Ano VIII • nº 166
16 de julho de 2009
R$ 5,90
AN BACKYARDIGANS
empoucaspalavras
Divulgação
Quando alguém diz que vai comer um galeto, está
subentendido que vai passar muito bem. Junto com o
delicioso franguinho de pouco mais de meio quilo e
abatido com 25 dias – praticamente um adolescente
entre os galináceos – vai comer salada de batata, salada
verde com bacon, polenta frita, espaguete ou talharim
com molho de miúdos... Haja apetite!
O galeto é tão representativo da culinária gaúcha
que só perde, em importância, para o arroz de
carreteiro e o churrasco, este em primeiríssimo lugar,
é claro. Existe até tese de mestrado sobre a tradição
de se comer galeto al primo canto, que numa tradução
adaptada do italiano quer dizer: abatido assim que
ensaia seu primeiro cocoricó.
Em relação à origem da iguaria, há controvérsias.
Estudiosos como Rosana Peccini, da família à qual
se atribui a fundação da primeira galeteria do país,
em Caxias do Sul, garantem que o galeto nasceu nessa
cidade da Serra Gaúcha. Mas nosso colunista Luiz
Recena, tão gaúcho quanto Rosana, discorda. Para
ele, tudo começou no Vera Cruz, um restaurante
de Santa Maria. Não por acaso, terra natal do nosso
colaborador, tchê.
Bairrismos à parte, nas últimas duas décadas
o hábito de degustar um bom galeto ultrapassou a
fronteira do Rio Grande do Sul e se espalhou pelo país
inteiro. Tanto que já existe até um jeitinho carioca de
prepará-lo e servi-lo, como informa a reportagem de
Vicente Sá, a partir da página 4.
Ainda nesta edição o amigo leitor encontrará boas
novidades que acabam de se instalar na cidade: um
fast-food só de comida mexicana, uma cervejaria, um
novo restaurante japonês e outro de culinária
contemporânea que funciona numa barca, além de
duas novas casas do chef Dudu Camargo e
de uma filial da Confeitaria Cristallo que estão vindo
por aí. Não dá para não ler!
Boa leitura e até a próxima quinzena.
Maria Teresa Fernandes
Editora
30 luzcâmeraação
Luiz Fernando Guimarães, Pedro Cardoso e Fernanda Torres em
O que é isso, companheiro?, um dos filmes da mostra Baseado
em caso real, de 27 de julho a 2 de agosto, no cinema do CCBB
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águanaboca
picadinho
garfadas&goles
pão&vinho
roteirogastronômico
palavradochef
dia&noite
brasíliaturística
valedocafé
graves&agudos
queespetáculo
cartadaeuropa
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Administrativo/Financeiro Daniel Viana | Assinaturas (3964.0207) | Impressão Gráfica Coronário.
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águanaboca
Direto da Serra Gaúcha
O prato inventado pelos imigrantes italianos cai no gosto
dos brasilienses e as galeterias se multiplicam pela cidade
Por Vicente Sá
E
1987. O responsável por esse marco da
culinária brasiliense é Arnaldo Sonda,
que havia chegado aqui em janeiro daquele ano e em setembro aproveitou-se da festa para lançar a novidade. O sucesso, não
só entre os gaúchos, fez com que Arnaldo
levasse o restaurante para a 108 Sul, local
mais acessível para a clientela, e depois
abrisse uma filial no Lago Norte. O segredo do sucesso é Arnaldo quem explica:
“Manter a mesma qualidade dos produtos e serviços que conquistou o público.
Por isso, todos os ingredientes do nosso
molho especial e das saladas são cultivados por nós, sem agrotóxicos, e assim não
dependemos de oscilações de mercado,
na questão da
qualidade”.
Keka Azous
m 1958, em visita ao Brasil, o presidente da Itália, Giovanni Gronchi,
foi levado pelo presidente JK a Caxias do Sul, reduto de imigrantes italianos, para inaugurar um monumento em
homenagem a seu país. Após a cerimônia,
quando a comitiva oficial se dirigiu para
um churrasco na prefeitura da cidade, faltou lugar no carro para o governador do
Estado, Ildo Menegheti. Aborrecido, ele
não quis mais participar das solenidades
nem do almoço. No outro dia, uma charge do Diário de Notícias mostrava o governador almoçando na Galeteria Peccini,
comendo massa com galeto al primo canto.
Pela primeira vez o Brasil ouvia falar dessa
iguaria que à época já era apreciadíssima
em toda a Serra Gaúcha.
Criado pelos imigrantes italianos que
vieram para o Rio Grande do Sul no final
do século XIX, o galeto al primo canto é
temperado com alho, sálvia e outras ervas,
cortado em pequenos pedaços, assado na
grelha e servido acompanhado de massa
com molho de miúdos, radicci com bacon, salada de batata com maionese e polenta frita. Caindo no gosto popular, o
prato deu origem a dezenas de galeterias
que se espalharam por toda a Serra Gaúcha na segunda metade do século passado, e hoje por todo o país.
Em Brasília, a pioneira foi a Galeteria
Gaúcha, que começou
na Granja do Torto,
durante a Semana
Farroupilha de
O galeto do
Box 16: ao
estilo gaúcho
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Rodrigo Oliveira
Fiel à tradição, a Galeteria Gaúcha serve o galeto assado, cortado em pequenos
pedaços e com o acompanhamento clássico: polenta frita ou assada, saladas verde e
de batata com maionese, arroz carreteiro e
macarrão à bolonhesa (R$ 23 por pessoa).
As sobremesas também são as tradicionais: sagu, ambrosia e sorvete.
Outras e boas
O galeto al primo canto caiu tanto no
gosto dos brasilienses que mais e mais galeterias vão surgindo na cidade. Inaugurada há menos de um ano, a Galeteria Serrana, da 404 Sul, busca conquistar seu público tanto com o atendimento sempre cuidadoso e espontâneo, quanto com a qualidade dos produtos. Luziano Oliveira, o
proprietário, conhece muito do ramo: foi
gerente da Galeteria Gaúcha por 12 anos e
reconhece que lá aprendeu muito. Por isso, segue a tradição que deu certo.
Com 170 lugares, a Galeteria Serrana
oferece, igualmente, uma salada com verduras cultivadas na chácara da família,
sem agrotóxicos, macarrão caseiro feito lá
mesmo, polenta frita ou na chapa, farofa
com bacon e, como destaque do acompanhamento, um carreteiro feito com o legítimo charque gaúcho. “Durante esses
anos de experiência, eu fui me aprimorando nos serviços prestados e entendendo melhor o gosto do cliente. Por isso,
nosso carreteiro é especial e nossos galetos são sempre da Perdigão ou da Sadia”,
garante Luziano.
Outras galeterias também têm seus
serviços e temperos reconhecidos através
da fidelização de seus clientes. A Grelha
Galeteria, do Sudoeste, é uma delas. Funcionando há sete anos, tem 160 lugares e
abre todos os dias, mas somente para o almoço. Seu galeto vem com o acompanhamento tradicional e custa R$ 22 por pessoa. O tempero que deixa a carne do galeto saborosa e macia é um dos destaques.
O vinho colonial de Caxias do Sul ajuda a
consolidar o clima da casa.
Também adepta do estilo gaúcho de
servir, a Galeteria e Costelaria Gaudério,
localizada na descida de Sobradinho para
o Plano Piloto, exibe um bom diferencial.
Além de servir o galeto com os acompanhamentos tradicionais (R$ 24,90), oferece um rodízio de costelas de boi, de porco e de cordeiro. A deliciosa linguiça ca-
João Miranda, sócio da Beira Lago (acima) e do Box 16: aprendizado em Caxias do Sul
seira e o arroz carreteiro, mais úmido e
feito na hora, são outros pontos fortes da
casa.
A mais sofisticada
Considerada a mais elegante galeteria
da cidade, especialmente pelo “ponto chique” que ocupa ao lado do Pier 21, a Beira Lago investiu na sofisticação do ambiente e em pequenas variações sobre o
mesmo tema culinário para satisfazer a
clientela. Inaugurada em 2007, com projeto arquitetônico de Mônica Pinto e decoração temática que se apóia nas obras do
artista plástico brasiliense Nenn Soares, a
galeteria se divide em cinco ambientes ca-
pazes de “aconchegar”, como em pequenas cantinas, mais de 400 comensais, aos
quais serve o galeto clássico, sob o cuidadoso comando do chef Darold, trazido diretamente de Caxias do Sul. “Antes de
abrir a casa eu passei 15 dias no Sul, de
onde trouxe toda uma equipe de profissionais, inclusive o Darold, para poder oferecer uma comida saborosa e rápida, que
chega na mesa até antes da bebida, se o
cliente assim quiser”, explica João Miranda, um dos proprietários.
Bem localizada, de fácil acesso, com
amplo estacionamento, serviço de manobrista e belíssima vista, a Beira Lago é uma
ótima opção de almoço principalmente
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para quem trabalha na Esplanada dos Ministérios. Aos que não abrem mão de uma
suculenta carne bovina, a casa oferece a picanha fatiada, servida à la carte. Na sobremesa, como reza a tradição, sagu, ambrosia e outros doces caseiros, além de sorvetes e frutas tropicais.
E quem se recorda do Box 16, do Setor de Indústria, famoso por apresentar
shows sertanejos? Localizado bem na entrada da Ceasa, agora é uma espécie de
“sucursal” da Beira Lago. Seu proprietário
– o mesmo João Miranda – resolveu transformá-lo em Galeteria e Choperia Box 16,
cujo carro-chefe, claro, é o tradicional galeto ao estilo gaúcho (R$ 25,90), servido de
segunda a sábado, das 11h30 à meia-noite, e aos domingos, das 11h30 às 18 horas. Na happy-hour, a casa serve em seu espaço-varanda ótimos tira-gostos – frango a
passarinho, coração de frango, escondidinho de carne seca, bolinho de bacalhau,
batata frita com alho e bacon – para fazer
companhia ao chope gelado.
À moda carioca
A Galeteria Carioca, no Setor Bancário Sul, talvez seja a única da cidade a não
seguir o estilo gaúcho de preparação da
iguaria. Inaugurada há seis meses, ela serve o galeto inteiro, de 800 gramas, à moda
Fotos: Rodrigo Oliveira
águanaboca
do Rio de Janeiro, ou o prato executivo –
meio galeto acompanhado de arroz branco, bacon, vinagrete, polenta fina e salada
simples (R$ 17). Funciona do horário do
almoço até o último freguês, o que só é
possível porque fica numa região comercial e, portanto, não causa incômodo a
ninguém. Para quem gosta de uma happyhour mais esticada, é uma boa pedida.
Como se pode ver, Brasília não só adotou as galeterias, que não param de surgir,
como está diversificando e inovando nos
serviços e estilos. E de inovação, pode acreditar, a Capital da República entende.
Galeteria Gaúcha
108 Sul – Bloco D (3242.2656)
CA 7 – Bloco A – Lago Norte (3468.4082)
Galeteria Serrana
404 Sul – Bloco D (3224-3447)
Grelha Galeteria
QMSW 6 – Bloco G – Sudoeste (3344.0505)
Galeteria e Costelaria Gaudério
Estrada Sobradinho-Plano Piloto, entre
o Posto Colorado e a Granja do Torto
(9982.6660)
Galeteria Beira Lago
Setor de Clubes Esportivos Sul – Trecho 2
(3223.7700)
Galeteria e Choperia Box 16
SIA Trecho 10 – Multifeira/Ceasa
(3234.4299)
Galeteria Carioca
SBS Quadra 1 – Bloco C (3322.6000)
Onde tudo começou
Por Luiz Recena
Arnaldo Sonda, da Galeteria Gaúcha, foi o pioneiro
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O nome dele era Augusto. Português, filho de português, dedicado
ao trabalho e ao ramo da comida. A cidade era Santa Maria, a antiga,
não essa nova, moderna, cheia de progresso e de barulho. Numa rua
ainda de terra, longe do centro, para os padrões da época, o jovem
Augusto começou no estabelecimento familiar, o primeiro Vera Cruz.
Ali foram dados os primeiros passos com os galetos. Mas foi só
depois, com a mudança para um novo e amplo restaurante, que
o sucesso chegou. E ficou.
O restaurante Augusto fica no centro da cidade, no velho centro
e ainda hoje centro. Gerações locais e milhares de estudantes forasteiros passaram e ainda passam por ele. E o galeto, único, original,
está lá. Um ponto de referência, um farol. Augusto já é saudade.
Da receita dele, alguns segredos talvez tenham se perdido. Mas muito
ficou. Em Brasília, o Arnaldo, da Galeteria Gaúcha, é, para mim, seu
mais próximo afilhado e seguidor. É o galetinho ligando os processos
da vida, dos mais velhos aos mais novos.
Brindemos ao Augusto, que tantas noites serviu e aturou este
escriba e seu bando de aprendizes de jornalista. Salud!
Fast-food
Por Beth Almeida
T
ransformar a gastronomia de outros países em fast-foods parece ser
uma tendência que veio para ficar.
Depois do boom das temakerias, surge
agora na cidade um fast-food tipicamente
mexicano – o Tacolino, na 405 Sul. São
tacos, quesadillas, burritos e nachos, tudo
servido no melhor estilo inventado pelos
ianques: o pedido é feito no balcão e o prato fica pronto em cinco minutos. “A ideia
surgiu da demanda pela comida rápida, de
qualidade e que caiba no bolso do cliente”, explica o empresário Sergio Portilho,
que buscou inspiração em casas semelhantes existentes nos Estados Unidos.
Mas ele assegura que apenas a modalidade de serviço é de fast-food, porque todas as receitas são preparadas de forma artesanal, com ingredientes frescos e sabores adaptados ao paladar brasileiro. São
20 opções, com molhos de cheddar, guacamole, sour cream, fresh salsa, barbecue
e jalapeños (que contém a pimenta verdeescura e de sabor forte originária da cidade mexicana de Jalapa).
Entre os sete tipos de tacos, com preços a partir de R$ 4,90, merece destaque o
delicioso Big Tex-Mex (chili, cheddar, guacamole, sour cream, alface e queijo). Entre
os cinco burritos do car­­­­­dápio, quem é fã
da culinária mexicana não pode dispensar
o Tijuana, recheado com carne grelhada,
nachos crocantes salpicados de queijo
cheddar derretido e bacon. O menu conta
ainda com três sugestões de nachos e outras três de quesadillas.
Para quem prefere um refeição convencional, o Tacolino tem cinco alternativas: do Executivo Tex-Mex (carne, arroz
mexicano, pasta de feijão, nachos salpicados com cheddar derretido e salada) até
opções mais frugais, como o Taco Salad,
em que a concha de tortilla de trigo é recheada com uma mistura de folhas, tomate em cubos, queijo ralado e sour cream.
De sobremesa, a casa oferece churros,
Fotos: Divulgação
Rodrigo Oliveira
artesanal
Comida mexicana
de preparo rápido,
mas de qualidade,
é a proposta do
Tacolino
muito apreciados no México, com recheio
de doce de leite, chocolate ou Romeu e Julieta. Para usufruir desses sabores, o horário é bem flexível, já que a casa abre do
meio-dia à meia-noite de domingo a quarta e, a partir da quinta-feira, fica aberto até
as cinco horas da madrugada. Um boa pedida para quem precisa se recuperar da
balada.
Tacolino
405 Sul (3242.9426)
De domingo a 4ª feira, das 12 às 24h;
de 5ª feira a sábado, das 12h às 5h da
madrugada.
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Franklin Vergara
águanaboca
Japonês
de vizinhança
Por enquanto, moradores da própria quadra, monges
e frequentadores do templo budista da 116 Sul são
a maioria dos clientes do recém-inaugurado Mitzu
por Eduardo Oliveira
P
jardim e uma entrada pelos fundos dá
também as boas vindas aos moradores da
quadra, principal clientela do restaurante
até o momento.
A política de boa vizinhança também
funciona para os frequentadores do templo budista localizado na mesma quadra
do Mitzu. “Os monges de lá são nossos
amigos. Quando a gente estava fazendo
Fotos: Eduardo Oliveira
oucos entendem os caracteres japoneses na entrada do mais novo restaurante japonês da cidade, o Mitzu,
na 116 Sul. Mas logo na porta a simpática
moça vestida de gueixa que recepciona os
clientes traduz o recado: “Irasshaimasse, seja bem vindo!”. Em seguida, ela guia os
clientes para as mesas de um dos cinco
ambientes da casa ou para os aconchegantes tatames onde se come descalço, ao melhor estilo oriental.
Mitzu, em japonês, significa Matheus,
nome do filho de um dos sócios, Jefferson
Ricardo, também responsável pelo agradável projeto arquitetônico que faz o cliente, de fato, se sentir bem-vindo. Um belo
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Mitzu
116 Sul – Bloco C (3797.9440)
Lazer flutuante
Por Beth Almeida
vinho, acompanhado de purê de batata baroa) e carnes, entre as quais se destaca o
filé ao molho de tamarindo. Seguindo a linha da culinária contemporânea, o frango
pode chegar à mesa em tiras e acompanhado de tempurá de shitake e salsa peruana.
O andar térreo da balsa é um convite
ao namoro, com sofás e poltronas confortáveis onde se pode degustar um variado menu de sushis e sashimis, ou tomar um
champanhe com morangos, cerejas e calda
de chocolate. Seja pela gastronomia, seja
pelo clima romântico, vale a pena conferir.
E
m grego, Limni significa lago. O
nome não poderia ser mais apropriado para um restaurante instalado numa balsa atracada às margens do Lago Paranoá. Depois das dificuldades para
obter o alvará de funcionamento no local
inicialmente planejado (em frente à academia A!Body Tech, no Setor de Clubes
Sul), o Limni acabou ficando num local
muito melhor: o Pontão do Lago Sul, que
já se firmou como ponto de lazer, entretenimento e boa gastronomia.
Na verdade, o Limni é mais do que um
restaurante. O térreo da embarcação tem
um lounge com uma pequena pista de dança e sushi bar. No andar superior é que fica o restaurante contemporâneo de influência asiática baseado em técnicas da nova
gastronomia norte-americana, que o chef
Rodrigo Garcia absorveu no curso da Art
Institute de Fort Lauderdale, na Flórida.
No cardápio, 13 opções de entradas e
saladas, entre elas o wrap de alface, em
que a folha envolve tiras de frango e um
saboroso molho que lembra o japonês teriaki. São dez pratos principais – pescados, aves (inclusive um magret de pato ao
Limni
Pontão do Lago Sul (9275.8985)
Fotos: Bruno Stuckert
nossas degustações, testando o cardápio,
eles vieram aqui provar”, conta Eduardo
Franco, o outro sócio do restaurante. A
proximidade com o templo, um dos principais pontos de encontro da comunidade japonesa em Brasília, é certamente um fator
importante para o sucesso da nova casa.
O objetivo do Mitzu, segundo Eduardo, é “oferecer conforto e qualidade por
um preço legal”. O restaurante foi aberto
no dia 10 de junho, sem muito alarde.
“Estamos primeiro arrumando a casa, corrigindo os detalhes, para então começar
uma divulgação maior. Não adianta lotar
uma casa com capacidade para 200 pessoas e elas saírem insatisfeitas. A gente quer
que o cliente volte”, diz Eduardo.
Apesar de ter sido aberto de forma tímida, o Mitzu já conquistou um público
cativo. As estudantes Jordana Eide, Ana
Paula Guedes e Aline Guedes foram lá duas vezes em menos de 20 dias. “O sushi é
tão bom quanto o dos restaurantes japoneses consagrados da cidade” opina Jordana, apontada por Aline como uma “viciada em sushi”. “Além da qualidade da
comida, achei o lugar muito confortável e
o atendimento ótimo”, complementa Ana
Paula.
Optando pelo bufê, que no almoço
dos dias úteis custa R$ 39, o cliente fica à
vontade para escolher entre as várias opções de sushis, com grande variedade de
peixes: salmão, anchova negra, peixe
branco, robalo, atum e hadock. O bufê dá
direito também a várias opções de pratos
quentes e a uma porção de sashimi.
A quem preferir um dos pratos do cardápio à la carte, Eduardo recomenda os
“especiais Mitzu”, como o camarão envolvido em macarrão frito (R$ 52) e o robalo
ao molho de manga ou maracujá (R$
43,90). Para petiscar, o tiradito octopus
(polvo ao molho de limão), por R$ 34,80,
e o tartari de salmão (cubinhos do peixe
ao molho especial), por R$ 26,50. Grupos grandes podem pedir o “transatlântico”, combinado com 120 peças de sushi,
que custa R$ 229 e serve seis pessoas.
Quem não gostou dessas sugestões
ainda pode pedir alguma das mais de 150
outras opções do cardápio. É só escolher e
itadakimasu! Quer dizer, bom apetite!
O chef Rodrigo Garcia: influência asiática
9
picadinho
Eduardo x Eduardo
A notícia mais surpreendente da
quinzena foi o rompimento da parceria
entre Dudu Camargo e o xará Eduardo
Couto, seu sócio na pizzaria Fratello
Uno do Terraço Shopping e no delivery
do Lago Sul. Dudu se afasta dos dois
empreendimentos (que ficam sob o
comando do ex-sócio, mas com outro
nome) e já se prepara para abrir duas
novas casas: o restaurante Fatto, de
cozinha mediterrânea, na QI 9 do Lago
Sul (onde ficava o Doc Lounge Grill), e
a hamburguería Respeitável Burger, na
402 Sul (ex-Salsas, Saladas & Grelhados). Boa sorte aos dois Eduardos!
Restaurant Week
Um dos mais importantes festivais
gastronômicos do mundo está chegando
a Brasília. Criado há 17 anos em Nova
York, com o objetivo de popularizar a
alta gastronomia, o Restaurante Week
é realizado hoje em mais de 100 cidades
– entre elas Paris, Boston, Washington,
São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. Meia
10
centena de restaurantes já confirmaram
sua presença na versão brasiliense do
festival, de 27 de julho a 9 de agosto.
Cada participante deve criar menus
especiais – entrada, prato principal e
sobremesa – ao preço fixo de R$ 27
no almoço e R$ 39 no jantar, mais uma
contribuição de R$ 1 em benefício da
Fundação Nosso Lar de Brasília, que
cuida de crianças abandonadas ou
afastadas de suas famílias por sofrerem
maus tratos. Na Confraria do Camarão, o
menu do jantar (foto) terá consommé de
camarão, penne com bacalhau e sorvete
Romeu e Julieta com calda quente.
Inverno Outback
Uma dica para curtir o inverno: o cardápio da Outback Steakhouse, do ParkShop­­­
ping, oferece ótimas opções. Alguns
trunfos da casa para espantar o frio: a
Walkabout Soup (R$ 10,50) de cebola, batata ou brócolis, todas cobertas
com um mix de queijos derretidos, e a
Soup’n Salad (R$ 22), acompanhada de
pão crocante dos ranchos australianos,
preparado à base de centeio e mel.
Para completar, a carta de vinhos, com
rótulos como o nacional Salton Volpi
Merlot (R$ 42,50), o chileno Isla Negra
Syrah/Cabernet Sauvignon e o argentino Catena Malbec (R$ 85).
Acaba de desembarcar na cidade a
cervejaria Garota Carioca, da Happy
News, rede de casas noturnas presente
em Belo Horizonte, Salvador, Campinas,
Niterói, São Paulo e Vitória. Localizada
em frente ao Liberty Mall, a nova casa
oferece variado bufê de frios, grelhados
e comida japonesa. A programação
musical promete: a cada noite, de terça
a domingo, uma banda diferente.
DJ’s selecionados ajudarão a animar as
baladas. Telões espalhados por toda a
cervejaria vão transmitir clipes e jogos e
os clientes poderão se divertir com uma
das cinco mesas de sinuca do mezanino.
Cristallo em Brasília
Em 1949, o italiano Armando Poppa
desembaraçou em Santos com o
propósito de comercializar no Brasil o
panetone veramente milanês. Quatro
anos depois, inaugurou a Confeitaria
Cristallo, na Rua Marconi, na época o
centro nobre de São Paulo. Ao longo
dos anos, a loja de panetones, doces e
Fotos: Divulgação
Diversão garantida bolos artesanais cresceu e Poppa abriu
várias filiais na Pauliceia. Mas só hoje,
56 anos após a fundação, será inaugurada a primeira loja longe de Sampa.
Vem aí, no Terraço Shopping, a sucursal
brasiliense da Cristallo. Bem-vinda!
Executivo chique
O Oscar, do Brasília Palace Hotel, acaba
de lançar um menu executivo para o
almoço assinado pelo chef Laurent
Suadeau. Será um menu diferente a
cada semana: de 20 a 24, carpaccio de
filé com creme de alcaparras e parmesão, tagliatelli com camarão ao molho chutney ou supremo de frango
grelhado recheado com queijo brie ao
molho de sálvia, e de sobremesa figo
flambado com sorvete de canela; na última semana do mês, de 27 a 31, salada
de alfaces variadas com crôutons de
queijo de cabra e castanha de caju,
lasanha de frutos do mar gratinada ou
medalhão de filé com batata assada ao
molho de ervas de Provence, além de
crepe de maçã com sorvete de creme.
Très bon
Até o final do mês, quem almoçar no
C’est si bon (408 Sul e 213 Norte) de
segunda a quinta-feira terá descontos
especiais em cinco pratos do cardápio.
O preço do fettutine ao sugo com
polpetas cai de R$ 26,50 para
R$ 20,50; o da omelete Pequin (recheada com frango desfiado, mussarela de
búfala, cebola, cebolinha, parmesão
e pimenta do reino), de R$ 18,50
para R$ 13,50; o Jane Fonda (peito de
frango grelhado com pene ao molho
de tomates, mussarela de búfala e
manjericão) de R$ 26 para R$ 21; o
risoto Sophia Loren (com tomates
secos, queijo brie, pêra e parmesão) de
(R$ 26,60 para R$ 22,60); e o Lampião
(carne de charque desfiada, abóbora e
parmesão) de R$ 25,30 para R$ 20,30.
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Espumas do mar da Bahia
Luiz Recena
garfadas&goles
[email protected]
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Prezado diretor, querida editora: a espuma das águas do mar da Bahia, vez por outra, prega peças. E assim,
fez com que o colunista, sempre atento observador, passasse batido na mudança do expediente. Depois das
escusas, do mea culpa e das cinzas jogadas na cabeça, recebam o carinhoso abraço e os votos de mais uma
feliz gestão nas novas definições de cargo. A vida é um eterno voltar, um constante retorno. E a cada volta, o
rever dos amigos atualiza as conversas e cria a ilusão de que, na verdade, nunca saímos. Mas o andar da história, com aquela roda que sempre toca para frente, mesmo quando sequer percebamos seu pequeno movimento, quando achamos que ela parou, mesmo assim, as novidades surgem e garantem que as coisas não
pararam. Então, após pouco mais de dois meses de afastamento, a cidade recebeu e engoliu o colunista com
inúmeras novidades. Sabores, gostos, gestos, comes e bebes, garfadas e goles, tudo com o sabor do novo ou
do renovado. Tirando a má vontade de uns e outros e as trapalhadas dos de sempre, a capital, ainda e cada
vez mais, é capaz de surpreender.
Festival de inverno
“Tradição é tradição”, afirmam e assinam Issa Attié e
Lucio Bittar, que abriram as portas do BSB Grill da
Asa Sul para apresentar o chope nitrogenado, que
prolonga duração, leveza e temperatura da bebida
querida. Com novos petiscos a bons preços, com
destaque para o filezinho enrolado com cebola, azeitonas e bacon à milanesa. E a linha Vesúvio, de petiscos grelhados na brasa, em homenagem ao bar homônimo de Anápolis, cidade de onde veio toda a turma, guiada pelo slogam um dia criado por seus maiores, Jabra Issa e David Bittar: “Minha família servindo sua família”. O visual do cardápio de inverno,
criado por André Gil, reforça a idéia saborosa dos
novos petiscos e pratos. Vai até 30 de agosto. Convidado especial nessa festa de chope, o espumante Arte, da Casa Valduga, pegou uma super beirada e encantou muitos presentes, pelo sabor e pela promessa
de preços baixos nas casas do ramo.
Mais mudanças
Outro com sugestões novas no cardápio e promoções para que as pessoas se aqueçam neste inverno
é Gil Guimarães, no Baco Napoletano (206 Sul).
Pequenos pratos, entradas, a bons preços, com
muita substância. Puxa o desfile o ravióli com
recheio de figo, servido com raspinha de limão siciliano e partículas de presunto cru. Há mais: carne
assada com nhoque e papardelli com polpetini.
Depois do livro
Jorge Ferreira agora lança livros. Mas, entre um autógrafo e outro, cuida das novidades nos seus bares. O
Bar Brahma (202 Sul), que sucedeu o Monumental,
tem bom gosto e uma varanda, de frente para o Setor
Burocrático Sul, que é um convite. Bom chope, bons
petiscos e um horário, três da tarde, para matar de
inveja. Ô da janela com divisória: pode morrer...
Charme discreto
No complexo hoteleiro Alvorada, vizinho do palácio
xará, temos agora o Old Bar, a última novidade do
Jorjão. É, talvez, o pub mais londrino fora da Inglaterra, no julgar modesto dos seus idealizadores. Tudo ali tem vínculo direto com o bom gosto: decoração, mesas, cadeiras, ambientes, música, uísques, cervejas, petiscos. Destaque para o croquete de cordeiro
e para o camembert, especial, quentinho, grelhado
com alho e cogumelos, servido com pão ou torradas.
O pub é chique e, discretamente, como deve ser em
se tratando de cavalheiros, nota-se o toque de José
Luiz Paixão. God save the Queen!
Dois de julho Depois do São João, a festa da independência. De volta a Salvador, a tempo de lembrar
que o Brasil, depois do grito às margens do Ipiranga, em 1822, só ficou realmente livre da coroa e dos portugueses em 1823, no dois de julho baiano. E à espera do colunista, algumas novidades. Temporada: voltou o
tempo da pesca da lagosta e o restaurante do mesmo nome, perto do farol de Itapuã e da estátua de Vinícius
de Moraes, recebe-as, frescas, pelo menos duas vezes por semana. Sempre atento, mestre Adilson telefona
e avisa, quase em código: “Doutor, elas chegaram”. Garantia de sabor. A carne é fraca: amigo e ex-colega
Fernando Daltro mudou de ramo e abriu franquia do Outback, no shopping Iguatemi, o mais popular e
movimentado de Salvador. Sirloin Special é a pedida de carne. Chope nota alta. Happy-hour com dose dupla.
No terceiro andar, em uma das poucas esquinas calmas do shopping. Comida típica: memória gastronômica
não requer tempo de casa. Então, mesmo com poucos meses, chegar a Salvador remete ao bom acarajé. Um
dos melhores está perto, bem pertinho: a Cira de Itapuã. Perto da Sereia do bairro.
Voltando ao dia-a-dia
celente Hospices de Baune Savigny 2001 por US$
colunas sobre os vinhos de sobremesa, voltamos a
99,50. Mas dessa região o que mais me impressio-
comentar as “vínicas” do dia-a-dia. Ao final de maio
nou foi um branco da Camile Giroud, um Chassagne
e no início de junho tive a oportunidade de visitar
Montrachet Lês Vergers 1er Cru 2005, com um nariz
duas feiras de vinhos que vale a pena comentar,
inesquecível de manteiga tostada e leve abacaxi em
mesmo com algum atraso: a da Vinci, representada
boca seca e redonda, sensacional para carnes bran-
em Brasília pela Bordeaux, na QI-13 do Lago Sul, e
cas em geral.
uma feira de vinhos espanhóis, muitos deles ainda
a Champagne Henriot. Todos os exemplares apresen-
sulado da Espanha em São Paulo.
tados foram ótimos, mas destaco o seu cuvée básico, Henriot Brut Souverain (US$ 117,50), que apre-
começar pelos exemplares alemães que vêm compro-
senta aromas evoluídos de pão torrado, perlage
var a alta qualidade de produção daquele país, mui-
consistente e cremosidade extraordinária. E, é claro,
to distante dos mal-afamados “garrafa-azul”. Quase
seu top, o Henriot Cuvée Enchanteleurs 1995, seco
todos de baixa alcoolicidade, destaco o Riesling Kabi-
como um nature, com aromas realmente encantado-
nett Feinherb da Hans Lang, fresco e leve, com aro-
res de fermento de pão fresco.
mas de mel e 11.5% de álcool (US$ 57,50), e o óti-
Na feira de vinhos espanhóis muitas foram as
mo Wehlener Sonnenuhr Selbach, com apenas 8,5%
agradáveis surpresas – que esperamos encontrem em
de álcool, muito aromático e de acidez agradável
breve sua importadora no Brasil, para podermos des-
(apenas US$ 39,90).
frutá-las –, além da tradicional presença da Bodegas
A presença da brasileira Angheben, como sem-
Protos, já importada para o Brasil pela Península.
pre, fez-se notar com seus ótimos Pinot Noir e Touri-
Desta última, destaco o Protos Gran Reserva, com
ga Nacional e seu espumante, que continuo elegen-
sensacional nariz à chocolate e aromas complexos e
do o melhor nacional. Do Chile, a Errazuriz mostrou
profundos em boca redonda e elegante. Um vinho
excelentes “custos x benefícios”, como o ótimo Pinot
especial que vai melhorar ainda mais, por incrível
Noir Wild Fermented 2006, com aromas típicos
que possa parecer. Destaco também a Chozas Car-
à morangos e agradável fundo de boca doce
rascal, especialmente com seu Lãs Ocho 2005, re-
(US$ 47,25), e um Sauvignon Blanc Reserva 2008
dondo e longevo, e sua Cava Reserva 2006, de perla-
fresco, com aromas típicos de grama cortada e
ge fino e persistente e aromas de torradas mesclado
maracujá, pelo ótimo preço de US$ 21,15. E ainda,
com frutas brancas.
é claro, seu top, o Don Maximiano Reserva 2006,
Além de diversos produtores muito bons, como a
com madeira bem colocada e já muito bom, ainda
Vindemia Wines, a Pago de Vallegarcía (seu Vallegar-
que vá crescer muito com o tempo.
cía Viognier é excelente e sua acidez cortante o equi-
A Bodegas Mauro apresentou seu excepcional
paoevinho
@alo.com.br
De tudo, na feira da Vinci, todavia, o melhor foi
não importados para o Brasil, organizada pelo ConNa feira da Vinci, muitos foram os destaques. A
ALEXANDRE
DOS SANTOS
FRANCO
para a um bom Chablis), a Crianzas y Vinedos Santo
Mauro Vendimia Selecionada 2003, com nariz pro-
Cristo, a Coto de Gomariz, a Celler L’Encastell, a Al-
fundo a frutas vermelhas confitadas e em geléia, mas
tolandon e tantas outras, não posso deixar de co-
ao preço pouco convidativo de US$ 239. Da minha
mentar a Viña Santa Marina, cujos excelentes vinhos
preferida, Borgonha, a Maison
talvez em breve sejam trazidos pela Vinea. Menção
Champy continua imbatível na
especial para um branco de viognier, o Vina Santa
sua qualidade x preço, apre-
Marina VT 2006, impressionante: muito aromático,
sentando um ótimo Bourgog-
parece um Sauterne ao nariz, na boca seco, intenso
ne Pinot Noir, básico mas clás-
e untuoso. É, na verdade, um Sauternes sem açúcar,
sico, por US$ 39,90, e um ex-
incrível.
pão&vinho
Finalmente, para alguns, após a longa série de
13
MÚSICA AO VIVO
roteirogastronômico
ESPAÇO VIP
ACESSO PARA DEFICIENTES
ÁREA EXTERNA
DELIVERY
FRALDÁRIO
MANOBRISTA
BANHEIRO PARA DEFICIENTE
Armazém do Ferreira
Restaurante inspirado no Rio de
Janeiro dos anos 40. O buffet,
com cerca de 20 tipos de frios,
sanduíches e rodadas de empadas
e quibes, com a performance do
garçom Tampinha, são boas opções
para os frequentadores.
206 Sul (3443.4841), Liberty Mall
e Brasília Shopping cc: todos
Em plena W3 Sul, o Bar Brasília tem
decoração caprichada, com móveis e
objetos da primeira metade do século
XX. Destaques para os pasteizinhos.
Sugestão de gourmet: Cordeiro
ensopado com ingredientes
especiais, que realçam seu sabor.
Em ambiente aconchegante,
com decoração pontuada por
arte e história, pode-se tomar
um cafezinho ou um chope para
acompanhar o pastel de bacalhau,
o sanduíche de mortadela ou
o autêntico Bauru. No almoço,
cardápio paulistano.
405 Sul (3443.0299)
CC: todos
brasileiros
contemporâneos
509 Sul (3244.7999)
CC: todos
Cachaçaria
Empório da Cachaça
Bar do Mercado
buffet de festa
Cardápio variado, sabor e qualidade.
Buffet no almoço é o carro-chefe,
com mais de 10 pratos quentes,
diversos tipos de saladas e várias
opções de sobremesa, a R$ 35,90
(2ª a 6ª) e R$ 39,90 (sáb, dom e
feriados) por pessoa.
Recém inaugurada a versão bar da
cachaçaria temática de Brasília.
Decoração colonial, cachaças
artesanais, chopp, petiscos exclusivos
e o famoso prato da casa, o arroz
de senzala, são opções para quem
valoriza a gastronomia brasileira. No
Happy Hour, Chopp Brahma a R$2,50 e
caipirinha com Sagatiba a R$ 4,00.
506 Sul Bloco A (3443.4323)
CC: Todos
QI 21 do Lago Sul (3366.3531)
412 Sul (3345.3531)
creperias
É um dos mais renomados buffets de
festa da cidade, com mais de dez anos
de experiência. Além dos salgados
e doces finos oferecidos no buffet,
destaque para o Risoto de Foie-Gras, o
Carré de Cordeiro ao Molho de Alecrim
e o Filé ao Molho de Tâmaras.
Praliné
O cardápio é bastante variado, com
tortas doces e salgadas, bolos, pães,
géleias, caldos quentes, quiches,
tarteletes, chás, café e sucos de frutas
naturais por R$ 12,90 de 2ª a 6ª e
chá da tarde por R$ 20,50 às 3ªs
(bufê por pessoa).
205 Sul bl A lj 3
(3443.7490)
CC: V
Café Antiquário
À beira do lago, diante da vista mais bela de
Brasília, a casa atrai todos que desejam unir
ambiente agradável, boa cozinha e música.
Almoçar um rico grelhado e tomar café
ao fim da tarde são apenas algumas das
ecléticas delícias do restaurante. O piano
sofistica o ambiente de 18h às 20h30 todos
os dias. As noites são de jazz e blues ao vivo.
Pontão do Lago Sul
(3248.7755) CC: Todos
C’est si bon
Sweet Cake
14
Camarão 206
Bar Brasília
confeitarias
BARes
202 Norte (3327.8342)
CC: Todos
buffet de restaurante
CARTÕES DE CRÉDITO: CC / VISA: V / MASTERCARD: M / AMERICAN EXPRESS: A / DINERS: D / REDECARD: R
Inspirado nas tradicionais panquecas de
dulce de leche da Argentina que o chef
Sérgio Quintiliano criou o crepe Astor
Piazzolla, batizando-o com o nome
do maior compositor contemporâneo
argentino de tangos. Após o sucesso de
vendas durante o Festival Sabor Brasília
2008, o Crepe Piazzolla foi incorporado
ao cardápio por R$ 15,70.
408 Sul (3244.6353) CC: V, M e D
BSB Grill
Trattoria 101
304 Norte (3326.0976)
413 Sul (3346.0036) CC: A, V
101 Sudoeste (3344.8866)
CC: V, M e D.
GRELHADOS
Villa Borghese
O charme da decoração e a
iluminação à luz de velas dão
o clima romântico. Aberto
diariamente para almoço e jantar.
Sugestão: Filetto al gorgonzola
(Filet mignon recheado com creme
de gorgonzola servido com arroz
cremoso de abobrinha e farofinha
crocante de alho), por R$ 43.
ITALIANOS
Cardápio com produtos italianos
autênticos e tradicionais. Massas,
filés, peixes e risotos, carpaccio. Tudo
preparado na hora. Execelente carta de
vinhos com 90 rótulos, entre nacionais
e importados. Ambiente charmoso
e varanda completam o ambiente.
Manobrista na 6ª, sáb. e dom.
Desde 1998 oferece as melhores e os
mais diversos cortes nobres de carne:
Bife Ancho, Bife de tira, Prime Ribe,
Picanha, além de peixe na brasa, esfirras,
quibes e outras especialidades árabes.
Adega climatizada e espaço reservado
completam os ambientes das casas.
201 Sul (3226.5650) CC: Todos
Roadhouse Grill
Criado nos EUA, foi eleito por três anos
consecutivos o preferido da família
americana. Com mais de 100 lojas,
seus generosos pratos foram criados,
pesquisados e inspirados nas raízes da
América. Conheça tais delícias: ribs,
steaks, pasta, hambúrgueres.
Brasília Golfe Center - SCES
Trecho 2 (3323.5961) CC: Todos
www.restauranteoliver.com.br
209 Sul (3443.5050)
CC: Todos
naturais
Saboroso e diversificado buffet,
com produtos orgânicos e carnes
exóticas. No domingo, pratos
especiais, como o bacalhau de
natas e o arroz de pequi. Horário: de
segunda à sexta, das 11:30 às 15h
e sábados, domingos e feriados, das
12 às 16h.
SCS trecho 2 (3226.9880)
CC: Todos
Haná
ITALIANOS
San Marino
O Rodízio de massas e galetos
está com preços especiais: de
domingo a quarta por R$ 15,80 e de
quinta a sábado por R$ 17,80. No
almoço, Buffet com saladas, pratos
executivos e grelhados
Oca da Tribo
Bufê de sushis, sashimis e pratos
quentes. Almoço (R$ 36): 2ª a 6ª de
12h às 15h / sábado e domingo, de
12h30 às 16h. Jantar (R$ 42): domingo
a 5ª, de 19h à 0h / 6ª e sábado, de
19h à 1h. De 2ª à 4ª, cada bufê vale
1 sorvete com calda de chocolate.
Funciona também à la carte.
408 Sul (3244.9999)
CC: Todos
15
ORIENTAIS
Oliver
Próximo ao Eixo Monumental, apresenta
espetacular vista para um tranquilo campo
de golfe, sem prédios ao redor. O ambiente
composto por piso de pedras vindas
de Pirenópolis e móveis de Tiradentes
(MG) conferem ainda mais rusticidade
ao restaurante. Elaboradas pelo gourmet
Carlos Guerra, as receitas internacionais
têm base na culinária mediterrânea.
INTERNACIONAIS
­ .Clubes Sul Tr. 2 ao lado do
S
Pier 21 (3321.8535)
Terraço Shopping (3034.8535)
MÚSICA AO VIVO
roteirogastronômico
ESPAÇO VIP
ACESSO PARA DEFICIENTES
ÁREA EXTERNA
DELIVERY
FRALDÁRIO
MANOBRISTA
BANHEIRO PARA DEFICIENTE
Nippon
Baco
Tradicional e inovador. Sushis e
sashimis ganham toques inusitados.
Exemplo disso é o sushi de atum
picado, temperado com gengibre e
cebolinha envolto em fina camada de
salmão. As novidades são fruto de
muita pesquisa do proprietário Jun Ito.
Premiada por todas as revistas.
Massas originais da Itália, vinhos
e ambiente. No cardápio, pizzas
tradicionais e exóticas. Novidades são
uma constante. Opção de rodízio em
dias especiais – na 309 Norte, toda 3ª
e domingo, e na 408 Sul, às 2as.
403 Sul (3224.0430 /
3323.5213) CC: Todos
309 Norte (3274.8600), 408 Sul
(3244.2292) CC: Todos
Baco Delivery (3223.0323)
PIZZARIAS
ORIENTAIS
CARTÕES DE CRÉDITO: CC / VISA: V / MASTERCARD: M / AMERICAN EXPRESS: A / DINERS: D / REDECARD: R
Gordeixo
Ambiente agradável, comida boa e
área de lazer para as crianças fazem
o sucesso da casa desde 1987. No
almoço, além das pizzas, o buffet de
massas preparadas na hora, onde
o cliente escolhe os molhos e os
ingredientes para compor seu prato.
Belini
Feitiço Mineiro
A casa premiada é um misto de
padaria, delikatessen, confeitaria
e restaurante. O restaurante serve
risotos, massas e carnes. Destaque
para o café gourmet, único torrado na
própria loja, para as pizzas especiais
e os buffets servidos na varanda.
A culinária de raiz das Minas Gerais
e uma programação cultural que
inclui músicos de renome nacional e
eventos literários. Diariamente, buffet
com oito a nove tipos de carnes.
Destaque para a leitoa e o pernil à
pururuca, servidos às 6as e domingos.
113 Sul (3345.0777)
Regionais
Padaria
306 Norte (3273.8525)
CC: V, M e D
306 Norte (3272.3032)
CC: Todos
CC: Todos
Peixe na Rede
405 Sul (3242.1938)
309 Norte (3340.6937)
CC: Todos
Restaurante Badejo
A tradicional moqueca capixaba leva o
tempero mineiro no Restaurante Badejo,
com 19 anos de história em Belo
Horizonte e 15 em São Paulo. Agora
é a vez de Brasília conhecer o autêntico
sabor da cozinha capixaba.
SCES - Trecho 4 - Lote 1B
Academia de Tênis
Setor de Clubes Sul
(3316.6866) CC: V e M
16
Saborella
SORVETERIAS
Peixes e frutos do mar
A vedete do cardápio é a tilápia, servida
de 30 maneiras. O frescor é garantido
pela criteriosa criação em cativeiro na
fazenda exclusiva do restaurante, a
100 Km de Bsb. Há também pratos de
camarão e bacalhau.
Sorvetes com sabores regionais e
tecnologia italina são a especialidade
da casa. Os mais pedidos: tapioca,
cupuaçu, açaí e frutas vermelhas. Na
varanda, pode-se apreciar café bem
tirado e fresquinho, acompanhado
de tapiocas quentinhas.
112 Norte (3340.4894) e
Casa Park (Praça Central)
CC: Todos
Sorbê
Sorveteria genuinamente artesanal, com
receitas que utilizam frutos nativos do
cerrado. São mais de 150 sabores. Os
sabores tradicionais, cremosos, como as
variedades de chocolate, dentre outros,
contêm leite e creme de leite em suas
fórmulas. Já os sorvetes de frutas (com
algumas exceções, como abacate, pequi,
araticum e outros) são produzidos com água.
405 Norte (3447.4158), 103 Sudoeste
(3967.6727) e 210 Sul (3244- 3164)
Isto é São Paulo!
mente leve e airada por dentro, seguida por um
tipo de bruscheta de polvo – fatias de polvo
deitadas sobre um misto de folhas da horta.
Como prato principal, um copa lombo com
quiabo e tomate salteados, acompanhada de
farofa de maça verde, e de sobremesa um crème brulé de milho. Dava para perceber que o
chef estava inspirado e de bem com a vida.
No dia seguinte, experimentamos o tradicional hambúrguer do Ritz, casa aberta desde o
inicio dos anos 80, e à noite fomos reverenciar
Marie, da segunda geração que dirige o Casserole, no Largo do Arouche. Foi o primeiro restaurante que conheci quando cheguei a São
Paulo. Uma brisa de rejuvenescimento foi dada
ao espaço e ao cardápio sem tirar as características “vieille France” legadas pelos fundadores
Tuna e Roger. Abrir um restaurante é complexo, mas herdar uma tradição e mantê-la, ao
mesmo tempo adequando-se a uma nova era,
é bem mais difícil.
No último dia passamos pelo Mercado Municipal para comer, no balcão de uma peixaria,
as ostras vivas de Florianópolis. Depois, fomos
até o Santa Luzia, templo dos ingredientes e
produtos ligada aos sabores, um “La Palma”
ao tamanho de São Paulo. E de lá andamos até
a feira livre da Rua Barão de Capanema, uma
explosão de alegria, cor e variedades que se
estica por quatro quarteirões.
Na esquina dessa rua, o novo restaurante
Dalva e Dito, assinado pelo chef Alex Atala.
Com proposta ousada, muito gosto e qualidade, apresenta uma variação do PF como prato
do dia: arroz, dois tipos de feijão, couve picada,
farofa de pão tostada e temperada, dois tipos
de molhos e uma variedade de pimentas caseiras
em conserva, para acompanhar um rodízio de
frango, um filet mignon assado numa rotisserie e um pernil de porco saboroso e úmido.
Quentin
Geenen de
Saint Maur
palavradochef
@alo.com.br
palavradochef
M
uitos anos se passaram desde a última vez em que fui bater perna na
Fispal (Feira Internacional para a Indústria de Alimentos e Bebidas de São Paulo) e
posso dizer que ela continua muito bem organizada, profissional e variada.
Procurei um piano, nome usado para o
fogão na gíria culinária, com olhar ecológico.
Não encontrei. Lembrei-me do fogão a lenha
da Fazenda Montevidéu, em Araras, que aproveitava a fonte do calor das brasas que esquentavam uma serpentina para alimentar as torneiras da cozinha com água quente.
Em São Paulo, aproveitei para mostrar alguns restaurantes representativos das várias
tendências gastronômicas da cidade ao filho
que me acompanhava. Fomos almoçar no Emiliano uma salada com mâche, vagem al dente,
codorna defumada desfiada e trufas, uma costeleta de cordeiro de leite que derretia na boca,
assada no ponto certo, preparado pelo chef
José Carlos Baratino.
Deixamos o belo espaço do hotel para ir
comer como sobremesa os deliciosos macarons
no Douce France. O dono, Fabrice Le Nud, estava em Cuba, e seu segundo pâtissier, Thiago,
formado por ele, nos explicou a filosofia da casa. Todos os aprendizes têm que passar por cada atelier – Pâtissier, Glacier, Chocolatier – e só
após dominar as técnicas e o conhecimento da
especialidade estão aptos a passar para outro
departamento.
À noite fomos jantar no Sal Gastronomia,
restaurante escondido num pátio interno na
Rua Minas Gerais. O chef Henrique Fogaça
pilota a cozinha e sua mulher Fernanda, sorriso iluminado, recebe os clientes. Pedimos
para o chef preparar um cardápio com toda
liberdade. Para abrir o apetite, batata rústica, crocante por fora e inacreditavel-
17
dia&noite
Miguel Chevalier
segundanatureza
culturapopular
De Catalão vem a congada; do
Pará, os índios kaiapós;
do Paraná, o fandango; de
Pernambuco, o maracatu.
O IX Encontro de Culturas
Tradicionais da Chapada dos
Veadeiros vai movimentar a Vila
de São Jorge de 18 de julho a 1º
de agosto. Além de representantes de 12 Estados, virão
grupos da Colômbia e do
México. Na programação,
shows da dupla Zé Mulato e
Cassiano (foto) e do grupo de
carimbó paraense Os Quentes
da Madrugada de Santarém.
Nas já tradicionais Rodas de
Prosa destaque para os temas
relacionados ao impacto das
grandes obras de infraestrutura
em pequenas comunidades.
Programação completa em
www.encontrodeculturas.com.br.
Divulgação
asgemasdemarilene
A joalheira Marilene Rangel acaba de voltar de São
Paulo, onde participou do 4º Salão do Turismo, no
Parque Anhembi. Ela expôs seu trabalho no estande
Vitrine, destinado a artistas e artesãos de todo o país
que trabalham com mistura de matérias-primas
brasileiras com metais e pedras preciosas. A pulseira
da foto, por exemplo, é feita de madeira certificada
com prata 950. Agora, Marilene começa a preparar as
peças que estarão na exposição programada para 2010, no
aniversário de 50 anos da cidade que inspira sua criação. Além de joalheira, ela é
doceira. Suas “gemas” comestíveis podem ser encontradas na Quituart, onde fica
a Quindins, Quindões e Suspiros. Informações: 3338.7174.
18
Thomaz Farkas
asfotosderosely
Durante 30 anos, ela reuniu trabalhos de fotógrafos do quilate de Thomaz Farkas, José
Medeiros, Pierre Verger, Sebastião Salgado e Chico Albuquerque. Agora, a arquiteta de
formação Rosely Nakagawa apresenta, na Caixa Cultural, parte de seu acervo na exposição 30 anos de fotografia. A
curadora Simonetta Persichetti
selecionou 40 fotos do portfólio
de 200 imagens que Rosely
começou a montar a partir de
uma foto em preto e branco
presenteada pelo fotógrafo baiano
Mario Cravo Neto. “Mais do que
uma coleção, o que Rosely nos
mostra é uma coletânea, onde
ficam evidentes os interesses e os
gêneros de época. E mostra um
panorama da história da fotografia brasileira, muito mais ligado à afeição, ao emocional,
do que a um discurso intelectualizado”, declara Simonetta Persichetti.
Até 16 de agosto, diariamente, das 9 às 21h.
Divulgação
Ele nasceu no México em 1959, mas desde 1985 mora na França.
Miguel Chevalier é considerado pioneiro no uso da arte digital e
virtual. Desde 1979 ele explora as possibilidades dos programas de
desenho para computadores. Em comemoração ao Ano da França
no Brasil, o Espaço Cultural Marcantonio Vilaça apresenta duas
séries de obras interativas do artista: Ultra nature e Fractal flowers.
A primeira está no edifício sede do TCU (de segunda a sexta, das
10 às 19h, e sábado, das 14 às 18h). A segunda, uma instalação, pode
ser vista na Estação Galeria do Metrô (de segunda a sexta, das 6 às
23h30, e sábado, domingo e feriado, das 7h às 19h).
Divulgação
viagensaoscurtas
Nosso crítico de cinema Sérgio Moriconi é também o curador da
mostra de curtas-metragem em cartaz no Museu da República,
de 15 a 19 de julho. Segundo ele, esse tipo de filme é uma arte de
síntese: “A brevidade do discurso, a liberdade da narração, as
inovações formais, a criatividade e a ousadia muitas vezes transformam o curta no suporte adequado para a experimentação”. A
França é um dos países mais férteis nessa área – de 1900 até hoje,
mais de 17 mil filmes foram produzidos naquele país, segundo
levantamento do portal do curta-metragem Le-court. A mostra
brasiliense apresenta 40 filmes, divididos em cinco temas. Entre
eles, O beijo (foto), de Stéfan Le Lay, em cartaz dia 17. No Auditório 2 do museu, com entrada franca e classificação indicativa
livre. De quarta a sábado, às 19h, e no domingo, às 17.
Programação em www.roteirobrasilia.com.br.
candangocantador...
espejos
Esse é o nome da série que o fotógrafo argentino Camilo
Del Cerro apresenta até 2 de agosto no campus da UnB,
junto com a conterrânea Patrícia Gil e o paraguaio Jorge
Codas. A exposição faz parte das Semanas Latinas 2009,
promovidas pela Casa de Cultura da América Latina.
Desde menino Camilo se nutriu das imagens produzidas
por seu pai, um fotógrafo assassinado pela ditadura
militar argentina. Por isso explica sua vocação para
observar os movimentos sociais. Ele apresenta, na
exposição, imagens que captou na selva impenetrável
do Chaco boliviano e na Amazônia peruana (foto). Já
Patrícia tem na natureza inspiração para seu trabalho
Aqui y ahora. As oito fotografias de Jorge Codas fazem
parte da obra Y – que em guarani significa água, seu tema
preferido. De segunda a sexta, das 7 às 23h45. Sábado,
domingo e feriados, das 8 às 17h45.
Esta é sob medida para os compositores que moram
em Brasília há pelo menos dois anos. Estão abertas,
até o dia 24, as inscrições para o Festival de Música
Candango Cantador, que aceita composições de
todos os gêneros musicais e terá cinco etapas
classificatórias. O vencedor vai levar R$ 10 mil
e terá disponível a estrutura para gravação de CD
e presença garantida no projeto Cultura e Outras
Prosas, a ser realizado entre setembro e dezembro
deste ano. O segundo e o terceiro colocados receberão R$ 6 mil e R$ 4 mil, respectivamente, além
de poderem gravar seu CD e participar do mesmo
projeto que percorreu sete cidades do DF em
sua primeira edição, em 2008. Inscrições em
www.candangocantador.com.br.
...ecandangopintor
E esta é sob medida para os artistas plásticos da
cidade que querem mostrar seu talento. Estão
abertas, até 30 de julho, as inscrições para o IX
Prêmio de Artes Visuais, que aceita trabalhos em
pintura, gravura e fotografia. Os artistas devem
apresentar três trabalhos numa mesma técnica
e o vencedor também vai levar R$ 10 mil. O prêmio
é realizado pelo Iate Clube de Brasília, em parceria
com a Secretaria de Cultura. Informações:
3329.8759. Inscrições em www.iatebsb.com.br.
19
Débora Amorim
dia&noite
argonautas
Divulgação
De tudo, um pouco: circo, teatro, dança, música e performance. Assim é o espetáculo De paetês, que a Trupe de Argonautas apresenta na Funarte até o dia 26. Por
sob as luzes quentes de um bordel, dançarinas, garçons e prostitutas dividem suas
histórias de encontros e desencontros. Os números aéreos – lira, trapézio, tecidos,
tecido marinho, acrobacia de solo, dança, equilíbrio e força – têm tratamento lírico
e cômico no contexto da narrativa. A direção é de Súlian Princivalli. Sexta e
sábado, às 21h. Domingo, às 20h. Dias 1º e 2 de agosto os Argonautas estarão no
Teatro Newton Rossi, na Ceilândia. Ingressos a R$ 20 e R$ 10.
besteirolzoológico
“Você é um cabrodependente? Então procure no Google o ZA, ou
Zoófilos Anônimos...” O conselho, um tanto quanto nonsense, dá bem o
tom da comédia A cabra ou quem é Sylvia, escrita pelo norte-americano
Edward Albee e dirigida por Jô Soares. Ela conta a história de Martin, um
arquiteto bem casado com Stella mas que se apaixona por uma cabra
chamada Sylvia. Desconcertante mas divertida, a comédia tem no elenco
José Wilker, Denise Del Vecchio, Gustavo Machado e Francarlos Reis.
Dias 17, 18 e 19, na Sala Villa-Lobos. Sexta e sábado, às 21h, e domingo,
às 19h. Ingressos a R$ 80 e R$ 40.
Divulgação
Uma mulher guarda seu coração numa pequena caixa, até
que um dia decide recolocá-lo em seu peito. Esse é o argumento do curta-metragem Pequena fábula urbana, uma
das atrações do Jogo de Cena Férias. Apresentado no 41º
Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o filme é o mais
recente trabalho de Jimi Figueiredo, roteirista e diretor de
cinema e televisão. No elenco, Catarina Accioly, Sérgio
Sartório, William Ferreira e Ana Paula Braga. Na Caixa
Cultural, dia 29, a partir das 20h. Apresentação de Welder e
Pipo (foto). Ingressos a R$ 20 e R$ 10. Bilheteria: 3206.6456.
20
robertocorrêa
Viola e voz, sina e morte se
encontram em Temperança,
show que o violeiro Roberto
Corrêa fará no Teatro da
Caixa para apresentar seu
mais novo CD, o 16º da
carreira. São 18 composições – com poesias suas e
de parceiros – e apenas um
solo instrumental, A morte,
que encerra o disco. A sina
de violeiro e a idéia de escolher ou ser escolhido pela
arte são temas desse trabalho, que traz ainda o enfrentamento de Roberto com a morte, quando um tumor
no cérebro começou a afetar seus movimentos. “Se
posso morrer logo, vou deixar registradas minhas
composições, o mais valioso de mim,” afirmou na
época. Agora, com a saúde recobrada, ele comemora 26
anos de carreira nas duas apresentações, dias 17 e 18,
às 20h. Ingressos a R$ 20 e R$ 10.
Ricardo Labastier
cenadeférias
Carlos Eduardo Cinelli
avoltadostapetes
Uma lagartixa, um barbante e um sapo são três
amigos que têm uma coisa em comum: sonham em
ser grandes. As aventuras desses personagens estão
no livro O sonho de ser grande, de Clara Rosa, que
dirige também a peça infantil Marmelada.comhistórias, na qual inclui histórias de outros três livros de
sua autoria. Utilizando técnicas circenses e manipulação de objetos, Clara conta com a ajuda de
divertidos bonecos criados por ela. O monólogo tem
direção de Jovane Nunes, ator do grupo Os
Melhores do Mundo. Até dia 26, aos sábados e
domingos, das 11 às 12h, no Teatro Goldoni (EQS
208/209). Ingressos a R$ 30 e R$ 15.
Paki
casamentodebarata
Dona Baratinha encontrou uma moeda de prata e se considerou rica. Decidiu,
então, se casar não sem antes testar cada pretendente. Isso chamou a atenção
do Galo, do Cachorro e do Dom Ratão. Está em cartaz, na Escola Parque
(307/308 Sul),
a peça infantil O
casamento da Dona
Baratinha. Produzido pela Cia Néia
& Nando, é apresentada até o fim do
mês aos sábados e
domingos, sempre
às 17h. Ingressos a
R$ 24 e R$ 12. Informações: 3443.3149.
Saltimbancos
A fábula musical inspirada num conto
dos Irmãos Grimm tem agora uma
versão do grupo Mapati. A história dos
quatro amigos – um jumento, um
cachorro, uma galinha e uma gata –
abandonados por seus donos está em
cartaz até 2 de agosto no Espaço
Cultural Mapati (707 Norte). Os
saltimbancos seguem em busca da
felicidade, encontrada numa cidade
ideal, onde não são proibidos de
sonhar. Baseada no conto Os músicos
de Bremen, a peça teve adaptação de
Chico Buarque de Holanda e destaca
valores como amizade, respeito aos
mais velhos, aos animais e ao meio
ambiente. Adaptação de texto e
direção de Tereza Padilha. Sábados e
domingos, às 17h. Ingressos a R$ 20
e R$ 10. Informações: 3347.3920.
Dayse Hansa
marmelada.comhistórias
Grua Fotografia e Imagem
O formato é o mesmo das edições anteriores: 18 cenários que servem de apoio à
narração de contos populares de autores vários, como Ana Maria Machado e
Carlos Drummond de Andrade. A proposta também é a mesma: fazer adultos e
crianças tirarem os sapatos e sentarem confortavelmente para ouvir as histórias
narradas pela trupe carioca Os Tapetes Contadores de Histórias. De 17 de julho
a 16 de agosto a Caixa Cultural será a sede da série Pé-de-moleque pede a
palavra, com programação que inclui exposição e 84 sessões de “contação” de
histórias. Durante a semana, os espetáculos são para escolas. Nos fins de
semana são abertos ao público a partir das 16h. Quem quiser garantir lugar
deve chegar meia hora antes. A exposição pode ser vista todos os dias, das 9 às
21h, exceto nos horários das apresentações. Programação em
www.caixa.gov.br/caixacultural. Informações: 3206.9450.
21
brasíliaturística
Até que enfim!
Demorou, mas finalmente nossos visitantes podem
passear pela cidade em ônibus com vista panorâmica
Texto e fotos Eduardo Oliveira
F
im de tarde de uma sexta-feira. No
ônibus de turismo novinho em folha, estacionado em frente à Torre
de TV, vão subindo turistas argentinos,
italianos, brasileiros. Vão todos direto para o segundo andar, que é aberto e proporciona uma visão mais ampla da cidade
que estão prestes a conhecer. E assim parte para mais uma viagem o Brasília City
Tour, serviço desenvolvido pela Brasiliatur que roda a cidade desde 9 de maio. Os
visitantes pagam R$ 15 para conhecer os
principais pontos turísticos de Brasília.
O percurso de 30 km, a partir da Torre de TV, dura uma hora e 20 minutos.
Enquanto registram os monumentos candangos em suas máquinas fotográficas, os
passageiros ouvem com atenção informações em português, inglês e espanhol.
Mas não se trata de nenhum guia trilingue a falar sobre a cidade, e sim de um sis22
tema de alto-falantes ligado ao GPS que
fornece informações pré-gravadas. Assim,
o turista conhece um pouco da história de
Brasília, descobre quais poderes ocupam
cada palácio e fica sabendo quem projetou
e quando foi inaugurado cada monumento. Quem quiser mais informações pode
perguntar para um monitor, que fica à disposição para esclarecer dúvidas.
“Achei o passeio ótimo, pois além de
conhecer os principais pontos turísticos,
fiquei sabendo a história de cada um deles”, diz o gaúcho Ari Oliveira Fonseca,
que veio de Santo Ângelo visitar a sobrinha Patrícia. “Estou recebendo 12 parentes em casa, e não teria como levar todos
juntos para um passeio como esse se estivesse de carro”, ela conta. A paulista Terezinha Cichy, ao lado do filho Gabriel,
também elogiou: “Gostei do ônibus porque ele dá uma visão mais ampla, é possível perceber coisas que não veríamos num
passeio de carro ou van”.
Serviços de city tour em ônibus abertos
como esse não são nenhuma novidade
nas principais cidades turísticas do mundo, mas só agora começam a ser implantados por aqui. Já circulam em Salvador,
Florianópolis, Manaus, Curitiba, Porto
Alegre e agora Brasília. “Fui conhecer na
Itália, Portugal, Espanha, Chile... Pegamos o melhor de cada um e juntamos no
Brasília City Tour”, informa Clayton Vidal, sócio da empresa licenciada para explorar o serviço. “Percebemos que Brasília
tinha necessidade de passeios como esse.
As pessoas vêm para eventos e congressos
e têm pouco tempo para conhecer a cidade. Às vezes, têm a tarde livre e acabam
não fazendo nada, porque não teriam tempo de conhecer a cidade direito”, completa Francisco Assis, o outro sócio.
Ao contrário do que se pensa, não é
só de convenções, política e negócios que
vive o turismo brasiliense. Saulo e Raiza
Faccio, casal de Campinas que observava
atentamente e fotografava cada monumento da cidade, resolveram tirar o fim de
semana para conhecer a Capital Federal.
Era a primeira vez que Raiza pisava em solo candango, enquanto Saulo já tinha vindo à cidade aos 13 anos, mas de pouca
coisa se lembrava. “Tudo que eu me lembro é de uma igreja onde se andava em
um caminho circular até o centro, seguindo uma linha preta na ida e uma linha
branca na volta”, conta, numa óbvia alusão ao Templo da Boa Vontade.
O casal pegou o ônibus na Torre de
TV e desceu na Catedral. Depois de conhecer e se encantar com o interior de
uma das obras-primas de Oscar Niemeyer,
os dois foram a pé até a Esplanada, onde
pegaram outro ônibus e continuaram o gi-
ro pela cidade. Essa é uma das vantagens
do Brasília City Tour: o turista pode descer nos pontos pelos quais se interessa
mais e subir no ônibus seguinte, em intervalos de uma hora e meia. O primeiro sai
da Torre de TV às dez da manhã e o último às cinco e meia da tarde.
Quem pega esse último ônibus tem
como atrativo extra um dos patrimônios
de Brasília: seu pôr-do-sol. A Ponte JK, o
Congresso Nacional e o Memorial JK são
emoldurados pelas cores do céu. Infelizmente, o horário do pôr-do-sol coincide
com outro fenômeno que já faz parte do
dia-a-dia dos brasilienses: “Engraçado.
Nunca imaginei que a cidade tivesse esse
trânsito todo, com vias tão largas”, observa Raiza. O passeio termina já de noite,
quando os monumentos ganham uma
nova beleza. “Achei a cidade mais bonita
agora, com a iluminação dos palácios“,
opina Saulo.
Para mostrar esse lado da cidade, em
breve o Brasília City Tour deverá ter um
percurso noturno, o “by night”, como é comum nas principais cidades turísticas do
mundo. Só que ele terá uma rota diferente: “Vamos fazer um roteiro gastronômico, passando por bares e restaurantes, em
lugares como o Pontão e o Pier 21. Assim,
as pessoas podem descer em alguns desses pontos para jantar e depois pegar o
próximo ônibus”, informa Francisco Assis. Aí sim, os turistas vão poder descobrir
que, além de belezas esculpidas no concreto, em Brasília também há vida.
Saulo e Raiza Faccio se
encantaram com o pôrdo-sol de Brasília mas
ficaram surpresos com
a quantidade de carros
no Eixo Monumental
O trajeto
Torre de TV*
Conjunto Cultural da República
Catedral*
Palácio do Itamaraty
Praça dos Três Poderes*
Ponte JK
Palácio do Jaburu
Palácio da Alvorada**
Palácio do Planalto
Palácio da Justiça
Teatro Nacional
Estádio Mané Garrincha
Centro de Convenções
Palácio do Buriti
Memorial dos Povos Indígenas
Memorial JK*
Parque da Cidade
* Embarque e desembarque
** Parada de dez minutos
23
valedocafé
Fazenda Taquara, em Barra do Piraí
Fazenda São João da Barra, em Paty do Alferes
Viagem cultural
e gastronômica
Turismo de inverno não é só na Serra Gaúcha ou em
Campos do Jordão. O interior fluminense também tem
comidinhas típicas e variada programação cultural.
Por Ana Redig
P
ara quem gosta de curtir um friozinho mas procura algo diferente dos
destinos turísticos convencionais
desta época do ano, uma boa dica é o Festival Vale do Café, que chega à sua sétima
edição. Até o próximo dia 26, a região do
Vale do Paraíba, no interior fluminense,
vai mostrar o melhor da cultura e da gastronomia do interior.
Nas 13 cidades participantes haverá
cursos, palestras, manifestações popula24
res, shows e concertos em igrejas, casarões, praças e fazendas históricas, algumas
só abertas à visitação durante o festival.
Os turistas ainda poderão degustar o verdadeiro sabor da comida do interior nos
restaurantes dessas cidades.
A Fazenda São João da Barra, em Paty
do Alferes, é imperdível. Construída em
1830, foi recentemente restaurada e tem
uma das mais completas exposições de
gravuras e documentos originais do século XIX. Em Barra do Piraí, destaque para
a Fazenda Taquara, com quase dois sécu-
importante fazendeira do Século XIX, falecida em 1930.
Localizada num belo sobrado construído em 1949 na Praça Barão de Campo
Belo, a Casa de Cultura Tancredo Neves,
aberta ao público em 1990, tem em seu
acervo fotografias de algumas das mais belas fazendas da região e um quadro genealógico dos barões do café. No lado oposto
da praça fica o Memorial Judaico de Vassouras, cujos jardins foram projetados por
Burle Marx e que no início dos anos 90
restaurou suas antigas lápides.
Serão oferecidos cerca de 15 oficinas e
cursos gratuitos de canto e de instrumentos musicais, além de palestras, debates e
degustações. O ideal é reservar hospedagem, escolher e agendar as visitas e os concertos previamente, pois há grupos limitados e a procura tem sido grande.
Fotos: Divulgação
los de história. A família do Comendador
João Pereira da Silva mantém a sede perfeitamente conservada, preservando, inclusive, móveis, documentos e retratos
originais.
Os admiradores de uma boa cachaça
não podem deixar de visitar a Fazenda do
Anil, na divisa de Vassouras com Miguel
Pereira, onde é produzida uma das mais famosas e prestigiadas do país – a Magnífica. Os adeptos da cerveja podem tomar
uma “gelada” no Bar Brasil, também em
Vassouras, em frente à Praça Barão de
Campo Belo, onde ninguém menos do
que o maestro Heitor Villa-Lobos costumava jogar sinuca. Para os amantes da natureza, uma boa ideia é cavalgar no circuito
organizado pela Fazenda Galo Vermelho,
cercado pelo verde da Mata Atlântica.
Vale a pena reservar um dia inteiro para caminhar por Vassouras e conhecer,
por exemplo, o Museu Chácara da Hera.
O casarão, que começou a ser construído
em 1820 e pertenceu ao Barão de Itambé,
foi residência de Eufrásia Teixeira Leite,
Casa de Cultura Tancredo Neves (acima)
e Fazenda Galo Vermelho, em Vassouras
Festival Vale do Café
De 17 a 26/7 em 13 cidades do Vale do
Paraíba. Os ingressos para os concertos
(de sexta a domingo, às 11 e às 16h)
custam R$ 70. Programação completa em
www.festivalvaledocafe.com
25
graves&agudos
Por Akemi Nitahara
O
melhor que há no samba de raiz,
aquele de raiz mesmo. Pode ser o
samba carioca de Candeia, Cartola, João Nogueira, Paulinho da Viola,
Nelson Cavaquinho, Noel Rosa e Dona
Ivone Lara. Também pode ser o paulista,
de Adoniran Barbosa, o pernambucano,
de Bezerra da Silva, o mineiro, de Ataulfo
Alves, e – por que não? – o de jovens e talentosos compositores brasilienses.
Essa é a proposta do Adora-Roda, projeto musical desenvolvido pelos músicos
Breno Alves (voz e pandeiro), Kadu Nascimento (voz e tantan), Tito Silva (voz e cavaco), Vinícius Silva (voz e banjo), Guto
Martins (percussão), Dinho Braga (surdo), Marcus Vinícius (violão de 7 cordas),
Bruno Patrício (sax) e quem mais aparecer
para dar uma “canja”.
O projeto começou em 2007, com
quatro edições da típica roda de samba no Arena Futebol Clube. Naquele mesmo ano, em junho,
transferiu-se para o Bar do
Calaf e lá está até hoje, todas as terça-feiras. O produtor Marcelo Barki explica que a idéia é fazer
uma releitura do samba
tradicional dos mestres
acima citados, além de
abrir espaço para artistas locais. “É um trabalho sério no sentido de
resgatar o autêntico samba de raiz, que quase não
tem vez em Brasília. O
que mais temos visto hoje em dia são os grupos
de pagode”.
Segundo o vocalista Breno Alves, o Adora-Roda
26
foi buscar os primórdios do samba, de
Donga, Pixinguinha, João da Baiana. “A
roda de samba é sempre muito animada e
a receptividade do público é ótima”. Recentemente o grupo apresentou o show
Damas do samba, tendo como convidadas
especiais grandes cantoras da cidade – Teresa Lopes, Elen Oléria, Cris Maciel, Kiki
Oliveira, Renata Jambeiro e Cris Pereira.
Os músicos do Adora-Roda têm entre
23 e 33 anos e muitos estudaram na Escola de Choro Raphael Rabelo. Marcelo
Barki diz que a intenção é mostrar que a
cidade também passou a ter um movimento forte de samba, atraindo inclusive
músicos que começaram no choro.
O jornalista e poeta Luis Turiba atesta
a qualidade do grupo: “Os meninos são os
que fazem mais pesquisa, são os mais dedi-
cados aos sambas antigos”. Ele convidou o
Adora-Roda para participar de seu novo
projeto, o livro Turisambas, que virá com
um CD encartado contendo dez composições de músicos brasilienses com letras de
sua autoria. O projeto está em fase de produção e deve ser lançado ainda este ano.
Os jovens brasilienses também já subiram ao palco com o carioca Almir Guineto, do Fundo de Quintal, participaram
do Festival Ataulfo Alves em Mirai, cidade natal do compositor, tocaram no Clube do Choro e abriram o recente show de
Zeca Pagodinho na AABB.
Adora-Roda
Todas as terças-feiras, a partir das 21h,
no Bar do Calaf (Setor Bancário Sul –
Quadra 2). Couvert: R$ 10.
Diego Bresani
O velho
e o novo
Adora-Roda resgata
sambas clássicos e
abre espaço para
nova geração de
compositores
queespetáculo
Simplesmente Clarice
“Sou tão misteriosa que não me entendo”, disse uma vez a escritora ucraniana naturalizada brasileira Clarice Lispector (1920/1977). Com esse mistério a
atriz Beth Goulart se identificou e começou, dois anos atrás, a mergulhar no mundo da escritora que redimensionou a literatura brasileira “falando do indizível com
a delicadeza da música”.
O mergulho da atriz se transformou
na peça Simplesmente eu, em cartaz no
CCBB, não sem antes seguir à risca um
conselho de Clarice: “Que ninguém se
engane, só se consegue a simplicidade
através de muito trabalho”.
Para fazer o roteiro da peça, Beth leu
tudo o que podia da obra de Clarice e fez
dois workshops com a psicanalista Daisy
Justus, especialista em analisar sua obra
sob a ótica da psicanálise. “Vi e ouvi tudo
o que podia sobre ela, suas entrevistas, fotos, o depoimento no Museu da Imagem
e do Som, a última entrevista à TV Cultura, enfim, me tornei uma esponja de tudo
o que se referia a ela”, explica a atriz.
O olhar apaixonado de Beth escolheu
percorrer a obra da escritora para poder
recontá-la. “Construí um corpo narrativo
Fabian
Beth Goulart revive a autora de
A hora da estrela no palco do CCBB
com trechos de entrevistas, depoimentos
e correspondências que preparam os personagens que irão se apresentar ao público como desdobramentos dela mesma”,
conta Beth, para depois acrescentar: “Os
temas abordados são reflexões sobre criação, vida e morte, Deus, cotidiano, palavra, silêncio, solidão, arte, loucura, amor,
inspiração, aceitação e entendimento”.
O que levou a atriz a viver a escritora
no teatro foi o mistério do espelho, a identificação que sente por ela, além da vontade
de trazer mais luz sobre a mulher que usava a escrita como revelação, buscando o
som do silêncio ou fotografar o perfume.
“A arte é o vazio que a gente entendeu”, disse Clarice. E Beth pretende, com
sua delicada peça, “atingir o vazio de mim
mesma para refletir a profundidade desta
mulher que conhece o segredo das palavras e suas dimensões”.
Na peça Simplesmente eu, a atriz seguiu
outro conselho da escritora: “Renda-se como eu me rendi. Mergulhe no que você
não conhece como eu mergulhei. Não se
preocupe em entender, viver ultrapassa
qualquer entendimento”.
Simplesmente eu
De 16/7 a 2/8, de quinta a sábado, às 21h,
e domingo, às 20h. Ingressos a R$ 15 e
R$ 7,50. Sexta-feira, dia 31, apresentação
gratuita às 14h, seguida de bate-papo
com a atriz e roteirista. Mais informações:
3310.7420.
27
cartadaeuropa
Já vi
esse filme antes
A overdose de mídias, do videogame ao reality show, está
provocando a “exaustão de narrativa”, uma inundação de
histórias que se encaixam em certos padrões e se repetem
Por Silio Boccanera, de Londres
M
uitos fãs de cinema de uma
geração jovem (menos de 40)
reagem com indiferença a filmes que abalaram os mais velhos pela
maneira incomum de apresentar as histórias. Nem poderia ser diferente, claro, pois os mais novos se formaram
sob outras influências culturais, quando as revoluções do cinema dos anos
50 e 60 já tinham sido absorvidas e tornadas rotineiras.
Assim, os espectadores menos veteranos com frequência nem entendem
porque os mais velhos fazem tanto alarde em torno de trechos dos filmes de
Jean-Luc Godard que surpreenderam
na época do lançamento original, como
a cena em que o personagem de Jean
Paul Belmondo, em Acossado (1959),
vira para a câmera e diz alguma coisa
para o espectador. Não se fazia isso no
cinema antes. Como não se editavam
28
os filmes de forma tão desordenada –
de propósito.
Pouco espanta a turma jovem, tampouco, a intromissão regular de sonhos
nas narrativas de filmes, como nos surpreendia o diretor espanhol Luiz
Buñuel, sem nos dar sinais claros – ao
estilo do tradicional cinema americano
– para separar a parte da narrativa básica do filme do que era delírio de alguém. Tudo vinha misturado, como os
sonhos e a suposta vida real de Catherine Deneuve em A bela da tarde (1967).
Pensei nisso há poucos semanas,
quando fui entrevistar para a televisão
um dos mais conceituados roteiristas
de cinema do último meio século, o
francês Jean-Claude Carrière, que escreveu (e ainda o faz) para grandes diretores, incluindo Godard e Buñuel. Perguntei-lhe logo sobre a preparação de
roteiros para o espectador de cinema
hoje, influenciado visualmente pela internet e pelo telefone celular, com video­
­­
clipes,
YouTube e imagens instantâneas que despencam em telas de computador ou telefone, vindas do mundo inteiro, como se fossem mísseis disparados a esmo, para atingir quem quiser
chamá-los.
– Precisamos levar isso em conta –
respondeu Carrière. – O espectador de
hoje tem não só um grau de informação diferente, mas uma maneira nova
de interpretar as imagens e a narrativa
que colocamos diante dele na tela.
Por coincidência, poucos dias depois da conversa com Carrière (leia em
http://especiais.globonews.globo.com/
milenio/), li uma publicação nova do
roteirista americano Paul Schrader (Taxi driver, Touro indomável, A última tentação de Cristo, entre outros), que veio a
Londres dar um curso de como escrever para cinema. Schrader vai mais longe que Carrière e reclama que a proliferação de mídias, do videogame ao reality show (como o Big Brother), está pro-
As tentativas de superar esse dilema
incluem supostas “contranarrativas”,
diz Schrader, que lista como exemplo
videogames, minidramas em telefones
celulares, reality shows e documentários. Segundo ele, programas como Big
Brother apenas aparentam ser espontâneos e desprovidos de roteiros, quando
na verdade já têm uma trama previsível. Já os documentários, que sempre
foram os primos pobres do cinema comercial, têm se expandido em número
e audiência porque oferecem uma saída
mais atraente para quem busca narrativas além do previsível.
Schrader nota que roteiristas pagam
o preço por seu sucesso em saturar o
mercado com histórias, provocando a
exaustão que ele denuncia agora como
apenas uma das muitas crises que afetam o cinema contemporâneo, cada dia
exalando uma sensação de coisa velha.
“Não sei qual será o futuro do entretenimento audiovisual, mas não acho
que será o que chamávamos de cinema,
com imagens projetadas para espectadores numa sala escura. O entretenimento audiovisual está mudando e a
narrativa vai mudar junto” – conclui o
cineasta.
A bela da tarde
Fotos: Divulgação
vocando o que ele chama de “exaustão
de narrativa”, uma inundação de histórias que se encaixam em certos padrões
e se repetem.
Ele esclarece que esse fenômeno vai
além da lista básica de temas que diversos autores apontaram em diferentes
épocas como recorrentes. Alguns sustentam que só existem sete tipos, outros listam 20 ou 36. O escritor inglês
Rudyard Kipling foi mais generoso e
disse que existem 69 tramas básicas,
misturadas e repetidas com ligeiras variações.
Schrader compara o que uma pessoa de 30 anos hoje já assistiu de narrativas audiovisuais com o que seu pai
e avô tiveram oportunidade de ver na
mesma idade, em suas respectivas
épocas. Cálculo dele: 2.500 horas para o avô, 10 mil horas para o pai e 35
mil horas que o espectador contemporâneo passou vendo filmes, shows
de tevê, desenhos animados, video
streams, clipes do YouTube. “Hora
após hora, dia após dia, ano após
ano”, comenta Schrader. “É muita
narrativa. É exaustivo.”
Fica cada vez mais difícil satisfazer
as expectativas do espectador, diz o roteirista americano, porque quase todo
assunto possível já foi não apenas tratado, mas exaustivamente tratado. São
tramas longas e curtas, cobrindo comédias de adolescentes, novelas, histórias
de amor, dramas históricos, mistérios,
terror, pornografia, programas inte­
lectuais. “Quantas horas de trama ligada a assassinatos em série o espectador
médio já não assistiu? Cinquenta?
Cem? Ele já viu as tramas básicas, as
permutações delas, as imitações das
permutações e as permutações das imitações. Idem para outros gêneros”.
Schrader pergunta se a proliferação
de novas mídias significa que ficou mais
difícil ser original hoje do que há 50
anos. E ele mesmo responde: “Sim, os
espectadores de hoje vivem numa biosfera de narrativa multimídia 24 horas
ao dia. Quem se dirige a eles compete
com outras narrativas simultâneas. O
mercado atribui um preço extra a qualquer coisa nova ou fresca, mas, ao mesmo tempo, inunda o espectador com
narrativas contínuas e concorrentes”.
Taxi driver
29
luzcâmeraação
A ficção em
busca do real
Batismo de sangue
Mostra no CCBB vai exibir filmes nacionais sobre
acontecimentos que calaram fundo na alma popular
Por Sérgio Moriconi
C
om filmes compreendidos num
período que vai dos anos 50 até
os dias de hoje, a mostra Baseado
em caso real, no CCBB a partir do dia 21,
possibilita compreender a realidade brasileira das últimas seis décadas, ao mesmo
tempo em que dá ao espectador a oportunidade de ver como o cinema nacional se
apropriou dessa mesma realidade em diferentes circunstâncias históricas. A programação inclui clássicos inquestionáveis do
cinema novo brasileiro dos anos 60, como Assalto ao trem pagador (1962), de Roberto Farias, e o muito raro O caso dos irmãos Naves (1967), de Luís Sérgio Person,
assim como uma obra-prima do chamado
“cinema marginal”, O bandido da luz vermelha (1968), de Rogério Sganzerla, além
de obras muito mais recentes e de grande
apelo popular, casos de O que é isso companheiro (1997), de Bruno Barreto, e Ônibus
174 (2002), de José Padilha.
Assim como as verdades são historica30
mente determinadas, as representações
que os filmes fazem da realidade também
são condicionadas pelo contexto a que estão submetidas. Baseado em caso real é
uma ótima oportunidade para compreender como o Brasil era lido através do seu
cinema. No seu conjunto, os filmes programados produzem um verdadeiro painel sociológico do país. Na politizadíssima época do Cinema Novo, por exemplo,
os fatos reais muitas vezes serviam de pretexto para um segundo discurso, em que o
diretor aproveitava para fazer críticas veladas ao governo militar que se instalara por
aqui após o golpe de 1964. Para bom entendedor, meia palavra bastava. Nesse aspecto, O caso dos irmãos Naves não deixa
de ser um ótimo exemplo. O diretor Luís
Sérgio Person se utiliza de uma notícia de
jornal sobre um erro judiciário dos anos
30, em plena ditadura de Getúlio Vargas,
para fazer uma analogia com as injustiças,
as iniquidades e a ilegitimidade do Estado
brasileiro de sua época.
O episódio envolvendo o irmão Na-
ves de Minas Gerais havia chocado brutalmente a opinião pública dos anos 30, especialmente porque tinha sido ela própria, a opinião pública, a primeira a condenar os Naves pelo assassinato de um
dos sócios do negócio deles. Como o indivíduo havia desaparecido levando uma
quantidade significativa de dinheiro, julgava-se que os dois irmãos o tinham caçado e morto, à moda de um faroeste caboclo. Capturados pelas autoridades, os Naves sofreram todo tipo de tortura e humilhação, apesar de nem cadáver nem dinheiro jamais terem sido encontrados. O
desfecho dos acontecimentos seria impressionante, mas a intenção do realizador foi apenas denunciar a arbitrariedade
do poder constituído (leia-se, os militares)
e a pusilanimidade dos indivíduos face às
ignomínias das autoridades.
Outros filmes da época do Cinema
Novo presentes na mostra, O bandido da
luz vermelha e o ultra-raro Cidade ameaçada, de Roberto Farias, se valem das situações reais para denunciar a marginalidade
Fotos: Divulgação
como fruto das injustiças de classe no Brasil, assim como a manipulação sensacionalista da imprensa, casos de Assalto ao
trem pagador e de Mineirinho vivo ou morto
(1967), de Aurélio Teixeira. As três obras
têm grande apelo popular e se valem muito dos códigos do cinema policial para cativar as plateias, ainda que O bandido da
luz vermelha seja um tanto quanto experimental e lance mão de procedimentos
bastante complexos de linguagem. De
qualquer maneira, é inegável que todos os
realizadores de filmes baseados em fatos
de grande impacto junto à população sabem do seu enorme potencial comercial.
Obras do período da Embrafilme (a empresa estatal responsável pela produção e
distribuição de filmes nos anos 70 e 80,
que queria ver implantada uma base industrial para o cinema brasileiro) passaram a explorar o filão de forma sistemática. O caso Cláudia (1979), de Miguel Borges, e Eu matei Lúcio Flávio (1979), de Antônio Calmon, são muito característicos
dessa nova visão. Neles não há segundas
intenções, apenas o desejo de se comunicar com o público.
Nisso eles não eram diferentes dos
pioneiros do cinema brasileiro. Já nos primeiros anos do século XX, a arte cinematográfica engatinhava quando produtores
do Rio de Janeiro e de São Paulo passaram a explorar o gênero policial a partir
de fatos retirados de notícias publicadas
em jornais populares. Um desses fatos,
em 1906, retratava o estrangulamento
misterioso de dois indivíduos, Paulino e
Carluccio Fuoco. Alguns detalhes são deliciosos: a polícia carioca fotografa a retina
de um dos cadáveres “para ver se nelas encontrava o retrato do assassino”. O episódio, retratado na forma de documentário,
obtém sucesso completamente inesperado, a ponto de, logo depois, no mesmo
ano, ser ficcionado. Os estranguladores, a
versão “posada” com atores, viria a se
transformar no primeiro grande sucesso
do cinema brasileiro.
O filão estava aberto. Em 1908, A mala
sinistra dramatiza o assassinato em São
Paulo do comerciante de calçados Elias
Faraht por um dos seus ajudantes. Teria
sido um crime de amor, já que o ajudante
– como nos conta Fernão Ramos, em História do cinema brasileiro – teria se apaixonado pela mulher de Elias. No mesmo
ano, apareceria uma nova versão para o cinema do mesmo caso, O crime da mala,
que obteria também grande êxito junto ao
público. Obras contemporâneas, produzidas num contexto ideológico mais desarmado do que o dos anos 60, portanto
mais próximo dos tempos pioneiros da
primeira época de nosso cinema, oscilam
entre intenções as mais diversas. Batismo
de sangue (2007), de Helvécio Ratton, Hércules 56 (2006), de Silvio Da-Rim, e Serras
da desordem (2006), de Andrea Tonacci,
querem, sobretudo, resgatar episódios da
história para que eles nos sirvam de lição
no presente.
Baseado em caso real
De 21/7 a 2/8 no CCBB. Sessões às 15h30,
18h30 e 20h30. Ingressos a R$ 4 e R$ 2.
Mais informações: www.bb.com.br/cultura
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luzcâmeraação
Altos
e baixos
Desejo e perigo faz
reconstituição de
época primorosa mas
se perde no roteiro e
no fraco desempenho
dos principais atores
Por Reynaldo Domingos Ferreira
N
a variedade de temas que aborda
em seus filmes, o taiwanês Ang
Lee explicita a compreensão de
que a paixão é a força da natureza mais desestabilizadora na vida das pessoas, como
acontece, uma vez mais, em Desejo e perigo, ambientado na China ocupada pelos
japoneses durante a II Guerra Mundial.
Ganhadora do Leão de Ouro do Festival
de Veneza, a película, primorosa na reconstituição de época e na valorização de
detalhes cênicos, à semelhança de Razão e
sensibilidade, se baseia também numa obra
literária, o conto Se, jie (Sedução, corrupção), de Eileen Chang.
Grande admirador da estética do cinema americano, Lee se inspira desta vez em
Hitchcock (Interlúdio e suspeita), para narrar a história de jovens estudantes da Universidade de Hong Kong que, desprezando
sua dedicação ao teatro amador, partem para tramar a morte do sr. Yee (Tony Leung),
chefe de polícia chinesa em Shangai, colaborador das forças japonesas. Wong Jiazhi
(Tang Wei), que se sente atraída, porém
não correspondida, por um dos líderes do
grupo, Kuang Yu Min (Wang Lee-Hom), é
por ele próprio escolhida para, sob o nome
de Mai Tai Tai, se aproximar da família do
sr. Yee a fim de seduzi-lo e levá-lo à morte
numa emboscada.
32
A restrição que se faz a esse trabalho
de Lee se relaciona, primeiro, com o roteiro. A narrativa, como foi estruturada, sob
a ótica de Wong, prejudica a dramaturgia,
que não abrange a reação social ao amor
proibido do sr. Yee por Mai Tai Tai. Assim, o conflito contra as convenções sociais, que caracteriza outros filmes dele,
nesse praticamente não existe. Sob esse
aspecto, a sra. Yee (Joan Chen), que introduz Mai Tai Tai em sua casa pensando ser
ela esposa de um mercador de produtos
contrabandeados de Hong Kong, tem figuração dúbia, pois, por incrível que pareça, como mulher traída, de nada suspeita.
Tudo lhe passa em brancas nuvens. E,
por outro lado, se a linguagem é, desde o
começo, de ordem subjetiva, a cena final,
de natureza objetiva, perde, em termos
técnicos, qualquer sentido. Muito embora
tenha sido enxertada pelos roteiristas para
levar o espectador à compreensão do sofrimento do sr. Yee ante o desenlace de seu
caso amoroso.
Outra restrição diz respeito ao desempenho dos atores, principalmente dos
dois protagonistas, Tony Leung e Tang
Wei, deixados por Lee um tanto à solta.
Apesar de colaborarem muito para o efeito plástico das cenas de relacionamento
amoroso, captadas de forma magistral pelas lentes de Rodrigo Prieto, eles não convencem plenamente em suas interpreta-
ções. Tony Leung, de boa estampa, mas
de limitados recursos, não faz outra coisa
senão repetir suas atuações anteriores em
O amante, de Jean-Jacques Annaud, e
Amor à flor da pele, de Wong Kar Wai. Nada de peculiar ele acrescenta para personificar o sr. Yee. Tang Wei é bonita e elegante principalmente nas cenas em que tira proveito do uso do chapéu para impor
o estilo, segundo o intuito de Lee, de Ingrid Bergman, em Interlúdio ou em Casablanca. Mas também, afora isso, deixa a
personagem no limbo.
À exceção de Joan Chen, atriz veterana de fama internacional que praticamente nada tem a fazer no filme, os demais
atores são inexpressivos. Wang Lee-Home perde boa oportunidade numa sequên­
cia importante por não saber transmitir a
reação interior adequada, quando Kuang
Yu Min, sentindo-se preocupado com o
que poderia acontecer a Wong em sua
missão, tenta dela se aproximar afetivamente. Mas, de pronto, Wong o rechaça,
afirmando-lhe que nenhum sentimento
existia mais entre eles.
Desejo e perigo (Se, jie)
China/ 2007, 157 min. Direção: Ang Lee.
Roteiro: Eileen Chang, James Schamus e
Hui-Ling Wang, baseado no conto Se, jie, da
primeira. Com Tony Leung, Tang Wei, WangLee Home, Joan Chen, Chu, Chih-yng, Kao
Ying-hsien e Chun Hua Tou.
Divulgação
A arte imita a vida
O
argumento de Trama internacional, de Tom Tykwer, tem algo a
ver com a difícil conjuntura atual
na medida em que expõe, em termos ficcionais, na linguagem de um thriller, como as instituições financeiras são capazes
de exercer enorme influência sobre a política, a economia e a vida das pessoas.
O roteiro, do estreante Eric Warren
Singer, é inspirado no escândalo do Banco
de Crédito e Comércio Internacional (BCCI), criado no Paquistão, na década de 70,
que se tornou o maior operador internacional de lavagem de dinheiro e de investimentos predatórios, como o do recente caso Madoff. Além disso, administrou lucrativo esquema de tráfico de armas e de apoio
ao terrorismo de todas as colorações.
Os protagonistas da película são o
agente da Interpol Louis Salinger (Clive
Owen) e a assistente da promotoria de
Manhattan Eleonor Whitman (Naomi
Watts), que se dedicam a obter provas incriminadoras contra uma poderosa organização bancária, a IBBC, sediada em
Luxemburgo.
Ao ler o roteiro, Tykwer (Corra, Lola,
corra) identificou nele condições propícias
para realizar um filme como O ultimato
Bourne, o que fica evidente pela linha que
impôs à direção, semelhante à de Paul
Greengrass, especialmente nas longas e
bem feitas sequências de rua em que personagens de ficção se misturam com figuras reais, os transeuntes.
Salinger e Eleonor, por se conscientizarem de que uma série de assassínios
ocorridos em Berlim, Milão (este contra
um candidato a primeiro ministro da Itália) e Nova York foi perpetrada a mando
da IBBC, que sabia tudo sobre a vida de
suas vítimas, armam um esquema para
tentar desbaratar a trama e evitar que outros crimes aconteçam.
Na perseguição aos criminosos, que
em Nova York tem como cenário o interior do Museu Gugenheim, Tykwer realiza, graças à precisão das tomadas do fotógrafo Frank Griebe, o melhor e o mais
bem inspirado momento do filme. A sequência se inicia quando Salinger encontra numa rua o assassino contratado pela
IBBC (Brian F. O´Byrne) e, de repente,
uma pista promissora, por ele seguida, se
transforma em virada significativa no caso
que investiga.
O elenco reunido por Tykwer é muito
bom, mas falta sintonia entre o trabalho
de Owen e o de Naomi Watts. No caso de
Owen, ele transmite a complexidade da
personagem, Salinger, um indivíduo solitário, duro, imbuído de um senso moral
rigoroso, que o torna obcecado e impetuoso no exercício da profissão. Mas não faria mal à sua composição dar à personagem uma nuance de herói de filme de
aventura, como de fato ela o é.
Watts se mostra à deriva, ou melhor,
indecisa na sua composição da promotora
Eleonor, pois não dá noção de ser ela a
chefe da operação, a quem Salinger é subordinado e de quem ele espera apenas
apoio para o seu trabalho, pelo que se deduz. A atriz retrata mais uma mulher sensível, insegura, que usa a profissão para
superar suas frustrações na vida conjugal.
Mas que, apesar disso, não consegue
atrair para si a atenção de Salinger.
O excelente ator dinamarquês Ulrich
Thomsen interpreta Jonas Skarssen, presidente da IBBC, frio, metódico, que pauta suas ações pelos calculados lances do
jogo de xadrez. Thomsen sabe compor
sua personagem dentro do rigorismo
técni­co de observância de suas características, mas não descura de lhe dar também o
aspecto de vilão de uma história de suspense. Da mesma forma, Armin MuellerStahl envolve a personagem de Wilhelm
Wexter, um dos confidentes de Skarssen,
ex-agente de espionagem da Stasi da Alemanha Oriental, numa aura de mistério
que só vai se esclarecendo aos poucos.
E, como ocorreu em todos os seus filmes anteriores, Tykwer se encarregou
também da trilha sonora, que, feita em
parceria com os compositores Johnny Klimek e Reinhold Heil, sublinha a narrativa
com canções de Eric Clapton e composições de Johann Sebastian Bach. (R.D.F.)
Trama internacional (The international)
EUA/Reino Unido/2009, 118 min. Direção:
Tom Tykwer. Roteiro: Eric Warren Singer.
Com Clive Owen, Naomi Watts, Ulrich
Thomsen, Armin Mueller-Stahl e Brian
F. O´Byrne.
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luzcâmeraação
Inquietações
adolescentes
Por Reynaldo Domingos Ferreira
A
cineasta francesa Sylvie Verheyde
mostra, em Stella, narrando episódios de sua própria vida, que nada
é melhor do que a literatura e a música para dar a uma adolescente criada em condições adversas um sentido mais promissor
para sua existência. Autora também do roteiro, Verheyde reconstitui o ambiente de
degradação familiar em que vive Stella Vlaminck (Lóra Barbara), nos anos de 1970,
num bairro periférico de Paris. Aos 11
anos, ela tem oportunidade de iniciar o
curso secundário num prestigioso colégio
francês. É a sua chance. Mas ela também
não sabe como tirar proveito disso.
O argumento se assemelha ao de
A culpa é do Fidel, mas sem a conotação
política da película de Julie Gavras. Stella
não nasceu, como Anne de La Mesa, a
protagonista de Gavras, no meio de uma
família tradicional, de costumes refinados
e de orientação católica, embora os pais
sejam ativistas políticos de esquerda. Ao
contrário, os pais de Stella – Serge (Benjamin Biolay) e Roselyne (Karole Rocher) –
são de pouca instrução, donos de um bar,
frequentado por pessoas desajustadas,
sem perspectivas na vida, que se entregam
desbragadamente ao jogo e à bebida.
A família de Stella, que tem um irmão,
Loïc (Johan Lebéreau), habita um cubícu34
lo na sobreloja, de onde se ouve todo o
ruí­do produzido pelas noitadas de danças
no bar, nos finais de semana, que não deixam Stella dormir e muito menos estudar.
Seu aproveitamento escolar é, à causa disso, o pior possível. A menina elege como
amigo um dos boêmios, Alain-Bernard
(Gillaume Depardieu), jovem desiludido
que bebe e fuma a todo o tempo, com
quem joga cartas. Para ela, ele é um anjo.
E quando sai de férias vai para a casa da
avó paterna, numa localidade pobre, isolada, onde faz amizade com outra menina,
Geneviève (Laetitia Guerard), também
problemática, com quem joga futebol.
A vida de Stella começa a mudar quando, na escola, ela se aproxima de uma colega, Gladys (Melissa Rodrigues), a primeira da classe, de família de intelectuais
judeus argentinos, de classe média, que a
induz a gostar de literatura e de música.
Assim, aos poucos, participando de brincadeiras dançantes com garotos de sua
idade na casa da amiga e lendo obras de
Balzac, de Cocteau e de Marguerite Duras, seu progresso no aprendizado se torna visível aos professores. Esses, diferentemente daquele estouvado professor François Marin, do premiado Entre os muros
da escola, de Laurent Cantet, não desestimulam os alunos a ler obras importantes
da literatura francesa. Ao contrário, têm
outra visão do que é o ensino e um diver-
so comportamento também dentro da sala de aula.
A linguagem de Verheyde é simples,
isto é, despojada de ornamentos e de pouca emoção, mas firme e objetiva, deixando
o espectador a todo o tempo na expectativa
de que algo mais dramático possa vir a
ocorrer com Stella ou com alguns de seus
entes mais próximos. A interpretação de
Lóra Barbara é o grande trunfo do filme.
Trabalhando principalmente com a expressividade do olhar, ela cria uma personagem que, já perdendo a inocência da
criança, seduz por sua capacidade de observar o mundo que a cerca e tirar dele, como adolescente, suas próprias conclusões.
Embora todo o elenco seja merecedor
de atenção, vale a pena destacar as atuações do cantor e compositor Benjamin
Biolay, surpreendendo no papel de Serge,
pai de Stella, indicado ao César de melhor
ator coadjuvante do ano, e de Gillaume
Depardieu, como Alain Bernard, numa
de suas últimas criações, pois morreu, aos
37 anos, de pneumonia, um mês antes da
estreia do filme na França.
Stella
França / 2008, 103 min. Roteiro e direção:
Sylvie Verheyde. Com Lóra Barbara,
Benjamin Biolay, Karole Rocher, Gillaume
Depardieu, Melissa Rodrigues, Jeannick
Graveline, Laetitia Guerard, Johan Libéreau
e Christophe Bourseiller.
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R$ 5,90 - Roteiro Brasília