O INTERIOR DA EXISTÊNCIA
Guilherme Carvalho Serena
A lâmina fendeu-lhe a pele
Rígido e frio
Abriu-se a mim
Vejo-o como ninguém nunca te viu
Nem na escuridão do espelho, imaginou-se assim.
Mudo, sem voz sussurra e grita
Se desejas compartilharei de teus segredos
Desabroche igual a rosa branca que na primavera chama o inverno
Vamos juntos em nossa valsa
mais gentil que a vida, Não resista a meu toque,
Pois é a minha mão e não a de Deus, que agora comanda seu ser
Aceite
Revele o seu íntimo
A até que vazem todos os seus sonhos e me manchem de vermelho
Seus olhos separados do corpo
Para que veja eu e você
Em uníssono no mesmo intento
Em fatias afasto o que já foi unido
Acho a chama de sua máquina
Outrora nutrida dos ódios e amores que queimaram
Mas jaz Gélida e dura, como as sementes da terra
que fútil foi o sorrir e o sofrer, Se fundidos, indistinguíveis terminaram.
Por que enforcou os caminhos?
E pelo veneno correu?
Porque escolheu a ciência contra ti próprio?
Não sabes que escolhe a arvore fadada ao fim?
Se a ambrosia tivesse tocado seus lábios
Não teria de chorar os reflexos de suas lágrimas
E os dias da alvorada seriam o presente e não o Passado distante
E NINGUÉM, forte, iria bater-lhe porta
Esperando que fraco e tênue morre-se
Mais não se preocupe, voltaras ao pó
Dos vermes, será o melhor dos amigos
Junto a eles, por anos, dormirá com seu maior sorriso
Mas o tempo, no fim o tornará nada.
Nada
E eu? Não encontrei o que buscava
Em ti e em todos os outros,
Não havia espírito ou alma
Sois apenas tubos, peças e água salobra.
Que o eu,
O destino se diverte em destruir
E do seu lado estende-se uma fila sem fim
Na chegada de todas as partidas
Ao aguardo das carícias de minha lâmina.
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O INTERIOR DA EXISTÊNCIA Guilherme Carvalho Serena A lâmina