Leitor
Revista se faz para o leitor!
Esse é o mandamento número um, a regra
número um. Qualquer revista – grande ou
pequena; dirigida a qualquer público, do mais
amplo ao mais especializado – é feita para ser lida.
É uma verdade tão simples que às vezes
acaba sendo ignorada em meio à correria
dos fechamentos nas redações. Revista não
serve para a expressão pessoal de ninguém
e jornalismo não é um objetivo em si, mas
um meio de comunicar fatos, ideias e
opiniões a um grupo de pessoas.
Quem trabalha nas redações não só cria e
seleciona o conteúdo que o leitor deseja mas tem
ainda de seduzi-lo para que o texto seja lido.
A revista, por sua natureza, tem
um contrato implícito com o leitor:
prometo que se você ler esta
revista, edição após edição,
encontrará à sua disposição o que
é importante para você e do seu
interesse, vai saber o que quer
saber, e até o que não sabia que
precisava.
Revista é relacionamento. Boas
revistas estabelecem um clima
de intimidade e amizade,
inspiram lealdade e afeto. Sem
vínculo não há revista. Para
manter a sintonia e fortalecer o
vínculo com o leitor, é preciso
conhecê-lo e tê-lo em mente a
cada decisão editorial. Ela
precisa ser checada
regularmente com os interesses,
desejos e necessidades e
ajustada, se necessário.
Os dias da circulação de massa
e de revistas de interesse geral
já se foram. Cada vez mais elas
se dirigem a um nicho do
mercado, um grupo de pessoas
com interesses ou
características demográficas em
comum, uma audiência
especializada, segmentada.
É importante dar espaço de participação: a
interatividade aumenta o compromisso
emocional com a revista e fortalece a relação
com o leitor. Há vários recursos editoriais (e
ainda mais com as ferramentas da Internet)
que permitem sua participação, como seção de
cartas, troca de fotos e receitas, publicação de
depoimentos pessoais, denúncias, prêmios e
concursos, cupons, cartão-resposta, números
de telefone para consulta e compra.
Quantos e quem são os leitores? Quais as
idades, o sexo, estado civil, classe social,
onde moram, onde trabalham, quanto
ganham, o que leem, quando leem, o que
compram? Como são? Além de números,
você precisa dos dados qualitativos: o que
pensam, como se comportam, quais seus
hábitos e expectativas.
É comum a redação caracterizar o leitor
criando um leitor. Mas é preciso, de
tempos em tempos, confrontá-lo com a
realidade, pois os leitores mudam, suas
necessidades mudam, a tecnologia muda
a comunicação e a vida dos leitores muda
cada vez mais rápido.
O conceito
Mais da metade das revistas
lançadas a cada ano não
sobrevive. Quase sempre, o
principal motivo é a falta de
foco. Revistas que se mantêm
por décadas, e até por mais de
um século, têm um conceito
claro, ou seja: uma missão
editorial específica e uma
fórmula bem definida.
Qualquer revista – nova ou
estabelecida – precisa ter
explícita a resposta para
uma pergunta essencial:
qual a sua razão de ser? Há
revistas que não a têm ou,
se têm, não a registram por
escrito, ou ainda, se está
escrita, não é amplamente
divulgada para a equipe de
redação e para seus
anunciantes.
Uma vez redigida tudo –
logotipo, capa, projeto
gráfico, títulos, textos, fotos e
chamadas – terá de estar
alinhado com a missão. Idem
na montagem da pauta de
cada edição, cada matéria.
Deve-se definir o objetivo ou
função da revista, o seu
público leitor e o seu
conteúdo.
A missão de seis
grandes revistas:
Reader´s Digest: publicar em cada
edição 31 artigos (um para cada dia do
mês) resumidos e curtos, selecionados
das principais revistas e jornais em um
formato pequeno, que cabe no bolso
do paletó ou na bolsa. Os artigos
devem obedecer aos seguintes
critérios:
1. Relevância e valor: têm de ser úteis
para o leitor.
2. Permanência: seus assuntos
podem ser lidos até um ano
depois, sem perder o interesse.
3. Otimismo construtivo: esperança
de solução dos problemas.
Better Homes and Gardens: é um
guia para quem gosta da sua casa,
seu jardim e tudo o que eles
cercam. Oferece aos leitores ideias
novas e instruções absolutamente
claras, que os encorajam a sonhar e
os incentivam a criar, embelezar e
transformar o ambiente à sua volta.
National Geographic: divulgar o conhecimento
geográfico de maneira interessante, neutra e
com fotografias sem igual. Padrões editoriais:
1. Exatidão absoluta
2. Grande quantidade de fotos bonitas,
instrutivas e artísticas.
3. Tudo o que for publicado na revista
precisa ter valor permanente.
4. Evitar assuntos e personalidades
comuns.
5. Não publicar nada de caráter
controverso ou partidário.
6. O conteúdo de cada edição deve ser
atual.
Time: facilitar a vida dos leitores com pouco tempo para
se informar e com dificuldade de entender o que os
jornais publicam. O conteúdo editorial é norteado por:
• As notícias da semana devem ser organizadas de
forma lógica, agrupadas em seções.
• Apresentar os 2 lados das questões. Mas a
Time vai avaliar, interpretar e dar o
significado.
• Texto objetivo, curto e completo. Da massa
de material produzido pelos jornais durante
a semana, será publicada uma centena de
matérias, com no máximo 400 palavras.
• O ponto de partida será a pessoa ou
personalidade que faz a notícia.
People: é a vitrine
favorita da América para
saber quem está na
moda e o que acontece
de novo. Histórias
intrigantes, interessantes
e surpreendentes sobre
as pessoas que o leitor
quer conhecer no
momento, todas as
semanas.
Life: ver a vida, ver o mundo,
testemunhar os grandes
acontecimentos, observar o rosto dos
pobres e o gesto dos orgulhosos, ver
coisas estranhas – máquinas,
exércitos, multidões, sombras na
selva e na Lua, ver a obra dos homens
– seus quadros, torres e descobertas,
ver coisas distantes milhares de
milhas, coisas escondidas atrás de
muros e dentro das salas, coisas de
perigosa aproximação, as mulheres
que os homens amam e muitas
crianças, ver e ter prazer em ver, ver e
se maravilhar, ver e aprender...
O Título
É a expressão mais forte do conceito, da
identidade e do posicionamento da revista. Não
há regras para a sua criação: algumas vezes, é a
primeira coisa que surge no nascimento da
revista, em outras, é o último item a ser
definido. Em alguns casos, é um nome querido
pelos fundadores, em outros, um título de
trabalho que se tornou definitivo. Não existe
também maneira eficaz de medir sua influência
no sucesso da revista, é difícil saber se o nome é
ótimo ou se a revista que o usa é tão boa a
ponto de tornar o nome ótimo.
Mesmo assim, existem algumas características
que definem um bom título:
Diz logo a que vem a revista: o leitor potencial,
que vê a publicação pela primeira vez, saberá do
que ela trata. Mas isso não quer dizer que um
título que não transmita exatamente o conteúdo
não funcione. Veja – a maior revista brasileira –
contraria essa regra. Mas um nome que não dá
ideia do que é a revista não ajuda no seu
lançamento.
Curto: um bom designer pode criar um bom
logo tanto para um título curto como para um
longo, mas é certamente mais difícil para um
longo.
Diferente das concorrentes: como existem várias
revistas tratando do mesmo assunto, um título
bem diferente ajuda o leitor a não confundir
uma revista com as concorrentes.
Como nasceram esses títulos:
O nome da filha que o
fundador da Abril não
teve: ele teve 2 filhos
homens. A revista
Claudia ganho o nome,
é uma das queridas
“fihas” da Editora
Abril, e a maior revista
feminina do país.
No anúncio do metrô:
O título de trabalho era
Facts. Mas seus
criadores não estavam
satisfeitos com esse
nome. Uma noite, Luce
viu na parede do metrô
o título “time to change,
time to retire”.
Na ditadura um nome
americano pegava mal.
Nova é uma revista
licenciada da americana
Cosmopolitan. Nova era
um título que havia sido
usado por uma revista
de fotonovela que durou
apenas alguns meses e
continuava registrado
pela Editora Abril. Foi ele
mesmo.
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História dos Movimentos Artísticos do Século XX