Epidemiologia da Cárie Dentária
Cariologia - 2011
Cárie Dentária
Apesar do declínio nos últimos anos nos países
desenvolvidos e em algums em desenvolvimento, ainda é a
doença mais comum na infância, atingindo cerca de 30%
das crianças nos EUA e chegando a 59.3% das crianças de
5 anos no Brasil
Dependendo da população, também, é a doença mais
comum na população adulta.No Brasil,88.9% em
adolescentes, e 99.5% dos adultos de 35-44 anos tem cárie
dentária.
Aumento da Cárie Dentária
Índice de Cárie Dentária
CPOd/ CPOs (ceo)
Dentes cariados perdidos e obturados
Klein H, Palmer CE, Knutson JW (1938). Studies
on dental caries: I. Dental status and dental needs
of elementary school children. Public Health Rep
53:751-76
Este índice simplesmente é a medida de quantidade de
dentes com experiência de cárie (cariados,perdidos e
obturados).
A letra “D” final do Índice se refere a “dentes”, porque,
também, podemos fazer a mesma medida com por
superfície. Quando usamos superfície chamamos de
“CPOs”

O CPO, pode ser expresso em porcentagem, por exemplo
50% dos indivíduos com CPOd igual a zero, ou ainda em
média: “em média o CPO é igual a 3”.
Detalhes de levantamento epidemiológico e como se faz os
índices provavelmente serão vistos com a disciplina de
Odontologia Social.
Escala de Gravidade do CPOD
Prevalência Muito Alta
Maior que 6,5
Prevalência Alta
4,5 – 6,5
Prevalência Média
2,7 – 4,4
Prevalência Baixa
1,2-2,6
A OMS estabeleceu, como meta para o ano 2000,
um CPO-D máximo igual a 3,0.
(WHO, 1991)
ICDAS - SIC
Apenas para informação, hoje em dia o CPO tem
sido substituído pelo ICDAS, International Caries
and Assessment System. Este novo índice
preconizado para estudos epidemiológicos. No
entanto, não é tão simples como o CPO, e inclui
lesões não cavitadas de esmalte.
SIC – Índice de Cárie Significante – está sendo utilizado
para definir métas da OMS
SIC – Índice de Cárie Significante
Indivíduos são organizados de acordo
com o CPOD em ordem crescente.
A média de CPOD para o terço com
mais alto CPOD é calculado.
Este valor é chamado de Indice SIC
SIC- Índice de Cárie Significante
CPOD médio = 1.91
SIC = 4.61
Tendência de Cárie no Brasil
O próximo slide mostra a tendência de
declínio de cárie dentária no Brasil, pelos
levantamentos bucais existentes. Lembre-se
que a precisão e confiabilidade destes
valores é duvidosa, mas é o que temos! E
mostra tendência de declínio.
Declínio da Cárie Dentária no Brasil
(CPOD)
6.7
1986
4.8
3.1
2.8
2.1
1993
1996
2003
2010
Desde a fluoretação das águas em 1945 em Grand
Rapids e Muskegon, a cárie vem declinando nos
locais onde se adotou fluoretação. Além, disso, a
pasta de dentes fluoretada tem contribuido para
este declício.
Em 1984 nos EUA o Programa Nacional de
Demonstração de Prevenção Dentária (NPDDP),
evidenciou que a cárie dentária havia caído além
do previsto.
Este programa era um estudo que testava a eficiência de
várias regimes de bochecho de fluor semanal, diário etc em
várias escolas nos EUA.
Desde estudo, concluíu-se que para os EUA não era mais
eficiente fazer bochechos com flúor no país inteiro (note
esta conclusão era para os EUA).
Além disso, começou-se a levantar hipóteses para explicar
o porque da queda acentuada na incidência de cárie
dentária além da expectativa do que aconteceria somente
com o fluor na água. Algumas explicações estão no
próximo slide.
Possíveis explicações para o grande
declínio de cárie dentária
Fluoretação de águas
Efeito “halo”
Fluor em pasta de dentes
Possível influência de antibióticos
Alteração no critério de diagnóstico

Community Dent Oral Epidemiol. 1995;23:331-9.
Alteração de consumo de açúcar – Inglaterra
No Brasil? Não sabemos....
Efeitos da diminuição da cárie
dentária pelo uso de fluoretos
Concentração de lesões em fóssulas e
fissuras
Polarização da cárie dentária
Distribuição normal para exponencial
Susceptibilidade dos dentes à cárie dentária
Efeitos da diminuição da cárie
dentária pelo uso de fluoretos
Concentração de lesões em fóssulas e fissuras


Com o efeito do fluor o padrão da cárie dentária na
população se alterou. As lesões de superfícies livres
diminuiram significantemente, e ficaram aquelas de
fóssulas e fissuras.
Com isso, procurou-se uma solução para estas lesões
com a introdução dos selantes. Com o selamento de
oclusaes, se o indivíduo é bem susceptível a ter cárie, o
mais evidente voltará a ser as lesões de superfícies lisas
de novo (a nível populacional). Não confundam que
não é que“ os bichinhos sem ter o que comer nas
fóssulas vão atacar as superfícies oclusães” não é isso!
Estamos falando de nível populacional!
Efeitos da diminuição da cárie
dentária pelo uso de fluoretos
Polarização da Cárie Dentária

Um outro aspecto que mudou foi a polarização
de cárie dentária na população mais pobre.
Efeitos da diminuição da cárie
dentária pelo uso de fluoretos
Alteração da distribuição da doença
Ainda, com o declínio da cárie dentária, houve
uma mudança na curva de CPOd/s. Antes era
gaussiana (distribuição normal), e passou a ser do
tipo exponencial. Isso implica que média de
CPOd/s hoje em dia pode não funcionar se a
distribuição não é normal, embora muitos ainda
falem de média de CPOd/s.
Efeitos da diminuição da cárie
dentária pelo uso de fluoretos
Susceptibilidade dos dentes

Uma outra mudança observada foi na
susceptibilide dos dentes à carie dentária. O
trabalho mais clássico de distribuição de cárie
dentária é o de Klein & Palmer de 1941. Em
2003, Macek et al refizeram o estudo de K&P, e
verificaram mudanças que são apresentadas a
seguir:
Dentes mais suspetíveis
( Klein & Palmer 1941)
1o e 2o molares inferiores
1o e 2o molares superiores
2o pré-molares inferiores, 1o e 2o prémolares superiores e incisivos superiores
Caninos superiores e primeiro pré-molar
inferior
Incisivos e caninos inferiores
Dentes mais suspetíveis
(Macek et al 2003)
2o molar inferior
1o e 2o molares superiores e 1o mol inferior
2o Pré-molare superiore e inferior
1o premolar superior e inferior
Central e lateral superior
Caninos e central e lateral inferior
Macek et al J Public Health Dent 2003 63:174-82
Update comparison of caries susceptibility of various
morphological types in permanent teeth.
O que mudou?
Identificação de 6 categorias de susceptibilidade
1o Molar inferior que era mais susceptível cai para
segundo lugar.
Diferença entre 1o e 2o molares era mínimo, e
desta vez muito grande.
K&P, o pré-molar inferior menos susceptível do
que 11 e 12 passa a ser mais susceptível
Diferenças entre 1o molares
Diferenças entre 1o e 2o molares
Como está a distribuição de cárie dentária
no Brasil? Nos próximos slides você terá
uma noção .....
Distribuição da cárie dentária
- crianças:
Distribuição da cárie dentária
- adolescentes:
Distribuição da cárie dentária –
Adultos:
Fatores de risco
Apesar de ser muito estudada, e sabermos
que tem relação com bactérias ainda temos
muitas dúvidas sobre fatores de risco.
Poucos estudos longitudinais
 Dificuldades no estudo devido a reversão da
cárie dentária dependendo do diagnóstico
(definição de caso)

Fatores de risco
vs indicadores de risco
Idade
Sexo
Erupção precoce em meninas?
 Tratamento maior em mulheres?
 Algum fator genético?

Raça/etnia

Acredita-se ser modulado pelo meio
Tendência familiar/genética

-

Bretz et al, Longitudinal analysis of heritability of
dental caries. J Dent Res 84:11: 1047- 51,2006.
a herança genética seria de cerca de 30% tanto na
dentição decídua como permanente.
Vieira et al 2008. J Dental Res 87 (5):435
- Possivelmente genes relacionados a formação do
esmalte,fluxo salivar, resposta imunológica e
também relacionados a preferência alimentar
(relacionados ao olfato).

Amelogenese- forma, espessura pelo menos em parte
determinados geneticamente (Simmer & Hu, 2001)

Alguns genes como amelogenina, ameloblastina e
enamelina que parece interagir com S mutans
parecem ser importantes na determinação da
cárie dentária.
 Patir et al 2008. Caries Res 42; 394-400
Infecção bacteriana (S. mutans etc)
Prematuridade/ Baixo Peso
Plausibilidade biológica – defeito de formação
de esmalte
 Necessidade de diferenciar entre prematuridade
e restrição de crescimento intrauterino.

Fatores sócio-econômicos
A cárie afeta hoje predominantemente a
população mais pobre.
 Alguns artigos interessantes de Peres e et al
estão resumidos a seguir.
 A explicação da plausibilidade biológica desta
associação precisa ser melhor esclarecida. Isto é
quais os caminhos (pathways) que levam a
observação do gradiente observado?

Associação entre trajetória socioeconomica e cárie
dentária.
Peres e colab. J Epidemiol Commnunity Health, 2006,
61:141-5.
Peres e colab. J Epidemiol Commnunity Health,
2006, 61:141-5.
Dieta e Cárie Dentária
Estudos da Segunda Guerra Mundial
Tristão da Cunha

6-19 anos
1932 – 0%
 1962 – 50%
 1968 – 80%

Dieta e Cárie Dentária
Instituição Hopewood (Austrália)

Crianças vegetarianas

Harris J Dent Res,1963; 47: 1387
Estudo de Vipeholm

Gustaffson,1950´s
Estudos prospectivos (longitudinais)

Michigan


Burt et al 1980’s
Englaterra – Newcastle

Sheiham et al 1980’s
Cárie de mamadeira/ ou de
instalação precoce
Definição – imprecisa. Temos tipos
clinicamente diferentes de cárie dentária
rampante.
Nos EUA – 12 a 23 meses, 1-2%. Dados
confiáveis sobre o Brazil não existem.
SB2003
Prevalência de Cárie
1.5 a 3anos e aos 5 anos
Prevalência de Cárie
12, 15 a 19 anos
Média de CPOD – 12 anos
Todas as idades /Brasil
CPOD – Por concentração
populacional
Estado de fluoretação da água
Metas da OMS para 2000
Metas OMS para 2010
90% das pessoas sem cárie dentária
CPOD menos que 1 aos 12 anos
Ausência de perda dental aos 18 anos
De 35 a 44 anos não mais que 2% de
desdentados
96% das pessoas com pelo menos 20 dentes
Metas OMS para 2015
Para os países que ainda não atingiram
o CPOD de 3 continua esta meta
Para aquelas que já atingiram CPOD
abaixo de 3, a nova meta é SIC menor
que 3 para crianças de 12 anos até o
ano de 2015.
Download

Epidemiologia da Cárie Dentária