TM Rio 2016
Ernst & Young agora é EY.
Desenvolvimento
do gás natural
no Brasil
Desenvolvimento do gás natural no Brasil | 1
Índice
2 | Desenvolvimento do gás natural no Brasil
1. Contexto internacional da indústria de gás natural
4
2. Contexto atual da indústria brasileira de gás natural
10
3. Projeções da produção de gás natural no Brasil
14
4. Proposta para a indústria brasileira de gás natural
18
Desenvolvimento do gás natural no Brasil | 3
1. Contexto internacional da indústria de gás natural
Neste início de século XXI, o gás natural vem ganhando cada vez mais relevância. A sua crescente
participação na matriz energética mundial, o boom da produção norte-americana de gás não
convencional, novas reservas descobertas na Argentina, Brasil e Austrália, o pré-sal brasileiro e a
costa leste africana impulsionam um cenário de crescimento para o gás natural nos próximos anos.
1
4 | Desenvolvimento do gás natural no Brasil
O grande norteador para o aumento da demanda global continuará sendo o uso do gás
na geração de energia, seja para climatização, seja para energia elétrica. Também relevante,
encontra-se a utilização do gás e líquidos do gás natural como matéria-prima para uso
na indústria (petro) química. Outro uso que vem crescendo é o do gás natural no setor
de transporte, com a substituição do diesel pelo GNL para veículos pesados e o GNC
substituindo a gasolina para veículos leves, inclusive alguns modelos de carros híbridos.
Os Estados Unidos estão a caminho da autossuficiência em petróleo e gás natural, o que
impacta diretamente a oferta e demanda desses energéticos no mercado global e no cenário
geopolítico, em especial no Oriente Médio. No gráfico 1, podemos observar que a Ásia
é a região que apresenta o maior crescimento na projeção de produção de gás natural
do EIA (Energy Information Administration, EUA). Esse movimento está sendo impulsionado
principalmente pela Austrália, seguido pela China e pela Índia. Os dados apresentam a África
em segundo lugar, com um crescimento de quase 40% no período 2013–2020, produto
de investimentos programados para aquela região.
100%
5.000
90%
80%
70%
3.117
3.232
3.345
3.402
3.485
3.620
4.022
3.864
3.742
4.183
4.318
4.500
4.000
3.500
60%
3.000
50%
2.500
40%
2.000
30%
1.500
20%
1.000
10%
500
0%
2010
2011
2012
2013
2014E
2015E
2016E
2017E
2018E
América do Norte
Oriente Médio
América Latina
Ásia
África
Europa
2019E
2020E
Global
Gráfico 1 | Projeção
de produção de gás
natural Bm3 (bilhões
de metros cúbicos)
0%
Fonte: EPE
Países
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
África
205,2
198,2
197,2
192,4
196,2
211,7
227,6
239,0
250,5
256,9
269,0
Ásia
493,7
496,9
500,9
521,9
557,2
615,1
647,5
679,6
719,4
752,8
776,2
Europa
975,5
1.002,9
1.045,1
1.054,9
1.062.0
1.070,1
1.081,9
1.096,5
1.122,9
1.149,7
1.168,5
América Latina
239,3
240,7
251,8
259,7
266,8
274,9
282,2
289,9
298,4
307,8
317,2
Oriente Médio
441,3
491,8
520,8
539,5
562,4
587,9
611,5
628,5
650,7
671,4
691,1
América do Norte
756,5
796,1
824,2
828,2
835,7
855,2
886,2
925,2
975,2
1.039,1
1.090,5
Desenvolvimento do gás natural no Brasil | 5
O gás natural representa 24% do consumo da energia primária no mundo, configurando-se na
fonte que apresenta o maior crescimento para os próximos 20 anos. Quando pensamos no gás
não convencional, há muitas incertezas sobre as possibilidades da exploração no médio e curto
prazo. A regulação do upstream e as condições de licenciamento ambiental impactam diretamente
a viabilidade de exploração do mesmo. Ademais, os altos investimentos em infraestrutura
podem agravar esse cálculo de viabilidade. Por outro lado, os números potenciais de volumes
de gás recuperáveis são elevados, sendo que a China, a Austrália e a Argentina apresentam
grande potencial, além dos EUA, Canadá e México.
No que se refere ao processamento e ao transporte de gás natural, a grande disponibilidade de gás
no mercado está promovendo o desenvolvimento de tecnologias eficientes, como a liquefação de
grande porte, a liquefação de pequeno porte, o gás comprimido, as unidades modulares e flexíveis
de processamento e compressão, além de pesquisas em novas fronteiras, como o LNG Lite.
Todos esses fatores refletirão na competitividade do gás natural, contrariando, no futuro, a lógica
de preços estritamente regionais. O aumento gradativo do comércio mundial por meio do GNL
e o início efetivo da exportação em grande volume de EUA/Canadá e Austrália tendem a mudar,
na segunda metade desta década, as lógicas até agora observadas no comportamento de preços
do gás natural nas diversas regiões, que tenderão a refletir muito mais as diferenças de custos
logísticos para se atingir cada mercado do que exclusivamente as particularidades específicas
de cada país.
Esse cenário mundial que se descortina é resultante de quatro elementos intrínsecos
do gás natural: é o mais “limpo” dos combustíveis fósseis, confiável, eficiente e abundante.
Shale gas
O shale gas no Brasil ainda se encontra numa fase embrionária. Neste ano (2014) devem começar
as fases exploratórias nos campos com volumes de shale gas in situ que foram leiloados na 12ª
Rodada (2013) da Agência Nacional do Petróleo (ANP). O governo sinaliza as oportunidades para
o uso desses volumes na geração de energia termoelétrica nas proximidades dos potenciais
poços produtores.
Imagem 1 |
Reservas globais
de shale gas e
shale oil
Deve-se considerar que a combustão de gás natural emite significativamente menos dióxido de
carbono (CO2) e dióxido de enxofre (SO2) do que a combustão do carvão ou petróleo. Quando usada
em usinas de energia de ciclo combinado eficientes, a combustão de gás natural pode emitir menos
da metade de CO2 que a combustão de carvão por unidade de produção de energia elétrica.
Embora em novembro de 2013 a ANP tenha realizado o primeiro leilão (arrematados 72 blocos
em cinco bacias) com foco em gás convencional e não convencional em terra, ainda existem grandes
indefinições nas regras para a produção de shale gas no País. Um ponto de grande destaque dessa
rodada foi a oposição de ambientalistas por conta de ainda não haver uma regulamentação clara de
proteção ambiental. Por sua vez, o País precisa garantir as condições de infraestrutura básica, desde
a construção de estradas para os locais de produção até a construção de ramais de gasodutos para
que o gás possa chegar às eventuais térmicas.
No entanto, existem algumas potenciais preocupações ambientais associadas com a produção
de shale gas. O fraturamento de poços demanda grandes quantidades de água, o que, em algumas
regiões do País, poderia afetar a disponibilidade de água para outros usos. Outro assunto
importante é o fluido utilizado para o fraturamento hidráulico que, segundo os ambientalistas,
contamina os lençóis freáticos.
Para o Brasil, a experiência dos Estados Unidos poderia ser de grande utilidade, com o aprendizado
dos erros e acertos norte-americanos para evitar potenciais problemas ambientais e sociais.
Segundo estudo da EIA, o shale gas representa 32% das reservas tecnicamente recuperáveis
consideradas em 42 países. No quadro a seguir podemos observar que o Brasil, embora esteja
entre os dez principais mercados, conta com um volume de reservas bem distante das primeiras
colocações (EUA e China).
País
Trilhões de m3
Estados Unidos
1.161
China
1.115
Argentina
802
Argélia
707
Canadá
573
México
545
Austrália
437
África do Sul
390
Rússia
285
Brasil
245
Demais países
1.535
Total
7.795
Quadro 1 |
Reservas
recuperáveis
de shale gas
Fonte: EIA/ARI
Base avaliada
com recursos estimados
Base avaliada
sem recursos estimados
6 | Desenvolvimento do gás natural no Brasil
Fonte: EIA/ARI
Desenvolvimento do gás natural no Brasil | 7
Essas estimativas possuem certo grau de incerteza. Porém, é sabido que os Estados Unidos
recuperaram grandes volumes de shale gas em tempos reduzidos, chegando a representar
40% da sua produção de gás natural (2012). Essas experiências poderão servir como parâmetro
para projetos em outras regiões, porém os parâmetros de custos locais e do tamanho dos campos
terão impacto mais relevante.
Gráfico 2 | Tamanho do
40
mercado de serviços
para fontes não
convencionais - EUA
35
Bilhões de dólares
30
25
20
15
10
5
0
2005
2006
Fraturamento hidráulico
8 | Desenvolvimento do gás natural no Brasil
2007
2008
2009
2010
Perfuração direcional
2011
2012
2013
Especialidades químicas
O impacto do desenvolvimento de shale gas nos Estados Unidos manifesta-se em diferentes áreas,
como na infraestrutura e mercados de trabalho, além dos esforços do governo no desenvolvimento
de uma regulamentação correta. O quadro a seguir apresenta um resumo desses impactos:
Infraestrutura
Mercado de Trabalho
Regulamentação do Governo
Situação
Experiência
Ambiente
O rápido crescimento da
atividade econômica aumenta
o número de trabalhadores,
transientes, o apoio e as
necessidades logísticas
para as comunidades dentro
do campo e dos locais
da cadeia de suprimentos.
Os campos de shale gas
requerem toda a expertise
disponível para sua produção
e na prestação de serviços
(logística, administração).
O atividade de exploração de
shale gas pode impactar o ar,
água, terra e infraestrutura
básica. Esses elementos se
enquadram em diferentes
leis e áreas de influência.
Complicação
Educação
Complicações
Muitas comunidades são
pequenas e incapazes de
lidar com o grande número
de pessoas; serviços
básicos tornam-se tensos
ao ponto de ruptura. O ritmo
da "utilização e desgaste
normais dos serviços"
aumenta exponencialmente.
Escolas e universidades terão
de concentrar-se rapidamente
na formação profissional para
atividades nos campos industriais
e de gestão de resíduos,
bem como no desenvolvimento
de habilidades de engenharia
e gestão.
Muitos Estados e localidades
manifestarão as necessidades
dos cidadãos por meio de
representantes locais (às vezes)
mal informados. Embora essas
pessoas não sejam os proprietários
ou investidores dos recursos,
eles têm a capacidade de influir
no trabalho (sindicatos locais,
organizações comunitárias).
Impactos
Impactos $
Impactos
A pavimentação das estradas,
apesar de importante, nem
sempre é concluída. Alojamentos
temporários podem não ficar
prontos em tempo. Escassez
de escolas e hospitais, que
acabam sobrecarregados.
Um motorista de caminhão
pode ganhar entre US$ 100150 mil por ano (o mesmo
que um engenheiro experiente
ou um profissional com MBA
em outros lugares).
Várias cidades e localidades do
Estado de Nova York proibiram a
fratura hidráulica completamente.
Os sindicatos de vários Estados
negociam diretamente com
as empresas de E&P para colocar
pressão sobre as empresas
de serviços e fornecedores.
Desenvolvimento do gás natural no Brasil | 9
2. Contexto atual da indústria brasileira de gás natural
Embora a história do gás natural no Brasil tenha se iniciado na década de 1950, sendo o seu
principal destino o uso no setor industrial, só após os anos 80 (choque do petróleo) começaram
a despontar a produção, com o desenvolvimento da Bacia de Campos e o consumo de gás natural.
2
10 | Desenvolvimento do gás natural no Brasil
Já na década de 1990, na busca de alternativas, surge o Gasoduto Bolívia-Brasil como parte
do programa de política energética que marcou a retomada da exploração efetiva das reservas
de gás natural. Foi naquela época então que o governo brasileiro determinou a meta de elevar
para 12%, até 2010, a participação do gás natural (hoje em 12,6%) na matriz energética brasileira.
Por ser um setor relativamente pequeno e em crescimento, ainda é afetado por uma estrutura
contratual, de logística e de produção que herdou os resíduos de um modelo monopolista
(anterior à Lei do Petróleo de 1998). Essa situação deve ser enfrentada na busca de um modelo
de competição, fundamental para o desenvolvimento da indústria, fortemente dependente
de um gás competitivo.
Gestão de
investimentos custos
elevados de
infraestrutura
Agente
dominante
verticalizado impede
competição
Falta de
planejamento
- visão de
curto prazo
Mercado
de gás
natural
Lei do Gás
ainda impede
a quebra
da estrutura
vigente
Preços não
competitivos setor
industrial
prejudicado
Dumping
estrutural modelo de
leilões dos
excedentes
Fonte: Gas Energy
Esta não é uma estrutura somente visualizada na indústria de gás natural, mas reflete a situação
existente no midstream e downstream do petróleo. O modelo estruturado na Lei do Petróleo
de 1998 e repetido na Lei do Gás de 2009 não quebrou a estrutura monopolista existente,
a não ser na exploração e produção do petróleo e gás.
Mesmo a visão de uma agência reguladora fortalecida foi desestruturada nos últimos anos
pela intensificação de um modelo que contaminou os preços relativos dessa indústria. Os dutos
de transferência e transporte de petróleo e de derivados, os terminais de importação, exportação
ou movimentação interna, as refinarias e os preços dos derivados são exemplos claros de
elementos que são barreiras econômicas efetivas para a entrada de novos agentes nesse setor
e que são repetidos no gás natural.
Nessa indústria, a presença do agente praticamente monopolista na estrutura de produção,
logística e participação na maioria das distribuidoras deriva em um controle do desenvolvimento
do mercado e em uma paralisação das iniciativas dos agentes, levando ao aumento da
concentração e à desistência no desenvolvimento das novas descobertas de gás não associado,
Desenvolvimento do gás natural no Brasil | 11
O único setor com aumento de demanda foi o termoelétrico, sendo que este é apoiado em fortes
desajustes do modelo utilizado que causam inúmeros problemas ao mercado. Gás natural
não pode ser usado em mercados de dimensão tão pequena como o existente no Brasil, em
complementaridade a algo aleatório, como a chuva. Esse processo levou a um profundo desajuste
do setor, à inibição da nova oferta ao mercado e ao encarecimento desse energético para a indústria.
O consumo de gás natural em 2013 cresceu 17,8% no Brasil, para cerca de 67,2 milhões
de metros cúbicos por dia, estima a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás
Canalizado (Abegás), com a Petrobras batendo recorde de fornecimento do produto nacional
ao mercado. Conforme dados do Boletim Mensal de Acompanhamento da Indústria de Gás Natural
do governo federal, publicado em dezembro de 2013, o volume importado da Bolívia variou
de cerca de 30 milhões a 32 milhões de metros cúbicos por dia em 2013. As cargas de GNL
representam cerca de metade das importações da Bolívia, ou um terço das importações totais.
80
O mercado de gás natural aponta para um crescimento nos próximos anos no Brasil. O pré-sal,
rico em gás natural associado ao petróleo, necessitará colocar no mercado o equivalente a novos
50 Mm3/d até 2020, volume superior aos atuais 43 Mm3/d de todas as outras bacias produtoras,
sendo cerca de 20 Mm3/d de novos players.
16,50
16,56
17,21
32,52
41,36
18,31
30,20
2005
17,14
20,21
28,29
2004
21,22
40
21,15
50
41,86
60
16,73
70
20,37
Observa-se que o incremento nesse período ocorreu principalmente pela produção offshore
(mar), que duplicou nesse período. Em terra, porém, a produção apresentou uma queda
de 4%, finalizando o ano de 2013 com uma produção média diária de 20 milhões de m3.
16,84
Gráfico 3 | Histórico de
produção de gás natural –
milhões de m³/dia (Mm³/d)
além de atrasos e desvios na comercialização do gás do pré-sal. Não é por outro motivo que
o volume de gás natural consumido na indústria é praticamente o mesmo de 2007, enquanto
a produção industrial bruta teve crescimento.
Adicionalmente, novos volumes a serem confirmados poderão elevar a participação dos novos
produtores para 25% no total de gás disponibilizado (nacional + importado), mudando drasticamente
o ambiente desse setor no Brasil. As novas rodadas da ANP de 2013 incorporaram além
disso novos players, ampliando o potencial de negócios no setor, levando a um cenário como
o mostrado na figura a seguir.
56,43
53,89
10
49,11
20
46,34
30
0
Mar
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Fonte: ANP
Terra
A produção diária de gás natural no Brasil no último decênio (10 anos - 2004/2013) apresentou
um crescimento de 66%, passando de uma média diária de produção de 46 milhões de m3
em 2004 para 77 milhões de m³ em 2013.
Gráfico 4 | Importações
de gás natural - milhões
de m³/dia (Mm³/d)
43,0
45
40
29,5
30
25
20
21,1
23,4
25,5
Demanda
reprimida
Oferta
excedente
Preço inadequado
Infraestrutura deficitária
27,3
26,9
Regulação desfavorável
para a indústria
34,2
32,9
35
Nova oferta:
Novos produtores
pré-sal
Monopólio
do gás natural
É preciso começar já a solucionar esses problemas
para alavancar o crescimento industrial
22,2
15,5
15
Fonte: Gas Energy
10
5
0
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Tendo em vista a ainda baixa participação do gás natural na matriz energética nacional, pode-se
afirmar que existe um grande potencial para a expansão da demanda de gás natural no Brasil.
Entretanto, a realização plena desse potencial depende substancialmente de algumas mudanças
na política energética do País e na estruturação de um plano para o setor do gás.
Fonte: ANP
12 | Desenvolvimento do gás natural no Brasil
Desenvolvimento do gás natural no Brasil | 13
3. Projeções da produção de gás natural no Brasil
O setor industrial brasileiro vem apresentando um crescimento desacelerado nos últimos anos,
motivado por questões de preços e infraestrutura. Contudo, espera-se que essa realidade possa
mudar e o setor venha a consumir cerca de 43 milhões de m³/dia em 2022. Esse aumento
representaria um crescimento em torno de 40% no consumo atual (2013).
É esperado também um aumento representativo no consumo veicular. O setor de fertilizantes
também apresenta uma importante representatividade no crescimento, uma vez que existem
novas unidades previstas para os próximos anos.
Gráfico 5 | Consumo
total de gás natural milhões de m³/dia
(Mm³/d)
160
140
120
Mm³/d
3
14 | Desenvolvimento do gás natural no Brasil
O potencial de crescimento do mercado de gás natural no Brasil é enorme. Segundo a projeção
de demanda da Gas Energy, o consumo de gás natural nos próximos oito anos crescerá cerca
de 40%, totalizando um volume de 130 milhões de m³/dia em 2022, conforme revela o gráfico 5.
Essa demanda prevê uma utilização média de cerca de 60% da capacidade de geração das usinas
termoelétricas no Brasil.
100
80
60
40
20
0
2013
2017
Industrial (incl. cogen + MP)
GNV
Refino / Fertilizantes
Geração térmica esperada
Residencial / Comercial
Geração térmica adicional
2022
Fonte: Gas Energy
Produção
A produção esperada de gás natural sofrerá restrições por conta de alguns fatores, como a oferta
limitada de equipamentos, assim como a questão de cumprimento das exigências de conteúdo
local e a falta de infraestrutura suficiente.
Substanciais reservas de gás natural do Brasil e vastos recursos tecnicamente recuperáveis
de shale gas sugerem um potencial significativo de crescimento ao longo da próxima década.
O desenvolvimento da produção de gás associado no pré-sal terá um custo considerável,
o qual pode vir a desestimular a atratividade dos investimentos das empresas produtoras.
Os campos do pré-sal podem ser localizados a até 300 quilômetros da costa, resultando
em custos de transporte substanciais. Há incertezas sobre o gás natural oriundo do pré-sal que
será disponibilizado ao mercado, uma vez que a capacidade de reinjeção ainda é uma dúvida.
Porém, a Gas Energy estima que parte significativa do gás estará no mercado a partir do início
da próxima década.
Desenvolvimento do gás natural no Brasil | 15
250
140
Gráfico 6 | Produção
bruta de gás natural
- milhões de m²/dia
(Mm³/d)
120
200
Mm³/d
100
Mm³/d
Gráfico 7 | Balanço
oferta e demanda futura
- milhões de m³/dia
(Mm³/d)
80
150
100
60
50
40
0
20
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
0
2013
2014
2015
2016
2017
2018
Campos em produção
Campos em desenv.
Libra
Pré-sal ex-Libra
2019
2020
2021
2022
Blocos em expl.
Fonte: Gas Energy
Na projeção de produção da Gas Energy apresentada no gráfico 6, observa-se o decaimento dos
campos atuais. Em contrapartida, existe a entrada de produção dos campos em desenvolvimento.
Pode-se observar que o pré-sal torna-se uma fonte importante de oferta. Nesse período,
os principais campos são Lula, Sapinhoá e os da cessão onerosa, como Franco e Florim.
O campo de Libra tem pouca representatividade no período considerado, porém existem grandes
volumes esperados para após 2022. Estima-se que o pico de produção de Libra possa atingir
cerca de 40 milhões de m³/dia em 2024.
Campos em produção
Campos em desenv.
Blocos em expl.
Libra
Pré-sal ex-Libra
Bolívia
GNL
Total com despacho médio
Fonte: Gas Energy
O gráfico 7 apresenta o comparativo entre oferta e demanda. Nele observa-se o caráter
complementar do GNL para atendimento da demanda. No gráfico está representada a capacidade
máxima somada dos três terminais de recebimento (41 milhões de m³/dia).
Observa-se que a importação da Bolívia se mantém relevante nos próximos anos, mas tem sua
participação reduzida à medida que a produção do pré-sal aumenta. A partir de 2022, espera-se
que o mercado brasileiro tenha capacidade de abastecimento da demanda (demanda termoelétrica
de 60%) utilizando apenas a produção nacional.
A projeção também considera uma estimativa de produção dos blocos atualmente em exploração.
Contudo, é importante salientar que não se consideram nessa projeção novas rodadas nesse
período, o que é pouco provável.
16 | Desenvolvimento do gás natural no Brasil
Desenvolvimento do gás natural no Brasil | 17
4. Proposta para a indústria brasileira de gás natural
Para olhar quais seriam as soluções estruturais para a organização de uma indústria saudável,
segue um quadro referência da organização do gás natural em países relevantes:
4
18 | Desenvolvimento do gás natural no Brasil
Brasil
Argentina
Espanha
Reino Unido
Estrutura da indústria comercialização
Monopólio
Competitiva
Competitiva
Competitiva
Números de agentes
comercializadores
01
-30
-30
Consumo per capita
(m3/ha/ano - 2011)
136
1.142
696
1.278
Precificação molécula
Indexado ao OC*
Regulado
Livres ligados
aos contratos
de importação
via gasodutos
ou GNL
Livres competição Gas NBP
- hub virtual
Tarifas transporte
Tarifa máxima
Tarifa máxima
Tarifa regulada
Tarifa reguladas
Integração ao longo
da cadeia
Verticalizada
Desverticalizada
Desverticalizada
Desverticalizada
Padrão Unbundling
Jurídica
Societária (60%)
Societária
Societária
Marco regulatório
Lei 11.909
de 2009
Lei 24.076
de 1992
A lei 34 de 1998
The Gas Act
de 1995
Acesso à infraestrutura
de transporte
Livre acesso
após período
de exclusividade
maior parte
dutos após 2018
Livre acesso
Livre acesso
Livre acesso
*OC: Óleo Combustível
Fonte: Gas Energy
Desenvolvimento do gás natural no Brasil | 19
Para uma estrutura ótima de mercado competitivo de gás natural, conforme nos mostra
a experiência de outros países, uma alternatica possível seria combinar medidas tanto de ajuste
regulatório, quanto de política energética, como de alguns mecanismos de indução e organização
do mercado.
Detalhando um pouco o que enxergamos como uma solução para a quebra do dilema “chicken
and egg”, a sugestão é uma estratégia de organizar clusters-âncora de consumo de gás natural,
que viabilizassem a primeira infraestrutura de gás natural dos novos produtores:
• Construção de infraestrutura para trazer gás offshore (do mar) para a costa;
• Dutos de transferência offshore, unidades de processamento de gás natural (UPGNs),
logística de escoamento dos líquidos, dutos de transferências radiais na produção onshore;
• Demanda de gás ancorada em:
• Projetos térmicos a serem indicados pelo setor elétrico;
• Projetos químicos e petroquímicos considerando estratégia de complexos;
• Grandes projetos estruturantes (mineração, siderurgia, alumínio etc.) próximos à costa
ou à produção onshore futura.
• Preços de gás obtidos por intermédio de leilões com participação de vários produtores
e esquemas organizados de backup de gás (solução para eventuais problemas operacionais
de suprimento de gás).
Fontes utilizadas:
EIA: Energy Information Administration
ARI: Advance Resources International
MME: Ministério de Minas e Energia
ANP: Agência Nacional do Petróleo
O Gás Natural já ocupa uma importante participação na matriz energética brasileira,
na ordem de 13%, com base no consumo do mercado veicular, o setor industrial
e as termoelétricas.
Cabe salientar que a maior parte das reservas está associada às de Óleo e que ambas
são produzidas simultaneamente, fato que caracteriza a necessidade de que o gás
natural seja produzido e consumido de forma regular, facilitando a produção de Óleo
e principalmente, tornando mais viável economicamente sua produção, escoamento,
tratamento e distribuição.
No momento em que os membros atuantes na Indústria buscam maior integração, é
oportuno que haja mais planejamento, sincronização e alinhamento de objetivos entre:
(i) - Leilões de E&P; (ii) - PEMAT e (iii) - Leilões para contratação de energia, no Brasil.
Quanto às ineficiências tributárias que ainda impactam negativamente, ao longo
da cadeia de gás natural no Brasil, cabe ao Governo – União, Estados e Municípios,
revisarem as questões de impostos incidentes nas fases de produção, transporte
e distribuição.
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Desenvolvimento do gás natural no Brasil | 21
EY
Auditoria | Impostos | Transações Corporativas | Consultoria
Sobre a EY
A EY é líder global em serviços de Auditoria, Impostos, Transações
Corporativas e Consultoria. Nossos insights e os serviços de
qualidade que prestamos ajudam a criar confiança nos mercados
de capitais e nas economias ao redor do mundo. Desenvolvemos
líderes excepcionais que trabalham em equipe para cumprir nossos
compromissos perante todas as partes interessadas. Com isso,
desempenhamos papel fundamental na construção de um
mundo de negócios melhor para nossas pessoas, nossos clientes
e nossas comunidades.
No Brasil, a EY é a mais completa empresa de Auditoria, Impostos,
Transações Corporativas e Consultoria, com 5.000 profissionais
que dão suporte e atendimento a mais de 3.400 clientes de pequeno,
médio e grande portes.
Em 2012, a EY Brasil tornou-se Apoiadora Oficial dos Jogos
Olímpicos Rio 2016 e fornecedora exclusiva de serviços
de Consultoria para o Comitê Organizador. O alinhamento dos valores
do Movimento Olímpico e da EY foi decisivo nessa iniciativa.
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