que a inquieta (linhas 16-17);
– num segundo momento, Baltasar apresenta Blimunda a Marta Maria (linha 21);
– finalmente, Blimunda é integrada nas tarefas domésticas («daí a pouco estavam a sogra e a nora a tratar da ceia»
– linhas 32-33).
4. No seu comentário, o narrador critica a atitude desatenta de Baltasar, que, tendo estado em Lisboa durante dois
anos, apenas poucas semanas antes da chegada enviara notícias à família, através de carta escrita por Bartolomeu
Lourenço, prolongando o sofrimento dos pais com o seu longo silêncio.
Na conversa com o pai, Baltasar omite essa informação, para ele não pensar que houvera indiferença da sua parte.
B
Proposta de resposta:
As tendências da Vanguarda europeia estão representadas na poesia de Álvaro de Campos da fase sensacionista,
sobretudo em poemas como a «Ode Triunfal» e a «Ode Marítima».
Nestas composições poéticas de verso torrencial e irregular, são visíveis traços que marcaram a produção literária
característica dos movimentos vanguardistas, nomedamente o canto das imagens, dos cheiros, das texturas e dos ruídos que caracterizam o mundo moderno. Prolifera, também, a referência às multidões e aos tipos sociais que povoam
as grandes cidades, assim como é marcante a exaltação dos progressos da ciência e da técnica, através de uma vibração febril e entusiástica.
As odes traduzem, assim, uma vivência marcada pelo desejo de «sentir tudo de todas as maneiras», evidenciado,
por exemplo, pela reprodução poética dos ritmos e pela representação por onomatopeias dos ruídos modernos. (130
palavras)
„ Texto
GRUPO II
1.1. (D)
1.2. (A)
1.3. (C)
1.4. (C)
1.5. (D)
1.6. (A)
1.7. (B)
2.1. A expressão «o nosso quotidiano» desempenha a função sintática de complemento direto.
2.2. O antecedente do determinante possessivo é «das palavras».
2.3. (Oração) subordinada (adverbial) concessiva.
GRUPO III
Dada a natureza deste item, apresenta-se um cenário de resposta possível, entre diversos que devem ser considerados.
Apresentação da tese:
Os papéis desempenhados pelo homem e pela mulher têm vindo a alterar-se ao longo dos tempos, sobretudo
no Ocidente, assistindo-se à complementaridade dos mesmos ou até à efetiva troca de papéis, fruto das evoluções
sociais e da alteração das relações.
Posição crítica e pessoal:
A favor da tese (argumentos e exemplos):
A alteração progressiva dos papéis masculino e feminino, principalmente na sociedade ocidental, é uma realidade,
uma vez que a mulher, tradicionalmente responsável pelas tarefas domésticas e pelos filhos, ao contrário do homem,
que garantia o sustento da família, foi assumindo um papel mais ativo e cada vez mais próximo do masculino.
A luta pelos direitos da mulher resultou na alteração da sua condição social, assumindo esta, na atualidade, funções desempenhadas habitualmente pelo homem, que ultrapassam os limites da vida familiar. Hoje, uma percentagem elevada de mulheres terminou um curso superior; a maioria tem um emprego fora de casa; e muitas ocupam
cargos de liderança, apesar de o universo masculino ainda manter o domínio dos cargos políticos e de gestão.
Por outro lado, poder-se-á afirmar que os papéis desempenhados pelo homem e pela mulher se complementam.
Na realidade, também as funções masculinas se alteraram, assumindo os homens, regularmente, o papel classicamente consignado à mulher, cooperando face ao novo papel feminino, através da partilha das tarefas domésticas e
responsabilizando-se pela educação dos filhos.
Atualmente, a mulher ocidental possui uma liberdade e independência que lhe permitem por exemplo viver sozinha, ocupar cargos de gestão ou sair socialmente sem estar necessariamente acompanhada pela presença masculina.
Contrária à tese (argumentos e exemplos):
No entanto, apesar da alteração profunda dos papéis femininos e masculinos na sociedade ocidental, em inúmeros locais do mundo o papel da mulher é muito distinto daquele que o homem desempenha, sobretudo nas sociedades islâmicas, vivendo esta sujeita à autoridade masculina e sendo-lhe totalmente negada a liberdade e a
assunção de um papel de destaque na sociedade, para além de ver desrespeitados diariamente os seus direitos
essenciais.
Infelizmente, num mundo onde cada vez mais a luta pela dignidade dos direitos humanos é uma realidade, a
identidade feminina ainda está sujeita à submissão ao masculino, como por exemplo em países onde o uso da burka
é obrigatório, onde é necessária autorização do marido para as esposas se ausentarem, onde muitas mulheres não
têm sequer direito ao voto e onde, incompreensivelmente, são permitidos apedrejamentos públicos.
FIM
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