Trabalhando com pais
(Orientação e treinamento)
Rita Amorim
Psicóloga
Neuropsicóloga
8363-3210
Stanley G. P. Hall, em 1888, fundou a primeira instituição
destinada ao estudo do desenvolvimento
infantil e em específico à educação de pais, estabelecendo nova
perspectiva sobre o cuidado aos filhos.
Na segunda metade do século XX surgiu a
necessidade de os pais adotarem postura democrática
na educação de seus filhos, baseada no respeito mútuo, no
reconhecimento dos sentimentos da criança e no
favorecimento do autoconhecimento.
O papel dos pais foi considerado vital para o adequado
desenvolvimento
dos filhos, na perspectiva denominada abordagem
ecológica do desenvolvimento.
Hoje - Treinamento a pais
Objetivos incluem:
 Melhorar a competência e habilidades parentais para
lidar com os problemas do comportamento infantil;
 Aumentar o conhecimento parental sobre as causas
do comportamento infantil inadequado, os princípios
que estão submetidos ao aprendizado social deste
comportamento;
 Melhorar aceitação pela criança das ordens e regras
dadas pelos pais.
A orientação a pais busca assim intervir no contexto
familiar, investigando quais reforçadores contribuem na
manutenção do comportamento desadaptativo da
criança e alterando o padrão de relação entre os pais e
filhos, de modo que seja reforçado e apoiado
diretamente o comportamento pró-social em vez de
comportamentos coercitivos
(Kazdin, 1988 apud Caballo, 2007).
O treinamento de pais é empregado principalmente
no tratamento de crianças que mostram problemas de
comportamento manifestos, como birras, agressões, ou
ainda desobediência excessiva, porém
antes de alterar os comportamentos da criança,
é importante compreender os fatores causais desses
comportamentos, como:
 As características da criança
 Os estressores ambientais
 As características dos pais
 As consequências situacionais
Aprendizagem
ocorre não pelo reforço direto, mas por
meio de modelos, observando o
comportamento de outras pessoas e nele
fundamentando os próprios padrões.
O que se vê na mídia ou na vida
real determina o nosso comportamento; (Schultz &
Schulyz, 2005)
Pais, parentes e outros agentes socializadores
devem estabelecer padrões comportamentais,
recompensando a criança e/ou adolescente por
viver a altura deles e
expressando seu desagrado quando falha.
Para modificar o ambiente de uma
criança é necessário:
que os pais se
disponibilizem a trabalhar em conjunto
com o terapeuta no mesmo
“plano de jogo”
para que a criança
receba os mesmos sinais sem confusão.
Primeira estratégia no trabalho com os pais é:
EDUCAÇÃO/Psicoeducação:
Papel do Terapeuta: assegurar-se de que eles tenham
informações básicas gerais, como conhecimento
do comportamento ao desenvolvimento e
reconhecimento dos antecedentes e das
consequências do comportamento.
A educação se dá através de discussões, leituras,
modelagem e lição de casa.
Educar clientes e pais sobre o modelo de tratamento é
um passo fundamental para desmistificar a terapia e
incentivar uma atitude colaborativa.
(A.T.Beck e col., 1979)
É necessário que os pais tenham informações básicas
gerais como:
 Conhecimento do comportamento adequado ao
desenvolvimento 
discussões, leituras e modelagem, folhetos, livros para
leitura sobre a TCC e desenvolvimento infantil
 Reconhecimento dos antecedentes e das
consequências dos comportamentos deles e de
seus filhos.
A função do terapeuta no TCC infantil é
ensinar aos pais um conjunto de habilidades
comportamentais e técnicas para ajudá-los a
modificar os comportamentos das crianças.
Fatores de riscos que aumentam o risco de as crianças
desenvolverem problemas comportamentais e
emocionais significativos (Caballo e Simón, 2007):
 Falta de uma relação afetiva e positiva com os pais,
 Apego inseguro,
 Práticas disciplinares de rigidez, inflexíveis ou
Inconsistentes;
 Inadequada supervisão e relação com os filhos;
 Conflitos e as rupturas do casamento
 Psicopatologia dos pais (especialmente depressão
 da mãe)
 Interações mal adaptadas entre os pais e as crianças.
Alguns padrões de interação familiar podem contribuir
com os problemas comportamentais desafiadores dos
filhos:
1. Baixo nível de reforço para qualquer
obediência existente 
Pais passam a negligenciar comportamento positivos
dos filhos e consideram quase que exclusivamente os
negativos
2. Comportamentos negativos  ciclo de
punição inconsistente  ameaças raivosas 
relacionamento pais e filhos deteriora-se com
insultos, afrontas e palavrões destrutivos, conflitos
interpessoal aumenta e a auto estima de todos fica
abalada 
Pais começam abdicar de seu papel parental,
desistem de acompanhar o comportamento dos filhos e
adotam atitude “seja o que Deus quiser”.
Agressão
Seja por meio de comportamentos verbais ou não-verbais, a
agressão pode ser reforçada, quando o indivíduo
consegue algo numa relação social (Fariz, Mías & Moura,
2005).
Os pais que utilizam o castigo físico como meio de interromper
o comportamento agressivo de uma criança podem reduzir a
frequência ou intensidade do mesmo, no momento em
que o castigo é imposto; no entanto, oferecem também
um modelo agressivo à criança (Bandura, Ross, & Ross, 1961
A agressão pode causar 2 efeitos colaterais:
a agressão e o contracontrole.
 O comportamento agressivo pode ser induzido por punição
 tem oportunidade de atacar quem puniu.
 Efeito é o contracontrole:
o indivíduo punido encontra uma forma de controlar quem
o puniu, este controle pode ou não envolver agressão aberta:
uma criança pode adoecer, vomitar, ficar inquieta
coagindo os pais a disponibilizarem atenção, entre outras
possibilidades.
TÉCNICAS
E
INSTRUÇÕES AOS PAIS
1. Definir problemas
Modelo ABC
(conhecimento do comportamento adequado e do
inadequado)
A = Antecedentes ou gatilhos para o comportamento
(o que vem antes);
B = significa o comportamento;
C = representa as consequências que aumentam ou
diminuem a frequência do comportamento (o que
vem depois).
ABC
A = dar uma ordem ao filho ou solicitar para repartir
alguma coisa
B = acessos de raiva (gritos, choros, chutes, palavrões,
jogar-se no chão.........)
C = a)mandar limpar o quarto, colocar de castigo
(diminui comportamento indesejável)
b) Dar risadas, ficar quietos, fingir que nada aconteceu..
(aumenta comportamento indesejável)
2. Definir comportamento desejável / esperado
Ajudar aos pais a desenvolver expectativas mais realistas
para o comportamento de seus filhos,
de acordo com seu nível de habilidades e desempenho
anterior neste sentido.
3. Utilização do Reforço + e
Reforço (-)
Para aumentar comportamentos desejáveis:
 Reforço + : Uma consequência desejada que vem
imediatamente depois de um comportamento, que
aumenta a probabilidade de que a mesma volte a se
repetir.
Alguma coisa boa é adicionada (dar mais atenção ao filho,
elogiá-lo, sorrisos abraços, tapinhas nas costas....)
 Reforço (– ): é a suspensão de uma situação negativa
pré-existente ou a evitação de uma consequência
indesejada. Trata-se de algo que se quer evitar.
Alguma coisa ruim é subtraída ou removida para
aumentar a frequência do comportamento desejado
(ex. os pais param de gritar, xingar de desleixado, preguiçoso,
etc.
 Extinção
Todo comportamento que não produz nenhuma
consequência negativa nem positiva
tende a diminuir com o tempo.
 Recompensa
(aumenta o comportamento desejado)
Elogios, abraços, um brinquedo, uma folga
ou até remover algumas coisas
que a criança tenha que cumprir
e não gosta, por exemplo tarefas domésticas
4. Manejo das Ordens
Observar o entendimento das ordens pelo filho e se
necessário, repeti-las  Modelagem e feedback corretivo
das ações;
 Atenção seletiva às posturas corporais e faciais no
momento da ordem (pais precisam emitir sinceridade com o
comando ao filho)
Ordens e autoridade
Dar comando = dar uma ordem (não fazer pedidos)
Praticar comandos é reforçar obediência,
restabelecer o funcionamento executivo
adequado aos pais 
 reafirmar sua autoridade legítima em casa sem apelar
para coação e punições.
Ordens e autoridade
 É importante os pais prestarem atenção nas ordens
que estão dando e deem apenas as que eles estão
dispostos a fazer cumprir;
 Comandos devem ser específicos com tempo para
término esperado - 1 de cada vez –
com explicações firmes, rápidas, claras e
objetivas –
e assegurar que a criança está prestando atenção e
entendimento
 Elogiar a criança por obediência espontânea diminui o
pensamento tudo-ou-nada das famílias e a visão do filho
que os pais o veem apenas em seu aspecto ruim
Evitar súplicas ao filho
(por favor parem de brigar, pelo menos por mim!)
 Dar comando específicos com tempo determinado, uma
ordem de cada vez de forma clara e objetiva e direta.
5.Treinamento de resolução do problema familiar
Afrouxar padrões rígidos 
diferenciar entre questões negociáveis e inegociáveis e
ajudar a lidar com frustrações da falta de gratificação na
maioria das exigência dos adolescentes)
Ouvir o problema do ponto de vista do outro (quando as
verdadeiras motivações aparecem, cada membro da
família beneficia-se da perspectiva mais ampla).
6. Avaliar freqüência intensidade e duração do
problema  gravidade
Seg
x
ter
quarta quinta sexta
xxxxx
xx
7h
8h
xx
9h
10h
11h
12h
13h
14h
15h
xxxx
16h
17h
18h
Mapa de frequência
sab
dom
x
x
x
xxxx
x
de Taylor
Situação-Reação-Consequência
Co mpo rtamento do
filho (Situação )
Reação dos
pais
Reação do Filho (ap
intervenção do s pais
7. HORA DE BRINCAR
Ter o tempo de brincar
Brincar com as crianças
seguindo a liderança dela
(tempo de chão).
Com adolescentes:
• Passar um tempo não-eventual  permitir que o filho
escolha coisas que aprecia  devem participar com
observações positivas, mas não fazer perguntas
• dar orientações ou fazer correções  Ser interativo, mas
não crítico
Tempo de brincar (sem controle do brinquedo):
 A criança se sente reforçada;
 O vínculo é fortalecido;
 Reforça comportamento positivo;
 Eleva autoestima;
 A criança se sente valorizada  leva à maior obediência
 Serve como oportunidade para modular resoluções de problemas
Permitir escolhas
(escolher o lugar no banco do carro, ouvir sua música preferida, a
mesa do restaurante, etc).
8. Compreender os sentimentos da criança
 Projeção de tempo
 Rastrear com o filho a raiva durante um tempo (0-10)
 Associar o nível de raiva às suas ações
 Socraticamente conduzi-lo à descoberta de que, embora a
raiva dure um tempo curto período, ele paga por suas ações
impulsivas por um tempo mais longo.
Crianças disruptivas e desafiadoras não têm empatia pelos
outros. Elas não se importam em fazer o outro sofrer.
Os pais podem mostrá-las como adquirir um senso de
como o outro se sente:
 O que ele fez?
 Como você acha que ele se sentiu?
 Como você queria que ele se sentisse
quando você o....(xingou bateu)?
 Fazer daquele jeito incomoda você?
 Se alguém o xingasse, como você se sentiria?
 O quanto nossos sentimentos são iguais e diferentes do
outro?
Depois do entendimento: O que você pode dizer a ele que
vai mostrar-lhe que o entende?,
9. Extinção /Ignorar
Inclui desviar toda atenção. Os pais não podem responder
ao comportamento, às discussões ou ao choramingo da
criança.
1º - Pais precisam ter certeza de que podem ignorar o
comportamento, considerando-o se é perigoso ou destrutivo;
2º - Devem ser capazes de ignorar a intensidade total do
comportamento e resistir a explosão de intensidade antes
que ele se acalme;
3º - Devem se preparar para “um aumento de frequência do
comportamento a ser extinto”
10. Time-out
Iniciar o processo identificando e explicando à criança os
comportamentos que querem extinguir:
A criança deve ficar numa cadeira em local da casa com o
mínimo possível de distrações e de reforçadores, até que o
comportamento seja extinto;
Deve também saber as razões do time-out e sua duração
(deve ser breve1 min por ano de idade);
Se a criança estiver gritando e/ou levantando a cadeira, o pai
deve dizer:
“Você só sairá quando estiver sentada na cadeira e quieta”;
O Time-out somente terminará quando a criança estiver
comportando-se adequadamente.
Deverá reforçar positivamente com um sorriso, dizendo
“parabéns é dessa forma que deve agir, mas sem que seja um
ganho secundário para a criança.
MODELO DE INTERVENÇÃO COM PAIS
COMPORTAMENTOS
HUMOR/ APATIA/ DESÂNIMO
PRINCIPAIS TÉCNICAS
Psicoeducação, Reforço positivo (elogios); Monitoramento do comportamento;
Role-playing; Ordens e instruções claras
ANSIEDADE/ AGITAÇÃO / EVITAÇÕES
Psicoeducação; Reforço positivo (elogios); Monitoramento do comportamento;
Role-playing; Ordens e instruções claras
DESATENÇÃO/ IMPULSIVIDADE/
Psicoeducação; Reforço positivo (elogios) Remover recompensas e privilégios
HIPERATIVIDADE
Monitoramento do comportamento; Role-playing; Modelagem; Time-out;
Controle de fichas; Ignorar comportamentos indesejáveis; Ordens e instruções
claras
DESRESPEITO
A REG R A S / AGRESSIVIDADE
Psicoeducação; Reforço positivo (elogios) Remover recompensas e privilégios;
Monitoramento do comportamento; Role-playing; Modelagem; Time-out;
Controle de fichas; Ordens e instruções claras; Ignorar comportamentos
indesejáveis
Sessões
1. Psicoeducação sobre a TCC
2. Psicoeducação sobre agressão e aprendizagem social
3. Contrato
4. Identificação de metas e objetivos:
 O que eu quero que meu filho mude?
 Como eu quero que meu filho seja?
5.Apresentação dos conceitos de reforço e punição
6.Levantamento de características positivas e negativas do filho
7. Levantamento das formas atuais de manejo dos
comportamentos-problemas e formas de reforço e punição
8. Definição de comportamentos problemas – reais
9. Debate e instruções sobre reforço e punição a partir dos
comportamentos problemas-reais dos filhos
10.Treinamento de reforço e punição a partir dos
comportamentos já listados / confrontar com a conduta já
tomada pelos pais
11. Treinamento para dar ordens e instruções
12. Role-play: ensaio de cenas de comportamentos adequados
e inadequados e de oferta de reforço/punição
13. Avaliação das modificações de manejo das mudanças
comportamentais infantis
14. Prevenção de recaída
DICAS AOS PAIS
 Dedique um tempo ao seu filho diariamente.
 Converse com ele e realize atividades esportivas ou de
lazer.
Esportes coletivos (inclusive os de luta como o judô)
auxiliam na socialização e na formação de conceitos como
respeito e disciplina.
 Explique claramente regras, instruções e as consequências
de seu comportamento (limites).
 Proponha acordos e privilégios em caso de
atitudes assertivas.
 Elogie atitudes positivas como reforçamento.
 Evite punições físicas (bater na criança reforçará
comportamentos agressivos com outros colegas na
escola, por exemplo).
 Retire privilégios em caso de maus comportamentos.
 Comunique-se com professores e coordenadores
da escola sempre que necessário.
 Realize passeios, almoços, jantares com toda a família (a
integração familiar é essencial para auxiliar no manejo
do transtorno)
 Estabeleça prioridades com o filho na resolução de
problemas;
 Reveja e recicle a reeducação dos papéis familiares;
 Controle de impulsividade dos seus próprios
comportamentos.
Seja persistente na ajuda ao filho.
 Modifique horários e ambientes de estudos.
 Acompanhe seu filho ao elaborar e utilizar o
planejamento semanal.
Acompanhe diariamente seus filhos nas tarefas escolares,
trabalhos e estudo de provas.
Atividades práticas Estudo de Caso
D - Treinamento com pais
1. Sugerir processo e técnicas de treinamento com
pais
BIBLIOGRAFIAS
Dorothy Stubbe – Psiquiatria da Infância e Adolescência –
Artmed;
Judith S. Beck – Terapia Cognitiva – Teoria e Prática –
Artmed
Mark A. Reinecke, Frank M. Dattilio, Arthur Freeman –
Terapia Cognitiva com Crianças e Adolescentes – Manual
para a prática clínica – Artmed
BIBLIOGRAFIAS
Paulo Kanapp e outros - Terapia Cognitivo-Comportamental
no Déficit de Atenção/Hiperatividade –– Artmed
Paulo Knapp & Colaboradores – Terapia
Comportamental na Prática Psiquiátrica - Artmed;
Cognitivo
Renato Maiato Caminha, Marina Gusmão Caminha –
A Prática Cognitiva na Infância –– Roca
Robert D. Friedberg, Jéssica M. McClure - A Prática Clínica
de Terapia Cognitiva com Crianças e Adolescentes ––
Artmed;
OBRIGADA
Rita Amorim
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