LEVANTAMENTO E MONITORAMENTO DE AVIFAUNA NA ÁREA DE CONCESSÃO
FLORESTAL E ZONA DE CONSERVAÇÃO DA FLONA JAMARI - 2012
A Floresta Nacional (FLONA) do Jamari possui amostras significativas da biodiversidade
da Amazônia Sul-Ocidental e está em uma região submetida à altas taxas de
desmatamento e degradação ambiental. A FLONA tem como objetivo compatibilizar o uso
múltiplo sustentável dos recursos florestais e a conservação de biodiversidade. No ano de
2010, iniciou-se a exploração de produtos madeireiros nas unidades de manejo florestal
da FLONA do Jamari (RO). Portanto mostrou-se evidente a necessidade de medir os
possíveis impactos da exploração madeireira sobre a biodiversidade ocorrente nesta
Unidade de Conservação. Neste projeto está sendo comparada a estrutura da
comunidade de aves (riqueza, abundância e composição) na área de concessão florestal
e nas áreas de preservação na FLONA do Jamari, Rondônia.
Foram realizadas amostragens em quatro locais nas áreas de concessão e quatro nos
sítios de conservação da FLONA, utilizando redes-neblina e pontos de escuta. Foram
observadas diferenças significativas das comunidades de aves amostradas nas áreas de
manejo e conservação da FLONA, principalmente no período de seca. Com base no
pequeno número de áreas amostradas e nas possíveis diferenças regionais da avifauna,
ainda se pretende incrementar as amostragens nos locais ainda não manejados, porém
próximos às áreas de concessão florestal, possibilitando uma interessante comparação
antes e depois do impacto da exploração madeireira nesta Unidade de Conservação. É
prevista a utilização destes resultados em uma comparação de longo prazo que
possibilitem o acompanhamento mais detalhado dos possíveis impactos da exploração
madeireira sobre a avifauna da Floresta Nacional do Jamari.
1.1.Resultados Alcançados Anteriormente
Conforme planejado no projeto inicial, amostramos quatro áreas em áreas de concessão
e quatro na área de conservação padronizadamente por pontos de escuta e redesneblina.
Nos 40 pontos de escuta amostramos cerca de 1000 indivíduos de ao menos 120
espécies de aves. Nestes pontos registramos espécies dos três estratos da floresta e
principalmente aves insetívoras e frugívoras. O dados preliminares dos pontos
amostrados parecem apontar que as áreas submetidas a manejo florestal tenham mais
indivíduos, porém menos espécies. Alguns estudos já mostraram que locais perturbados
podem ter maior heterogeneidade ambiental, sendo uma possível explicação para estes
resultados. As amostragem com redes neblina tiveram também grande importância, pois
com estas obtivemos dados de tamanho, peso e outras medidas morfométricas, incluindo
também estimativa de números de ectoparasitas por indivíduos. Todos estes dados ainda
poderão nos permitir inferir (com um maior número de amostragens) a condição dos
indivíduos que vivem nas áreas manejadas e primárias. Em nossa primeira fase de
campo, capturamos 50 espécies de aves, principalmente insetívoras de sub-bosque.
Destas amostragens observamos similares abundancias entres as áreas amostradas em
florestas manejadas e primárias. No entanto, a análise conjunta envolvendo riqueza e
abundancia (Análise Multivariada de Ordenação, MDS) mostram diferentes comunidades
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de aves ocupando áreas manejadas comparadas com as primárias. Estudos anteriores
mostram que áreas perturbadas abrigam comunidades de aves distintas das primárias,
com aumento de espécies frugívoras de sob-bosque, nectarívoras e insetívoras
generalistas. Apesar das tendências observadas nestes primeiros resultados, enfatizamos
a ainda baixa replicação dos dados e o diminuto numero amostral (12 redes por pontos x
6 dias de campo), considerando a totalidade de área e a importância de dados robustos e
seguros que envolvem o manejo das áreas da Flona do Jamari.
Aproveitando o esforço amostral das armadilhas fotográficas do projeto de mastofauna da
FLONA do Jamari, foi realizada análise das fotos de aves cinegéticas registradas por
esses equipamentos e adicionadas aos dados do projeto de avifauna dessa mesma
Unidade de Conservação. O projeto de armadilhamento fotográfico da mastofauna
constou com 11 câmeras instaladas em cada um dos sítios de estudo, porém o esforço
amostral efetivo em cada área não foi similar, pois na área controle apenas quatro
câmeras funcionaram (80 armadilhas/dia ou 30% do esforço amostral total), enquanto na
área manejada nove armadilhas funcionaram efetivamente (180 armadilhas/dia). Do total
de fotografias de aves cinérgicas, 72% (n=26) foram obtidas na área recém explorada
(Manejo Florestal). Dessas 26 fotografias, 5 registros - sendo 1 de indivíduo solitário, 2 de
casais e 2 de bandos com 3 indivíduos – eram da espécie Nothocrax urumutum
(urumutum); 4 registros - 3 de indivíduos solitários e 1 de casal - da espécie Pauxi
tuberosa (mutum-cavalo); 2 registros - indivíduos solitários - da espécies Psophia viridis
viridis (jacamim-das-costas-verdes). Já na área controle, módulo da Zona de
Conservação, foram obtidas 10 fotografias de apenas uma espécie, a Psophia viridis
viridis, sendo que em 1 registro constavam 8 indivíduos, nos demais os indivíduos
apareceram solitários. Apesar do pequeno numero de amostras é evidente a importância
da continuidade do estudo proposto. É também importante considerar que outros fatores
como estrutura vegetação, proximidade de corpos d'agua e microhabitats pode.
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