CRENÇAS E REPRESENTAÇÕES DOS PROFESSORES DO ENSINO
FUNDAMENTAL A RESPEITO DE INOVAÇÕES PEDAGÓGICAS DERIVADAS
DA NOVA LDB1
Patrícia Rossi Carraro
Antônio dos Santos Andrade2
INTRODUÇÃO
Em nome da urgência de se atender à determinação do artigo 210 da Constituição
Federal de 1988 que demanda a definição de conteúdos mínimos para o ensino
fundamental, ocorre a implementação da proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN), realizada pelo Ministério da Educação e Desporto (MEC) e encaminhada no início
de 1996 às/os professoras/es do ensino fundamental. Esse assunto, devido à sua
complexidade, não demorou muito a se transformar em debate nacional, sendo levantadas
questões sobre a estratégia utilizada na sua elaboração, bem como as concepções
pedagógicas inspiradoras desse documento.
Segundo Moreira (1996), existem muitas críticas a serem feitas aos PCN. Destaca-se
dentre elas a argumentação de que professores da escola pública e das universidades não
foram incluídos na elaboração deste documento, ficando sob a responsabilidade de
professores fundamentalmente ligados à Escola da Vila-S.P. Ressalta-se também que a
experiência de fato inspiradora dos Parâmetros foi a espanhola, sendo o professor César
Coll transformado no principal consultor do trabalho. Além disso, questiona-se a
hegemonia do Construtivismo na proposta e a não contemplação de outras teorias e
possibilidades para o ensino.
1
Artigo publicado em: CARRARO, P. R. M. e ANDRADE, A. S. (2002) “Crenças e representações dos
professores do ensino fundamental a respeito de inovações pedagógicas derivadas da nova LDB”. IN:
SEMINÁRIO DE PESQUISA, V, Ribeirão Preto, SP, TOMO II, LIVRO DE ARTIGOS, p. 197-206. Trabalho
subvencionado pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
2
Professor Assistente Doutor do Departamento de Psicologia e Educação da FFCLRP/USP. Endereço para
correspondência: Av. dos Bandeirantes, 3900 - CEP: 14.040-901 Ribeirão Preto, e-mail:
[email protected]; home page: http://gepsed.ffclrp.usp.br/.
2
Neste contexto cabe questionar como os professores receberam esta medida e
principalmente perguntar: como eles estão vivenciando esta imposição epistemológica. O
presente projeto se propõe a buscar resposta a esta questão.
Com relação as pesquisas sobre o professor a linha de pesquisa "Pensamento do
Professor", fruto da evolução das teorias e pesquisas dos paradigmas de investigação
didática tem oferecido grandes contribuições para a melhoria do ensino, através de estudos
e projetos de intervenção. Esta perspectiva aponta caminhos e nos possibilita ultrapassar os
dados objetivos e os comportamentos explícitos dos professores na tentativa de
compreendermos o conjunto das estruturas internas que lhes conferem significados. Os
estudos nesta abordagem (Penin, 1993; Coll e Miras, 1996; Pacheco, 1995; Peretz, 1995; e
Garcia, 1997) mostram que a atividade profissional do professor vem ocupando lugar de
destaque, sendo possível investigar: 1º.) as suas representações sobre o ensino e
aprendizagem; 2º.) O valor da prática docente como elemento de análise e reflexão do
professor e que esta seja um instrumento de desenvolvimento do seu pensamento e da sua
ação.
OBJETIVO
O objetivo geral deste trabalho é contribuir para o desenvolvimento da linha de
pesquisa “Pensamento do Professor”, através da investigação de crenças e representações
dos professores sobre temas do seu cotidiano escolar. Os objetivos específicos são
investigar as representações dos professores sobre o Construtivismo, os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN) e as Inovações Pedagógicas; investigar as representações
dos professores sobre o impacto que a adoção dos PCN possa estar tendo sobre o processo
de ensino-aprendizagem; pesquisar as representações dos professores sobre o
Construtivismo, tal como proposto nos PCN; e pesquisar as representações dos professores
sobre Inovações Pedagógicas introduzidas pelo sistema de ensino atual.
3
METODOLOGIA
O projeto foi desenvolvido com quarenta professores do Ensino Fundamental, de
duas escolas da Rede Pública Estadual, de Ribeirão Preto. Com estes, foi realizada
entrevista de profundidade, em duas sessões. A primeira teve como objetivo a
contextualização da formação, história e a prática profissional dos informantes e o
estabelecimento de um vínculo mais favorável que facilitasse a participação dos
entrevistados. A segunda sessão foi temática, e investigou as crenças e representações em
relação ao Construtivismo, os PCN e as Inovações Pedagógicas.
Para analisar os resultados das entrevistas, depois de transcritos de suas audiogravações, foi utilizada a análise de conteúdo segundo a perspectiva proposta por Bardin
(1979), ampliada pela contribuição de Minayo (1998), que em sua discussão dos limites
deste tipo de análise apresenta uma proposta de enriquecimento da mesma integrado na
que denominou de análise hermenêutica - dialética. Dentre as várias técnicas de análise de
conteúdo descritas por Bardin (1979), foi utilizada a análise temática, a qual
operacionalmente organiza-se em torno de três etapas: a pré - análise; a exploração do
material; e, por último, o tratamento dos resultados obtidos, a inferência e a interpretação.
RESULTADOS PRELIMINARES
Caracterização das Escolas:
Caracterização da Escola “A”:
A primeira Escola Pública Estadual onde a pesquisa se realizou denominada de
Escola “A”, foi fundada em 1976 e localiza-se na cidade de Ribeirão Preto, S.P.
O bairro onde a escola se encontra é residencial, porém cercado de comércio nas
avenidas que o circundam. A escola é próxima a duas outras escolas (municipal e estadual)
e uma Universidade Particular.
4
O prédio da escola corresponde à área total de um quarteirão, sendo construído em
dois pavimentos, toda a área livre da escola está devidamente arborizada. Ela possui salas
ambientes, uma biblioteca, uma sala de computadores, duas quadras poliesportivas e
estacionamento para professores.
A direção se faz presente nos três períodos de funcionamento da escola. Entre os
professores, a maioria é do sexo feminino e alguns professores do sexo masculino. Todos
têm formação universitária e alguns possuem ou estão buscando especialização e mestrado.
É uma escola muito procurada por professores nas atribuições de aulas.
A escola funciona em três períodos: manhã (das 07:10 às12:00 horas); tarde (das
12:40 às 17:30 horas) e noite(das 19:00 às 22:40 horas) e possui ao todo cento e cinco
funcionários que correspondem a um diretor; dois vice-diretores; dois coordenadores
pedagógicos, oitenta professores do ciclo II do ensino fundamental e vinte funcionários
(cinco são da limpeza, duas merendeiras, um para serviços gerais, cinco inspetores de
alunos, um segurança, quatro secretárias, um para a sala de computação e um bibliotecário,
sendo que destes quatro são contratados pela APM).
Com relação aos alunos, a escola tem matriculados 1855 alunos, meninos e meninas
do bairro e imediações em sua maioria de classe média. Pode-se perceber a seguir, na
Tabela 01 a distribuição dos alunos da Escola “A” por séries e períodos. Quanto à
matrícula dos alunos, a escola é muito procurada e tem um número baixo de desistências
(em torno de 10%), o número de reprovação é muito baixo, a aprovação gira em torno de
95%.
5
Tabela 01: Distribuição dos Alunos da Escola “A” por Séries e Períodos.
Manhã
Série
N.º de
Turmas
Tarde
Alunos/ Total Série
N.º de
Alunos/
Turmas
Turmas
Turmas
Noite
Total Série N.º de Alunos/ Total
Turmas Turmas
5ª
02
40
80 5ª
02
35
70 1º
02
45
90
6ª
02
40
80 6ª
04
35
140 2º
05
35
175
7ª
03
40
120 7ª
04
35
140 3º
03
45
135
8ª
04
40
160 8ª
03
35
105 -
-
-
-
1º
03
45
135 1º
03
40
120 -
-
-
-
2º
02
45
90 2º
01
40
40 -
-
-
-
3º
03
45
135 3º
01
40
40 -
-
-
-
Total = 19
800 Total = 18
655 Total = 10
400
Caracterização da Escola “B”:
A segunda Escola Pública Estadual onde a pesquisa se realizou denominada de
Escola “B”, foi fundada em 1982 e localiza-se na cidade de Ribeirão Preto, S.P.
O bairro onde a escola se encontra é residencial, porém encontramos comércio nas
suas imediações, como lanchonetes, restaurante, farmácia e lojinhas. A escola está
localizada ao lado de uma escola municipal, de um posto de saúde e próxima a uma praça.
O prédio da escola corresponde à área total de um quarteirão, sendo construído em
um pavimento. Ela possui uma biblioteca, uma sala de computador, uma quadra
poliesportiva não coberta e um estacionamento. O Laboratório de Ciências e Biologia e a
sala de Artes estão desativados, sendo utilizados como sala de aula por falta de espaço
físico. No noturno funcionam dois telecursos e uma outra sala de aula é cedida à Prefeitura
para a realização do trabalho de alfabetização.
Percebe-se que a direção se esmera na execução de suas atividades fazendo-se
presente praticamente nos três períodos de funcionamento da escola. Entre os professores
nota-se que a maioria é do sexo feminino, possuindo somente três professores do sexo
masculino. A maioria possui formação universitária e os que não têm, estão cursando.
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Alguns possuem ou estão buscando especialização. É uma escola muito procurada por
professores nas atribuições de aulas.
A escola funciona em três períodos: manhã (das 07:00 às12:00 horas); tarde (das
13:00 às 18:00 horas) e noite(das 19:00 às 22:30 horas) e possui ao todo cento e cinco
funcionários que correspondem a um diretor; um vice-diretor; dois coordenadores
pedagógicos, dezenove professores do ciclo I; setenta e um do ciclo II do ensino
fundamental e oito funcionários (dois são da limpeza, uma merendeira, um segurança, uma
secretária e três oficiais de escola).
Com relação aos alunos, a escola tem matriculados 1676 alunos (como mostra a
Tabela 02) meninos e meninas, sendo que são poucos os alunos do bairro que frequentam,
a sua grande maioria vem de nove bairros da periferia, próximos à escola e de classe pobre.
Quanto à matrícula, a escola é muito procurada e tem um número baixo de
desistências no período diurno, girando em torno de 0,1%. Já no período noturno a evasão
escolar é um pouco maior (em torno de 10%), pois os alunos trabalham e acabam
desistindo pelo cansaço. Quanto ao número de reprovação é muito baixo; a aprovação gira
em torno de 95%.
Tabela 02: Organização dos Alunos da Escola “B” por: Períodos, Séries e Salas.
Manhã
Série
Tarde
Noite
Total Série N.º de Alunos/ Total
N.º de
Alunos/ Total Série
N.º de
Alunos/
Turmas
Turmas
Turmas
Turmas
1ª
06
30
180 4ª
03
35
105 6º
01
45
45
2ª
05
32
160 5ª
04
35
140 7º
02
42
84
3ª
04
31
124 6ª
04
35
140 8º
03
38
114
4ª
04
30
120 7ª
03
46
138 1º
04
43
172
-
-
-
01
48
02
53
106
Total = 19
-
8ª
584 Total = 15
Turmas Turmas
48
Telecurso
571 Total = 12
521
7
Os Resultados Preliminares das entrevistas com os professores.
Através da análise das entrevistas de quatorze professores da Escola “A” e de nove
professores da Escola “B”, de acordo com a metodologia descrita anteriormente,
encontrou-se seis classes de categorias, como se pode perceber a seguir:
1. A Formação e as Experiências 4. Os Parâmetros Curriculares Nacionais
4.1. Os PCN
Anteriores
4.2. A Implantação dos PCN
1.1. A Formação
4.3. O Estudo dos PCN
1.2. As Experiências Profissionais
4.4. As Contribuições dos PCN
1.3. As Experiências Escolares
1.4. O Prof. e a escola em que trabalha
5. O Construtivismo
5.1. O Construtivismo
atualmente
5.2. O Contato com o Construtivismo
2. O Emprego Atual
5.3. O Construtivismo e a Sala de Aula
2.1. A Escola Pública
5.4. A Implantação do Construtivismo
2.2. A Escola onde trabalha
2.3. A Escolha por esta Escola
6. As Inovações do Ensino Atual
6.1. As Inovações Atuais no Ensino
2.4. O Trabalho Atual
6.2. Amigos da Escola
2.5. A Equipe Técnica/Pedagógica
6.3. O Dia da Família na Escola
2.6. Os Colegas de Trabalho
6.4. A Escola Padrão
2.7. Os Alunos desta Escola
6.5. A Progressão Continuada
3. A Prática em Sala de Aula
6.6. Inovações nos Recursos Didáticos
3.1. A Forma de Ensinar
3.2. O Planejamento
3.3. A Avaliação
3.4. As Dificuldades da Sala de Aula
3.5. As Satisfações e Frustrações dos
Professores
Quadro 01: Categorias resultantes da Análise de Conteúdo das Escolas “A” e “B”.
Dado a brevidade deste artigo, serão comentadas as três últimas classes de categoria
por sua maior implicação educacional.
Na Escola “A”, na classe de categoria “Os Parâmetros Curriculares Nacionais”,
encontrou-se quatro categorias e a que mais se destacou devido a sua importância
educacional foi “Os PCN”. Apesar deste assunto ser ainda novo, os professores parecem
demonstrar conhecimento sobre este assunto. Dos quatorze professores entrevistados, nove
vêm construindo uma opinião favorável aos PCN e três outros possuem idéias
8
desfavoráveis a este tema. Somente um professor não se lembrou o que vem a ser os PCN e
um outro não comentou sobre o assunto.
“Os Parâmetros é em cima disso, do Construtivismo também porque ele fala...
vamos dizer assim, não tem que pôr a forma não dar pronta pro aluno, ele também
descobre o porquê daquilo, né. (...) Eu acho assim fantástico, tem gente que não
gosta, tal, alguns colegas né, falam assim mas realmente é muito bom os PCN (...).
Porque os Parâmetros, vamos dizer assim são metas, são diretrizes para que eu
possa direcionar o meu trabalho, né e ali eu vou encontrar aquilo que eu preciso
para atingir as minhas metas e isso... ele é riquíssimo realmente (...). Porque olha,
ali e ele traz todo esse lado aí da sexualidade, da, da cidadania, né e tudo mais. Mas
eu não sei se para mim, se isso seria uma inovação porque desde quando eu me
entendo... que eu comecei, tive essa experiência da Escola Padrão. A gente já
trabalhou isso sabe, com pequenos projetos.” (Prof.11)
Na Escola “B”, para a classe de categoria “Os Parâmetros Curriculares Nacionais”, a
categoria “Os PCN” nos revela que este tema é pouco conhecido, estudado e explorado.
Dos nove professores entrevistados, quatro possuem opiniões favoráveis aos PCN e dois
outros possuem idéias desfavoráveis a este tema. Dois professores desconhecem o assunto
e somente um professor não se lembrou o que vem a ser os PCN.
“Eu li os parâmetros não totalmente, mas eu li, acho uma boa, isso daí é bom, mas é
uma obrigação só não tem como fugir disso (...). (...) como se fosse o livro didático
do professor eu achei quando eu li, eu não li ele inteiro, eu li uma parte; ele é chato
de ler, é cansativo, mas eu achei que ele é um livro didático, é um ponto de
referência seu, você entendeu? entra nos parâmetros curriculares você tem que
seguir aquilo, é aquilo que você tem que dar e acabou (...).” (Prof.05)
Na Escola “A” para a classe de categoria o “Construtivismo”, foram encontradas
quatro categorias e a que mais se destacou, pela sua importância educacional, foi “O
Construtivismo”, na qual todos os professores comentaram o que pensam sobre este
assunto. Dos quatorze professores entrevistados, seis parecem conhecer o Construtivismo
superficialmente; outros cinco consideraram o Construtivismo um modismo, que foi mal
9
interpretado e mal trabalhado e para alguns destes, o Construtivismo vem a ser ainda um
método de ensino. Dois desconhecem o assunto e um professor além de demonstrar
conhecer um pouco mais do assunto, faz uma crítica do Construtivismo nas escolas.
“O Construtivismo, eu vejo a palavra já me vem a idéia da construção. Então, o
Construtivismo fala assim: "ah, o construtivismo ele é um método que ele não deu
certo" não, não é que ele não deu certo, mas quais foram as pessoas que foram
trabalhar com esse método? Essas pessoas foram preparadas para realizar esse
trabalho? Essas pessoas tiveram condições para realizar esse trabalho?. Mas o
Construtivismo ele não ficou, ele não se instalou, ele foi uma coisa totalmente... ele foi
um método que... ele foi dito, mas ele não foi aplicado, quem pegou ele foi trabalhado
de uma forma muito superficial. Eu acho que foi um pecado o que fizeram com esse
método.” (Prof.06)
Já na Escola “B”, para a classe de categoria “O Construtivismo”, na categoria “O
Construtivismo” todos os professores comentaram o que pensam sobre este tema. Seis
professores têm uma visão bastante superficial sobre o assunto. Dois parecem conhecer um
pouco melhor o Construtivismo e um professor não tem noção alguma do assunto.
“eu acho que tudo isso que eles colocam de teoria para gente é utopia, até esse
construtivismo. O construtivismo é maçante, é chato, é uma leitura chata, é ficar
lendo Emilia Ferreiro, todos esses caras que ficam falando de escola que tem que
seguir esse monte de coisa, é tudo chato demais (...). Eu não sei deve ser sei lá que o
aluno constrói alguma coisa, construtivismo tem a ver com construção, então ele vai
caminhando conforme ele vai tendo a necessidade de alguma coisa, não sei, deve ser
por aí, não tenho noção não.” (Prof.02)
Na Escola “A”, na classe de categoria “As Inovações do Ensino Atual”, foram
encontradas seis categorias e a que mais se destacou foi “As Inovações Atuais do Ensino”.
Todos os quatorze professores se referiram a este assunto e dez parecem não serem muito
favoráveis às mudanças que vêm ocorrendo na Educação. Três outros professores até
consideram que as mudanças que ocorrem sejam para que tenham melhorias no ensino,
10
mas se o docente não for preparado, se não houver estudos e respaldo no trabalho fica
inviável por em prática as inovações. Parece que para um outro professor as mudanças que
ocorrem no ensino não trazem novidades alguma, pois a escola já vem fazendo esses
trabalhos há bastante tempo.
“A escola vem sofrendo ao longo dos anos várias experiências, tanto professores
como alunos, são as cobaias dos modelos que o Governo, que a Secretaria da
Educação, colocam de uma forma obrigatória. (...) A inovação é uma cobrança que
o professor tem diariamente em cima dele, diariamente ele tem que inovar (...)
muitas inovações, poucas que convence o professor. Então essa inovação, quando eu
digo a busca do novo, quer sempre isso, quer sempre buscar alguma coisa que seja
diferente daquilo do passado, a negação ao passado, é incrível, todo mundo nega o
passado, nega como se o passado tivesse sido ruim (...) mas na educação a negação,
tudo que aconteceu ontem é ruim.” (Prof. 14)
Na Escola “B”, na classe de categorias “As Inovações do Ensino Atual”, foram
encontradas seis categorias e a que mais se destacou também foi “ As Inovações Atuais do
Ensino”. Seis professores são favoráveis às mudanças que vem ocorrendo no ensino, mas
consideram que o docente precisava ser preparado, ter apoio, estudos para por em prática
as inovações. Além disso as mudanças necessitam de uma melhor organização e
estruturação, mesmo depois da sua implantação. Já outros dois professores não são
favoráveis às mudanças que vêm ocorrendo no ensino e um professor não se referiu ao
assunto.
“(...) de repente eles não entram primeiro numa sala de aula e coloca isso daí para
ver se dá certo para depois passar para todos os professores mas não eles vão impondo
de cima para baixo, a gente vai engolindo. (...) eu acho que deveriam pedir a opinião
do professor em tudo, antes; imposição é terrível não funciona, ditadura (...).”
(Prof.02)
11
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando-se que os resultados ainda são preliminares, pode-se concluir
provisoriamente que os professores da Escola “A” parecem ter um conhecimento maior e
mais amplo sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais do que os professores da Escola
“B”.
Sobre o Construtivismo, os professores da Escola “A” revelam Ter uma visão mais
abrangente e crítica do que os professores da Escola “B”.
Já sobre as Inovações do Ensino Atual, os professores da Escola “A”, em sua
maioria parecem não ser muito favoráveis as mudanças que vêm ocorrendo na Educação.
Por outro lado, na Escola “B” parecem ser favoráveis as mudanças que vem ocorrendo no
ensino.
Esses resultados, ainda que preliminares, sugerem que os objetivos de investigar as
representações dos professores sobre o Construtivismo, os Parâmetros Curriculares
Nacionais e as Inovações do Ensino Atual serão alcançados com a análise de todos os
dados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Edições 70. (Trabalho original publicado em 1977)
Coll, C. e Miras, M.(1996). A Representação mútua professor/aluno
e
suas
repercussões sobre o Ensino e aprendizagem. Em Coll, C.; Palacios, J. & Marchesi,
(Orgs.), Desenvolvimento psicológico e Educação (pp.265-279), (A. M. Alves, Trad.)
Porto Alegre: Artes Médicas, v. 2. (Trabalho original publicado em 1993)
Garcia, C.M. (1997). A Formação de professores: novas perspectivas baseadas na
investigação sobre o pensamento do professor. Em Nóvoa, A. (Coord.), Os professores e a
sua formação (pp.51-76), (G. Cunha, C. Hespanha, C. Afonso e J.A.S. Tavares, Trad.)
Lisboa: Publicações Dom Quixote, 3ª ed. (Trabalho original publicado em 1992)
Minayo, M.C.S. (1998). O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em
Saúde. São Paulo: HUCITEC-ABRASCO.
12
Moreira, A.F.B. (1996). Os Parâmetros Curriculares Nacionais em questão.
Educação e Realidade, 21,(1), 9-22.
Pacheco, J.A. (1995). O pensamento e a acção do professor. Porto: Ed. Porto.
Penin, S.T.S. (1993). Processo de construção do conhecimento do professor
sobre o Ensino: algumas mediações. Livre Docência, Universidade de São Paulo, São
Paulo
Peretz, B.M. (1995). Episódios do passado evocados por professores aposentados.
Em Nóvoa, A. (Org.), Vidas de professores (pp.199-214), (M.A. Caseiro e M.F. Ferreira,
Trad.) Portugal: Porto Editora.
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