ENTENDENDO OS MODELOS ATÔMICOS POR MEIO DE MAPAS CONCEITUAIS: UMA EXPERIÊNCIA VIVENCIADA NO PIBID Magda Regina Schmitt1 - PUCPR Neusa Nogueira Fialho2- PUCPR Grupo de Trabalho - Didática: Teorias, Metodologias e Práticas Agência Financiadora: CAPES Resumo O presente trabalho foi baseado nas experiências vivenciadas por estudantes que fazem parte do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência-PIBID, dentro da disciplina de Química, envolvendo cinco turmas do 1° ano do Ensino Médio, em um colégio estadual de grande porte da cidade de Curitiba – PR. O objetivo desse trabalho é retratar uma maneira diferenciada de ensino e aprendizagem sobre os modelos atômicos, por meio de mapas conceituais. Optou-se pela metodologia de abordagem exploratória e descritiva, na qual relata-se as ações realizadas durante as aulas, além da importância da utilização de mapas conceituais em práticas docentes. Conclui-se, a partir desse estudo, que essa estratégia de ensino contribui para um aprendizado significativo, motivador e diferenciado. Palavras-chave: Química. Modelos Atômicos. Mapas Conceituais. PIBID. Introdução O presente trabalho foi desenvolvido tomando por base as experiências vivenciadas na disciplina de Química, durante o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID. Esse programa é muito importante para a formação de novos professores, sendo desenvolvido em escolas públicas e que contribui para troca de experiências, reflexões e discussões em grupo sobre estratégias de aprendizagem. Tem como intenção a melhoria do ensino e o incentivo à carreira do magistério. Durante a realização do Programa, os futuros 1 Graduanda em Licenciatura em Química pela PUCPR. Aluna do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência-PIBID. Técnica em Química pelo Centro Estadual de Educação Profissional de Curitiba. E-mail: [email protected] 2 Doutoranda em Educação com ênfase em Teoria e Prática Pedagógica na Formação de Professores, pela PUCPR. Professora de Química do Governo do Estado do Paraná. Pesquisadora - Grupo: Prática Pedagógica no Ensino e Aprendizagem com Tecnologias Educacionais PRAPETEC-PUCPR. E-mail: [email protected]. ISSN 2176-1396 23494 docentes têm o primeiro contato com a sala de aula e a possibilidade de desenvolver projetos diferenciados na escola. Nas palavras de Stentzler (2013, s/p): O intuito do projeto é promover a inserção dos acadêmicos no cotidiano escolar desde o início da sua formação, para que desenvolvam atividades didáticopedagógicas sob orientação de um docente da licenciatura e de um professor da escola, dessa forma o magistério é valorizado e possibilita-se a articulação entre teoria e prática necessárias à formação dos docentes, elevando a qualidade das ações acadêmicas nos cursos de licenciatura. Destaca-se ainda, que os projetos desenvolvidos pelos estudantes do PIBID podem inspirar e motivar os docentes em exercício a desenvolver ações semelhantes, bem como refletir suas práxis, além de pesquisar mais para melhorar sua prática docente. Sendo assim, esse programa pode contribuir para a formação continuada dos professores da rede estadual, “pois os professores trazem suas experiências de sala de aula, e em contraposição os membros da academia levam estudos específicos sobre tais problemas, que são refletidos e discutidos pelo grupo, o que leva a um amadurecimento de ideias” (FREIRE; MILARÉ, 2013, p. 19) e consequente reflexão que auxilia na solução de problemas enfrentados em sala de aula. Nesse contexto, o objetivo desse trabalho é retratar uma maneira diferenciada de ensino e aprendizagem sobre os modelos atômicos, por meio de mapas conceituais, a qual será relatada no decorrer do texto, com especificações sobre os resultados obtidos mediante a utilização dessa estratégia de ensino, para a aprendizagem de química. Os Modelos Atômicos através da História e sua Relevância Educacional na Disciplina de Química As discussões e estudos feitos anteriormente por estudiosos e filósofos são fundamentais para a expansão do conhecimento da química, por isso é importante conhecer o seu início, como surgiu, os cientistas que começaram a se interessar por esse estudo e as contribuições que dali surgiu para o mundo atual. É necessário, então, que seja feito uma retomada de fatos marcantes na história do conhecimento químico, o desenvolvimento de saberes e de práticas ligadas à transformação da matéria e presentes na formação das diversas civilizações que foi estimulado por necessidades humanas, como, por exemplo, o domínio do fogo (BRASIL, 2008). Os primeiros filósofos começaram a se perguntar sobre como tudo é feito, a isso chamaram de Princípio Constitutivo (BARBOSA, 2015), ou seja, todas as coisas são feitas de um princípio único. Houve o filósofo que disse que tudo era feito de água, outro dizia que era 23495 de terra, há quem dizia que era de ar e até mesmo de fogo. E houve, também, o que disse que tudo era feito a partir dos quatro elementos juntos. Os livros didáticos trazem que Demócrito (460-370 a.C.) e outros filósofos gregos antigos especulavam sobre a natureza da matéria fundamental da qual o mundo era feito. Para eles, o mundo material deveria ser constituído de partículas indivisíveis que eram chamados de átomos, o que significava indivisíveis. Segundo Brown (2005), a visão atômica da matéria enfraqueceu-se por alguns séculos, mas ressurgiu na Europa durante o século XVII quando cientistas tentavam explicar as propriedades dos gases. Uma nova teoria surgiu durante o período 1803-1807, com o trabalho de um professor inglês, John Dalton, o qual estabeleceu seus postulados que toda matéria é composta de partículas fundamentais (átomos). Esses são maciços e homogêneos. São permanentes e indivisíveis. Não podem ser criados e nem destruídos. Por estas características, seu modelo atômico ficou conhecido como “Bola de bilhar”. Em paralelo às descobertas de Dalton, eram realizados os primeiros experimentos de eletrólise, primeira indicação de que a matéria e a eletricidade deveriam estar relacionadas (RUSSEL, 1994). Os gases apresentam uma má condutividade elétrica em condições ambientes, mas à medida que a pressão de gás diminui, vão proporcionalmente conduzindo eletricidade. Sabendo disso, em 1875, William Crookes usou um tubo de descarga e fez experimentos chegando à conclusão que os raios provenientes do cátodo foram denominados de raios catódicos e estes possuem massa, além de se propagarem em linha reta (RUSSEL, 1994). Joseph John Thomson, em 1898, mostrou que as partículas em raio catódico são carregadas negativamente. Provou a afirmação mostrando que o raio pode ser desviado se passar entre placas de metais carregados opostamente em um tubo de Crookes. Essas partículas negativas eram denominadas elétrons (RUSSEL, 1994). O modelo atômico de Thomson, conforme trazem os livros didáticos, era uma esfera de carga elétrica positiva, grande e pesada incrustada por uma quantidade de elétrons menores e mais leves, o que facilitaria a remoção de elétrons do átomo. Esse modelo ficou conhecido como “Pudim de ameixas” (RUSSEL, 1994). A teoria atômica de Thompson só foi substituída após muitos anos, quando Ernest Rutherford realizou experimentos na Inglaterra, no início do século XX. O físico só conseguiu realizar este experimento pois em 1890 foi descoberto que alguns elementos são radioativos, ou seja, estes elementos radioativos eram capazes de emitir uma radiação de alta energia. Uma partícula alfa, por exemplo, carrega uma carga positiva, e este fato o ajudou com seus experimentos (BROWN, 2005). 23496 Sabendo disso, Rutherford lançou um fluxo de partículas alfa por uma pequena quantidade do elemento radioativo polônio em várias folhas finas de diversos materiais, como mica, papel e ouro. Neste experimento conseguiu observar que nem todas as partículas atravessavam as folhas em linha reta, pois algumas sofriam desvios. Com isso, começaram as especulações sobre o que causou o desvio e por que somente algumas das partículas foram desviadas. Para responder a estas perguntas, o cientista projetou um aparelho para medir o ângulo do desvio sofrido pelas partículas alfa, quando estas passavam por uma folha extremamente fina de ouro (BROWN, 2005). Com os resultados do experimento, foi possível perceber que embora muitas das partículas atravessassem a folha com pouco ou nenhum desvio, algumas, ao contrário, foram desviadas, os valores dos ângulos medidos desses desvios, variavam de valores muito próximos de zero, até valores acima de 90º, fato este que levou a novas especulações. Segundo a história, em 1911, Rutherford foi capaz de mostrar o que os resultados experimentais realmente significavam. O cientista compreendeu que o átomo era constituído de um pequeno núcleo rodeado por um grande volume no qual os elétrons estão distribuídos, o que ficou conhecido como “modelo planetário”. O núcleo carrega toda a carga positiva e a maior parte da massa do átomo, isso explica as repulsões com as partículas alfa (BROWN, 2005). O modelo atual do átomo está fundamentado no de Rutherford, que em 1914 demonstrou a existência de uma partícula que possui uma massa muito maior do que o elétron e tem a carga positiva, ao invés de negativa, o próton. Mas, embora os prótons contivessem toda a carga do núcleo, eles sozinhos não poderiam compor sua massa. Em 1932, o físico J. Chadwick resolveu o problema, ao descobrir uma partícula que possuía praticamente a mesma massa do próton, mas que não possuía carga, por ser neutro e a denominou de nêutron (o nêutron era especulado por Rutherford em 1914, mas a comprovação só veio em 1932) (BROWN, 2005). Existem falhas na teoria atômica de Rutherford, no que diz respeito aos elétrons. Os elétrons ou estão parados ou em movimento. Se essas partículas estivessem paradas, elas seriam atraídas pela carga positiva do núcleo e o átomo seria aniquilado. Por outro lado, se essas partículas estivessem em movimento, elas sofreriam uma aceleração em direção ao círculo e se não o fizessem elas seguiriam uma linha reta e se perderiam no espaço, o que ocasionaria a aniquilação do átomo também. 23497 Niels Bohr, em 1913, começou a refletir sobre o átomo. De início, admitiu que quando uma substância é aquecida e emite luz, ela assim o faz porque seus átomos absorvem energia da chama ou da descarga elétrica. Usou este estudo como base e afirmou que um elétron em um átomo não é livre para ter qualquer quantidade de energia (RUSSEL, 1994). Assim, Bohr postulou que os elétrons se encontravam na eletrosfera do átomo, que era dividida em regiões denominadas níveis de energia. Um elétron não perde e nem ganha energia de forma espontânea, mas se fornecido energia ele poderá saltar para um nível mais externo, porém o elétron tende a voltar para o seu nível, devolvendo a energia recebida em forma de luz (RUSSEL, 1994). As teorias de modelos atômicos não pararam com Bohr. Em 1926, Shrodinger e Heisenberg continuaram os estudos com a Mecânica Quântica. Esses pressupostos deixam evidente a evolução dos modelos atômicos, num percurso de investigações e experimentos que foram fundamentais para o mundo contemporâneo. Desse modo, é relevante pontuar que o processo de ensino e aprendizagem de química, especialmente no ensino médio, não deve abordar somente o uso de fórmulas, reações e equações, mas também a sua história, buscando relacionar fatos e conceitos e levando o aluno a entender os processos existentes na sociedade, para que se forme como cidadão apto a questionar e resolver problemas. Assim, de acordo como os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio - PCNEM - (2009, p. 87), o ensino de química: [...] deve possibilitar ao aluno a compreensão tanto dos processor químicos em si, quanto da construção de um conhecimento científico em estreita relação com as aplicações tecnológicas e suas implicações ambientais, sociais, políticas e econômicas. Em outras palavras, o ensino de química precisa priorizar a relevância dessa ciência no contexto social e sua importância para o ser humano, reportando-o para o cotidiano dos alunos e das pessoas de modo geral, levando em consideração sua evolução, as descobertas e os experimentos realizados ao longo da história e que se tornaram essenciais para os avanços da atualidade. Mapas Conceituais como Estratégia de Aprendizagem em Química O ensino de Química, ao longo da história, sofre influência dos paradigmas característicos de cada época e em consequência disso, novas estratégias de aprendizagens vêm sendo desenvolvidas. Uma estratégia de relevância educacional é a aprendizagem significativa de David P. Ausubel (1989), na qual destaca-se os mapas conceituais, uma 23498 criação de Josef Novak, que é vista como uma “estratégia simples e poderosa para ajudar os (as) alunos (as) a aprender e organizar o material de aprendizagem” (RIBEIRO; NUÑEZ, 2004, p. 201). Os mapas conceituais são utilizados para facilitar a aprendizagem do aluno, no sentido de levá-lo a ler, interpretar e sintetizar um texto de maneira que fique claro a seu entendimento. São estruturados de forma a relacionar uma palavra tema com conceitos relacionados a esse tema. Molina, Ontoria e Gómez (2004) apontam que o mapa conceitual pode ser visto como um modelo educativo, pois é centrado no aluno e não no professor; atende ao desenvolvimento de habilidades e não se conforma com a repetição mecânica da informação por parte do aluno; é orientado não apenas para o desenvolvimento intelectual do aluno, mas para o desenvolvimento harmônico de todas as propriedades da pessoa. Para a construção de um mapa conceitual é necessário um estudo prévio sobre o tema e uma organização de conceitos considerados importantes para que haja entendimento e uma aprendizagem significativa. É importante ressaltar que um mapa conceitual é construído através das concepções do seu construtor, ou seja, o mapa acaba se tornando único, mesmo havendo outros mapas do mesmo tema. Para Gonzalez (1992), o poder explicativo ou de generalidade é que deve ser idêntico. O mapa conceitual segue uma lógica e uma hierarquização de conceitos e ideias. Seus elementos básicos, de acordo com Ribeiro e Nuñez (2004, p. 202), são: hierarquização, que compreende o “conceito de maior abrangência e conceitos subordinados de menos abrangência”; seleção, que nada mais é do que a “síntese ou resumo contendo o mais importante ou mais significativo da mensagem ou texto”; e o impacto visual, que “mostra a relação entre as ideias mais importantes, de forma concisa e elegante”. Para a construção de um mapa conceitual é necessário não somente seguir a lógica e a hierarquização, mas a sua estrutura. Assim, os componentes estruturais do mapa conceitual, segundo Ribeiro e Nuñez (2004, p. 204) são os conceitos, ou seja, categorias simbólicas, que “provocam imagens mentais e permitem a operacionalização com objetos do mundo real e do mundo simbólico”; as proposições, que são representadas “por dois ou mais termos conceituais, unidos por uma ou mais palavras de enlace, para formar uma unidade semântica (significado), afirmando ou negando algo de um conceito”; e as palavras de enlace, que “servem para unir os conceitos e explicitar o tipo de relação existente”. As palavras de enlace não provocam imagens mentais, como sugerem os conceitos. 23499 No processo de ensino e aprendizagem, os mapas conceituais possibilitam aos alunos uma organização de informações sobre o tema ou assunto a ser estudado. Marriot e Torres (p. 184) explicam que: [...] os alunos, individualmente ou colaborativamente, podem fazer mapas para planejar pesquisas e projetos, preparar apresentações e organizar a informação em categorias significativas, revisando e estudando a matéria, condensando um texto ou várias páginas de um livro num resumo sucinto das ideias principais do autor. Essas atividades incentivam o pensamento crítico e criativo, reforçam a compreensão, ajudam a identificar conceitos mal compreendidos e estimulam o desenvolvimento linguístico e o das habilidades de memória de longo prazo. Um mapa conceitual pode ser construído manualmente, com a utilização de papéis ou até mesmo de canetas coloridas, ou por meio de um programa específico. O Cmap Tools é um programa que permite a criação de mapas conceituais. Esse software é o resultado de uma pesquisa realizada no Instituto de Flórida para Human & Machine Cognition (IHMC), que “capacita os usuários a construir, navegar, compartilhar e criticar modelos de conhecimento representados como mapas conceituais” (CMAP, 2015). Nesse sentido, os mapas conceituais propiciam ao aluno a possibilidade de desenvolver a capacidade de selecionar conceitos essenciais e estabelecer relações entre eles. Olhando para o trabalho do professor, o mapa conceitual pode ser utilizado, conforme apontamentos de Marriot e Torres (2014, p. 185), como estratégia para: Ilustrar o conteúdo desenvolvido em apenas uma aula; Refletir alguns conteúdos de uma determinada disciplina; Representar o conteúdo programático de uma disciplina (proporcionando uma visão geral de todos os assuntos que serão / foram trabalhados); Expor todo o currículo escolar (revelando a sequência dos conteúdos e como eles são desenvolvidos e interligados). Assim, os mapas conceituais podem contribuir com o trabalho do docente e auxiliar no processo de ensino e aprendizagem, seja na química ou nas demais disciplinas. É uma estratégia diferenciada que pode, inclusive, ser desenvolvida em grupos, promovendo atividades colaborativas e de interação aluno/aluno e professor/aluno. Experiência Vivenciada com o Uso de Mapas Conceituais A pesquisa que se apresenta é de natureza exploratória e descritiva. A pesquisa exploratória busca relatar a importância de se utilizar estratégias diferenciadas no processo de ensino e aprendizagem de química. Richardson (1989, p. 281) afirma que “a pesquisa 23500 exploratória procura conhecer as características de um fenômeno para procurar explicações das causas e consequências de dito fenômeno”, no nosso caso o uso de mapas conceituais. Entende-se que os mapas conceituais podem contribuir para uma aprendizagem significativa, que leva o estudante a entender o processo de síntese de ideias. Nessa perspectiva, o trabalho foi desenvolvido com cinco turmas, sendo estudantes do 1º ano do Ensino Médio e foram utilizadas três horas-aula para os estudantes realizarem suas criações. Iniciou-se a primeira aula com a explicação dos modelos atômicos, desde o início com os filósofos, até o que se conhece hoje. A introdução ao tema foi dada de maneira contextualizada, sempre motivando e explorando a imaginação dos alunos, para que houvesse, de fato, uma construção de conhecimentos sobre a história da química, mais especificamente do átomo. Destaca-se que, é essencial que se faça uma “contextualização, que dê significado aos conteúdos e que facilite o estabelecimento de ligações com outros campos de conhecimento” (PCNEM, 2009, p. 87). Para enfatizar e complementar a explicação sobre a evolução dos modelos atômicos foi apresentado uma produção audiovisual3, com o título “Tudo se transforma, história da química, história dos modelos atômicos”, produzida pela PUC-RIO, em parceria com o Ministério da Educação, o Ministério da Ciência e Tecnologia e o Fundo Nacionais de Desenvolvimento da Educação dedicados ao apoio do ensino de Química no Ensino Médio. Entende-se que a diversificação de recursos pedagógicos motiva, inova, e oportuniza novos questionamentos sobre os conteúdos explorados. Reforça-se essa ideia com os próprios PCNEM (2009, p. 109), ao explicitar que: Também é importante e necessária a diversificação de materiais ou recursos didáticos: dos livros didáticos aos vídeos e filmes, uso do computador, jornais, revistas, livros de divulgação e ficção científica e diferentes formas de literatura, manuais técnicos, assim como peças teatrais e música dão maior abrangência ao conhecimento, possibilitam a integração de diferentes saberes, motivam, instigam e favorecem o debate sobre assuntos do mundo contemporâneo. Na segunda aula foi apresentado aos alunos o que é um mapa conceitual, explicando as suas estruturas e seus elementos principais. Com o auxílio de um projetor, os alunos visualizaram um mapa conceitual, cujo tema era os modelos atômicos, para que pudessem compreender e visualizar de forma mais clara o que estava sendo explicado. O mapa conceitual que fora mostrado foi construído com o software Cmap Tools, conforme já citado. 3 Vídeo: Tudo se transforma, história da química, história dos modelos atômicos. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=58xkET9F7MY. 23501 Visto que os estudantes haviam compreendido a ideia de mapa conceitual, pediu-se para a turma a formação de quatro grupos. Para cada grupo lhes foi entregue cartolina, canetas hidrográficas, papéis coloridos, tesouras sem pontas e cola. Com as instruções passadas, pediu-se aos alunos a construção de um mapa conceitual sobre o tema modelos atômicos, tomando por base um texto que eles já tinham em mãos, além das explicações e explanações feitas pelo professor em sala de aula. A Figura 1 ilustra o desenvolvimento de um grupo de trabalho. Figura 1 - Construção de um mapa conceitual: alunos do 1° ano do Colégio Estadual Pedro Macedo. Fonte: As autoras Nos vinte primeiros minutos da terceira aula os alunos finalizaram os mapas conceituais e se organizaram para a apresentação do mapa criado pelo grupo para a sua turma. Foi pedido para que o grupo conversasse entre si e escolhesse um ou mais representantes para a apresentação do mapa conceitual, respeitando assim os alunos que possuem bloqueio ao falar em público. Os PCNEM (2009, p. 110) esclarecem que “uma aula com diálogo, na qual os alunos fazem uso da palavra para manifestar suas ideias, pode ser fonte de informação para o professor conhecer como pensam seus alunos, podendo detectar suas dificuldades, problemas de aprendizagem e interesses”. Assim, uma das formas utilizadas para avaliar o aprendizado dos alunos foi a apresentação oral dos grupos, que explicaram as ideias colocadas no mapa conceitual construído por eles (Figura 2). 23502 Figura 2 - Apresentação de mapa conceitual construído pelos alunos do 1° ano. Fonte: As autoras As apresentações foram significativas, pois os alunos mostraram entendimento e clareza em suas explicações, evidentes nos detalhes colocados por alguns grupos e na organização dos mapas conceituais. Considerações Circunstanciais Como o ensino de Química deve ter diferentes ações didáticas e pedagógicas para proporcionar melhorias de ensino, já que “a seleção e a organização de temas, conteúdos e habilidades são parte essencial do processo de ensino e aprendizagem, mas não bastam para alcançar as metas almejadas de formação e desenvolvimento de competências.” (PCNEM, 2009, p. 108), o trabalho realizado com os alunos alcançou os objetivos, além de ser o foco do Programa Institucional de Bolsas de iniciação à Docência-PIBID. O trabalho com mapas conceituais desenvolveu habilidades nos estudantes como: seleção de informações importantes dentro do tema de estudo; criação de mapas conceituais respeitando a hierarquização dos conceitos e ideias, formando um esquema visual adequado; realização de trabalho em grupo; e compreensão da história dos modelos atômicos. A utilização de mapas conceituais contribuiu para um aprendizado significativo, motivador e diferenciado, visto que as habilidades desenvolvidas pelos alunos ficaram evidentes em suas explicações orais e expressas nos seus próprios mapas conceituais. REFERÊNCIAS AUSUBEL, D. P. Pisicologia cognitiva: un punto de vista cognitivo. México: Ediciones Asas, 1989. 23503 BARBOSA, Elaine. Os primeiros filósofos e a busca do princípio de todas as coisas! Ciência e Diversão. Blog informativo do parque da ciência. Disponível em: <http://parquedaciencia.blogspot.com.br/2013/08/os-primeiros-filosofos-e-busca-do.html>. Acesso em: 15 ago. de 2015. BROWN, Theodore L. 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