Oportunidades e restrições para as
pequenas empresas no processo recente
de reestruturação industrial
Maria Carolina A. F. de Souza
Daniela Salomão Gorayeb
Maria Augusta Pimentel Miglino
Flávia Pereira de Carvalho
Núbia Mara de Almeida
Jorge Luiz Rocha Reghini Ramos
Oportunidades e restrições para as
pequenas empresas no processo recente de
reestruturação industrial
1. Cenário econômico internacional: caracterização e
tendências econômicas mundiais
2. Inserção das PMEs no cenário mundial
3. Pequenas empresas no cenário econômico
brasileiro atual
4. Perspectivas para a atuação competitiva das PEs
Principais aspectos do debate sobre as
PMEs em nível internacional
OCDE: 95% das empresas e mais de 60% dos postos de trabalho.
Na área da OCDE  PMEs chegam a contribuir com 30% a 40% em
inovações e melhorias tecnológicas em produtos e processos;
10% das PMEs fazem P&D com recursos próprios; as demais
utilizam-se de recursos governamentais
25% das PMEs relacionadas à manufatura são internacionalmente
competitivas: contribuem com 25% a 35% das exportações de
manufaturados.
Inserção das PEs em mercados internacionais: principalmente por
meio de alianças estratégicas e joint ventures com multinacionais
combinação das vantagens das PEs, como a flexibilidade, com as
vantagens das GEs, como escala e escopo
Fonte: OCDE Economic Outlook, dezembro de 2000.
Participação das PMEs na economia de países
selecionados
Reino Unido: 3,7 milhões de negócios: 99% empregam menos de
50 pessoas.
Escócia: mais de 98% das empresas são pequenas (46% do
emprego).
Itália: PMEs = 99,6% das empresas industriais; mais de 99% no
setor serviços; 71% do emprego na indústria e 90% na construção
civil e em serviços.
Alemanha: PMEs = Empresas com menos de 500 empregados e
vendas líquidas inferiores a 100 milhões de marcos alemães ao
ano; 99,6% do total de empresas no país;
França: PMEs = empresas com menos de 250 empregados
Em 1997: cerca de 98% do total de estabelecimentos; 64% do
emprego total; 56% do valor agregado.
Empresas “muito pequenas” (até 10 empregados) = 89% do total
de estabelecimentos.
Participação das PMEs na economia de países
selecionados
Dinamarca: PMEs = 70% do total de empregos e 99,99% dos
estabelecimentos em 1996.
Japão: PMEs = 99,4% dos estabelecimentos em 1996, empregando
64,4% dos trabalhadores e 51% do valor da produção de
manufaturados.
Coréia: PMEs (até 300 empregados) = 99% dos negócios e 74% do
emprego em 1997.
Canadá: PMEs = 60% do emprego em 1998 e 43% do PIB do setor
privado.
EUA (1995): (Empresas com até 500 empregados)  99% do total
de empresas, 52% do total do emprego privado e 51% da
produção do setor privado; responderam por todo o aumento
líquido no número de empregos.
Principais políticas de apoio às PMEs na OCDE
Políticas para PEs (OCDE): estrutura regulatória e
administrativa, financiamento, fomento às exportações, inovação
e tributação.
Medidas de desburocratização, para abertura de firmas, p.ex.
Financiamento: Programas específicos de crédito para a
exportação (PEs), capital de risco, garantias públicas.
Exportações: informações e consultorias para o acesso aos
mercados; créditos à exportação
Incentivo à atualização tecnológica e à introdução de
inovações (incubadoras, subsídios, programas para
transferência tecnológica)
Caráter persistente e integram o conjunto de políticas
governamentais
4 trajetórias possíveis de inserção de pequenas
empresas no cenário recente de transformações:
Empresas nas quais a flexibilidade e estratégias competitivas
estão associadas ao baixo custo de mão-de-obra;
Empresas cujo surgimento, continuidade e desempenho estão
relacionados às características pessoais de seus empresários
(conseguem explorar novos nichos de mercado que se
formam ao longo do percurso de um paradigma
tecnológico);
Empresas que conseguem inserir-se no mercado a partir da
formação de organizações coletivas e cooperativas;
Empresas que se inserem no conjunto de possíveis formas de
vinculação entre PMEs/GEs, com maior ou menor grau de
dependência e autonomia.
Brasil - Número de Estabelecimentos por Porte da
Empresa
Estabelecimentos
Porte da Empresa por
Número de Empregados
89
%
99
%
0 empregados
136.874
10,1
260.652
12,2
Até 4 empregados
745.420
55,0
1.239.932
58,2
5 a 9 empregados
205.809
15,2
314.965
14,8
10 a 19 empregados
121.851
9,0
164.442
7,7
20 a 49 empregados
81.989
6,0
92.014
4,3
50 a 99 empregados
29.928
2,2
29.577
1,4
0 a 99 empregados
1.321.871
97,5
2.101.582
98,6
100 a 249 empregados
19.960
1,5
18.367
0,9
250 a 499 empregados
7.445
0,5
6.657
0,3
3.583
0,3
3.096
0,1
2.375
0,2
1.806
0,1
1.355.234
100,0
2.131.508
100,0
500 a 999 empregados
1000 ou mais empregados
Total
Fonte: Rais - Ministério do Trabalho
Brasil - Número de Empregados por Porte da
Empresa
Empregados
Porte da Empresa por
Número de Empregados
89
%
99
%
Até 4 empregados
1.449.792
5,92
2.347.303
9,39
5 a 9 empregados
1.344.560
5,49
2.046.350
8,19
10 a 19 empregados
1.642.040
6,71
2.199.043
8,80
20 a 49 empregados
2.489.785
10,17
2.760.965
11,05
50 a 99 empregados
2.075.507
8,48
2.050.135
8,20
0 a 99 empregados
9.001.684
36,76
11.403.796
45,63
100 a 249 empregados
3.063.358
12,51
2.823.315
11,30
250 a 499 empregados
2.584.067
10,55
2.308.377
9,24
2.469.437
10,08
2.138.083
8,55
7.368.007
30,09
6.319.694
25,29
24.486.553
100,00
24.993.265
100,00
500 a 999 empregados
1000 ou mais empregados
Total
Fonte: Rais - Ministério do Trabalho
Brasil - Variação do Número de Estabelecimentos
por Porte da Empresa
Porte da Empresa por
Número de Empregados
Estabelecimentos
89
99
Variação
absoluta
0 empregados
136.874
260.652
123.778
90,4
Até 4 empregados
745.420
1.239.932
494.512
66,3
5 a 9 empregados
205.809
314.965
109.156
53,0
10 a 19 empregados
121.851
164.442
42.591
35,0
20 a 49 empregados
81.989
92.014
10.025
12,2
50 a 99 empregados
29.928
29.577
-351
-1,2
0 a 99 empregados
1.321.871
2.101.582
779.711
59,0
100 a 249 empregados
19.960
18.367
-1.593
-8,0
250 a 499 empregados
7.445
6.657
-788
-10,6
3.583
3.096
-487
-13,6
2.375
1.806
-569
-24,0
1.355.234
2.131.508
776.274
57,3
500 a 999 empregados
1000 ou mais empregados
Total
Fonte: Rais - Ministério do Trabalho
%
Brasil - Variação do Número de Empregados por
Porte da Empresa
Porte da Empresa por
Número de Empregados
Empregados
89
99
Variação
absoluta
Até 4 empregados
1.449.792
2.347.303
897.511
61,9
5 a 9 empregados
1.344.560
2.046.350
701.790
52,2
10 a 19 empregados
1.642.040
2.199.043
557.003
33,9
20 a 49 empregados
2.489.785
2.760.965
271.180
10,9
50 a 99 empregados
2.075.507
2.050.135
-25.372
-1,2
0 a 99 empregados
9.001.684
11.403.895
2.402.211
26,7
100 a 249 empregados
3.063.358
2.823.315
-240.043
-7,8
250 a 499 empregados
2.584.067
2.308.377
-275.690
-10,7
2.469.437
2.138.083
-331.354
-13,4
7.368.007
6.319.694
-1.048.313
-14,2
24.486.553
24.993.364
506.811
2,1
500 a 999 empregados
1000 ou mais empregados
Total
Fonte: Rais - Ministério do Trabalho
%
Brasil - Variação do Número de Estabelecimentos
por Porte da Empresa
Porte da Empresa por
Número de
Empregados
Variação Líquida de Estabelecimentos (89-99)
Indústria
Comércio
Serviços
Total
8592
54941
21209
123778
Até 4 empregados
29.184
213.290
112.190
494.512
5 a 9 empregados
12.199
43.313
38.381
109.156
10 a 19 empregados
7.837
14.411
13.581
42.591
20 a 49 empregados
2.643
2.247
2.676
10.025
50 a 99 empregados
-103
-240
-104
-351
327.962
187.933
779.711
0 empregados
0 a 99 empregados
60.352
Fonte: Rais - Ministério do Trabalho
Brasil - Variação do Número de Empregados por
Porte da Empresa
Porte da Empresa por
Número de
Empregados
Variação Líquida de Empregados (89-99)
Indústria
Comércio
Serviços
Total
Até 4 empregados
62.347
404.695
208.346
897.511
5 a 9 empregados
80.936
278.257
243.760
701.790
10 a 19 empregados
105.995
185.611
176.101
557.003
20 a 49 empregados
75.097
55.527
70.493
271.180
50 a 99 empregados
-8.819
-15.938
-4.981
-25.372
0 a 99 empregados
315.556
908.152
693.719
2.402.211
Fonte: Rais - Ministério do Trabalho
Brasil
Reflexos negativos das políticas econômicas no Brasil:
Financiamento: taxas de juros muito altas, ausência de
mecanismos especiais de crédito para a modernização
tecnológica.
Capacitação gerencial: problemas tradicionais não resolvidos;
novos empreendedores com despreparo técnico e gerencial (PE
como alternativa ao desemprego) e novos empreendimentos
sem plano de negócios.
Políticas: sem mudanças no modo de compreensão dos espaços
das PEs na estrutura produtiva; políticas genéricas não
articuladas a uma política industrial ativa.
Brasil
Década de 90: não favorável ao avanço e consolidação da inserção das PEs
na estrutura produtiva brasileira;
Não foram alvos especiais de políticas – diferentemente do segmento de
grandes empresas, principalmente de capital estrangeiro;
Não puderam se beneficiar de um crescimento geral da economia (dado
que este não ocorreu)
Perda de importância qualitativa na inserção das PEs na estrutura produtiva
brasileira.
RAIS: ganhos de participação no número de empregados e no de
estabelecimentos.
Maior
contribuição
para
o
emprego
dos
pequenos
estabelecimentos
(acompanhada pelo aumento no número de unidades): setores de
comércio e de serviços;
Indústria: aprox. 10% das novas PEs e dos novos empregos nas PEs.
Conclusões
Conseqüências para PEs, segundo suas categorias de inserção:
PEs em mercados competitivos: baixas taxas de
crescimento do produto, aumento da concorrência com o
crescimento das empresas informais
PEs comandadas por GEs: Perda de contratos importantes
de fornecimento
PEs em aglomerações setoriais: não consideradas antes da
abertura comercial, ações restringem-se às conduzidas pelos
agentes locais, variáveis macro atuam como restrição ao
desenvolvimento.
PEs independentes
consistente
de
base
tecnológica:
sem
apoio
Conclusões
Cenário mundial: baixas taxas de crescimento do PIB,
elevação do desemprego, ampliação da flexibilização
produtiva, gerencial e das relações de trabalho, acirramento
da concorrência inter-capitalista, intensificação do processo
de concentração de capitais sob a forma de F&A
Agravantes: Agigantamento dos grandes capitais, mas com
flexibilidade, por meio da desverticalização e da formação de
redes eficientes de fornecimento em nível global (papel das
novas tecnologias): ocupação de alguns nichos antes
pertencentes às PEs
Cenário de maiores desafios para a inserção das PEs
Conclusões
Profundas transformações ocorridas no panorama
internacional estreitaram os espaços de atuação das
empresas com pequeno capital.
Poder de mercado dos grandes conglomerados: busca por
novos nichos.
PEs – enquanto segmento – não deixarão de existir: nichos
especializados; pequenas empresas da base (sujeitas à
concorrência acirrada e às oscilações macroeconômicas)
em atividades de mais baixo valor agregado
Desafios para a inserção competitiva das pequenas
empresas se intensificaram e exigem respostas claras em
termos de políticas públicas, no sentido de dotá-las das
condições necessárias para uma atuação competitiva;
políticas se justificam pelo papel e pela função que as PEs
podem ocupar na estrutura sócio-produtiva.
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