SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE COMPLEXOS DE TRANSIÇÃO,
POTENCIALMENTE BIOATIVOS CONTENTO OS FLAVONÓIDES NARINGINA
E DIOSMINA COMO LIGANTES
Fernando Gaspardi1;
Marcelo Pereira Nunes2;
Regina Mara Silva Pereira3.
Área do Conhecimento: Ciências da vida
Palavras-Chave: Síntese; Naringina; Compostos de Coordenação.
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS
Os cátions dos metais de transição possuem
uma tendência para formar complexos com outros íons
ou moléculas, envolvendo ligações covalentes entre os
íons ou moléculas que fazem a coordenação. Geralmente,
os complexos são coloridos e muito mais estáveis do
que os seus sais, podendo ser isolados. Um composto de
coordenação consiste, sobretudo, em um átomo central,
rodeado por um certo número de outros átomos, íons ou
moléculas, que têm a propriedade de doar elétrons ao átomo
central, e são chamados de ligantes. O número de ligantes
é denominado número de coordenação (NC) e pode ser
determinado observando-se a fórmula de um composto
de coordenação, caso o ligante não tenha mais do que um
ponto de ligação. Os flavonóides são polifenóis de baixa
massa molecular, sendo que o termo polifenóis pode ser
definido como sendo uma substância que tem um ou mais
núcleos aromáticos, contendo substituintes hidroxilados e/
ou derivados funcionais, como ésteres, glicosídeos e outros.
A palavra flavonóides deriva do latim “flavus” amarelo
e “oide” forma. Esses flavonóides apresentam diversas
propriedades farmacológicas importantes, tais como
Antiinflamatórios, Antimicrobianos, Antialérgicos; são
eficazes na prevenção de diversas enfermidades hepáticas
como a cirrose e a hepatite alcóolica, e no tratamento doenças
crônico-degenerativas, além de diferentes mecanismos de
prevenção de doenças cardiovasculares. Naringina é um
flavonóide da classe flavanonas que “associado” a açúcares
é chamado de conjugado, heterosídio ou glicosilado e se
encontra em frutas cítricas (toranja e casca de laranja)
sendo utilizado tradicionalmente na medicina chinesa
como antiinflamatório e antioxidante; já sua aglicona
(forma livre) naringenina, além dessas propriedades, tem
demonstrado capacidade de inibir a proliferação de células
cancerosas.
Este projeto de pesquisa consiste na síntese de
complexos de transição Fe (II); Fe (III); Ni (II); Cu (II);
Zn (II) com o flavonóides naringina e diosmina como
ligante na formação de novos compostos de coordenação
bioativos, apresentando propriedades farmacológicas
significantes tais como antioxidante e antinflamatório
e sendo caracterizado através de métodos e análises
químicas tais como cromatografia de camada delgada,
ponto de fusão, espectroscopia no Ultravioleta-visível e
Infravermelho.
METODOLOGIA
As sínteses foram realizadas apatir de 0,100g
de Naringina pura (90%) para cada sal composto de seu
respectivo metal, Fe (II); Fe (III); Ni (II); Cu (II); Zn
(II) nas proporções 1:1 e 2:1, utilizando-se de balança
analítica e cálculo estequiométrico. Foram pesados em
elernmeyers diferentes, solubilizados através de solventes
orgânicos, visando atingir maior solubilidade na menor
quantidade possível de solvente, cuidadosamente na
capela devido ao grau de periculosidade do solvente. Em
um agitador magnético com aquecimento, misturou-se
gradativamente cada um dos sais à Naringina solubilizada
tentando evitar ao máximo a precipitação de qualquer
um dos reagentes. Após cerca de 30 minutos no agitador
magnético com aquecimento, levou-se cada uma dessas
misturas ao shaker durante cinco dias à temperatura de
30°C e 100rpm. Em seguida, essas misturas foram todas
filtradas em filtro de papel na tentativa de eliminar resíduos
ainda não solubilizados e a maioria foi posta na capela em
placas de petri para secagem. Algumas dessas misturas,
Estudante do Curso de farmácia e bioquímica; e-mail: [email protected].
Estudante do Curso de licenciatura em Química; e-mail: nuneschemical@gmail.
com2.
Profa. Dra. da Universidade Bandeirante de São Paulo; e-mail:
[email protected].
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devido à presença de água, passaram pelo processo de
Liofilização ou criodessecação, que consiste em um
processo de desidratação, onde estes são congelados e
a água é retirada, por sublimação, sem que passe pelo
estado líquido. Os compostos foram analisados através de
cromatografia em camada delgada (CCD), ponto de fusão
e espectroscopia. A cromatografia em camada delgada
(CCD) é um método extremamente conveniente, pois
necessita apenas de uma quantidade muito pequena de
amostra e se baseia na cromatografia de adsorção, com
aplicações tais como estabelecer se dois compostos são
idênticos, verificar a pureza de um composto, determinar
o número de componentes em uma mistura, bem como
o solvente apropriado para separação em uma coluna
cromatográfica. O método consiste em introduzir um tubo
capilar na solução concentrada da amostra e, em seguida,
toca-se a ponta do capilar, na posição perpendicular cerca
de 1 cm da base inferior da placa sendo que num mesmo
ponto de aplicação poderão ser feitas várias aplicações,
se necessário, da amostra. Após cada aplicação, deve-se
esperar a evaporação do solvente. Em um cuba se adiciona
o solvente (eluente). O nível do solvente deverá ficar
abaixo dos pontos de aplicação das amostras. Durante
a corrida do solvente, o sistema fica fechado para que a
atmosfera esteja saturada pelo vapor do solvente. A placa
é retirada após o solvente (eluente) atingir um limite cerca
de 1 cm de distância da parte superior da placa e posta para
secar. O Ponto de Fusão é a temperatura na qual ocorre
a mudança do estado sólido para o estado líquido. As
substâncias puras fundem-se a uma temperatura constante.
Já as impuras (misturas) não apresentam um único ponto
de fusão definido e, sim, uma faixa de fusão, que será tanto
maior quanto maior impurezas houver nas substâncias.
Procedimento
Fechar uma das extremidades do capilar no
bico de Bunsen. Introduzir a substância no capilar,
compactando-o para que se tenha aproximadamente 1
cm da substância. Colocar no equipamento (aquecimento
elétrico). Observar cuidadosamente até o ponto de fusão
e anotá-lo. A Espectroscopia em geral é uma técnica de
análise da interação de elementos simples, da estrutura
química de compostos inorgânicos ou grupos funcionais
de uma substância orgânica utilizando radiação
eletromagnética. Tem como aplicação a identificação de
amostras desconhecidas e amostras conhecidas pela sua
quantificação e atribuição, além de analisar a estrutura
de misturas pela presença ou ausência de elementos
característicos, tipos de ligações, interações eletrônicas
e atômicas, estereoquímica e atividade ótica. Dessa
técnica foram utilizados os métodos de espectroscopia no
Ultravioleta-visível e Infravermelho. A espectroscopia no
ultravioleta visível (UV/VIS) envolve a espectroscopia
de fótons (espectrofotometria). Ela utiliza luz na faixa do
visível e do ultravioleta (UV). Nessas faixas de energia
as moléculas sofrem transições eletrônicas moleculares.
Tal processo é utilizado para determinar, de um modo
quantitativo, a concentração de substâncias em solução que
absorvem radiação. A espectroscopia no Infravermelho (IV)
é um tipo de espectroscopia de absorção que usa a região
do infravermelho do espectro eletromagnético. Baseiase no fato de que as ligações químicas das substâncias
possuem freqüências de vibração específicas, as quais
correspondem a níveis de energia da molécula (chamados
nesse caso de níveis vibracionais). Tais freqüências
dependem da forma da superfície de energia potencial da
molécula, da geometria molecular, das massas dos átomos
e, eventualmente, do acoplamento vibrônico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observou-se que houve a formação de compostos
com propriedades diferentes da Naringina pura. Os novos
complexos foram formados através de análises químicas
tais como cromatografia de camada delgada, ponto de fusão,
espectroscopia no Ultravioleta-visível e Infravermelho. Os
trabalhos não foram finalizados. Trata-se de síntese dos
compostos em maior quantidade para melhor caracterizar
os compostos puros obtidos.
Os compostos metálicos de Zi (acetilacetonato
de zinco e acetato de zinco) e Co (nitrato de cobalto),
que utilizaram diosmina como ligante, formaram
complexos praticamente insolúveis em água e alcoóis,
suas propriedades espectrofotométricas, ponto de fusão
e aparência são semelhantes aos da diosmina pura,
indicando que a reação não ocorreu ou não tivemos êxito
na purificação do produto. Esta síntese está em processo de
otimização. Os compostos de Fe (II) e (III) (sulfato ferroso,
sulfato férrico e fosfato férrico), que utilizaram diosmina
como ligante, formaram complexos muito solúveis em
água e alcoóis e com características espectrofotométricas
diferentes das da diosmina pura, porém, o produto é
higroscópico e pouco estável. Esta síntese está em estudo
para aumentar a estabilidade do produto obtido.
Os compostos metálicos de Cu e Ni (acetato de
cobre e acetato de níquel), que utilizaram diosmina como
ligante, formaram complexos que tiveram os melhores
resultados, tais como pontos de fusão, características
espectrofotométricas, RF na cromatografia em camada
delgada, solubilidade diferente da diosmina pura, porém, o
produto não está completamente puro, após sua purificação
será avaliada sua propriedade antioxidante.
Os compostos obtidos que estão puros serão
analisados por técnicas espectroscópicas e análise
elementar. Novas tentativas de purificação serão realizadas
em relação aos que ainda não foram purificados. Os testes
de atividade antioxidante só poderão ser realizados depois
que os compostos estiverem puros e caracterizados.
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CONCLUSÕES
Foram feitas diversas sínteses repetidas vezes a
fim de se obter compostos puros e de maior rendimento,
passando por análises químicas. Devido ao potencial
farmacológico dos derivados obtidos, a completa
caracterização destes compostos será realizada e estudos
da atividade antioxidante e microbiológica serão avaliados
futuramente.
Os compostos obtidos que estão puros serão
analisados por técnicas espectroscópicas e análise
elementar. Em relação aos que ainda não foram purificados,
novas tentativas de purificação serão realizadas. Os testes
de atividade antioxidante só poderão ser realizados depois
que os compostos estiverem puros e caracterizados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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antioxidante dos complexos Naringina Cu(II),
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http://www.liberherbarum.com/
http://acd.ufrj.br/~tbocl/tbocl-flavonoides.php
http://biblioteca.universia.net/search.
do?q=+naringin&start=0
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