Modernismo
A arte como representação
do mundo
O Brasil nas primeiras décadas do século XX
- São Paulo torna-se o centro econômico-cultural
do país.
- Contradições entre o “velho”e o “novo”: política
do café-com-leite versus descontentamento de
camadas sociais marginalizadas do poder – a
burguesia industrial incipiente, o Exército, as
classes médias.
- Greve geral de 1917.
- Tenentismo (1922-1924).
- Coluna Prestes (1925).
CONTEXTO HISTÓRICO
Primeira Guerra Mundial
Proximidade do 1º Centenário da Independência
Jovens intelectuais de São Paulo
Necessidade de uma atualização das artes.
Busca de identidade nacional, através do retorno às
raízes culturais do país.
MOVIMENTOS DE VANGUARDA
As vanguardas vindas da Europa vão confluir com
esta necessidade de renovação. Alguns eventos e
exposições marcam este período e antecedem a
eclosão do MODERNISMO BRASILEIRO,na SEMANA
DE ARTE MODERNA de 1922.
√ Lasar
Segall, 1928 →
alemãs.
contato com vanguardas
√ Anita Malfatti, 1917 → instiga os artistas e jovens
intelectuais a se organizar como grupo e promover A
ARTE MODERNA NACIONAL.
√ Victor Brecheret,1920 → as estilizações das
figuras monumentais e o vigor e expressividade da
tensões musculares.
POR QUE SÃO PAULO COMO CENTRO DE IDÉIAS
MODERNISTAS?
- Crescimento industrial.
- Imigração.
- Urbanização.
- Combinação do capital das lavouras cafeeiras com
o capital industrial.
- Fusão das elites dominantes ( casamentos entre
burgueses imigrantes e filhas de fazendeiros).
PSICANÁLISE →
FILOSOFIA DA INTUIÇÃO
║
MOVIMENTOS DE VANGUARDA
É nesse contexto que vão eclodir os chamados
movimentos de VANGUARDA européia.A maioria
desses movimentos foram efêmeros, viveram mais de
manifestações do que de produções artísticas-, mas
todos eles deixaram ligados que, depurados dos
exageros e radicalismos, formam a base do que
chamamos genericamente de MODERNISMO.
Analise e aprecie as características mais relevantes dos
principais movimentos de vanguarda.
EXPRESSIONISMO – ALEMANHA 1910
→ Abandono do conceito clássico de beleza.
→ Deformação do real em nome da expressão direta
veemente da subjetividade.
e
→ Inquietação religiosa e social, arte engajada.
→ Utilização, na literatura, do fluxo de consciência
(apreensão da consciência em operação)
FUTURISMO- ITÁLIA – MARINETTI 1909
→
Culto da vida moderna, da velocidade, da
agressividade.
→ Desprezo pelo passado.
→ Uso das palavras em liberdade: destruição da
sintaxe tradicional.
→ Busca de síntese.
→ Antidiscursivismo.
“ Ode Triunfal”
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos.
De vos ouvir demasiadamente de perto.
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um
excesso
De expressões de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas.
( ... )
Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!
Poder ir na vida triunfante como um automóvel
último-modelo!
- Fernando Pessoa -
CUBISMO – FRANÇA APOLLINARE 1913
→ Representação
do essencial, reprodução dos objetos
em suas geométricas básicas.
→ Prática do realismo intelectual: o artista deve
representar, não só o que vê, mas também o que não vê
e sabe que existe.
→ Multiplicação de planos e focos narrativos.
→ Subversão da lógica aparente no tratamento do
tempo e espaço.
Leia um texto cubista:
Poema de Sete Faces
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu
coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo, mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo,
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo, mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Mundo, mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
Gauche: termo francês, quer dizer torto,
desajeitado
DADAÍSMO – SUÍÇA TZARA 1916
→ Desconfiança em relação a todos os sistemas.
→ Agressividade, ceticismo , anarquia, irreverência,
niilismo.
→ Expressão do nojo do homem diante da guerra.
Antiarte, antiliteratura.
Para fazer um poema dadaísta
Pegue um jornal.
Pegue a tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que
você deseja dar a seu poema
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas
palavras que formam esse artigo e meta-as
num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro
Copie conscienciosamente na ordem em que
elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de
uma sensibilidade graciosa, ainda que
incompreendido.”
(Tristan Tzara)
SURREALISMO – FRANÇA BRETON 1924.
→ Arte como expressão do inconsciente.
→ Libertação de qualquer crítica da razão, preconização
da escrita automática.
→ Interesse pelos sonhos e mitos.
→ Anticonvencionalismo , humor negro.
→ Reivindicação de um papel humanizador e libertador
para a ARTE.
O PASTOR PIANISTA
Soltaram os pianos na planície deserta
Onde as sombras dos pássaros vêm beber.
Eu sou o pastor pianista,
Vejo ao longe com alegria meus pianos
Recortarem os vultos monumentais
Contra a lua.
Acompanhado pelas rosas migradoras
Apascento os pianos que gritam
E transmitem o antigo clamor do homem
................................................................”
(Murilo Mendes)
A SEMANA DE ARTE MODERNA
A semana é ao mesmo tempo PONTO DE CHEGADA e
PONTO DE PARTIDA.
Representa uma tomada de posição dos artistas novos
diante do público, um assumir conscientemente o
propósito de buscar caminhos renovadores para a
CULTURA e a ARTE brasileiras.
O GRUPO
DE VANGUARDA
Ronald de Carvalho
Mário de Andrade
Oswald de Andrade
Sérgio Melliet
Guiomar Novaes
Villa-Lobos
Victor Brecheret
Anita Malfetti
Di Calvalcanti
PROPÓSITOS DEFINIDOS
─ Oposição ao PASSADO, à eloqüência e ao
formalismo Parnasiano:
POÉTICA
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto
expediente protocolo e manifestações de apreço ao
Sr. Diretor
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no
dicionário o cunho vernáculo de um vocabulário.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis.
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora
de si mesmo.
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do
amante exemplar com cem modelos de cartas e as
diferentes maneiras de agradar às mulheres.
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clows de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
BANDEIRA, Manuel.Libertinagem.In: Poesia Completa e prosa. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 1985.p.207.
─ Defesa do direito à pesquisa estética, que
conduzisse à mudança e atualização da ARTE
BRASILEIRA.
─ Consciência da necessidade de valorização do
Nacional.
GRUPOS MODERNISTAS
Corrente DINAMISTA: preocupação com o progresso
material, com o movimento e a velocidade.
Corrente PRIMITIVISTA: preocupação com motivos
primitivos.
Corrente
NACIONALISTA:
nacionalização
–
movimentos verde-amarelo, movimento da Anta e
movimento da Bandeira- anti-europeísmo.
Corrente
ESPIRITUALISTA:herança
simbolista,
conciliação do passado e futuro e universalidade de
temas.
Corrente
DESVAIRISTA:
Descentralização:
liberdade de pesquisa estética, renovação da
poesia, criação da língua nacional.
Corrente do SENTIMENTALISMO INTIMISTA E
ESTETICISTA.
Alguns escritores, como Manuel Bandeira, NÃO se
filiaram a nenhum grupo.
FASES DO MODERNISMO BRASILEIRO
A crítica, em geral, distingue três momentos na evolução do
MODERNISMO BRASILEIRO.
PRIMEIRA FASE: de 1922 a 1930.
Características:
● Busca de inspiração nas raízes da nacionalidade: Brasil
pré-cabralino, índio; cultura provinciana de faixa litorânea
com tradições coloniais, marcha para o oeste.
● Influência das correntes de vanguarda européia e
americana.
● Espírito polêmico e destruidor: anarquia, irracionalismo,
manifestos.
● Luta contra a tradição, mais destruição que construção.
● Nacionalismo intransigente.
Principais Conquistas da 1ª Geração
Modernista
● Verso livre.
● Associação mais analógica que lógica entre as
palavras.
● Preferência por substantivos e verbos, em vez de
adjetivos e advérbios.
● Blague( poema-piada), bom humor, ironia.
● Mistura entre poesia e prosa.
● Utilização de linguagem coloquial.
● Temáticas tradicionalmente consideradas nãopoéticas.
SEGUNDA FASE: de 1930 a 1945.
Características:
● Fase de maior estabilidade e de ampliação das
conquistas modernistas.
● A poesia,abandono o tom predominantemente
humorístico e irreverência da fase anterior, demonstra
preocupações sociais, universalistas e metafísicas.
● A prosa evolui em duas direções: o regionalismo
neonaturalista de cunho social e a pesquisa
psicológica, introspectiva.
● Engajamento dos escritores
sociopolíticas de seu tempo.
nas
questões
TERCEIRA FASE: de 1945 em diante.
Características:
● A ficção se desenvolve a sondagem interior.
● A linha regionalista acrescenta à análise social as
preocupações metafísicas e universalistas.
● Renova-se a estrutura narrativa, devido à aguda
consciência do fazer literário.
● Exploram-se as potencialidades da linguagem.
● A poesia volta-se para as preocupações de caráter
formal, busca-se a essência do poético, a linguagem
despoja-se, os poetas demonstram aguda consciência
estética.
● Manifesta-se a tendência ao intelectualismo e ao
hermetismo.
● Desenvolvimento do teatro e da crítica literária.
OS GRANDES CRIADORES DE 45, QUE RETOMAM E
FECUNDAM AS EXPERIÊNCIAS DESENVOLVIDAS
NO PAÍS
● Prosa: João Guimarães Rosa e Clarice Lispector.
● Poesia: João Cabral de Melo Neto.
Literatura: constante pesquisa de linguagem + senso do
compromisso
entre
a
realidade,
engajamento.
maturidade artística; nacionalismo+ universalismo.
●Síntese de ambas as gerações: experimentalismo+
maturidade artística; nacionalismo+ Universalismo.
●Guimarães Rosa: narrativas mitopoéticas que resgatam
a sutileza do elo entre a fala e o texto literário.
●Clarice Lispector: romances e contos introspectivos que
dialogam com as fronteiras do indizível.
●João Cabral de Melo Neto: poesia que associa
compromisso
social
e
precisão
arquitetônica,
substantiva.
A PRODUÇÃO DOS ANOS 70 –
CARACTERÍSTICAS
-Postura ideológica e transgressora dos autores
- sociedade alternativa
-Quebra de tabus e os valores da sociedade
convencional e moralizante: postura libertadora ,
tanto no aspecto literário quanto no sexual, no
corporal, nas relações com as drogas
-Contracultura – movimento hippie
- Outros valores e “viver sem lenço e sem
documento”
- Descompromisso, o “desbunde”
A POESIA MARGINAL -VER COM
OLHOS LIVRES: VER A MARGEM
Marginal era,portanto, estar à margem do mercado : não
ter acesso às editoras , não ter livros expostos na livraria
de todo o país, não ter nenhum tipo de patrocínio
institucional- condição de folhetos
Herói do cotidiano – postura de coerção.
É a partir desse pressuposto (arte = vida) que a
poesia marginal passa a ser vista como uma poesia
expressiva, ou seja, como uma literatura - ou
“antiliteratura”, conforme o vértice que se queira cuja linguagem estabelece uma relação direta com a
realidade corporal-existencial vivida pelo escritor. A
expressão, nesse caso, marcaria, tanto a
especificidade, como a oposição, da postura poética
marginal em relação a posturas poéticas anteriores
(principalmente o “antilirismo” cabralino e o
“cerebralismo
concretista”),
consideradas
construtivas, isto é, entendidas como procedimentos
poéticos voltados para a exploração racional e
objetiva da própria linguagem e, ao mesmo tempo,
afastados da realidade imediata vivida pelo corpo do
poeta.
CONTEXTO HISTÓRICO
Golpe Militar de 1968
O poema de Charles ,por meio de uma
linguagem bastante metafórica, ilustra bem
o clima pesado e ao ambiente de sufoco
vivenciado por todos.
COLAPSO CONCRETO
Vivo agora uma agonia:
Quando ando nas calçadas de
Copacabana
Penso sempre que vai cair um troço na
minha cabeça.
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