ISSN 2236-3335
LEITURA DE FÁBULAS EM SALA DE AULA
Elma Jane das Virgens Silva Santos
L i c e n c i a t u r a e m L e t r a s V e r n ác u l a s
e l m a l i t e r a @h o tm a i l . c o m
Prof . Dr. Flávio França (Orientador/UEFS)
D ep a r t a m en to d e C i ê n c i a s B i o l ó g i c a s ( D C B I O )
f l a v i o f r a n c a@ h o tm a i l . c o m
Res umo : O bra s i l ei ro médi o nã o l ê ma i s que qua t ro l i v ros a o
a no. Como rev ert er es t e qua dro? A l ei t ura de fá bul a s em s a l a
de a ul a , ent re out ras l ei t ura s , permi t e a expres s ão, rev el a a spect os s oci ocul t ura is e s erv e de exempl o ét i co. A Es col a dev e
a ss egura r uma d i v ers i da de de v i s ões de mundo, pa ra t a nt o a
bi bl i ot eca é i mpres ci ndív el . O obj et i v o é i ncent i v a r a l ei t ura , por
mei o do us o de fá bul as e promov er o us o da b i bl i ot eca da es col a . O pl a nej a mento foi s ubmet i do a os profes s ores da es col a
Irmã Ros a Apa reci da ( D i spensá ri o Sa nt ana ) , e a s a t i v i da des rea l i za da s em t urma s do Ens i no F unda menta l . O l i v ro es col hi do
foi o “A ra pos a e a cegonha ”, de Es opo. Os a l unos fora m es t i mul a dos a cri a rem fra s es rel a ci ona da s com a mo ra l da hi s t óri a .
D epoi s que es col hes s em uma del a s , produzi ri a m i l us t ra ções .
F oram produzi da s 1 1 3 i l us t ra ções , rel a ci ona da s à v i ol ênci a . Após a l ei t ura , na s a l a de a ul a , o l i v ro us a do pa ss ou a s er mui t o
procura do na bi bl i ot eca .
Pa l av ras- chav e: L ei t ura . Fá bula s . B i bl i ot eca . Ét i ca .
Abs t ra ct : In a v era ge, B razi l i a n does not r ea d more t ha n four
books a yea r. How ca n we cha nge t hi s s i tua t i on? Rea di ng of
fa bl es i n cl a ss , a mong ot her rea di ngs , revea l s s oci o - cul t ura l
a s pects a nd ca n be us ed t o foment et hi ca l e xa mpl es . School
mi ght s how a di v ers i t y of worl d v i s i ons , but i n order t o do s o
s chool l i bra ri es a re funda ment a l . The a ct i v i t i es propos ed here
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a re mea nt t o mot i va t e t he r ea di ng o f fa bl es a nd t o promot e
t he us e of s chool l i bra ri es . The pr es ent pl a nni ng wa s s ubmi t t ed
t o t ea chers from Irmã Ros a Apa reci da school ( D i spensá ri o
Sa nta na ) a nd t he a ct i v i t i es were ma de by s t udents of ba s i c
cl a s s es . The chos en book t o work wa s “The F ox a nd t he
St ork” wri t t en by Aes op. St udents were encoura ged t o crea t e
phra s es rel a t ed wi t h t he mora l o f s t ory a nd, t hen, t o ma ke
i l l us t ra t i ons . The s t udent s ma de 1 1 3 i l l us t ra t i ons rel a t ed wi t h t he
v i ol ence. Aft er t hi s a ct i v i t y, we coul d not i ce t ha t t he s t ory of
Aes op wa s one of t he mos t reques t ed books i n t he l i bra ry.
Keywords: Reading. Fables. Library. Ethics.
1 INTRO DU ÇÃO
O pres ent e a rt i go t em por obj et iv o di s cut i r sobre um proj et o de ext ens ão, i nt i t ul a do “Todo dia é di a de l ei t ura : os ens i na ment os a t rav és da s fábul as ”, rea l i za do na Es col a Irmã Rosa
Apa reci da (D i spensá ri o Sa nta na ) , o qua l envol v e l ei t ura e produçã o de fábul as .
O a t o de l er é, a nt es de t udo, um a t o pol í t i co ( F REIRE,
200 1 ) . E, t endo es sa as s ert iv a como pret ext o, pode -s e di zer
que pensa r des sa ma nei ra , em det ermi na dos cont ext os , impl i ca
em fa zer es col has . Cont udo o bras i l ei ro médio nã o l ê ma i s que
qua t ro l iv ros a o a no, e s eu conheci ment o s obre a l i t era t ura
na ci ona l é s ofrí v el ( COZER, 20 12) . Como podemos rev ert er es t e
qua dro?
A l ei t ura de fá bula s na s a la de a ula pos s i bi l i t a a o es tuda nt e express a r- s e e di s cut i r a s pect os soci ocul t ura i s . Ess a
t i pol ogi a t ext ua l nã o só promov e a refl exã o, mas t ambém s erv e
de exempl o pa ra o ens i no ét i co -mora l . A fá bul a é v i st a , há
mui t os anos , como i ns t rumento educa ci ona l , nã o s ó porque s e
t ra t a de um t ext o crí t i co, mas t ambém por exerce r um pa pel
fundament a l pa ra o des env olv i ment o do l ei tor - cri a nça. Promov er um es t udo des s e em sa l a de a ula da rá a o profess or s ub-
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s í di os pa ra proporci ona r a os s eus a l unos o cont a t o com a a rt e
de na rra r. Ao t raba l ha r com es t e gênero, a fá bul a , o medi a dor
v i s l umbra o des env olv i mento da s percepções do aut or no cont a t o com a na rra t i va , j á que el a impl í ci t a ou expl i ci t a ment e, a pres ent a uma a rgument a t iv i dade. Paul o F rei re mui t o cont ri bui u
pa ra ess e pensa ment o de t ra ns forma çã o de r ea l i dades educaci ona i s compl exa s na á rea da a l fabet i za çã o. Suas i deia s v is av am a es t imul a r os educa ndos a compreenderem a rel a çã o de
s eu cont ext o l oca l com o mundo, promov endo a cons ci ent i za çã o pol í t i ca .
Aproxi ma ndo -s e da mesma i deia de Pa ul o F rei re, Ma rcuschi ( 1 9 9 9 , p. 9 6 ) di z que: “a l ei t ura é um a to de i nt era çã o comuni ca t iva que s e des env olv e ent re o l e i t or e o a ut or, com
ba s e no t exto, nã o s e podendo prev er com s egura nça os res ul t a dos . Ass i m, mesmo os t extos ma is s imples podem oferecer
a s compreensões ma is i nes pera das ”. D ess e modo, a s fá bul as
podem a pres enta r múl t i pl as i nt erpret a ções , dependendo, port a nt o, da i nfl uênci a que o cont ext o i rá exercer na i nt erpret a çã o
do t ext o, do a s pect o s oci ocul tura l e dos conheci ment os i ndiv i dua i s a dv i ndos da v i v ência do l ei t or.
Pens ando ni ss o, dev emos ent ender a Es col a , enquant o
i ns t i t ui çã o de ens i no funda ment a l , como um dos l uga res que
dev em as s egura r a os a l unos o cont a to com i númeras v i s ões
s obre a s coi sas , em s eus di v ersos âmbi t os, pri nci pa l ment e o
s oci a l . N es t e s ent i do, ress a l ta -s e o v a l or da lei t ura na v i da da s
pes s oa s e a necess i da de de ma nt er o há bi to de l ei t ura ent re
cri a nça s e j ov ens , e é a es col a que a ss ume es s e pa pel i mport a nt í ss i mo na forma çã o de l ei t ores compet ent es . D ent ro dess e
mesmo l uga r de conheci ment o, que é a escol a , out ro es pa ço
t orna -s e impres ci ndív el , qua ndo nã o, propí ci o: a bi bl i ot eca .
A i mportâ nci a de uma bi bl i ot eca dent ro da escol a de ens i no bá s i co é bem documenta da , s endo um es pa ço que ca rrega
a res pons abi l i da de de orga ni za r o ma t eri a l bi bl i ográ fi co e nã o
bi bl i ográ fi co dent ro de uma es cola , t orna ndo - o di s poní v el não
s ó pa ra a comuni dade es cola r, ma s t ambém pa ra a popul a çã o
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do s eu ent orno ( VIANN A; CALD EIRA, 200 5) . A B i bl i ot eca Es col a r
é um el ement o i ndi spensáv el no proces s o de ens i no a prendi za gem, na forma çã o do educa ndo, dev endo es t a r i nt egra da à es cola (STAVIS et a l . , 200 0/20 01 ) e ao currí cul o
( CON TRERAS, 200 5) ; es pa ço ma rav i l hos o, onde o rea l e o i ma gi ná ri o s e confundem, e a l ei t ura refl exi va das fá bula s t orna - s e
um mecani smo ri co e efi ci ent e pa ra compreender nos sa s rel a ções com out ro e com a v i da .
Segundo Coel ho ( 19 88, p. 44 ) , a l i t era t ura pa ra cri a nça s
s urgi u, ofi ci a lment e, no s écul o XVII, na F ra nça , com As F ábulas
de J ea n de La Font a i ne, que ut i l i zava s ua s fá bul as com o i nt ui t o de del a ta r a s mi s éria s e as i nj ust i ça s de s ua época , s endo,
por i s s o, admi ra do pel as ca ma da s ma is pobres da s oci edade,
com s ua s fábul as s impl es , mas , a o mesmo tempo, repl et as de
s a bedori a e v a l ores mora is . As fá bula s exercem um poder de
a t ra çã o s obre a s cri a nça s , por s erem l ei t uras curt as e di v ert i da s . Al ém di ss o, es sa s na rra t iva s menci ona m v a l ores como:
a mor, honest i da de, prudênci a , j us t i ça , que podem s er t ra ba l hados nos ma i s di v ers os es pa ços es col a res, s endo a bi bl i ot eca
um l oca l fav oráv el pa ra i s so. O proces s o de i nt era çã o t ext o l ei t or na l ei t ura de fá bul a s é obs erva do no modo como o cont ext o soci ocul t ura l e os conheci mentos i ndi v i dua i s i nfl uenci am
na i nt erpret a çã o que o l ei t or fa z da l ei t ura , é o que a fi rma
Ma rcus hi ( 1 999 , p. 9 8) , qua ndo ress a l ta que “os conheci ment os
i ndi v i dua i s a fet am decis i va ment e a compreens ã o, de modo que
o s ent i do nã o res i de no t ext o”. E, mesmo que o t ext o permaneça como o pont o de pa rt i da pa ra s ua compreensã o, el e só
s e t orna rá uma uni da de de s ent i do na i nt era çã o com o l ei t or.
K och e El ia s ( 200 2, p. 1 1 ) defendem que:
O s e n t i d o d e u m t e x t o é c o n s t r u í d o n a i n t e r a ç ão t e x t o
- s u j e i t o s e n ã o a l g o q u e p r e e x i s t a a e s s a i n t e r aç ã o . A
l e i t u r a é , p o i s , u m a a t i v i d a d e i n t e r a t i v a a l t a m en t e co m plexa de produção de sentidos, que se realiza evident e m en t e co m b a s e s n o s e l em en t o s l i n g u í s t i c o s p r e s e n t e s n a s u p e r f í c i e t e x t u a l e n a s u a f o r m a d e o r g a n iz a -
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ç ã o , m a s r eq u e r a mo b i l i z a ç ã o d e u m v a s t o c o n j u n t o
d e s a b er e s n o i n t e r i o r d o ev en t o en u n c i a t i v o .
Exi s t em fábul as el aboradas por mui t os e di ferent es es crit ores . J ea n de La F onta i ne é um dess es fa bul i s t as , cons i derado o pa i da fá bula moderna . Segundo el e, a fá bul a é como uma
pi nt ura , em que podemos encont ra r o noss o própri o ret ra t o, j á
que as i l ust ra ções , pers oni fi ca das , represent a m ma rcas do
comporta ment o huma no. La F onta i ne, como um exí mio fa bul is t a ,
dei xou ma rca s que a l i mentam a nos sa ima gi na çã o, com genia l i da de e uma l i ngua gem ori gi na lment e sut i l , com expres s ões do
pov o e a rca ísmos rura i s, ma s s em j ama is perder a poet i ci dade
i mpl a nta da em s ua s fábul as . O es t i l o de s ua s obras t em res quí ci os do a ut or grego Esopo, o qua l fa lav a da v a i da de, est upi dez e a gress i v ida de huma nas , por mei o dos a ni ma i s . Va l e i ns eri r, nes t e cont ext o, o roma no F edro, que, por s ua v ez, t ambém
a pres ent ou s ua s v ers ões de fá bul as , i ns pi rada s na s de Esopo;
es t á ent re os fa bul is t as ma is conheci dos . Temos , t ambém, na
l i t era t ura bra s i l ei ra , o a utor Mont ei ro L oba t o, que, em s eu l i v ro
F á bul as , a l ém de recont a r as fá bul as de Esopo e L a Font a i ne,
cri t i cou os probl ema s prov eni ent es de uma soci eda de i nj us ta e
t i ra na .
Os obj et i v os do t ra ba l ho de ext ensã o, já real i za do na es col a Irmã Rosa Apa reci da , a qui a pres ent a do fora m: av a l ia r a
percepçã o de fá bula s por a l unos do Ens i no F unda ment a l ; a pres ent a r o a cerv o di s poní v el pa ra os a lunos na bi bl i ot eca da escol a e i ncent i va r o gos t o pel a l ei t ura .
A l ei t ura é um dos mei os pel o qua l s e obt ém conheci ment o das ma i s div ersas á rea s , fa ci l i ta ndo nã o soment e a a rgui çã o,
mas ta mbém a l i nguagem. Pa ra K och e Trav agl i a ( 1 997 , p. 6 1 ) :
“O conheci mento de mundo é v is t o como uma es péci e de di ci oná ri o enci cl opédi co do mundo e da cul t ura a rqui va do na memóri a ”. N o enta nt o, pa ra t ermos ess e conheci ment o, é preci s o
l ei t ura , e, qua nto ma i or a va ri edade, a qua nt i da de e, pri nci pa l ment e, a qua l i da de do que l emos, ma is ampla s erá nos sa s a be-
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dori a . O a t o de l er dev e es t a r pres ent e ao longo de t oda noss a exis t ênci a , pois , des sa ma nei ra , nos sas informa ções s obre
os a ss unt os es t a rã o, cons ta nt ement e, a t ua l i za das . N es t e s ent i do, Pi zani ( 1 99 8, p. 24 ) es cl a rece que:
O aluno se aproxima da lei tura através da própria leit u r a e n ão d e o u tr a m a n e i r a , e , p o r t an t o , é n ec e s sá r i o
f a z ê - l o en f r e n t a r e s s a a t i v i d a d e o f e r e ce n d o - l h e o p o r t u n i d ad e d e i n t e r ag i r c o m t e x t o s s i g n i f i c a t i v o s , c a p a z e s d e d e s p er t a r e s t r a t é g i a s , s e j a n o t i p o d e r e sp o s t a s q u e e l e d á a p er g u n t a s s o b r e o t e x t o , d o s r es u mo s q u e e l e f a z d e s u a s p a r á f r a s e s o u m e smo c o mo
e l e m a n ip u l a o o b j e t o ( t e x t o ) . E s s e s me c an i s m o s s ã o
uti lizados por todo e qualquer sujeito durante o ato
de leitura.
Sendo a ss i m, nota -s e que o profess or, funci ona do como
medi a dor da educa çã o, t em como pa pel i mport a nt e o des envol v i ment o de s eus a l unos e, des sa forma , i rá cri a r oport uni da des
que permi ta m o bom des env olv i mento do proces s o cogni t i vo.
Pa ra K l ei ma n ( 2004 ) es sa s oport uni da des poderã o s er mel hor
des i gnadas na medi da em que o process o sej a mel hor conheci do: um conheciment o dos as pect os env olv idos na compreens ã o e das di v ersas es t ra t égia s que compõem os process os.
Ta l conheci ment o rev el a -s e cruci a l pa ra uma a çã o peda gógi ca
bem i nforma da e funda menta da .
Podemos ent ender, com i ss o, que ess es t eóri cos concorda m com que t ext os coes os e coerent es es t ã o rela ci ona dos
i nt i mament e com o process o de produção e compreens ão de
um t ext o. D epreende - s e, entã o, que, pa ra a produçã o de um
t ext o es cri t o, vá ri os fat ores sã o i mport ant es , porém s eu des envol v iment o s e dá mel hor a pa rt i r dos conheci ment os que o
l ei t or a dqui ri u por mei o da l ei t ura .
O obj et i v o do t ra ba l ho de ext ensã o foi i ncent i v a r a l ei t ura
a t rav és do us o de fá bul as , e des ta forma promov er o uso da
bi bl i ot eca es col a r.
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3 METO DO LOGIA
As a t iv i da des fora m rea l i zadas na Es cola Irmã Ros a Apa reci da ( D i s pensá ri o Sa nt a na ) , em 3 t urma s do 4 º e 5º a nos do
Ens i no F undamenta l I. Ini ci a l ment e, el a borou - s e um pl a no de
a ul a . N essa el a bora çã o, fora m s el eci ona dos l i v ros de fá bul as
depos i ta dos na B i bl i ot eca da es col a ( B ibl i ot eca Es pera nça ) , s endo que a penas um del es foi ut i l i za do pa ra l ei t ura . Pl a nej ou - s e o
t empo de execução da l ei t ura e da produçã o de i l us t ra ções ,
com bas e nes sa l ei t ura , por pa rt e dos a l unos . O pl a nej ament o
foi s ubmet i do à a ná l i s e dos profess ores efet i v os da es cola ,
que opi na ra m s obre a s ua mel hor execução. Os t emas das i l us t ra ções , propos t os pa ra os a l unos , era m di ret ament e rela ci ona dos à s l ei t ura s. N a execuçã o do pl a no, o l iv ro es col hi do
foi a pres enta do ora lment e pa ra a t urma , na pres ença conv idada do profes s or. Em s egui da à l ei t ura , os a l unos foram i ncent iv ados a proferi rem fra s es rel a ci ona das a o ens i nament o expost o na fá bula , t a is como: “Nã o pode ba t er no col ega , nã o pode
s ol t a r pa lav rã o, não pode nega r merenda a o col ega , nã o pode
col oca r a pel i do no col ega ”. Va l e ress a l ta r que t oda s as fra s es
pronunci a da s nã o s ó t iv eram rel a çã o com a mora l da fá bula ,
como ta mbém ma nt iv eram uma i nt errel a çã o com o di a - a- di a
dos a l unos no ambi ent e es cola r e no mei o fa mi l i a r. D i ta s as
fra s es , rea l i zou -s e uma v ota ção, na qua l s eri a es col hi da a pena s uma fra s e pa ra s er es cri ta , produçã o es sa que t eri a que
permea r a mora l da fá bul a l i da : “Tra t e o out ro t a l como des ej a
s er t ra ta do”.
4 RESULTADOS
Houv e uma coi nci dênci a na es col ha da fras e pel a s t urmas
1 e 2: “Nã o pode bat er no col ega ”. O que t eri a mot iva do es sa s
dua s cl as s es a es col her a mesma ora çã o seri a o fa t o de amba s a pres ent a rem um his t óri co mui t o gra nde de bri gas ent re
col ega s , enqua nto que a t urma 3 preferi u a fra s e “N ã o pode
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s ol t a r pa l av rã o”, es col ha que est a ri a rela ci ona da à pres ença
cons t ant e de a gress ões uns a os out ros, por mei o dos pa la v rões.
F oram produzi das 64 i l us t ra ções : 25 na t urma 1 , 25 na
t urma 2 e 24 na turma 3. As i l us t ra ções da t urma 1 mos t ram,
pri nci pa l ment e, cenas de l uta corpora l (6 8%), com expres s ões
de reprova çã o à v i ol ência , cenas que t ambém foram as ma i s
des t a ca das na t urma 2, tot a l i za ndo, port anto, 44%, s endo i mport a nt e a ass oci a ção da Es col a com o La r, reconhecendo as
dua s i ns t i t ui ções como es pa ço do ens i no mora l . N es t e s ent i do,
i ns ere- s e o es t udo com a s fá bul as em sa l a de a ul a, j á que el a s a pres ent am um pa pel formador, a o propor a refl exã o s obre
os di v ers os comportament os e condut a ét i ca dos s eres huma nos .
N o enta nt o, houv e uma di ferença na es col ha da fra s e da
t urma 3, poi s a s i l us t ra ções most ram i magens de a gress ão
v erba l gra t ui ta . Es ta s i l us t ra ções rev el a ra m uma gra nde l i ga ção
com a v i ol ênci a , expres sa pri nci pa lment e por mei o da l ut a corpora l , o que comprova que a mora l anunci a da no t ext o l i do foi
compreendi da pel a t urma , ha j a v i s ta que os des enhos a pres ent a m el ement os que remontam a o ens i na ment o da fá bul a . Pa rt i ndo des s e press upos t o, pode- s e a fi rma r que os a l unos t êm noçã o de que a s prá t i cas des envol v i da s por eles sã o mora lment e
reprová v eis , o que é o obj et iv o úl t imo da fá bul a ofereci da , j á
que es t a condena os ma us t ra t os a os out ros . Va l e ress a l ta r
que, a pós a l ei t ura na sa l a de aul a , o l i v ro us a do pass ou a s er
mui t o procura do na bi bl i ot eca , rev el a ndo a i mportâ nci a dess e
t i po de a t iv i dade no est í mul o à l ei t ura.
5 CO NSIDERA ÇÕES FINA IS
A l ei t ura de fá bul as é de s uma i mport â ncia no âmbi t o da
L i t era tura Infa nt i l , porque nã o s ó pos s i bi l i t a o des env ol v iment o
crí t i co - i nt el ect ua l da cri ança , mas ta mbém proporci ona ma i or
des env ol v iment o da ima gi na çã o i nfant i l , j á que a l i ngua gem ut i l i -
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za da nos t ext os es tá ma i s próxi ma à l i ngua gem do a l uno, fa ci l i t a ndo, port ant o, a compreensã o t ext ua l .
É nest e s ent i do que a s fá bula s podem a pres ent a r múl t ipl a s i nt erpreta ções , pois , dependendo da i nfl uênci a do cont ext o
s oci ocul t ura l e do conheciment o de mundo do l ei t or, a i nt erpret a çã o s erá mul t i fa cet ada . Pensa ndo nis s o, concebe - s e o l iv ro
como font e de pra zer e cul t ura enri queci da , fa zendo com que
os a l unos tornem- s e as s í duos frequent adores da bi bl i ot eca .
Por i s so, a l ei t ura de fá bula s com os a l unos do Ens i no F undament a l I nã o s ó foment a rá a i mport ânci a do a t o de l er e es crev er, mas t ambém i rá ori ent á - l os a reconhecer a s regra s e
confl i t os prov eni ent es da quel as na rra t iva s e a pl i ca r o produt o
― ens i nament o ― da s v erda des e refl exões em s uas v iv ênci a s , j á que a s fá bul a s s ã o um “es t udo s éri o s obre o comport a ment o humano”, a ét i ca e a ci da da ni a .
A propos t a de t raba l ha r com fá bula s nã o s ó foi pra zeros a , como t ambém propi ci ou res ul t a dos pos i t i v os , uma v ez que
os a l unos t iv eram conta t o com t ext os l údi cos, curt os e de fá ci l
compreensã o. Ut i l i za ndo s eu conheci ment o de mundo, s ua baga gem cul t ura l , puderam fa zer i nferênci as acerca da mora l ana l i sa da , t a nto na ora l i da de qua nt o na es cri ta.
O proj et o t ev e um resul t a do fav orá v el no sent i do de que
a propos t a a lmej a da, de propor a refl exã o s obre condut a , comport ament o, pri nci pa lment e no es pa ço es colar e no s ei o fami l i a r, foi ent endi da pel os a l unos , poi s mui t os a t es ta ram que nã o
i a m ma is ment i r pa ra os s eus pa i s nem mesmo ba t er nos s eus
i rmã os . Um profess or que obt ém uma res pos t a t ã o boa ass i m
t ende a fi ca r s a t is fei t o a o t érmi no do s eu t raba l ho. Tra ta -s e de
um s ent i mento de dev er cumpri do, porém não a ca ba do.
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