Falsacionismo e educação: heranças Popperianas
Ana Fausta Borghetti1
Resumo: O presente trabalho utilizará como base o artigo “Scientific thinking without scientific
method: two views of Popper, de Lawrence Boland (1994). Nele, conheceremos duas versões de
Karl Popper – o falsacionista, popular que foi e continua sendo ensinado na Academia e, o Socrático,
o questionador, que, segundo Boland, é o verdadeiro. A partir do entendimento dos dois Poppers,
refletiremos sobre como seria a nossa Escola e a nossa Academia caso utilizássemos como
parâmetro para o pensamento científico o Popper Socrático. Utilizaremos a Teoria do Conhecimento,
de Jean Piaget e Performatividade, de Judith Butler como contrapontos.
Palavras-chave: falsacionismo - construção do conhecimento - discurso.
Abstract: This papper will use as base the article Scientific thinking without scientific method:
two looks of Popper, from Lawrence Boland (1994). In this, we will know two versions of Karl
Popper – the Falsacionist, popular who was and continue being learned at the Academy and, the
Socratic, the questioner, who, according Boland is the truth one. From this verification of two Poppers,
we will reflect about how would be our School and Academy if we had choose as parameter for the
scientific thinking the Socratic Popper. We will used the Theory of knowledge, from Jean Piaget, and
the Performativity, from Judith Butler as counterpoint.
Keywords: falsacionist, knowledge construction - speech.
Introdução
A área educacional, repleta de questionamentos e angústias, traz de forma
intrínseca concepções embasadas numa ideia de método científico que foi pautado
em procurar o erro e refutá-lo, ou seja, partimos, então, de um pressuposto negativo
e excludente. Como seria nossa escola, sociedade caso tivéssemos sido educados
a partir de um olhar inclusivo e positivo?
Para refletir sobre isso, usamos como texto base o artigo de BOLAND (1994), com
foco na metodologia econômica. Utilizamos, por acreditar que as mesmas
ponderações cabem para a área educacional, pois conhecendo um pouco mais
sobre economia, percebe-se o quanto o seu objeto de estudo é parecido com o
objeto de estudo da educação.
Tanto economia quanto educação tem a mesma natureza, no sentido de que se faz
necessário recortar uma parte do sistema para tentar compreendê-lo. Educação e
1
Ana Fausta Borghetti é Doutoranda em Epistemologia e História da Ciência pela Universidad
Nacional Três de Febrero - Argentina.
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economia são temas complexos, envolvendo conceitos variados, por isso a
dificuldade de focarmos um único objeto de investigação.
Economia reúne variáveis como: comportamento do consumidor, desejo, equilíbrio
financeiro. Da mesma forma, na educação não é somente a parte cognitiva que
influencia a aprendizagem, existe a questão motora, comportamental, afetiva,
relacional, social.
Por este motivo, escolhemos este artigo como texto base, pois o mesmo trata de
uma área que se aproxima da educação além de apontar o fato da utilização
enquanto base científica, para a economia de uma metodologia popperiana.
Sabemos que esta mesma base científica é a que perdura em nossas academias e
escolas.
Geralmente, a metodologia popperiana estabelece, segundo BOLAND, que:
1.os cientistas devem considerar somente explicações falsacionistas, 2.
devem limitar a atividade científica em busca de falsear as explicações
existentes e, 3. devem aceitar as explicações que têm sido testadas, mas
que não sejam falsas até o momento. (1994, p.2)
Estas colocações do mundo econômico, se tornam significativas porque nos
auxiliam a entender algumas das dificuldades vividas na atualidade pelo sistema
educacional.
Utilizaremos como contraponto, os autores Jean Piaget e Judith Butler. Piaget
porque nos mostra na sua Teoria da Aprendizagem que a construção do
conhecimento inicia com um “impulso” que pode ser: um problema, uma inquietação,
um erro, uma falha ou outra motivação qualquer. O erro é justamente o que é
descartado na teoria falsacionista.
Quanto a Butler, mesmo sabendo que suas teorias referem-se à comunidade queer,
a utilizaremos porque nos mostra a força que tem o discurso. O quanto
internalizamos discursos e, a partir deste, ideias que permearão nossas ações.
Então, se todos os nossos esforços estão voltados para encontrarmos o erro e
eliminá-lo, segundo a teoria falsacionista, conseguimos entender o porquê de termos
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uma escola que não vê no erro uma etapa do processo e, por isso tem um discurso
excludente.
Entendendo cada um dos “POPPERs”
BOLAND (1994) em seu artigo, nos chama a atenção para dois Poppers: o Popper
falsacionista ou popular e o Popper Socrático. O Popper falsacionista é o que
procura uma única observação negativa ou falsa, independente do número de
observações positivas encontradas, a fim de descartá-la. Este método não provoca o
questionamento,
a
dúvida,
a
construção
do
conhecimento
a
partir
da
problematização sobre o erro, por exemplo. Ele simplesmente procura o falso, o
diferente, o erro a fim de refutá-lo.
Portanto, o foco está no negativo.
Mesmo tendo sempre um discurso de inovação, de transformação da sociedade, a
Escola e a Academia optaram por popularizar o Popper falsacionista.
Desta maneira, não existe a necessidade da Instituição mudar o tempo todo. Ou
seja, muda a periferia mas, o centro continua o mesmo porque não acontecerão
grandes questionamentos.
Qual é a diferença entre os dois?
O Popper Socrático é um Popper questionador o que resultaria em problemas para a
Academia. O Popper Socrático é o investigador, o que questiona, analisa, cria e
recria, sendo este um problema para a manutenção e gerenciamento do “poder”. A
partir do momento em que acontece a investigação, corre-se o risco de termos que
mudar todo o método traçado ou pensado anteriormente, hipóteses e núcleo.
Enquanto que, o Popper falsacionista não muda o centro da investigação,
simplesmente refuta as hipóteses e ideias que não deram certo, facilitando o
processo. Popper falsacionista procura o erro e elimina-o do processo ao invés de,
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investigar os porquês. Também com esta concepção coloca o foco no negativo ao
invés de trabalhar com o acerto, com o positivo, com a correção, com o processo de
construção.
BOLAND, (1994, pg. 2), confirma isso quando nos diz: “De acordo com a visão
popular de Popper, a falsabilidade não é nada mais que um dos muitos critérios
usados para eleger a melhor entre (diversas) explicações razoáveis.” Podemos
refletir sobre isso e pensar que estas características popularizadas do falsacionismo
de Popper estão alicerçando o processo educacional.
Refletiremos sobre o Popper falsacionista que é um Popper menos questionador,
que procura uma estabilidade, gerando um índice menor de mudanças, o que faz
com que seja muito mais fácil o gerenciamento do sistema.
Esta é a ideia de obediência, controle, disciplina que passa a escola. Uma escola
reprodutora e não questionadora. Uma escola obediente e egoísta e, não dialética e
colaborativa. Uma escola que reproduz alunos que não sabem questionar, que não
investigam. Podemos dizer que o problema é muito mais profundo porque os
professores não questionam e não investigam pois também são fruto desta escola e,
destas ideias.
Caso a Academia tivesse optado em popularizar o Popper Socrático, talvez
tivéssemos hoje uma escola questionadora e investigativa. BOLAND (1994, p. 3) nos
diz: [...] as teorias são rechaçadas porque não resistem ao criticismo disponível, por
exemplo, a crítica pode incluir dados empíricos que se pensa e entram em conflito
com as teorias. E, não seria fácil manter o poder e gerenciar dentro de um espaço
no qual as ideias entrariam em conflito com as teorias. Isto geraria mudanças a todo
momento o que provocaria insegurança e, talvez, perda do “controle”.
Outro fato relevante, é que se a Academia seguisse o Popper Socrático estaria, de
certa forma, questionando a ciência. BOLAND (1994, p. 4) nos diz, a combinação de
ensaio e erro, com a ausência de garantias, significa que a ciência é inerentemente
instável. E, não era este o discurso adequado para aquele período. As pessoas
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precisavam acreditar que existia uma verdade, uma estabilidade, e esta era dada
pela ciência.
Portanto, o Popper Socrático fragilizaria o sistema posto.
A força e a internalização do discurso
Outra reflexão importante neste sentido, é que sabemos a força da linguagem para a
reprodução cultural, comportamental, social. Desde a época dos gregos temos
conhecimento da importância do discurso e da retórica e da utilização de seu poder
na condução da sociedade.
Acreditamos na linguagem, no discurso que nos é transmitido e, agimos de acordo
com o que o “poder” espera. Não aprendemos a questionar, mas a obedecer.
Além do Popper falsacionista não ser questionador, ele tem na sua teoria, como o
foco principal, o erro e, por conseguinte, o negativo.
Este é o discurso que a Academia adotou e é o que reproduzimos. E, este olhar faz
com que tenhamos uma percepção de que o que acontece de erros ou de ruim é
muito maior do que de coisas boas ou corretas. Será que isto é verdadeiro?
Aprendemos a observar, a avaliar a partir do erro e, pior que isso, julgamos o erro ao
invés de utilizá-lo como impulso para o processo de aprendizagem.
Internalizamos a ideia de que errar é feio. Quem erra sente-se inferior. A escola
trabalha com este foco. Mas, o erro pode fazer parte do processo de construção da
aprendizagem. Ele pode ser o impulso, conforme Teoria de Piaget, que faltava para
realizarmos o que ele chama de equilibração, ou seja, passar para um novo estágio
de aprendizagem.
Nossa comunicação, na sociedade e, dentro da escola, é pautada no negativo.
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Ressaltamos o que está errado, a dificuldade, a diferença. Em muitos casos,
deixamos de lado, o diferente, o errado, o dificultoso. Nosso olho procura o erro.
Esta é outra ideia que tem suas raízes na teoria do Popper falsacionista e que está
dentro das nossas práticas educacionais.
Não importa, para o sistema escolar, o quanto o estudante é brilhante. O fato de ele
errar ou se comportar de maneira “não adequada”, fará com que mudemos o nosso
olhar para com ele. Nossa sociedade e, nossas escolas estão pautadas nesta visão
Popperiana que exclui, que escolhe o que é melhor, que não quer fazendo parte o
que erra. Para muitos professores o aluno bom é o que fica quieto, copia tudo e tira
dez.
Existe
um
contracenso:
queremos
alunos
questionadores,
investigadores,
autônomos mas, não proporcionamos ambientes nos quais o debate esteja
presente. Ainda não sabemos, enquanto profissionais da educação nos posicionar
para propiciar este ambiente.
Desta maneira, e com esta visão não se constrói aprendizagem, reproduz-se
conhecimento, o que são concepções totalmente diferentes. O Popper popular não
constrói aprendizagem.
E, nosso discurso segue este raciocínio. Butler, filósofa norte-americana, escreve
sobre os problemas de gênero e, em seus escritos nos traz reflexões muito
interessantes e que, cabem neste debate. Ela chama de performatividade o fato das
pessoas internalizarem o que escutam. O discurso repetido pelas Instituições é o
mesmo e faz com que esta pessoa aja da maneira esperada. Isto também é um
pouco do que nos fala Durkheim2.
Para BUTLER, a performatividade deve entender-se, não como um “ato” singular e
deliberado, mas, antes, como a prática reiterada e referencial mediante a qual o
2
Emile Durkheim foi um filósofo francês que acreditava no Funcionalismo. Dizia que os quatro
principais órgãos da sociedade: escola, família, igreja e estado, deveriam preparar as pessoas para
exercerem determinadas funções utilizando discursos que os direcionariam para atitudes esperadas.
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discurso produz os efeitos que nomeia (BUTLER, 2002, p. 18). Diz ainda, a
performatividade é uma esfera em que o poder atua como discurso (BUTLER, 2002,
p. 316)
BUTLER nos deixa claro o quanto o discurso influencia no comportamento e crença
das pessoas. Inclusive questiona: se o sujeito é algo construído, quem constrói o
sujeito? (BUTLER, 2002, p. 24), e ela mesma responde: o discurso constrói o sujeito
(BUTLER, 2002, p. 27).
Esta afirmação faz com que pensemos sobre que tipo de discurso estamos
adotando nas nossas escolas. Um discurso pautado no negativo de Popper? Um
discurso que refuta o erro? Um discurso que por refutar o erro cria diferenças? E, as
rechaça? Será que com este discurso estamos construindo conhecimento e
auxiliando na construção de pessoas felizes? Será que pessoas que tem como
centro de foco o erro e o negativo conseguem perceber tudo de bom que existe a
sua volta?
Em muitos destes questionamentos estão intrínsecos os propulsores de vários
problemas que enfrentamos na escola. Problemas de bullying, de autoestima, de
relações, de competição. Em cima deste discurso, acabamos construindo e
reproduzindo uma escola que forma pessoas competitivas, que tem como sinônimo
de felicidade e de vencer na vida, o parâmetro econômico, que vivem em
desequilíbrio, pois estão bem ou mal, acertam ou erram, são boas ou más. Já que
este discurso não inclui, não constrói, não acolhe.
A teoria da aprendizagem de Piaget
Jean Piaget, epistemólogo francês, criou a Teoria do Conhecimento ou
Epistemologia Genética. Nesta teoria, Piaget fez observações de crianças em meio
natural. As observações foram feitas levando em consideração questões
matemáticas.
Mesmo sendo um estudo da Psicologia, a teoria de Piaget ajuda a pensar questões
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de aprendizagem e que podem servir como embasamento para discussões
pedagógicas.
Utilizamos como base para este debate o livro Psicogêneses e história da ciência
que Piaget escreveu com Rolando Garcia, mexicano que continua as pesquisas de
Piaget na atualidade.
O que ressaltaremos aqui, de toda a pesquisa de Piaget é o fato de afirmar que para
todo o processo que gera aprendizagem se faz necessário o que ele chama de
“impulso”. Um problema, um erro, uma falha, uma motivação qualquer, servem de
impulso para que a pessoa se torne investigadora. Ela busca o que já tem de
conhecimento sobre o assunto, investiga, agrega novos fatos, os reorganiza, o que
resulta numa nova aprendizagem.
De fato, sobre a base de numerosos exemplos tomados pela psicologia
genética, se tem podido mostrar que o desenvolvimento cognitivo não
acontece linearmente por acumulação de conhecimentos, mas que exige,
cada vez que ascende a um novo nível, a reconstrução do que foi adquirido
em níveis precedentes. Se trata pois de uma reorganização dos
conhecimentos, a luz de novos pontos de vista e, da reinterpretação dos
conceitos de base. (PIAGET E GARCIA, 1982, pg. 107).
Queremos deixar claro que não entraremos na discussão do que é motivação, como
as pessoas se motivam ou o que serve de motivação para cada uma. Isto seria
assunto para outro artigo.
O ponto chave aqui para nós, é a importância de não refutarmos o erro mas, ao
contrário do que o Popper falsacionista nos fala, de utilizá-lo como parte do processo
de construção do conhecimento. De utilizá-lo como impulso para seguirmos adiante
em novas investigações.
Piaget e Garcia reforçam esta ideia quando nos dizem:
A natureza de uma realidade viva não se revela unicamente por seus
estudos iniciais nem por seus estados terminais, mas pelo processo mesmo
de suas transformações: é a lei da construção, é dizer, o sistema operatório
em sua constituição progressiva (PIAGET E GARCIA, 1982, p. 6)
Não podemos simplesmente, ao encontrar um erro, refutá-lo, pois, isto implicaria em
não continuarmos a investigação sob esta óptica. Alguns poderão dizer que o
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Popper falsacionista não deixaria de investigar mas, trocaria a hipótese. O fato não
está em trocar a hipótese mas, em simplesmente refutar o erro sem, em muitos
casos, entender os porquês e, quem sabe, poder ajustá-lo.
Esta ideia foi passada para as escolas que trabalham com o erro desta maneira.
Simplesmente o erro não tem espaço dentro dos ambientes escolares. Ele não é
olhado, considerado, os estudantes e/ou professores não refletem sobre o porquê
erraram.
Piaget e Garcia reforçam esta reflexão quando nos dizem que acreditava-se que:
[...] os estágios elementares do conhecimento provém, pois, sem nenhuma
dúvida, da ideia corrente, segundo a qual o desenvolvimento dos
conhecimentos seria linear, e a cada etapa, acrescentaria a precedente,
conservando-o, ordinariamente, algum vínculo com esta última, mas sem
nenhuma relação com as primeiras (PIAGET E GARCIA, 1982, p. 9)
Continuam:
Na realidade o processo é muito diferente... cada novo estágio começa por
uma reorganização, em outro nível, das principais aquisições adquiridas nos
precedentes. Resulta numa integração com os estágios superiores, de
certos vínculos cuja natureza não se explica mas, através de uma análise
dos estágios elementares. (PIAGET E GARCIA, 1982, p. 9)
Ressaltam a importância de levarmos em consideração todas as etapas do
processo. Não podemos simplesmente, refutar o erro pois, este é parte do processo.
O Popper Socrático trataria o erro de maneira diferente. Questionaria e investigaria o
processo até entender os porquês e, como dizem Piaget e Garcia, na citação
anterior, reorganizaria as informações, gerando aprendizagem e dando continuidade
ao processo.
Considerações finais
Conhecer as ideias de Boland nos fez perceber o quanto o Popper falsacionista
influenciou todo o processo educacional. O quanto estamos presos ao negativo,
desconsiderando o erro como parte integrante do processo de aprendizagem e, em
função destes conceitos: excluindo, julgando, fragmentando.
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Conhecer o Popper Socrático nos faz ter uma referência que parte do
questionamento, da investigação e, que por não ter como foco o erro, teria um
discurso sem julgamentos e, por conseguinte, sem exclusão, sem dificuldades de
aceitar o diferente. Teria como foco o aprofundamento, a clareza de entendimentos.
Imaginamos que seria bastante complicado para a Academia adotar o Popper
Socrático pois, gerenciar opiniões diversas, olhares diferentes requer um espaço de
construção coletiva e solidária no qual, o poder perde a concepção que tem hoje.
Por outro lado, fica o sentimento de miserabilidade de uma instituição que se diz
responsável por transformar a sociedade, por auxiliar na formação de pessoas
autônomas, questionadoras, investigadoras, atuantes e que, opta pelo contrário.
Mais uma vez, a história nos mostra o quanto nossas instituições lutam somente por
elas mesmas, o quanto o poder e o ego, estão no centro de qualquer atitude e
decisão.
Com sair deste círculo vicioso? Precisamos entender o processo e aprender a
questionar. É urgente que mudemos nosso discurso e nossas atitudes, que
incluamos o erro em nossas análises, que aceitemos as dificuldades, o diferente e,
que nossos ambientes escolares se tornem espaços de aprendizagem, de
investigação.
Um ambiente no qual o erro é o que nos abre também, a possibilidade de
questionar, de investigar, de continuar o processo e não seja simplesmente refutado.
Referências
BOLAND, Lawrence. Scientific thinking without scientific method: two views of
Popper, in Roger Backhouse (ed.) New Directions in Economic Methodology,
1994, London: Routledge, 154-72. Disponível em: http://www.sfu.ca/~boland/.
Acesso em: 12/02/2012.
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BUTLER, Judith. Cuerpos que importan. Sobre los límites materiales y discursivos
del “sexo” . Barcelona : Paidós, 2002.
______. Deshacer el género. Barcelona: Paidós, 2006.
PIAGET, Jean; GARCIA, Rolando. Psicogênesis e História de la ciência. México:
Siglo Veintiuno Editores, 1982.
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