GESTÃO
Solenidade de posse da nova diretoria do Cremers pág. 15
Publicação do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul | ano X | nº 74 | Abril 2012
Crise no Centenário
Em defesa da sociedade, Cremers fez interdição
ética do hospital de São Leopoldo buscando obter as
condições mínimas para o exercício da medicina.
O gestor municipal recorreu e caso está sub judice.
fase
Cremers intervém para qualificar atendimento médico na instituição pág. 9
notas
Carteira digital começa
a ser entregue
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Publicação do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul
Avenida Princesa Isabel, 921 • CEP 90620-001 • Porto Alegre/RS
Fone: (51) 3219.7544 • Fax: (51) 3217.1968
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Composição da Diretoria
Presidente: Rogério Wolf de Aguiar
Vice-presidente: Fernando Weber Matos
1º Secretário: Ismael Maguilnik
2º Secretário: Isaias Levy
Tesoureiro: Cláudio Balduíno Souto Franzen
Corregedores: Régis de Freitas Porto e Joaquim José Xavier
Coordenador da Fiscalização: Antônio Celso Koehler Ayub
Coordenador da Ouvidoria: Ércio Amaro de Oliveira Filho
Coordenador das Câmaras Técnicas: Jefferson Pedro Piva
Coordenador de Patrimônio: Iseu Milman
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Conselheiros
Alberi Nascimento Grando • Antônio Celso Koehler Ayub • Céo Paranhos
de Lima • Cláudio Balduíno Souto Franzen • Dirceu Francisco de Araújo
Rodrigues • Enio Rotta • Ércio Amaro de Oliveira Filho • Euclides Viríssimo
Santos Pires • Fernando Weber da Silva Matos • Isaias Levy • Iseu Milman
• Ismael Maguilnik • Jefferson Pedro Piva • Joaquim José Xavier • Mário
Antônio Fedrizzi • Mauro Antônio Czepielewski • Newton Monteiro de
Barros • Régis de Freitas Porto • Rogério Wolf de Aguiar • Sílvio Pereira
Coelho • Tomaz Barbosa Isolan • Arthur da Motta Lima Netto • Cláudio
André Klein • Clotilde Druck Garcia • Douglas Pedroso • Isabel Helena
F. Halmenschlager • Izaias Ortiz Pinto • João Alberto Larangeira • Jorge Luiz
Fregapani • Léris Salete Bonfanti Haeffner • Luciano Bauer Gröhs •
Luiz Carlos Bodanese • Luiz Carlos Corrêa da Silva • Luiz Alexandre
Alegretti Borges • Maria Lúcia da Rocha Oppermann • Paulo Amaral •
Paulo Henrique Poti Homrich • Philadelpho M. Gouveia Filho •
Raul Pruinelli • Ricardo Oliva Willhelm
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Conselho Editorial
Rogério Wolf de Aguiar • Fernando Weber Matos • Ismael Maguilnik •
Isaias Levy • Cláudio Balduíno Souto Franzen
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Redação: W/COMM Comunicação (www.wcomm.jor.br),
Viviane Schwäger e Taini Holz
Jornalista Responsável: Ilgo Wink • Mat. 2556
Revisão: Raul Rubenich
Fotografias: W/COMM Comunicação, Márcio Arruda, Rosi Boninsegna e
A Folha do Litoral
• Fone: (51) 3023.4866
Projeto e Design Gráfico:
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Tiragem: 26.000 exemplares
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Cremers, Revista do Conselho Regional de Medicina do RS, está aberta
à participação de toda a classe médica gaúcha, para críticas, sugestões de
pauta, artigos, divulgação de eventos e notícias de interesse da categoria.
As correspondências serão encaminhadas ao Conselho Editorial.
Contatos com Assessoria de Imprensa pelo e-mail: [email protected]
2 | Revista Cremers | Abril - 2012
Médicos do Distrito Federal, Espírito Santo, Pará, Pernambuco
e Santa Catarina são os primeiros a receber a carteira digital –
em policarbonato (material similar ao de cartões de crédito),
com um chip que poderá ser ativado para certificação digital.
A iniciativa do CFM deve contemplar principalmente os
profissionais que já têm demandas de certificação digital e os
que têm perfil mais informatizado. A adesão ao novo documento
será facultativa. A atual cédula de identidade, instituída em 2007
pela Resolução CFM 1.827, será gradualmente substituída e
continuará válida para todos os que não a substituírem pelo
CRM digital.
Projetos buscam modificar
revalidação de diplomas
Estão tramitando no Senado dois Projetos de Lei que tratam da
revalidação de diplomas de medicina obtidos no exterior. São o PLS
399/2011, de autoria do senador Roberto Requião (PMDB-PR), e o
PLS 15/2012, da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).
O primeiro propõe o reconhecimento automático de diplomas
oriundos de instituições de ensino superior estrangeiras de
reconhecida excelência acadêmica. Já o segundo, simplifica
o reconhecimento de diplomas de cursos de graduação em
medicina expedidos por instituições de ensino superior de
outros países.
As entidades médicas se posicionam contrárias aos dois projetos.
O assessor parlamentar da Comissão de Assuntos Políticos
das Entidades Médicas (CAP), Napoleão Puente Salles, explica
que CFM, AMB e Fenam sustentam que não só a quantidade de
médicos no Brasil é suficiente, mas que assim como os médicos
daqui passam por vestibular e provas de residência, os médicos
diplomados no exterior também necessitam ter seus currículos
devidamente avaliados.
Educação Médica Continuada da UFRGS
O Programa de Educação Médica Continuada (PEMC) da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em sua
26ª edição, está com inscrições abertas para as atividades de
2012. A programação começou dia 16 de abril, com o curso a
distância ‘Clínica de Atenção Primária à Saúde: Controvérsias e
Consensos’.
Inscrições e mais informações no site www.ufrgs.br/pemc
EDITORIAL
PACIENTE DO SUS TAMBÉM É GENTE
O Cremers tem por obrigação legal
fiscalizar o exercício da Medicina. Para
cumprir este dever tem um setor de fiscalização, coordenado por um diretor e com
dois médicos fiscais contratados, treinados
especialmente para este fim.
As fiscalizações do Cremers têm credibilidade pública há anos. Nelas fundamentadas, muitas instituições têm corrigido
suas imperfeições. Em relativamente poucas ocasiões, se compararmos com o volume de fiscalizações realizado, o Cremers
chegou a determinar uma interdição ética.
Quando assim o fez, cumpriu o protocolo:
fiscalizações realizadas, em geral mais de
uma, prazos concedidos - e vencidos - às
instituições para saneamento, mesmo com
prorrogação, gravidade das irregularidades
colocando em risco pacientes e médicos
persistentemente. Todos estes passos colocados em relatórios submetidos à aprovação da diretoria, que aprovou a interdição
ética. O último passo é a homologação
pelo plenário do Cremers.
A interdição ética do exercício
da medicina determinada no Hospital
Centenário, de São Leopoldo, teve sua
efetividade suspensa por liminar concedida pela Justiça Federal, um pouco antes de
entrar em vigor. Os dois recursos impetrados pelo Cremers também foram negados.
Mesmo assim, só a determinação da
interdição ética provocou várias conseqüências que ainda não terminaram: o governo
do Estado se mobilizou para intermediar a
situação e contribuir com novos recursos
financeiros ao Centenário, a opinião pública tomou conhecimento da precaríssima
situação do hospital, apesar do número
de médicos competentes que fazem parte
do seu corpo clínico; a opinião pública
foi informada das várias tratativas feitas
pelo Cremers, Ministério Público Estadual,
representantes dos médicos do Centenário,
Simers, sindicatos dos funcionários, com
várias reuniões em São Leopoldo, através
de vários relatórios de fiscalizações enviados aos gestores, apontando as irregularidades graves, com conhecimento dos representantes do município, e sem resultados
significativos práticos.
Todos os dez relatórios enviados antes
não resultaram no saneamento das irregularidades. Pelo contrário, elas foram
se agravando. Mesmo querendo manter
o funcionamento da atividade médica, o
Cremers considerou que havia chegado no
limite, além do qual poderia ser acusado
de conivente. Mais um relatório não seria
útil. Assim, resumidamente, se chegou à
interdição ética.
O despacho da Juíza Federal que concedeu a Liminar reconhece a competência
do Cremers para fiscalizar e interditar o
exercício médico no local. Apenas decidiu
que, no caso, a medida foi excessiva. Além
disso, também reconhece as irregularidades apontadas pelo relatório do Cremers.
Remete aos médicos do corpo clínico a
responsabilidade de decidir, caso a caso,
quando devem encaminhar algum paciente para outro local por falta de condições
de atendimento no Centenário. A assessoria jurídica do Cremers emitiu um parecer
que esclarece ao corpo clínico o conteúdo
do texto da liminar.
A interdição está suspensa por liminar,
mas a sequência dos acontecimentos mostra, em nosso entendimento, que o Cremers
não foi precipitado nem excessivo, respei-
tando a decisão contrária da Juíza Federal.
Poucos dias após, o hospital manteve o
plantão pediátrico funcionando por algumas horas, mesmo sem pediatra de plantão.
As crianças estavam sendo atendidas por
outros médicos, designados pela direção.
Só foi suspenso o atendimento até chegar
o plantão pediátrico após a intervenção de
representante do Simers. Horas depois, em
pleno fim de semana, não havia tomógrafo.
Estava em manutenção, o único no hospital. Mas o atendimento de traumatizados e
outros continuava.
Pela repetição incessante das mesmas
situações, a ética não está sendo respeitada em todos os seus princípios.
A população que busca atendimento
no Centenário, que depende essencialmente do SUS, deve ser tratada com respeito e com dignidade. Não se justifica
que este hospital mantenha tão graves irregularidades por tanto tempo por atender
uma população de baixo poder aquisitivo.
Pelo contrário, quem tem mais recursos,
tem mais facilidade de buscar atendimento
em outros locais. Não concordamos com
o argumento de que haverá desassistência.
A ação do Cremers é a favor da população em geral, principalmente a de baixa
renda, e dos médicos que ali trabalham.
O objetivo mais adiante é de que a população da região possa novamente contar
com um hospital competente, organizado
e que tenha os recursos necessários para
o seu funcionamento dentro da ética e da
melhor técnica.
Rogério Wolf de Aguiar
Presidente do Cremers
Abril - 2012 | Revista Cremers | 3
fiscalização
Interdição ética do exercício da
Depois de examinar com atenção o
plano de saneamento proposto pelos
gestores do Hospital Centenário, em consequência do ato de interdição ética do
trabalho médico decretado pelo Conselho
Regional de Medicina do Estado do Rio
Grande do Sul no dia 19 de março – referendado pelo plenário por unanimidade
no dia 21 -, a diretoria do Cremers, reunida na noite de 26 de março, decidiu
manter a medida.
A prefeitura de São Leopoldo obteve
liminar na Justiça Federal e deixou o hospital
em atividade, apesar de todos os problemas
apontados pelo Cremers, que evidenciam
que o local não reúne as condições mínimas necessárias para o exercício da medicina. O Cremers, por sua assessoria jurídica,
recorreu para manter a interdição e a questão agora se encontra sub judice.
O presidente do Cremers, Rogério Wolf
de Aguiar, explica que o documento enviado pelo hospital com proposta de melhorias baseada no mais recente relatório da
Comissão de Fiscalização do Conselho,
não garantia a solução do que foi constatado, o que acaba afetando o trabalho
médico e colocando em risco os pacientes.
O Cremers havia suspenso a eficácia do
auto de interdição a pedido do secretário
estadual da Saúde, Ciro Simoni, que intermediou um acordo com os responsáveis
pelo hospital a fim de manter o Centenário
funcionando a pleno. Ao avaliar que as
propostas apresentadas formalmente pelos
gestores do hospital eram insuficientes, o
Cremers decidiu confirmar a interdição, que
passou a vigorar no dia 28 de março. Nesse
4 | Revista Cremers | Abril - 2012
mesmo dia, a prefeitura de São Leopoldo
entregou outra proposta de saneamento,
reforçando a anterior, mas também esta foi
considerada insuficiente.
- Os problemas do Centenário não são
de hoje, são de mais tempo. O Conselho
fez dez visitas de fiscalização no hospital em cinco anos, sem que qualquer
providência para solucionar os problemas apontados fosse tomada. A fiscalização mais recente resultou num minucioso
relatório de 85 páginas, que reafirmou as
irregularidades referidas em outras fiscalizações, além de denunciar outras. O fato
é que o hospital, do jeito que está, oferece
absoluto risco à população – enfatizou o
presidente do Cremers.
Cremers e MPE unidos na
busca de soluções
Enquanto a justiça decide a respeito
do ato de interdição, o Ministério Público
Estadual retomou a negociação com a
prefeitura de São Leopoldo para a assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta
(TAC). Foi elaborado um documento inicial. O texto foi repassado à avaliação do
Cremers, que, após um exame detalhado
dos itens do TAC, sugeriu alterações com
base no consistente relatório elaborado
por sua Comissão de Fiscalização.
No ano passado, o Cremers já havia
atuado ao lado do MPE nessa questão,
participando de diversas reuniões em
São Leopoldo com gestores do hospital e
representantes da prefeitura do município.
A partir dos relatórios feitos pelo Cremers,
foi elaborado um TAC para que a prefeitura assinasse e se comprometesse com as
Comissão de Fiscalização, no dia 14 de março,
fez vistoria que durou mais de 8 horas
melhorias essenciais para o trabalho médico e o atendimento à população. O gestor
municipal, depois de toda a negociação
feita, negou-se a assinar o documento.
Relatório da Fiscalização
fundamentou a decisão
Em 14 de março, o coordenador da
Comissão de Fiscalização, Antônio Celso
Ayub, e o médico fiscal Mário Henrique
Osanai, fizeram uma vistoria de oito horas
no Centenário, resultando no volumoso e
detalhado relatório que acabou servindo
de base para a interdição ética do trabalho
médico no hospital.
A decisão de interdição foi tomada
pela direção do Cremers no dia 19 de
março. O presidente Rogério Wolf de
Aguiar explicou que diversos fatores embasaram a medida, e que foram concedidos
inúmeros prazos para que os gestores do
hospital solucionassem as irregularidades
e os problemas apontados pela fiscalização do Conselho após várias vistorias.
Foram constatados problemas no bloco
cirúrgico e em setores como radiologia, neurocirurgia, observação, unidades de internação e psiquiatria, além de irregularidades
em documentos, inclusive em relação a
empresas terceirizadas. Há também uma
defasagem no número de médicos, o que
acaba sobrecarregando os profissionais e
afetando o atendimento aos pacientes.
medicina no Hospital Centenário
Conselho Regional de Medicina
do Estado do Rio Grande do Sul
INTERDIÇÃO ÉTICA NO HOSPITAL CENTENÁRIO
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul, em face
dos acontecimentos que envolvem o Hospital Centenário de São Leopoldo, vem a
público esclarecer:
1. O hospital foi objeto de dez fiscalizações em cinco anos, com apontamento de
diversas irregularidades.
2. Ao contrário de outros hospitais, a cada fiscalização realizada verificou-se não
apenas a inobservância das exigências do Cremers, mas o agravamento das
condições de funcionamento do Centenário.
3. O Cremers, a pedido do Ministério Público, integrou, em 2011, o grupo de
trabalho que subsidiaria a formulação de um Termo de Ajustamento de
Conduta (TAC) de maneira a permitir o atendimento das condições mínimas de
funcionamento do Centenário. Entretanto, apesar do compromisso ali firmado
pelo Prefeito de São Leopoldo, de que assinaria o TAC, esta autoridade se
recusou a subscrever o Termo.
4. Em 14/03/2012 foi realizada nova fiscalização, detalhada e minuciosa, que
evidenciou o agravamento das irregularidades apontadas em relatórios
anteriores, sem modificações significativas.
5. Decidida a interdição, em 19/03/2012, em atenção à iniciativa do Sr. Secretário
Estadual de Saúde, o Cremers suspendeu a eficácia da medida, para permitir
a apresentação de um plano real e concreto de atendimento das exigências.
Porém, o documento, trazido e subscrito somente pela diretora técnica do
hospital, não atendeu aos requisitos exigidos pelo Cremers.
6. Hoje, o Hospital Centenário não detém as condições mínimas necessárias
para o exercício ético da medicina. O argumento de que é melhor manter um
hospital aberto, sem condições, do que fechado, é um verdadeiro atentado à
dignidade da população, em especial aos mais carentes.
7. A história tem revelado que, nas intervenções anteriores, como as que
ocorreram nos municípios de Canoas, Esteio, Taquara, entre outros, houve a
remodelação total dos hospitais interditados.
8. O Cremers não abriu mão da interdição ética e recorreu da medida
liminarmente concedida pela Justiça Federal.
9. Por fim, o Cremers reafirma que persistirá por todos os meios ao seu alcance
na luta pela recuperação do Centenário para que a comunidade leopoldense
volte a usufruir de um atendimento digno e de qualidade, estando aberto ao
diálogo sério e compromissado com a ética.
Porto Alegre, 30 de março de 2012
Rogério Wolf de Aguiar Ismael Maguilnik
Presidente
Primeiro-Secretário
Abril - 2012 | Revista Cremers | 5
fiscalização
Alguns dos problemas constatados
pela Comissão de Fiscalização
P
lantonistas – Foi constatado na fiscalização realizada pelo
Cremers que o Centenário não dispõe de plantonistas suficientes para atender a emergência e, muitas vezes, um plantonista
faz o trabalho sozinho e dobra o plantão. Seriam necessários pelo
menos três em cada plantão.
Traumatologia - O Centenário tem
um único traumatologista que cumpre
plantão em dias alternados, resultando
em falta de especialista durante vários
dias, o que é inviável para um hospital
localizado estrategicamente nas proximidades de uma estrada federal.
Radiologia - O serviço de radiologia existente no hospital não atende às
necessidades mínimas para suprirt as
demandas do hospital e garantir o aten-
dimento à população.
Cirurgia – Há falta de médico
auxiliar nas cirurgias. O hospital estava utilizando estudantes de
medicina como auxiliares em atos
cirúrgicos, além de profissionais
não médicos.
Estrutura - Persistência e agravamento dos sinais de comprometimento da área física em diversos
setores, instalações elétricas irregulares e instalações hidráulicas e
sanitárias deterioradas.
Terceirização – Empresas sem registro no Cremers - contrariando o que determina a legislação - prestando serviço médico
no hospital.
Protesto de vereadores
A diretoria do Cremers recebeu
no dia 27, à noite, um grupo de
vereadores da Câmara Municipal
de São Leopoldo. O presidente do
legislativo do município, Cláudio
Davila entregou ao presidente do
Cremers, Rogério Wolf de Aguiar,
um manifesto assinado pelos
vereadores da bancada governista
contra a interdição ética do Hospital
Centenário. O documento destaca que a Câmara Municipal se coloca à disposição para
“mediar reuniões e promover o diálogo das partes”. O presidente do Conselho fez uma
explanação a respeito de todo o trabalho realizado pelo Cremers nos últimos anos na
tentativa de resolver os problemas do hospital. Aguiar lembrou, inclusive, que o prefeito da
cidade recusou-se a assinar o TAC proposto pelo MPE, em outubro do ano passado, com
base nos relatórios da comissão de Fiscalização. De acordo com Aguiar, a interdição foi uma
decisão inevitável diante do quadro de degradação do Centenário.
6 | Revista Cremers | Abril - 2012
Comissão de Ética manifesta
solidariedade ao Cremers
A comissão de ética da Fundação Hospital
Centenário de São Leopoldo enviou ofício
à direção do Cremers, dia 21 de março,
saudando o trabalho de fiscalização da
entidade. “Queremos manifestar nossa
solidariedade, com relação às ações de
fiscalização do exercício profissional, ao
órgão máximo que rege a medicina em
nosso Estado”, diz o texto assinado pela
presidente Solange Seidl Gomes e por seu
vice, Douglas de Morais Garcez, remetendo
para os artigos XIV e XV do Código de
Ética Médica. E conclui: “Agradecemos a
esta corajosa diretoria do Cremers pela
seriedade do trabalho que vem realizando.
Esperamos que profissionais da saúde,
pacientes e Hospital Centenário possam ser
beneficiados”.
Associação dos médicos do Centenário apoia ação do Cremers
A Associação dos Médicos do
Hospital Centenário emitiu nota em
solidariedade ao Conselho Regional de
Medicina, destacando que é “importantíssima a atuação técnica do Cremers,
dando visibilidade à real situação do
hospital e tentando garantir condições
éticas e dignas de atendimento para
médicos e pacientes”.
O documento critica a liminar expedida pelo judiciário em que é reconhecida a precariedade do atendimento,
mas que é melhor “algum atendimento
ao invés de nenhum”, decidindo assim
Corpo clínico
do Centenário
em reunião com
a direção do
Cremers
Reunião com o corpo
clínico do hospital
A diretoria do Cremers se reuniu com o corpo clínico do Hospital Centenário na noite de 22 de março
para debater a situação da instituição e também para
expor o que havia sido discutido com a Secretaria
Estadual da Saúde, a prefeitura de São Leopoldo e o
Ministério Público pela manhã, atendendo apelo do
secretário Ciro Simoni. Os dirigentes do Conselho
também ouviram relatos dos médicos do Centenário,
cuja maioria se posicionou a favor da interdição ética.
Segundo os diretores do Conselho, a união dos
médicos do corpo clínico é fator fundamental para
revitalização do hospital. O presidente do Cremers,
Rogério Wolf de Aguiar, afirmou durante o encontro
que “se a proposta não contemplar o que apontamos
no relatório da fiscalização, não haverá outra saída
senão a interdição ética”.
Participaram também da reunião o vice-presidente
Fernando Matos, o segundo-secretário Isaias Levy, o
corregedor Régis Porto, o coordenador da Fiscalização
Antônio Ayub e o coordenador de Patrimônio Iseu
Milman. O Simers foi representado pela diretora
Clarissa Bassin.
manter o hospital em pleno funcionamento.
A nota observa que “na verdade
ao Estado cabe assegurar atendimento
adequado, e não ‘algum’ atendimento”.
E conclui que a Amehce “apoia incondicionalmente a posição do Cremers”.
Cremers atendeu
pedido do secretário
Ciro Simoni e buscou
o entendimento
Intermediação da Secretaria
da Saúde do RS
Em reunião realizada no dia 22 de março, na Secretaria Estadual
da Saúde, a prefeitura de São Leopoldo e a administração do Hospital
Centenário assumiram o compromisso de apresentar uma série de medidas para melhorar as condições de trabalho médico e de atendimento
à população. Diante disso, a direção do Cremers decidiu suspender
temporariamente a eficácia da interdição ética do trabalho médico no
hospital de São Leopoldo.
Na ocasião, o presidente do Cremers, Rogério Wolf de Aguiar,
disse que seria imprescindível que a proposta do Centenário realmente
contemplasse o que foi apurado pela fiscalização. “É fundamental que
sejam tomadas medidas imediatas e efetivas para termos certeza de que
algo está acontecendo”, comentou Aguiar, que estava acompanhado do
vice-presidente Fernando Weber Matos, do primeiro-secretário Ismael
Maguilnik, do coordenador da Fiscalização Antônio Celso Ayub e do
consultor jurídico Jorge Perrone.
No dia seguinte, no final da tarde, a diretora médica do hospital,
Mara Tarragó, protocolou o documento no Cremers, entregando-o também ao Ministério Público Estadual e à Secretaria da Saúde do RS.
Participaram também da reunião coordenada pelo secretário da
Saúde Ciro Simoni, o prefeito de São Leopoldo Ary Vanazzi, o promotora do MPE Débora Rezende de Freitas, o deputado federal Alexandre
Roso, entre outros.
Abril - 2012 | Revista Cremers | 7
atuação
Sindicância apura mortes
em UTI Neonatal
O
Cremers abriu sindicância dia 12 de
março para apurar a morte de bebês
que estiveram internados na Unidade
de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do
Hospital de Caridade de Canguçu, interditada pela Secretaria Estadual da Saúde
no final de fevereiro. Nos três meses de
funcionamento da unidade, morreram 12
dos 45 recém-nascidos que receberam
atendimento no local, número seis vezes
maior do que a média em outras unidades
do gênero no Estado.
No dia 15, uma equipe da Comissão
de Fiscalização do Cremers vistoriou o
local. A direção do hospital já encaminhou ao Cremers toda a documentação
que havia sido solicitada.
O presidente do Cremers, Rogério
Wolf de Aguiar, ressalta que a investigação vai tratar somente sobre a atividade
médica e deverá esclarecer se as mortes
ocorreram em função de eventuais falhas
cometidas pelos profissionais que trabalhavam na UTI Neonatal.
Além do Cremers, também o Ministério
Público Estadual investiga o caso. Um
inquérito conduzido pela promotora de
Canguçu, Camile Balzano de Mattos, foi
instaurado. Estão sob análise, entre outras
questões, as condições médico-sanitárias,
higiene, equipamentos utilizados, tecnologia para diagnóstico e tratamento, além da
equipe de atendimento.
IPE Saúde tem novo diretor médico
O ortopedista e médico do trabalho
Antônio de Pádua Vargas Alves assumiu a
diretoria do IPE Saúde, cargo vago desde
22 de fevereiro, em cerimônia realizada no
dia 04 de abril. O Conselho Deliberativo
do IPERGS elegeu o novo diretor em reunião realizada dia 14 de março.
Alves se comprometeu a aprimorar
a qualidade da prestação de serviços na
área da saúde. Será assessorado pelo servidor Paulo Leal. “O IPE é hoje um dos
maiores planos de saúde do Brasil, interferindo diretamente na qualidade de vida
de toda a população gaúcha. Nossa prioridade será a gestão, e a responsabilidade
8 | Revista Cremers | Abril - 2012
é muito maior porque, pela primeira vez,
esse cargo será ocupado por um funcionário da casa”, ressaltou.
O grupo paritário das entidades médico-hospitalares, do qual o Cremers faz
parte, pleiteava a indicação de um médico
para o cargo. O Cremers publicou em
seu portal na internet matéria nesse sentido, reforçada com um texto veiculado
durante vários dias na Rádio Gaúcha.
“Consideramos muito importante que esse
cargo seja ocupado por um médico”,
comenta o diretor Isaias Levy, representante do Cremers no grupo paritário.
Em ofício dirigido ao Conselho
Dr. Iseu Milman representou o Cremers na
posse do Dr. Antônio de Pádua Vargas Alves
Deliberativo do Instituto, os integrantes do
grupo paritário argumentaram que todo o
estabelecimento ou plano de saúde obrigatoriamente deve ter um diretor técnico,
que deve ser médico, como responsável.
Cremers trabalha para melhorar
atendimento médico na Fase
Rogério Wolf de Aguiar, a entidade vinha
acompanhando com preocupação os dados
informados na reportagem, que revela o alto
índice de reincidência criminal de jovens.
“Vamos fazer uma apuração para verificar
como acontece o trabalho médico no pro-
Reunião com a diretoria na Fase dia 6/2 no Cremers.
Nova reunião foi realizada dia 16/3, quando a Fase
recebeu um prazo para solucionar os problemas
apontados pelo Conselho
D
iante da série de reportagens “Meninos
Condenados”, publicadas pelo jornal
Zero Hora no final de janeiro, o Cremers
decidiu abrir expediente, em 1o de fevereiro,
para verificar as condições de atendimento
médico e eventuais irregularidades na prescrição de medicamentos aos internos da
Fundação de Atendimento Sócio-Educativo
(Fase).
De acordo com o presidente do Cremers,
cesso de recuperação, cujos números são
decepcionantes de maneira geral”, comentou
Aguiar, que é psiquiatra, ao jornal Zero Hora,
edição de 4 de fevereiro.
No dia 6, Rogério Aguiar e o vice-presidente Fernando Weber Matos receberam a
presidente da Fase, Joelza Mesquita Andrade
Pires, um dos psiquiatras e diretores da instituição. Depois de duas horas reunião, ficou
definido que a direção da Fase encaminharia
um relatório sobre todo o trabalho desenvolvido na instituição, em especial em relação
ao atendimento médico, que é feito por uma
empresa terceirizada. A seguir, o presidente e seu vice ouviram o psiquiatra citado
nas reportagens, Godói Gomes, que decidiu
depor espontaneamente.
Posteriormente, o presidente do Cremers,
Rogério Wolf de Aguiar, manteve contato
com a juíza Vera Lúcia Deboni, da 3o
Vara Regional do Juizado da Infância
e Juventude, solicitando mais subsídios para uma avaliação profunda
da assistência médica e do trabalho
realizado na Fase.
No dia 16 de fevereiro, de posse
do relatório da Fase que havia sido
solicitado, o Cremers fez uma vistoria na instituição, mais especificamente no Centro de Internação
Provisório (CIP) Carlos Santos, onde
há 91 jovens. O trabalho foi realizado pelo conselheiro Antônio Celso
Ayub (coordenador da Comissão de
Fiscalização) e pelo médico fiscal
Mário Henrique Osanai.
A presidente da Fase voltou ao
Cremers, dia 16 de março acompanhada de psiquiatras e dirigentes
da entidade. Na ocasião, Joelza foi
informada pelo presidente Rogério
Aguiar do prazo de 30 dias para
solucionar os problemas apontados
pela fiscalização do Cremers.
Medidas Socioeducativas em Meio Fechado e o papel da Fase
No dia 30 de março, o presidente do Cremers participou da audiência pública realizada pelo Tribunal de
Contas do Estado que discutiu medidas socioeducativas em meio fechado e o papel da FASE. Rogério
Wolf de Aguiar participou do último painel do evento, ao lado do secretário estadual da Justiça e Direitos
Humanos, Fabiano Pereira; da presidente da FASE, Joelza Andrade Pires; e de Marli Pereira, presidente
do Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas e
de Fundações Estaduais do RS (Semapi). O presidente afirmou que as intervenções psiquiátricas nos
internos da FASE devem ser feitas a partir de diagnósticos individuais, registrados em prontuário e com
o estabelecimento de vínculos entre médico e paciente. “Não se pode medicar todo mundo à mercê da
orientação do momento. A diferença entre remédio e veneno está na dose”, ponderou.
Abril - 2012 | Revista Cremers | 9
participação
Internação compulsória para
dependentes químicos
senadora algumas informações a respeito desse grave problema
que vem crescendo a cada ano -, resumiu Aguiar.
A senadora é relatora da proposta que prevê uma correção
na lei que criou o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre
Drogas – Sisnad (Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006), que
descriminalizava o usuário de drogas.
O projeto surgiu após audiências públicas virtuais e ganhou
o apoio da Associação Brasileira de Psiquiatria e do Conselho
Federal de Medicina, que defende a internação involuntária quando o dependente químico leva risco a si ou a terceiros.
Drs. Rogério Aguiar (E) e Emmanuel Cavalcanti no encontro
com a senadora Ana Amélia Lemos, em Brasília
A convite do vice-presidente do CFM, Emmanuel Cavalcanti,
e de Napoleão Salles, assessor do CFM junto ao Legislativo
Federal, o presidente do Cremers, Rogério Wolf de Aguiar, participou, em Brasília, de reunião com a senadora Ana Amélia Lemos,
no dia 14 de março, para discutir o Projeto de Lei 111/10, que
prevê internação compulsória para dependentes de crack e outras
drogas ilícitas.
- Foi um encontro muito produtivo. Conseguimos transmitir à
Perícia médica é fundamental
Para as entidades, a medida é fundamental, desde que o
dependente de crack e outras drogas seja submetido a uma perícia médica para ser internado de forma compulsória, e não a
partir de uma abordagem policial.
O PLS justifica que a proposta “é uma resposta ao querer dos
especialistas à fracassada despenalização do uso de entorpecentes, à dor das famílias e ao resgate da geração que o Brasil pode
perder para as drogas”.
Faltam vagas para Internações
O Brasil tem menos da metade do
número de leitos públicos necessário
para internações psiquiátricas, segundo
levantamento feito pelo jornal Folha de
S. Paulo, com base em parâmetros do
Ministério da Saúde. Esse deficit de vagas é
um dos grandes entraves para o tratamento
de viciados em crack e outras drogas, dizem
o CFM (Conselho Federal de Medicina) e a
ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).
Existem aproximadamente 38,2 mil
leitos no SUS (Sistema Único de Saúde). O
ideal seria que houvesse ao menos 85 mil,
ou seja, 47 mil a mais. Em 2002, o governo
estabeleceu que a quantidade mínima
10 | Revista Cremers | Abril - 2012
psiquiátricas pelo SUS
necessária é de 0,45 leito para cada grupo
de 1.000 pessoas. No ano seguinte, no
entanto, o Ministério da Saúde adotou o que
chama de "nova política de saúde mental"
e passou a pregar a redução das vagas de
internação.
Agora, diante do crescimento da
demanda nos últimos anos, a pasta afirma
que serão abertos 3.604 novos leitos em
hospitais gerais. O coordenador da Câmara
Técnica de Psiquiatria do CFM, Emmanuel
Fortes Silveira Cavalcanti, afirma que esse
número de leitos [3.604] "é ridículo". Para
ele, o deficit de leitos "representa a ausência
de um segmento da estrutura especializada
para tratar os usuários de drogas. Há
pessoas que, para sair de um estado de
psicose gerado pelas drogas, precisam de 45
dias de tratamento intensivo."
O diretor da ABP Sérgio Tamai, também
coordenador de Saúde Mental de SP,
defende que há necessidade da internação
em hospitais gerais ou psiquiátricos,
dependendo do quadro.
O Ministério da Saúde reafirma que a
redução no número de leitos iniciada com
a reforma psiquiátrica não resultou em
"desassistência".
mobilização
Comissão Estadual de Honorários
planeja protesto em 25 de abril
de Honorários Médicos (CEHM) discutiu o calendário e a pauta
de reivindicações do movimento pela valorização do trabalho
médico. O segundo-secretário Isaias Levy representa o Cremers
no grupo.
De acordo com Levy, a Comissão enviará correspondência
aos representantes dos segmentos de seguradoras de saúde no
Conselheiro Dr. Iseu Milman (C) abriu a reunião realizada no dia
27 de março com representantes de especialidades médicas
Reunida com presidentes de mais de 20 sociedades de especialidades médicas no dia 27 de março, a Comissão Estadual
Estado – Abramge, Fenasaúde e Unidas – convidando-os a discutir os reajustes de consultas e procedimentos para 2012, além da
implantação da CBHPM vigente. Os resultados dessas reuniões
serão debatidos na assembleia dos médicos de planos de saúde
prevista para o dia 10 de abril. Na ocasião também serão analisadas as reivindicações das sociedades de especialidades.
Segundo Levy, conforme orientação da Comissão Nacional
de Honorários Médicos e da Comissão Nacional de Saúde
Suplementar (Comsu), está previsto um dia nacional de protesto
em 25 de abril. O dirigente também ressaltou que os presidentes das entidades médicas gaúchas encaminharam correspondência ao presidente da AMB instando-o a convocar a CNHM
para a atualização dos valores de consultas e procedimentos da
CBHPM vigente.
Cartão Amarelo a planos de saúde
C
artões amarelos foram empunhados por profissionais de medicina de
todo o Brasil reunidos na sede da Associação Paulista de Medicina
(APM), em São Paulo, em 2 de março, como advertência aos planos de
saúde. Os médicos reivindicam recomposição dos honorários, estabelecimento de reajuste anual e fim das interferências sobre a autonomia
profissional. O encontro foi promovido pela Comissão Nacional de Saúde
Suplementar – Comsu, representada por Aloysio Tibiriçá, do Conselho
Federal de Medicina (CFM); Jurandir Coan Turazzi, da Associação Médica
Brasileira (AMB); Márcio Bichara, da Federação Nacional dos Médicos
(Fenam); além de Florisval Meinão, presidente da APM. O Cremers foi
representado pelo segundo-secretário Isaias Levy.
Dr. Isaias Levy (D) representou o Cremers no
protesto em São Paulo
Abril - 2012 | Revista Cremers | 11
integração
I ENCM/2012
o
I Encontro Nacional dos
Conselhos de Medicina/2012
D
ebates envolvendo questões polêmicas para a saúde e a medicina, como
a proposta de criação de novos cursos
médicos, a autonomia do paciente, o testamento vital e a oferta de serviços de urgência e emergência, integram a programação
do Io Encontro Nacional dos Conselhos de
Medicina de 2012 (I ENCM 2012), realizado de 7 a 9 de março em Brasília.
O Cremers foi representado pelo presidente Rogério Wolf de Aguiar, o tesoureiro
e conselheiro federal Claudio Franzen,
o corregedor Régis Porto, o coordenador de Fiscalização e conselheiro federal
Antônio Ayub, o coordenador das Câmaras
Técnicas, Jefferson Piva, e o conselheiro
Luiz Alexandre Alegretti Borges.
Protesto contra abertura
de novos cursos
Logo no primeiro dia de atividades, os
representantes dos 27 Conselhos Regionais
de Medicina (CRMs) e do Conselho Federal
de Medicina (CFM) emitiram nota reiterando posição contrária à proposta do
governo de ampliar o número de vagas e
cursos para formação de médicos no país.
A nota rebate afirmações do ministro da
Educação Aloizio Mercadante.
Segundo os conselhos de medicina, a
abertura de vagas e de cursos de medicina
e a possível atuação de médicos estrangeiros sem revalidação de diplomas no país
são falácias que tentam desviar a sociedade das medidas que, efetivamente, podem
12 | Revista Cremers | Abril - 2012
colaborar para o fim da desigualdade na
assistência em saúde.
O documento destaca que o “Brasil
conta com 372 mil médicos e 185 escolas de medicina em atividade. Entre 188
nações, apenas China, EUA, Índia e Rússia
nos superam em números absolutos destes
profissionais. De 1970 até 2011, o aumento do número de médicos foi de 530%;
enquanto a população cresceu 104%. No
país, o problema não está no número de
médicos, mas em sua má distribuição,
o que dificulta o acesso ao atendimento
e gera vazios assistenciais, inclusive nas
periferias dos centros urbanos”.
Carreira de Estado
para os médicos
A nota dos Conselhos ainda apresenta
sugestões para melhorar a distribuição de
médicos: “... espera-se a implementação
de políticas públicas – como a carreira de
estado para o médico - que estimulem a
fixação dos profissionais nestas regiões,
oferecendo-lhes condições de trabalho,
apoio de equipe multiprofissional, acesso à educação continuada, perspectiva
de progressão funcional e remuneração
adequada à responsabilidade e à dedicação exigidas. Sem essas medidas, o Brasil
não terá as respostas que precisa e, pior,
corre-se o sério risco de comprometer a
qualidade do exercício da Medicina no
país, com a formação de médicos em
escolas comprovadamente sem condições
Drs. Cláudio Franzen, Rogério Aguiar e
Régis Porto participaram do evento em Brasília
de funcionamento, conforme relatório do
próprio Ministério da Educação”.
Ao concluir a manifestação, é enfatizado que os “Conselhos de Medicina estão
dispostos a colaborar com este debate e
esperam que as autoridades assumam sua
responsabilidade, evitando iniciativas de
caráter populista e adotando caminhos que
tragam ganhos efetivos para a sociedade”.
Evento reuniu lideranças médicas de todo o país
I ENCM/2012
D
Valorização na Urgência e
Emergência em debate
urante o I ENCM/2012, os Conselhos
Federal e Regionais de Medicina
voltaram enfatizar que é preciso valorizar
o médico que atua nas urgências e emergências do país. Segundo as entidades,
sem essa valorização o setor está destinado ao esvaziamento. O conselheiro e
coordenador da CT de Emergências do
Cremers, Luiz Alexandre Alegretti Borges,
participou da mesa defendendo a criação da especialidade de Medicina de
Emergência.
Segundo o coordenador-geral de
Urgência e Emergência do Ministério da
Saúde, Paulo Tarso Monteiro Abrahão,
a gestão da urgência da saúde pública
sempre ficou “debaixo do tapete” e os
“pacientes empilhados” nas urgências.
“Precisamos ter profissionais qualificados
nas emergências. Sabemos que a saúde
não é feita por aparelhos e paredes, mas
sim por profissionais”.
Outro destaque do painel foi a
formação do médico para Urgência
e Emergência. Alguns dos integrantes
defenderam uma especialização própria
IPEA: saúde precisa de mais
recursos e melhor gestão
“A melhora da qualidade da saúde brasileira passa
pelo financiamento e pela gestão desses recursos”,
é a opinião do presidente do Instituto de Pesquisa
Econômica e Aplicada (Ipea) , Márcio Pochmann, que
participou do I ENCM-2012. Pochmann falou sobre
relação entre saúde e economia. “Os investimentos de
saúde tem repercussão grande em termos de elevação
da renda das famílias e redução da desigualdade da
renda do país”, disse. Segundo ele, para existir um
país menos desigual é necessário que as regiões
mais pobres estejam melhor assistidas. Ao fazer um
diagnóstico da saúde brasileira, o presidente do Ipea
criticou o financiamento do setor. “Comparados a
outros países, o financiamento na saúde brasileira está
muito aquém”, enfatizou, frisando que entre 2007 a
2009, a participação das atividades de saúde no valor
adicionado da economia foi, em média, de 6,1%.
para a área, entretanto outros enalteceram que as faculdades de Medicina precisavam aumentar o estudo de urgência
e emergência a fim de instruir melhor
o estudante. O presidente do Conselho
Regional de Medicina de Minas Gerais
(CRM-MG), João Batista Soares, apresentou uma pesquisa feita no estado
que apontou que somente 7% dos
estudantes querem ir para a urgência.
“Antes eram 21%. Precisamos saber o
porquê deste desinteresse. É preciso
repensar tudo”, destacou.
Abaixo-assinado por mais
verbas para a saúde
O Conselho Federal de Medicina (CFM) e os 27 Conselhos
Regionais de Medicina estão apoiando o Projeto de Lei de
Iniciativa Popular que propõe o investimento de pelo menos
10% da receita corrente bruta da União na saúde pública. Para
isso, estão angariando assinaturas em todo o país. O projeto
altera a Lei Complementar nº 141/12, que regulamentou a
Emenda Constitucional 29, não só no que diz respeito ao
subfinanciamento do SUS, mas também propondo que os
recursos sejam aplicados em conta vinculada, mantida em
instituição financeira oficial, sob responsabilidade do gestor
de saúde. São necessárias 1,5 milhão de assinaturas (1% do
eleitorado nacional), distribuídos em pelo menos cinco estados
(0,3% dos eleitores de cada um). Depois, esse material vai
à Câmara dos Deputados, seguindo tramitação normal no
Congresso.
Para participar acesse a página principal do portal
www.cremers.org.br.
Abril - 2012 | Revista Cremers | 13
mobilização
Lançado movimento para o Estado
destinar mais verbas à saúde
sociedade espera por um atendimento de
saúde mais digno”.
O presidente do Cremers, Rogério
Wolf de Aguiar, entende que somente com
um aporte significativo de recursos poderão ocorrer melhorias no atendimento de
Movimento 'Saúde, Rio Grande – Cumpra-se a Lei' foi lançado no dia 3 de abril na OAB/RS
I
niciativa conta com o apoio do Cremers
e visa garantir a aplicação imediata de
12% por parte do governo estadual em
recursos destinados à saúde. Mobilização
vai atingir todo o Estado.
Foi lançado na manhã do dia 3 de
abril, na sede da OAB/RS, o movimento
Saúde, Rio Grande – Cumpra-se a Lei, que
conta com o apoio do Cremers, entre outras
entidades da área da saúde. A iniciativa
tem o objetivo assegurar o cumprimento da
LC 141/2012, que determina a aplicação
imediata de 12% por parte do Estado, em
recursos destinados à saúde pública, ou
seja, regulamenta a Emenda Constitucional
nº 29/2000. Esta norma estabelece, entre
outros pontos, os valores mínimos e o rateio
dos recursos a serem aplicados anualmente
14 | Revista Cremers | Abril - 2012
pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal e pelos Municípios em ações e serviços públicos de saúde.
Para mobilizar o Governo do RS, o
movimento irá percorrer as principais
cidades do Interior para coleta de assinaturas que, ao final, serão entregues ao governador do RS a fim de sensibilizar sobre a
importância do cumprimento da lei.
O presidente da OAB/RS, Claudio
Lamachia, espera que esta mobilização
motive a administração pública: "Temos
uma das mais altas cargas tributárias do
mundo, e, em contrapartida, recebemos
serviços muito aquém do necessário, como
saúde pública. Não podemos aceitar o não
cumprimento da lei. Precisamos dizer aos
nossos governantes: agora chega, basta, a
saúde. “O Rio Grande do Sul é o Estado
que menos investe em saúde. Com isso,
o problema se agrava a cada ano, com as
emergências praticamente todo o tempo
superlotadas em função da falta de leitos
de hospitais e também diante do atendimento pouco resolutivo que o paciente
encontra em postos de saúde, fazendo
com que ele busque as emergências dos
grandes hospitais”, comenta.
O presidente da Federação das Santas
Casas, Júlio Matos fez a apresentação do
projeto, destacando que o movimento não
é contrário a determinado governante e
sim a favor da sociedade. "Temos vivido
momentos de crise na área da saúde, que,
por sua vez, na opinião pública é o setor
mais importante. Não podemos aceitar
que somos o Estado que menos destina
recursos à saúde".
Matos apresentou aos presentes um
balanço do Governo Estadual e do Tribunal
de Contas, de 2004 a 2011, que mostra
que o RS aplicou apenas 6,1% em recursos destinados à saúde.
O movimento reúne, além de OAB/RS
e Cremers, as seguintes entidades: Amrigs,
Simers, Federação das Santas Casas,
Fehosul, Famurs, Sindisaúde, Feessers,
Sindiberf, CRA-RS e Abrasus.
solenidade
Gestão 2012/2013
Cerimônia de posse reafirma
representatividade do Cremers
Cerimônia de posse da diretoria do Cremers reuniu gestores públicos, dirigentes de classe, lideranças médicas e professores de faculdades de medicina
C
om as presenças de gestores públicos, dirigentes de classe e lideranças médicas, a nova diretoria do
Cremers (gestão 2012/2013) tomou
posse em cerimônia realizada dia 1o de
março.
Após a assinatura do termo de posse
pelos integrantes da diretoria, o vice-presidente Fernando Weber Matos
passou o comando dos trabalhos para
o presidente Rogério Wolf de Aguiar.
Formaram a mesa o presidente da OAB/
RS, Cláudio Lamachia; o secretário estadual da Saúde, Ciro Simoni; o presidente
do Conselho Federal de Medicina (CFM),
Roberto Luiz D’Avila; o ex-deputado
federal Germano Bonow, representando
o Simers; o presidente da Amrigs, Dirceu
Rodrigues; e a secretária adjunta da
Saúde de Porto Alegre, Carolina Santana.
A cerimônia foi prestigiada por professores da Famed/Ufrgs e do Hospital
de Clínicas de Porto Alegre, colegas do
novo presidente do Cremers, além de
inúmeras personalidades da área médica e hospitalar: o presidente do CRM
de Minas Gerais, João Batista Gomes
Soares; o presidente da Unimed Porto
Alegre, Márcio Pizzato; o vice-presidente
da AMB, Newton Barros; o presidente
do Sindicato Médico de Caxias do Sul,
Marlonei Silveira dos Santos; o presidente da Federação das Santas Casas
e Hospitais Filantrópicos do RS, Júlio
Matos; o presidente da Academia SulRio-Grandense de Medicina, Gustavo Py
Gomes da Silveira; o diretor da Faculdade
de Medicina da UFRGS, Mauro
Czepielewski; o diretor da Faculdade de
Medicina da UFCSPA, Ajácio Brandão;
o presidente da Associação dos Médicos
Residentes do RS, Diego Menegotto; o
presidente da Associação de Psiquiatria
do RS, Eugênio Grevet; e Élson Farias,
representando o INSS.
Abril - 2012 | Revista Cremers | 15
solenidade
Gestão 2012/2013
Bioética e relação médico-paciente
Ao assumir a presidência do
Cremers, Rogério Wolf de Aguiar
destacou em seu discurso que a boa
prática médica requer uma relação
médico-paciente efetiva; que os
progressos tecnológicos trouxeram
novos desafios éticos; e que, com o
novo Código de Ética, os médicos
brasileiros entraram em sintonia com
os princípios bioéticos enunciados
pela Unesco.
E
m seu discurso de posse na cerimônia
realizada dia 1º de março, Rogério
Wolf de Aguiar lamentou que cada vez
mais a relação médico-paciente esteja
perdendo espaço para os avanços tecnológicos, seguindo um processo que teve
início, conforme lembrou, no século XVII,
com o médico inglês Thomas Sidenham, a
partir da consagração da classificação das
enfermidades em conjuntos de síndromes
e sintomas clínicos comuns a determinados grupos.
“O desenvolvimento dessa orientação,
que teve um impacto revolucionário na
medicina, também levou cada vez mais
a uma desvalorização das peculiaridades
individuais da apresentação dos distúrbios de saúde. Este processo conduziu a
uma inevitável diminuição do valor que os
médicos atribuíam ao significado único que
os pacientes davam às suas experiências”,
comentou, acrescentando que “sinais eloqüentes da deterioração da relação médico-paciente em parte aparecem na não-
16 | Revista Cremers | Abril - 2012
Cerimônia de posse da diretoria (gestão 2012-2013) foi realizada no dia 1o de março
-adesão ao tratamento farmacológico e na
crescente utilização da chamada medicina
alternativa. Além disto, já há pesquisas que
mostram que uma parte significativa dos
processos contra médicos envolve uma má
relação médico-paciente”.
Rogério Aguiar frisou que “no mundo
extremamente tecnológico de hoje, os
pacientes e seus familiares devem ser
protegidos de gastos e de exames invasivos desnecessários (e os financiadores
públicos e privados do sistema de saúde
também)”.
Bioética e globalização
Depois de salientar que em “alguns
países há grandes concentrações de renda
em mãos de minorias, tornando marginal
um grande contingente populacional, sem
acesso aos benefícios de muitos dos progressos contemporâneos”, Rogério Aguiar
comentou que os “progressos tecnológicos
trouxeram novos desafios éticos, inclusive
o choque de culturas diversas. Devido
à globalização, os avanços científicos e
tecnológicos, além das questões sobre
bioética, propagaram-se pelo mundo todo.
A pesquisa médica é cada vez mais multicêntrica e internacional”.
O novo presidente do Cremers reforçou que a natureza global da ciência e
da tecnologia implica a necessidade de
uma aproximação global à bioética: “Os
Estados-membros encarregaram a Unesco
de definir os princípios de ética universais
e de se pronunciar sobre as controvérsias
surgidas no campo da bioética. Depois
de dois anos de intenso trabalho, esses
Estados-membros adotaram, de forma unânime e por aclamação, no dia 19 de outubro de 2005, a Declaração Universal sobre
Bioética e Direitos Humanos".
destacadas na cerimônia de posse
Código de Ética Médica
De acordo com Rogério Aguiar, além
de princípios já consolidados na comunidade científica, “como o consentimento
informado, o princípio de autonomia e
de responsabilidade individual, o respeito
pela privacidade e pela confidencialidade,
a Declaração trata sobre o problema do
acesso a cuidados de saúde de qualidade
e a medicamentos essenciais; do acesso
à alimentação e fornecimento de água
potável; da melhoria das condições de
vida e do meio ambiente; e da redução
da pobreza. A Declaração, assumida em
compromisso pelos Estados membros da
Unesco, vai além dos Códigos de Ética
profissionais, e disponibiliza princípios
e argumentos para orientar a tomada de
decisões no contexto da saúde, do meio
ambiente, cultural e histórico dos países”.
Rogério Aguiar conclui que diante do
exposto os médicos brasileiros estão, portanto, atualizados e em sincronia com prin-
Dr. Rogério Wolf de Aguiar defendeu a imediata
regulamentação do exercício da medicina
cípios bioéticos enunciados pela Unesco,
em consonância com a Declaração
Universal dos Direitos Humanos.
formação médica
“Temos bons motivos para nos sentir
em dia com as normas internacionais bioéticas, e defendermos sua aplicação na prática médica em nosso país. O centro desta
declaração está na defesa da dignidade do
ser humano. Por este motivo, nos sentimos
autorizados a expressar nossa preocupação
com medidas apressadas que promovem a
proliferação indiscriminada de faculdades
de medicina sem um estudo adequado de
sua real necessidade e sem garantia de ensino de boa qualidade. Apoiamos a posição
expressa pelo Dr. Adib Jatene ao condenar
a recuperação de vagas suprimidas em
faculdades de nível inferior de ensino,
recomendada pelo Conselho Nacional de
Saúde. Apelamos fortemente ao Sr. Ministro
da Saúde que não avalize tal disparate. A
falta de médicos em várias regiões do país
não se deve ao número de médicos, mas à
falta de uma carreira de Estado que propicie
a cobertura assistencial aos cidadãos com
dignidade e respeito”.
Ato Médico
O atendimento de saúde à população também foi abordado no discurso:
“Respeito à dignidade do cidadão brasileiro significa proporcionar a ele encontrar um médico quando deste necessita,
bem preparado e em condições dignas de
exercer sua atividade, com uma rede de
saúde eficiente, com sistema de referência
e contra-referência ágil, com hierarquia de
atendimentos da baixa à alta complexidade de acordo com a demanda”.
“Não consideramos digno um sistema
de saúde pública que oferece um pseudo-médico, em condições de penúria técnica.”
“A aprovação de um projeto de lei
que regulamente o exercício da medicina
vem ao encontro do respeito ao cidadão
brasileiro que deve ser atendido por quem
ele procura e tem competência para isto.
O atendimento na área da saúde se torna
cada vez mais especializado, e só pode
ser alcançado em seu nível maior de eficiência se for multidisciplinar, multiprofissional e às vezes transdisciplinar. Não se
trata de cercear a atividade de qualquer
profissional, mas de estabelecer limites
das devidas competências e compartilhar
as que são superponíveis.”
Abril - 2012 | Revista Cremers | 17
solenidade
Gestão 2012/2013
´Os médicos passaram a
ser mais ouvidos`
Em seu discurso de despedida da presidência, Fernando Matos destacou a luta para
que os gestores escutem mais os médicos nas questões relacionadas à saúde
F
oi com a tranquilidade de quem cumpriu com seu dever na presidência
do Cremers que o conselheiro Fernando
Weber Matos, agora na condição de vice-presidente, discursou na cerimônia de
posse da diretoria, dia 1o de março. “No
discurso de posse, há 20 meses, assumimos vários compromissos com a classe
médica. O principal deles foi recuperar
a posição do médico na sociedade, fazer
com que ele voltasse a ser ouvido nas
questões de saúde. Atingimos esse objetivo. Ao longo desses meses, o Cremers
esteve presente de maneira ativa e incisiva
nas discussões dos problemas da saúde
na Capital e no Interior. Hoje, o Cremers
é sempre chamado a opinar e a atuar em
questões da saúde que acabam repercutindo no trabalho médico. Felizmente, os
médicos voltaram a ser ouvidos”.
18 | Revista Cremers | Abril - 2012
Matos destacou a parceria com a
ágil. Não satisfeitos, tentamos levar esse
OAB/RS e as ações ao lado do presidente
Cláudio Lamachia pela reabertura dos
hospitais Independência e Luterano, e
também por mais verbas para os hospitais
filantrópicos. Houve, ainda, a mediação
de conflitos em inúmeras cidades, como
Caxias, Bento Gonçalves, Uruguaiana e
Livramento. “O Cremers com sua participação ativa destruiu os falsos argumentos
de que o caos da saúde pública é causado
pelos médicos. Hoje, toda a população
sabe que os problemas de saúde decorrem
da falta de vontade política, da falta de
verbas, da falta de leitos, da falta de condições e da sobrecarga de trabalho a que
os médicos são submetidos, da mercantilização, da intermediação vergonhosa da
medicina, da remuneração aviltante do
trabalho médico”, enfatizou.
Uma das iniciativas mais significativas foi a operação Férias com Saúde, que
atingiu todo o litoral gaúcho: “As deficiências apontadas nos relatórios do Cremers
das duas edições da operação serviram
de alerta aos gestores. Muitas melhorias foram feitas. Essa ação pioneira do
Cremers propiciou que hoje nas estradas
que levam ao litoral existam ambulâncias
equipadas, tipo UTI, com equipes médicas
aptas a prestar atendimento eficiente e
atendimento a todo o Estado, em especial
às rodovias pedagiadas”.
Ao concluir, Fernando Matos agradeceu o apoio recebido de todos os diretores
e setores do Cremers, lembrando algumas
conquistas, “como a maior agilidade no
andamento de sindicâncias e processos,
o que permitiu realizar um número recorde de julgamentos, aliviando a angústia
e ansiedade dos médicos envolvidos”.
Lembrou, ainda, as resoluções sobre emergências, vaga zero, limite de atendimento
por médico conforme área de risco e a
presença de médico regulador hospitalar, editadas com assessoria da Câmara
Técnica de Emergência.
“O Cremers com sua
participação ativa destruiu
os falsos argumentos
de que o caos da saúde
pública é causado pelos
médicos".
Dr. Fernando Weber Matos
Gestão 2012/2013
Presidente do CFM destaca
a longa história de lutas do Cremers
O
Dr. Roberto D’Ávila
Diretoria do CFM é
reconduzida
O plenário do Conselho Federal de Medicina
(CFM) aprovou por unanimidade em sua
sessão de 21 de março a recondução da atual
diretoria da entidade aos cargos que ocupam
até setembro de 2014. Na oportunidade, os
conselheiros também concordaram com a
permanência dos atuais membros da Comissão
de Tomada de Contas em suas funções.
presidente do CFM, Roberto
d’Avila, mostrou em seu discurso toda a sua admiração pelo trabalho
desenvolvido no Cremers ao longo dos
anos. Começou enaltecendo a atuação
de Cláudio Franzen e Antônio Celso
Ayub como conselheiros federais, revelando que “Franzen é como um irmão
mais velho, que nos traz sempre à realidade e à razão”.
Depois, cumprimentou o vice-presidente Fernando Matos por sua gestão à frente do Cremers e destacou a
importância do Conselho gaúcho no
cenário nacional: “O Cremers tem uma
longa história de lutas, uma história
que vem sendo mantida com muita
competência por esse grupo de conselheiros. Recentemente, foram editadas
aqui resoluções oportunas relacionadas
às emergências e que acabaram servindo de exemplo para outros CRMs. Não
podemos esquecer, ainda, que os postos
de diretor técnico e o diretor clínico
saíram daqui e reverberaram por todo
o país. Enfim, esse grupo mantém a luta
pelo resgate da dignidade do trabalho
médico”.
A situação da saúde no país foi
outra questão abordada por d’Avila:
“Em janeiro, o Brasil registrou um recorde histórico em arrecadação tributária,
atingindo R$ 102 bilhões. Apenas 20
dias de janeiro o país arrecadou todo
o orçamento da saúde, que é de R$ 74
bilhões. E o governo ainda corta R$ 5
bilhões das verbas destinadas à saúde.
Temos, então, que a saúde no Brasil
sofre problemas de gestão e de financiamento”.
“Estamos no caminho certo. Contudo,
queremos avançar mais e deixar como legado
para os médicos brasileiros as bases para a real
valorização da Medicina”, ressaltou o presidente
do CFM, Roberto Luiz d’Avila.
A votação nominal confirmou os bons
resultados obtidos pelo CFM – a partir da
condução da atual diretoria – ao longo dos
primeiros 30 meses da gestão, que se iniciou em
outubro de 2009 e se encerrará em setembro
de 2014. Neste período, a entidade logrou
importantes avanços nos campos da defesa da
ética e do exercício profissional de qualidade.
Confira a relação completa da diretoria em
www.cfm.org.br.
Nova diretoria reassumiu o compromisso de seguir lutando por melhores condições de
trabalho médico e de atendimento digno de saúde à população
Abril - 2012 | Revista Cremers | 19
Avaliação final da Operação Férias
A operação Férias com
Saúde, desencadeada pelo
Cremers no verão de 2011
e repetida neste ano, obteve
resultados significativos e
consolidou-se como uma
iniciativa exitosa, contribuindo
para que os veranistas tivessem
um atendimento de melhor
qualidade.
A Comissão de Fiscalização fez
um trabalho minucioso em cada
unidade de saúde, inclusive nas
estradas, verificando o serviço de
socorro através de ambulâncias.
Com isso, apontou falhas e
deficiências, o que mobilizou os
gestores, tanto municipais como
estadual, a tomar providências.
A denúncia feita pelo Cremers
de que havia falta de ambulâncias
do tipo UTI, com equipamentos
adequados e equipe médica,
resultou numa resposta efetiva do
governo do Estado, que, através
da sua Secretaria da Saúde,
corrigiu o problema ainda no mês
de dezembro.
No encerramento da
temporada de verão, equipes de
dirigentes do Cremers fizeram
uma vistoria para avaliar as
condições de hospitais e postos
de saúde, comparando com o
trabalho efetuado em novembro e
dezembro pelos
médicos fiscais.
20 | Revista Cremers | Abril - 2012
Problemas com Central de
Regulação de leitos
A avaliação das unidades de saúde de Tramandaí, Osório
e Santo Antônio da Patrulha foi realizada pelo vice-presidente
Fernando Weber Matos e pelo diretor de Patrimônio Iseu
Milman, dia 2 de março. No Hospital Tramandaí (ex-Mário
Totta e ex-Ulbra), administrado pela Fundação Hospitalar de
Sapucaia do Sul desde o ano passado, foi constatada uma
evolução significativa em relação ao verão de 2011. A área
destinada à emergência foi remodelada de acordo com o protocolo de Manchester.
O Posto 24 horas do município segue em boas condições, com número suficiente de médicos e com atendimento
adequado. No ano passado, os pacientes chegavam a ficar
três dias ali internados, hoje ou retornam para casa ou são
hospitalizadas, demonstrando que o sistema funciona satisfatoriamente. A maior dificuldade relatada foi em relação ao
Samu e ao transporte de pacientes. Foram registradas críticas
também à Central de Regulação pela lentidão e dificuldade na
transferência de pacientes.
Osório e Santo Antônio
O diretor técnico do Hospital São Vicente de Paulo, em
Osório, Alexandre Litran, que assumiu o cargo recentemente, vai analisar o relatório da Fiscalização para verificar os
problemas apontados e tomar providências. O hospital recebeu verbas para obras e terá sua capacidade aumentada em
aproximadamente 100 leitos, com ampliação das UTIs adulto,
pediátrica e neonatal.
Em Santo Antônio da Patrulha, o novo diretor administrativo do hospital da cidade, Elton Bigolin, se comprometeu
a seguir o relatório da Fiscalização e executar as melhorias
apontadas, em especial as que envolvem a psiquiatria e a parte
de documentação.
Alerta do Cremers levou a Secretaria da Saúde do Estado a disponibilizar
ambulâncias tipo UTI nas estradas que levam ao litoral gaúcho
com Saúde - edição 2012
Falta de mais informações sobre
empresas terceirizadas
Os diretores Ismael Maguilnik (1o secretário), Isaias Levy (2o secretário) e Joaquim
José Xavier (subcorregedor) fizeram a avaliação final da Operação Férias com Saúde
no litoral norte. No dia 23 de fevereiro, realizaram a visita de fiscalização no Hospital
Beneficente Nossa Senhora dos Navegantes/Associação Educadora São Carlos, em
Torres.
A presidente da entidade, irmã Teresa Giacomin, revelou que a taxa de ocupação
do hospital é de “70 a 80% e que todas as áreas de emergência estão sendo atendidas,
com exceção de neurocirurgia”. Os conselheiros do Cremers manifestaram à direção
do hospital a necessidade de que todas as empresas terceirizadas que prestam serviço à
unidade estejam regularmente inscritas no Conselho.
Capão e Terra de Areia
No Hospital Santa Luzia, em Capão da Canoa, a comitiva do Cremers foi recebida pelo diretor técnico Mery Martins Neto, que informou sobre melhoria no fluxo de
pacientes na emergência com a adoção do protocolo de Manchester. O serviço de traumatologia está funcionando a pleno, com plantões diários, segundo foi informado. De
acordo com a fiscalização feita, persistem os problemas apontados no relatório anterior
quanto à empresa terceirizada em traumatologia.
Em Terra de Areia, na Unidade Básica de Atendimento Médico (UBAM), os diretores
Ismael Maguilnik e Isaias Levy foram recebidos pelo diretor técnico da unidade, Leandro
Ariel Dei Ricardi, e pelo secretário municipal da Saúde, Márcio Ferrari. Foi constatado
que o posto mantém sua rotina normal e que haverá aporte de recursos para melhorias.
Referenciamento
de pacientes é
problema
A vistoria de avaliação da operação Férias com Saúde nas praias
de Cidreira, Pinhal e Quintão, além
do posto de resgate Univias, em
Viamão, foi realizada no dia 24
de fevereiro. O presidente Rogério
Wolf de Aguiar esteve acompanhado do coordenador da Fiscalização,
Antônio Celso Ayub, e do coordenador de Patrimônio, Iseu Milman.
O trabalho começou pelo posto
de Resgate Univias, na RS-040, em
Viamão, onde ficou ratificado que
o serviço dispõe apenas de uma
ambulância de resgate, sem equipe
médica, portanto.
Depois, foram visitados o posto
24h Eva Dias de Melo, em Cidreira;
a UBS 24h Sueli Santos de Souza, em
Pinhal; e o Pronto Atendimento 24h
em Quintão. A conclusão é de que as
unidades apresentam melhorias em
relação ao verão de 2010. A exemplo
do que acontece em outros postos de
atendimento do litoral, o que mais
chama a atenção é a dificuldade no
referenciamento de pacientes.
Abril - 2012 | Revista Cremers | 21
Litoral Norte luta por hospital
de alta complexidade
Presidente do Cremers, Dr. Rogério Wolf de Aguiar, participou de concorrida audiência pública de lançamento do projeto, em Capão da Canoa,
para a construção de um hospital na região litorânea
O
Litoral Norte está fortemente mobilizado para conquistar um hospital
de alta complexidade para a região. Prova
disso foi o evento realizado dia 17 de
março, na Casa de Cultura Érico Veríssimo,
em Capão da Canoa, promovido pela
Associação dos Municípios do Litoral
Norte (Amlinorte), com apoio da Rádio
Horizonte e do jornal A Folha do Litoral.
A entidade representativa dos municípios da região se uniu à campanha iniciada pelo comunicador Delmar da Rosa
após o trágico episódio que resultou na
morte de um menino, vítima de um cão da
raça pitbull. O presidente da associação,
Luciano Pinto da Silva, acredita “na união
de todos os segmentos da região e dos
governos para a construção de um hospital
regional que promova atendimentos de
alta complexidade em várias especialidades”.
A mobilização em torno da proposta
22 | Revista Cremers | Abril - 2012
conseguiu a adesão de outros segmentos
da sociedade, como o Conselho Regional
de Medicina/RS. O presidente do Cremers,
Rogério Wolf de Aguiar, participou do
evento e também defendeu a ideia, que,
no seu entendimento, vai ao encontro da
operação Férias com Saúde, deflagrada
pela entidade no verão passado e repetida
neste ano:
- Essa operação do Cremers, que fiscalizou todas as unidades de saúde da
região, contribuiu para melhorar o atendimento no litoral durante o veraneio, mas
ainda há muito o que ser feito. Um hospital regional para atendimentos de média
e alta complexidade é uma proposta que
merece todo o apoio da comunidade e
dos gestores públicos. Essa mobilização,
aliada a outras, deverá sensibilizar os
governantes.
A prefeitura de Capão da Canoa prometeu doar uma área para que o hospital
seja erguido. Ao final do encontro que
durou cinco horas, foi criada uma comissão para dar andamento ao projeto.
O radialista Delmar da Rosa destaca
que são 23 municipios no litoral norte,
totalizando mais de 600 mil habitantes,
número que tem o acréscimo de aproximadamente dois milhões de veranistas.
“Se começar a construção desse hospital
hoje, sua conclusão será dentro de uns
três anos, quando a região já contará
com perto de um milhão de habitantes”,
observa.
Participaram também da audiência o
deputado federal Alceu Moreira; os deputados estaduais Mano Changes, Oldacir
Oliboni e Cassiá Carpes; prefeitos e vereadores da região; o presidente do grupo de
comunicação que apoiou a iniciativa, Jairo
Murlik; o delegado da 18ª Coordenadoria
de Saúde, Luís Genaro Figori, além de
moradores de Capão da Canoa e arredores.
ética
Médico e indústria farmacêutica
A
cordo inédito entre o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa
(Interfarma) – estabelece parâmetros para a relação entre médicos e indústrias. O protocolo começou a ser discutido em 2010 e o acordo foi firmado no dia 14 de fevereiro na sede do Cremesp.
Integram o documento temas como o apoio das empresas ou entidades à organização de congressos técnicos e
científicos, os patrocínios aos convidados de eventos, as ofertas de brindes e presentes, e as boas práticas esperadas no
trabalho de visitação aos hospitais, clínicas e consultórios. O processo de discussão envolveu os 28 conselheiros do
CFM e representantes da Interfarma. Os segmentos reafirmaram o propósito de estabelecer um compromisso de conduta ética, não abrindo mão de princípios como transparência e respeito incondicional à autonomia e independência
técnico-científica da classe médica.
Confira as Principais Orientações
Organização de eventos
O patrocínio pela indústria será possível por contrato
escrito com a empresa ou entidade organizadora;
o apoio da indústria não pode estar condicionado
à interferência na programação, objetivos, local ou
seleção de palestrantes.
Participação de médicos
A presença de médicos em eventos a convite da
indústria deve ter como objetivo a disseminação
do conhecimento técnico-científico e não pode ser
condicionada a qualquer forma de compensação por
parte do profissional à empresa patrocinadora; as
indústrias farmacêuticas utilizarão critérios objetivos
e plurais para identificar os médicos que serão
convidados a participar de eventos, não podendo usar
como base critérios comerciais.
Sobre despesas e reembolsos
As indústrias farmacêuticas que convidarem
médicos para eventos somente poderão pagar
as despesas relacionadas a transporte, refeições,
hospedagem e taxas de inscrição cobradas pela
entidade organizadora; O pagamento de despesas
com transporte, refeições e hospedagem será
exclusivamente do profissional convidado e
limitado ao evento; fica proibido o pagamento ou o
reembolso de despesas de familiares, acompanhantes
ou convidados do profissional médico; os médicos
convidados não podem receber qualquer espécie de remuneração (direta
ou indireta) pelo acompanhamento do evento, exceto se houver serviços
prestados fixados em contrato; as indústrias farmacêuticas não poderão
pagar ou reembolsar qualquer despesa relacionada a atividades de lazer,
independente de estarem ou não associadas à organização do evento
científico.
Brindes e presentes
Os brindes oferecidos pelas indústrias farmacêuticas aos profissionais
médicos deverão estar de acordo com os padrões definidos pela legislação
sanitária em vigor; esses materiais devem estar relacionados à prática
médica, tais como: publicações, exemplares avulsos de revistas científicas
(excluídas as assinaturas periódicas), modelos anatômicos etc. Os objetos
devem expressar valor simbólico, de modo que o valor individual não
ultrapasse 1/3 (um terço) do salário mínimo nacional vigente; produtos
de uso corrente (canetas, porta-lápis, blocos de anotações etc.) não são
considerados objetos relacionados à prática médica e, portanto, não
poderão ser distribuídos como brindes.
Regras para visitação
O relacionamento com profissionais da saúde deve ser baseado na
troca de informações que auxiliem o desenvolvimento permanente da
assistência médica e farmacêutica; o objetivo das visitas é contribuir para
que pacientes tenham acesso a terapias eficientes e seguras, informando
os médicos sobre suas vantagens e riscos; as atividades dos representantes
das indústrias farmacêuticas devem ser pautadas pelos mais elevados
padrões éticos e profissionais; e não pode haver ações promocionais de
medicamentos dirigidas a estudantes de medicina ainda não habilitados à
prescrição, observadas as normas do estatuto profissional em vigor.
Abril - 2012 | Revista Cremers | 23
ensino médico
Decisões equivocadas sobre
escolas de medicina
Artigo do ex-ministro Adib Jatene, publicado no jornal Folha de São Paulo de 28/02/2012, critica decisão do
Conselho Nacional de Educação que beneficiou cursos de medicina com avaliação deficiente. Confira:
O
Conselho Nacional de Educação acaba de tornar sem efeito decisões da Secretaria de Educação Superior (Sesu) do
Ministério da Educação (MEC) sobre a redução de vagas em cursos de medicina. Até 1996, o país possuía 82 faculdades de medicina, das quais 33 eram privadas (40%). Em 12 anos, entre 1996
e 2008, foram criadas 98 novas faculdades, das quais 68 privadas
(70%). Existiam ainda, sob análise do MEC, mais de 50 pedidos
de autorizações de novas faculdades, praticamente todas privadas
e sem infraestrutura mínima para ministrar um curso médico.
Em 2008, o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes
(Enade) identificou 17 escolas, entre as que tinham formandos
com nota inferior a três (em uma escala de um a cinco). Alarmado
com a situação, o então ministro Fernando Haddad, após discutir
o problema, concordou em recriar a Comissão de Especialistas
do Ensino Médico, presidida por mim e com maioria absoluta de
membros da Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM),
inclusive com quatro ex-presidentes. Todos os membros têm
ampla atuação e experiência na área.
Após uma revisão dos pré-requisitos que a entidade que
deseja abrir o curso médico deveria observar, foi explicitado que,
como item eliminatório, a entidade teria de possuir um complexo médico-hospitalar com pelo menos quatro leitos por vaga
pretendida. Seria necessário ter também uma residência médica
reconhecida pelo Ministério da Saúde e um pronto-socorro em
atividade. Além disso, a instituição deveria possuir um complexo ambulatorial, contando tanto com unidades básicas com
o Programa de Saúde da Família quanto com ambulatórios de
especialidades.
Desse modo, estaria garantido o campo de treinamento e
dimensionado o número de vagas. Na hipótese de a instituição
não possuir complexo próprio, seria permitido um convênio,
por período não inferior a dez anos, sem compartilhamento com
outra instituição. Quanto às escolas existentes cujo desempenho
24 | Revista Cremers | Abril - 2012
no Enade foi insatisfatório, decidiu-se fazer uma visita ao local
com pelo menos dois membros da comissão. Eles, após entrevistas com docentes e com discentes e visitas às instalações, avaliaram as condições para a oferta do curso e elaboraram relatórios
circunstanciados.
Na impossibilidade de indicar o fechamento da escola,
optaram por reduzir o número de vagas, deixando o mínimo
tolerável, capaz de beneficiar não apenas os alunos, mas também
a população que seria atendida pelos egressos dessas escolas.
Baseado nesse trabalho sério, de pessoas que doaram seu tempo
na expectativa de melhorar o ensino médico, foi que a Sesu acolheu as indicações e reduziu o número de vagas em várias escolas
médicas. Isso aconteceu depois de ampla discussão com a comissão de especialistas - que, reitero, avaliou com o maior cuidado a
situação do ensino nessas entidades.
De repente, o Diário Oficial da União publica uma decisão
por unanimidade do Conselho Nacional de Educação (CNE) restaurando o número de vagas previamente existentes, desconsiderando o trabalho da comissão, que levou mais de dois anos para
ser executado - sem nem sequer dar uma oportunidade para nos
manifestarmos.
Decisões equivocadas como essas servem para desmotivar os
que ainda acreditam ser possível corrigir as iniquidades, criadas
por influência empresarial ou política, e para reforçar a ideia de
que não adianta lutar por dias melhores. Mas ainda há gente neste
país que acredita, mesmo com as instituições atuais e com os
conselhos suscetíveis a pressões, ser possível avançar. Decisões
como a do CNE não nos farão desistir. Elas nos alimentam para
continuarmos a luta, que antes de ser nossa deveria ser do CNE.
Adib Jatene, 82, cardiologista, é professor emérito da Faculdade de
Medicina USP e diretor-geral do Hospital do Coração. Foi ministro da
Saúde (governos Collor e FHC).
Apoio ao ex-ministro da
Saúde Adib Jatene
O Conselho Regional de Medicina (Cremers) manifestou apoio ao ex-ministro Adib Jatene por seu artigo publicado
no jornal Folha de São Paulo, reafirmando sua posição no sentido de que a saúde do povo brasileiro não pode ficar
à mercê de interesses particulares, políticos ou econômicos. O Cremers entende que escolas precárias tendem a
formar profissionais sem condições de atender pacientes com o devido rigor e cuidado, e a avaliação dessas escolas
por parte de um grupo experiente e qualificado não pode ser ignorada.
Crítica ao Conselho Nacional
de Educação
O Conselho Federal de Medicina divulgou nota no dia 29 de fevereiro
manifestando apoio ao professor e ex-ministro Adib Jatene. No entendimento do CFM, “o Governo – em todas as suas esferas – deve estar atento
a esta realidade e apresentar propostas que contribuam para a qualificação
dos cursos de medicina no país, demonstrando real preocupação com a
população que conta com médicos bem preparados para manter sua saúde
e seu bem-estar”.
A nota enfatiza, ainda: “Ao tomar a decisão de reabrir vagas nos cursos que tiveram avaliação negativa pela Secretaria de Educação
Superior (Sesu) do Ministério da Educação (MEC), o
CNE ignora o trabalho realizado ao longo de dois
anos por alguns dos mais renomados especialistas
em ensino médico do país”.
O CFM faz questão de frisar que o trabalho
realizado pela Sesu foi exemplar: “Não há dúvida
que número importante das escolas médicas em
atividade está sem condições plenas de funcionamento,
seja em termos de instalações, seja em termos de conteúdo
pedagógico, incluindo aí questões ligadas aos corpos
docentes. Assim, a abertura de escolas médicas – como
forma de facilitar o acesso ao atendimento médico no
território nacional - é uma atitude falaciosa e desprovida de conteúdo prático”.
E conclui: “Para o CFM, o Brasil precisa urgentemente de bons médicos e de políticas públicas
que estimulem sua melhor distribuição, garantindo a cobertura dos vazios assistenciais”.
Atualmente, o Brasil possui 185
escolas médicas. No mundo,
apenas a Índia possui mais, com
272 cursos e população de 1,2
bilhão de pessoas (seis vezes
maior que a brasileira).
De 2000 a 2011, foi autorizada
abertura de 85 escolas de
Medicina (um aumento de 85%).
Desse total, 72,5% são privadas.
Abril - 2012 | Revista Cremers | 25
orientação
Novas regras da publicidade
médica estão em vigor
Resolução 1.974/2011, que começou a vigorar dia 15 de fevereiro, contempla mudanças na sociedade
e nas formas de comunicação, como o avanço das redes sociais da internet
J
á está em vigor a Resolução 1.974/2011,
do Conselho Federal de Medicina, que
estabelece “os critérios norteadores da
propaganda em Medicina, conceituando
os anúncios, a divulgação de assuntos
médicos, o sensacionalismo, a autopromoção e as proibições referentes à matéria”.
A medida indica restrições que médicos e
instituições que prestam serviços médicos
devem observar quando se comunicarem
com eventuais pacientes.
“O documento foi elaborado de modo
a ser compreendido facilmente pelos médicos e a oferecer critérios objetivos para
que os conselhos de medicina orientem
os profissionais e reprimam as infrações.
Ele valoriza o médico, preserva o decoro
26 | Revista Cremers | Abril - 2012
da profissão e protege a sociedade”, avalia
o conselheiro Emmanuel Fortes, diretor de
fiscalização do CFM e relator da resolução, publicada no Diário Oficial da União
em agosto de 2011.
A resolução se diferencia da anterior que tratava do tema (Resolução
1.701/2003), por proibir expressamente ao
médico a oferta de assessorias em substituição à consulta médica presencial; esta
proibição se aplica, por exemplo, a serviços de consultoria médica oferecidos pela
internet ou por telefone. Outra novidade é
a proibição expressa a que o profissional
anuncie possuir títulos de pós-graduação
que não guardem relação com sua especialidade. “O objetivo do Conselho é impedir
que os pacientes sejam induzidos ao erro
de acreditar que o médico tem qualificação
extra na área em que atua”, explica Fortes.
Com a resolução foi aberta a possibilidade de que o médico divulgue ter
realizado cursos e outras ações de capacitação, desde que relacionados a sua especialidade e que os respectivos comprovantes tenham sido registrados no Conselho
Regional de Medicina local. De acordo
com o documento, a proibição de que o
médico participe de anúncios de empresas e produtos é extensiva a entidades
sindicais e associativas médicas. Assim,
sociedades de especialidade, por exemplo, não podem permitir a associação de
seus nomes a produtos.
O que é proibido na publicidade ou propaganda
• usar expressões como ‘o melhor’, ‘o mais eficiente’, ‘o único capacitado’, ‘resultado garantido’;
• anunciar que utiliza aparelhos que lhe atribuam capacidade privilegiada ou que faz uso de técnicas exclusivas;
• usar celebridades para recomendar um profissional, serviço ou determinado tratamento;
• utilizar imagens de ‘antes’ do tratamento e ‘depois’ do procedimento;
• permitir que seu nome seja inscrito em concursos ou premiações de caráter promocional que elejam “médico do ano”, “profissional
destaque” ou similares;
• garantir, prometer ou insinuar bons resultados nos tratamentos oferecidos;
• oferecer serviços por meio de consórcio;
• anunciar o uso de método ou técnica não aceito pela comunidade científica;
• divulgar que possui títulos de pós-graduação que não guardem relação com sua especialidade.
O que é proibido na relação com imprensa, participação em eventos e uso de internet
• conceder entrevistas para autopromoção, aferição de lucro ou busca de clientela (por meio, por exemplo,
da divulgação de endereço e telefone de consultório);
• consultar, diagnosticar ou prescrever por qualquer meio de comunicação ou a distância;
• abordar assuntos médicos, em anúncios ou no contato com a imprensa, de modo sensacionalista,
por exemplo, transmitindo informações desprovidas de caráter científico ou que causem pânico ou
intranquilidade;
• adulterar dados estatísticos com o objetivo de obter benefícios;
• usar de forma abusiva ou enganosa representações visuais e informações que possam induzir a promessas
de resultados;
• usar redes sociais na internet para angariar clientela;
• exibir imagens de paciente para a divulgação de técnica, método ou resultado de tratamento, ainda que
com autorização expressa do paciente; a exceção a esta proibição, quando imprescindível, o uso da imagem,
autorizado previamente pelo paciente, em trabalhos e eventos científicos.
O que é
obrigatório em
toda publicidade
médica
• nome completo do
profissional
• número do registro
junto ao Conselho
Regional de Medicina
(CRM);
• nome da
especialidade e
número de Registro
de Qualificação de
Especialista (RQE)
Resolução é um avanço, avalia coordenador da Codame
O coordenador da Comissão de
Divulgação de Assuntos Médicos (Codame)
do Cremers, Alberi Grando, defende com
entusiasmo a Resolução 1.874/2011, que
estabelece novas diretrizes na relação do
médico com a publicidade.
- A resolução foi atualizada de acordo
com as mudanças na publicidade e na
sociedade como um todo. A mídia evoluiu muito no período
de dez anos desde a primeira resolução sobre publicidade
Dr. Alberi Grando
médica. A sociedade também passou por reformulações. A nova
resolução do CFM vem ao encontro dessas mudanças, incluindo,
por exemplo, as redes sociais na internet, que são cada vez mais
influentes e atuantes.
O conselheiro do Cremers diz que o trabalho agora é de difundir
a resolução e debater suas orientações, esclarecendo os médicos:
“A ideia é que a Codame leve essas informações não apenas aos
médicos, mas também aos estudantes de medicina. Da mesma
forma são importantes os encontros regionais das delegacias, que
contribuem para esclarecer os colegas e eliminar dúvidas”.
Abril - 2012 | Revista Cremers | 27
painel
IL
ABR
Notas do CFM
10 a 12
12 a 16
maio 2012
Publicada sentença favorável ao CFM e ao Cremesp
proferida pelo juíz da 15ª Vara Federal de Brasília. Trata-se
de Ação Ordinária, com pedido de antecipação de tutela,
proposta por um médico com o objetivo de anular PEP,
sob o argumento de que a sua punibilidade administrativa
já está prescrita. Em análise prévia, o magistrado deferiu
liminar para suspender a execução da pena aplicada pelo
CFM (letra “d” do art. 22 da Lei 3.268/57). Ocorre que ao
analisar o mérito da questão o juiz concluiu que não se
consumou a alegada prescrição. Ainda cabe recurso. A pena
aplicada pode ser executada, tendo em vista que a sentença
não tem feito suspensivo. Todavia, antes, por cautela, o CRM
paulista deverá consultar a situação processual.
junho 2012
Sentença rejeita tese de prescrição
de punibilidade
a
Agend
29 a 30
Foi proferido acórdão pela 3ª Turma do TRF da 4ª Região,
nos autos da apelação cível proposta por FACILITADORA
DE SERVIÇOS contra o CFM, objetivando a declaração de
ilegalidade da Resolução CFM no 1.836/2008. Em 1ª instância
o magistrado já havia julgado improcedente a pretensão
do autor. Agora, em grau de recurso, o TRF-4 reafirmou o
entendimento de que o pedido de ilegalidade da Resolução
não procede. Em face dessa decisão o recorrente interpôs
Recurso de Embargos de Declaração, porém, os mesmos
não foram acolhidos, salvo para explicitar os artigos tidos
por violados. Ainda cabe recurso, mas apenas no efeito
devolutivo.
junho 2012
Empresa derrotada ao tentar
declarar ilegalidade de resolução
Congresso Internacional de
Saúde Cardiometabólica
» Local: Florianópolis/SC
» Informações: www.saudecadiometabolica.com.br
XXIV Congresso Brasileirode
Genética Médica
» Local: Porto Alegre/RS
» Informações: http://www.ccmeventos.com.br/
oquefazemos.php
IX Jornada CELPCYRO sobre Saúde
Mental e II Simpósio Brasileiro sobre
Comorbidades Psiquiátricas
» Local: Porto Alegre/RS
» Informações: www.celpcyro2012.eventize.com.br
28 | Revista Cremers | Abril - 2012
Dr. Antônio
Celso Ayub
01 a 04
Dr. Cláudio Balduíno
Souto Franzen
setembro 2012
conselheiros federais pelo rs
67º Congresso da Sociedade
Brasileira de Dermatologia
» Local: Rio de Janeiro/RJ
» Informações: www.dermato2012.com.br
homenagem
8 de março - Dia Internacional da Mulher
As mulheres na medicina
Moacyr Scliar
D
urante muito tempo, e em muitas culturas,
a medicina foi considerada uma profissão
para homens. A ideia de uma Hipócrates de saias
simplesmente não era admitida. E isto por várias
razões. A medicina sempre foi uma profissão que
privilegiou a razão, o raciocínio (mesmo o raciocínio errado, responsável por muitas bobagens
que marcaram sua história), para a qual a mulher,
criatura sentimental, emocional, e portanto não
racional, não estaria preparada. Mulher tinha de
cuidar dos filhos e da casa, e isto significava que
sequer disporia de tempo para uma atividade que
exigia dedicação exclusiva. Por último, e não
menos importante, a medicina dava prestígio,
dava poder – coisas que, na maioria das sociedades, estavam reservadas para os homens.
Mas havia exceções, claro. Certas atividades
ligadas à saúde ou ao ciclo vital poderiam ser
exercidas pelas mulheres. O exemplo típico era
a obstetrícia. Mas a mulher que fazia partos não
era uma obstetra, às vezes sequer tinha diploma:
era parteira. E parteiras eram muitas, no Brasil.
No Bom Fim, tínhamos a dona Francisca, famosa
pela quantidade de bebês que trouxe ao mundo.
Mas os médicos acabaram entrando nesta
área, que gradualmente foi se sofisticando e
tornando-se cirúrgica. Mesmo assim, muitos profissionais a viam com certo desprezo. O doutor
Ignaz Semmelweiss, que descobriu o modo de
transmissão da febre puerperal, uma doença de
parturientes, foi trabalhar na maternidade de
Viena porque não conseguiu entrar em outra
especialidade; não era gente fina, era húngaro, e
os húngaros eram desprezados pelos austríacos,
que tinham a hegemonia no Império AustroHúngaro.
As mulheres também podiam fazer pediatria,
psiquiatria, dermatologia, esta, outra especialidade pouco valorizada. A exceção era a União
Soviética, onde, logo depois da revolução, a
medicina foi entregue às mulheres. Uma medida
igualitária? Em parte, talvez, mas provavelmente
correspondia à ideia de que os homens tinham
coisas mais importantes a fazer na construção do
comunismo.
Acho que o último bastião foi a cirurgia.
Compreensível, se considerarmos o aspecto
simbólico: o bisturi é o parente sofisticado,
ainda que menos agressivo, da espada, da faca.
Lembro-me do espanto entre os estudantes de
medicina quando uma colega nossa, contrariando a tendência geral, começou, ainda na faculdade, a fazer sua formação cirúrgica. Ninguém
disse nada, mas ficava claro que aquilo era
insólito, para dizer o mínimo. Ela foi em frente e
tornou-se uma excelente cirurgiã. Hipócrates não
sabia o que estava perdendo por não usar saias,
uma coisa que vale a pena lembrar neste Dia
Internacional da Mulher.
Artigo originalmente publicado no jornal
Zero Hora em 06 de março de 2010
Abril - 2012 | Revista Cremers | 29
academia
Tuberculose em debate na
Academia de Medicina
Dr. José Silva Moreira
Reunião de 24 de março
A Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina e a Sociedade de Pneumologia e
Tisiologia do RS promoveram, no dia 24 de março, o painel ‘Tuberculose: passado e a
realidade atual’, evento que contou com o apoio do Cremers.
A programação começou com a palestra do professor e acadêmico José Silva Moreira, que falou sobre a Tuberculose no Mundo e
na História, apresentando um amplo relato sobre a doença no país
e no mundo.
O cenário atual da tuberculose no Rio Grande do Sul foi o
tema da palestra da coordenadora estadual do controle da doença, Carla Jarczewski, da Secretaria da Saúde do RS.
Já a situação da doença na Capital foi abordada pela coordenadora do Programa de Combate à Tuberculose da Secretaria
Municipal da Saúde (SMS), Elaine Black Ceccon, que revelou que
Porto Alegre é a capital com os maiores índices de tuberculose do
País. Por ano, surgem 1,5 mil casos novos da doença.
Depois, foi realizado um debate sobre o tema ‘Articulando
esforços para o enfrentamento do problema’, com a participação dos palestrantes e representantes da Frente Parlamentar
de Aids e Tuberculose da Assembleia Legislativa e da sociedade civil organizada. A moderação foi de Elaine Ceccon, que também integra a direção da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do RS.
Hipnose foi o tema do
encontro de jubilados
Dr. Paulo Ernani Evangelista
30 | Revista Cremers | Abril - 2012
As atividades do grupo de médicos jubilados do Cremers foram retomadas no dia 26 de
março. Na ocasião, o palestrante foi o médico anestesiologista Paulo Ernani Evangelista, que
apresentou o trabalho “Hipnose em Medicina: estado atual”.
Evangelista perpassou a história da hipnose na prática médica, relembrando os cientistas
que estudaram e aprimoraram suas técnicas de aplicação. O médico também abordou o uso
da hipnose como método auxiliar da anestesia em procedimentos cirúrgicos, da analgesia e
de outros tratamentos médicos.
O encontro dos médicos jubilados acontece sempre na última segunda-feira do mês.
UPA Zona Norte levará o nome de Moacyr Scliar
Em audiência realizada dia 10 de
abril, o prefeito José Fortunati manifestou
apoio à iniciativa do Conselho Regional
de Medicina do RS de denominar como
Moacyr Scliar a Unidade de Pronto
Atendimento da Zona Norte de Porto
Alegre, que será inaugurada em breve. A
partir de sugestão do Cremers, o vereador
Raul Torelly apresentou no dia 14 de março
projeto de lei com a denominação em
homenagem ao médico e escritor gaúcho.
Fortunati disse que as
obras da UPA, que deverá
atender em média 450 pessoas por dia, estão em fase de
conclusão: “Espero que a tramitação do projeto seja rápida,
porque o ideal seria fazer a
inauguração já com a placa com
o nome do grande Scliar”.
Participaram da audiência na prefeitura o
diretor do Cremers Isaias Levy; o vereador e
médico Raul Torelly; o secretário-adjunto da
Saúde do município, Jorge Osório; o diretor
executivo da Federação Israelita/RS, Alberto
Poziomyck; e Michele Souza Milanesi, da
Assessoria Jurídica do Cremers.
Delegacias do Cremers
Seção
Delegado
Fone
Endereço | e-mail
Alegrete
Dr. Cláudio Luiz Morsch
(55) 3422.4179
R. Vasco Alves, 431/402 | CEP 97542-600 | [email protected]
Bagé
Dr. Airton Torres de Lacerda
(53) 3242.8060
R. General Neto, 161/204 | CEP 96400-380 | [email protected]
Bento Gonçalves
Dr. José Vitor Zir
(54) 3454.5095
R. José Mário Mônaco, 349/701 | CEP 95700-000 | [email protected]
Cachoeira do Sul
Dr. Mário Both
(51) 3723.3233
R. Pinheiro Machado, 1020/104 | CEP 96506-610 | [email protected]
Camaquã
Dr. Vitor Hugo da Silveira Ferrão
(51) 3671.3191
R. Júlio de Castilhos, 235 | CEP 96180-000
Carazinho
Dr. Airton Luis Fiebig
(54) 3330.1049
Av. Pátria, 823/202 | CEP 99500-000
Caxias do Sul
Dr. Alexandre Ernesto Gobbato
(54) 3221.4072
R. Bento Gonçalves, 1759/702 | CEP 95020-412 | [email protected]
Cruz Alta
Dr. Eduardo Pinto de Campos
(55) 3324.2800
R. Venâncio Aires, 614 / salas 45 e 46 | CEP 98005-020 | [email protected]
Erechim
Dr. Paulo César Rodrigues Martins
(54) 3321.0568
Av. 15 de Novembro, 78/305 | CEP 99700-000 | [email protected]
Ijuí
Dra. Miréia Simões Pires Wayhs
(55) 3332.6130
R. Siqueira Couto, 93/406 | CEP 98700-000 | [email protected]
Lajeado
Dr. Fernando José Sartori Bertoglio
(51) 3714.1148
R. Fialho de Vargas, 323/304 | CEP 95900-000 | [email protected]
Novo Hamburgo
Dr. Luciano Alberto Strelow
(51) 3581.1924
R. Joaquim Pedro Soares, 500 / salas 55 e 56 | CEP 93510-320 | [email protected]
Osório
Dr. Angelo Mazon Netto
(51) 3601.1277
Av. Jorge Dariva, 1153/45 | CEP 95520-000 | [email protected]
Palmeira das Missões
Dr. Joaquim Pozzobom Souza
(55) 3742.3969
R. Francisco Pinheiro, 116/8 | CEP 98300-000
Passo Fundo
Dr. Alberto Villarroel Torrico
(54) 3311.8799
R. Teixeira Soares, 885/505 | CEP 99010-010 | [email protected]
Pelotas
Dr. Victor Hugo Pereira Coelho
(53) 3227.1363
R. General Osório, 754/602 | CEP 96020-000 | [email protected]
Rio Grande
Dr. Job José Teixeira Gomes
(53) 3232.9855
R. Zalony, 160/403 | CEP 96200-070 | [email protected]
Santa Cruz do Sul
Dr. Gilberto Neumann Cano
(51) 3715-9402
R. Fernando Abott, 270/204 - Centro |CEP 96825-150 | [email protected]
Santa Maria
Dr. Floriano Soeiro de Souza Neto
(55) 3221.5284
Av. Pres. Vargas, 2135/503 | CEP 97015-513 | [email protected]
Santa Rosa
Dr. Carlos Alberto Benedetti
(55) 3512.8297
R. Fernando Ferrari, 281/803 | CEP 98900-000 | [email protected]
Santana do Livramento
Dra. Tânia Regina da Fontoura Mota
(55) 3242.2434
R. 13 de Maio, 410/501 | CEP 97573-500 | [email protected]
Santo Ângelo
Dr. Edson Luiz Maluta
(55) 3313.4303
R. Três de Outubro, 256/202 | CEP 98801-610 | [email protected]
São Borja
Dr. Luiz Roque Lucho Ferrão
(55) 3431.5086
R. Riachuelo, 1010/43 | CEP 97670-000 | [email protected]
São Gabriel
Dr. Clóvis Renato Friedrich
(55) 3232.2713
R. Jonathas Abbot, 636 | CEP 97300-000
São Jerônimo
Dra. Lori Nídia Schmitt
(51) 3651.1361
R. Salgado Filho, 435 | CEP 96700-000
São Leopoldo
Dr. Ricardo Lopes
(51) 3566.2486
R. Primeiro de Março, 113/708 | CEP 93010-210 | [email protected]
Três Passos
Dr. Dary Pretto Filho
(55) 3522.2324
R. Bento Gonçalves, 222 | CEP 98600-000
Uruguaiana
Dr. Luiz Antônio de Souza Marty
(55) 3412-5325
R. Treze de Maio, 1691 Sala 204 - Centro | CEP 97500-601
Abril - 2012 | Revista Cremers | 31
integração
Dia Mundial do Rim
comemorado com sucesso
Foram avaliados em torno de 250 adultos, inclusive o prefeito
José Fortunatti.
A equipe da Nefrologia pediátrica do Hospital de Clínicas
foi completa para o parque. As terapeutas ocupacionais deixavam
as crianças bem à vontade para serem atendidas pela enfermeira
Cremers apoiou evento realizado no Parque Farroupilha
M
édicos e outros profissionais da saúde comemoraram o Dia
Mundial do Rim em 11 de março, orientando a população
sobre a prevenção de doenças renais, com esclarecimentos também sobre o processo de transplante e doação de órgãos. Para
isso, foi montado um estande no Parque Farroupilha, onde compareceram adultos e crianças em grande número.
O Cremers, como tem feito nos últimos três anos, apoiou o
evento. A Câmara Técnica de Nefrologia elaborou um folder com
orientações sobre como cuidar de seus rins e com esclarecimentos sobre doação de órgãos.
A equipe que deu assistência aos populares foi formada por
médicos nefrologistas, nefrologistas pediátricos, enfermeiras,
nutricionistas, fisioterapeutas e voluntários. Além de uma breve
entrevista sobre fatores de risco para doença renal, foi verificado
o índice de massa corporal e a pressão arterial. As nutriconistas
orientaram a respeito de dieta saudável. Houve distribuição de
água mineral e maçãs.
Aqueles que apresentavam indicativos de risco para doença
renal foram orientados por nefrologistas,entre eles Auri Santos,
Elizete Keitel, Ivan Antonello, Cinthia Vieira e João José Freitas.
32 | Revista Cremers | Abril - 2012
Sheila Salcedo, e pelos residentes da nefrologia pediátrica, com
supervisão de Roberta Rohde, Viviane Bittencourt e Clotilde
Garcia. Em três horas foram atendidas 80 crianças.
As fisioterapeutas da equipe do IPA verificaram a capacidade
física e orientaram para prática de exercícios.
Participaram da ação, médicos e profissionais dos hospitais Ernesto Dorneles, Santa Casa de Porto Alegre, Clínicas e
São Lucas . A organização do evento envolveu o Cremers e a
Sociedade Gaúcha de Nefrologia com o apoio da Sociedade
Brasileira de Nefrologia. As ONGs Via Vida e Pró-Rim também
apoiaram a iniciativa.
A coordenadora da CT de Nefrologia do Cremers, Clotilde
Garcia, comemorou o sucesso do evento relativo ao Dia
Mundial do Rim (8 de março): “Todos doaram
um pouco de si e realizaram um
benefício para sociedade”.
Equipe responsável pelo
sucesso do evento
Drs .Ivan Antonello,
Clotilde Garcia, Cinthia Vieira
e João José Freitas
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Abril - 2012