SOCIOLOGIA
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PROFº. GUERRA
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20/03/2015
1. De acordo com a distinção que Durkheim faz entre o fato social normal e o patológico, podemos afirmar que
I. as formas sociais mais gerais constituem o estado normal da vida social.
II. o fato social é patológico quando impede o progresso social.
III. a excepcionalidade da forma social revela seu caráter patológico.
IV. o fato social é normal quando corresponde às condições de existência da sociedade.
a) I, III e IV estão corretas.
b) II, III e IV estão corretas.
c) I, II e III estão corretas.
d) II e III estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.
2. Assinale a alternativa incorreta. Durkheim afirma que no estudo dos fatos sociais, o cientista social, ao trabalhar, deve
a) deixar de lado seus valores e sentimentos pessoais em relação ao acontecimento a ser estudado.
b) manter certa distância e neutralidade em relação aos fatos, resguardando a objetividade de sua análise.
c) partir justamente do seu interesse pelo objeto de estudo e de sua visão particular sobre o assunto.
d) encarar os fatos sociais como "coisas", isto é, como objetos exteriores ao cientista, que devem ser medidos, observados e
comparados independentemente do que os indivíduos pensem ou declarem a seu respeito.
e) romper com o senso comum, através de um rigor analítico, que seria garantido por um método de análise sociológico.
3. Selecione as afirmativas que indicam o contexto histórico, social e filosófico que possibilitou a gênese da sociologia.
I. A sociologia é um produto das revoluções francesa e industrial e foi uma resposta às novas situações colocadas por estas
revoluções.
II. Com o desenvolvimento do industrialismo, o sistema social passou da produção da guerra para a produção das coisas úteis,
através da organização da ciência e das artes.
III. O pensamento filosófico dos séculos XVII e XVIII contribuiu para popularizar os avanços científicos, sendo a teologia a forma
norteadora desse pensamento.
IV. A formação de uma sociedade, que se industrializava e urbanizava em ritmo crescente, propiciou o fortalecimento da
servidão e da família patriarcal.
Assinale a alternativa correta.
a) III e IV
b) I, II e III
c) II, III e IV
d) I e II
4. "300 milhões. - Como o senhor da foto virou milionário ...O mérito de Menin foi ter vislumbrado uma oportunidade e
apostado suas fichas nela. ... Percebendo que ali podia estar sua galinha dos ovos de ouro, Menin resolveu projetar um negócio
para atender aquela clientela. Primeiro, construiu pequenas casas em bairros populares de Belo Horizonte. Depois, passou a
vender apartamentos semipadronizados com preços até 25% mais baixos. Após definir seu nicho de mercado, Menin elaborou
uma cartilha que a empresa segue à risca até hoje."...
(Veja. N. 15, 12/04/2000, p. 148)
Max Weber define uma tipologia da ação social que é apresentada nas afirmativas abaixo. Assinale a alternativa que
corresponde ao tipo de ação social descrita no texto.
a) Ação social racional com referência a fins.
b) Ação social afetiva.
c) Ação social tradicional.
d) Ação social racional com relação a valores.
5. A cidade desempenha papel fundamental no pensamento de Émile Durkheim, tanto por exprimir o desenvolvimento das
formas de integração quanto por intensificar a divisão do trabalho social a ela ligada.
Com base nos conhecimentos acerca da divisão de trabalho social nesse autor, assinale a alternativa correta.
a) A crescente divisão do trabalho com o intercâmbio livre de funções no espaço urbano torna obsoleta a presença de
instituições.
b) A solidariedade orgânica é compatível com a sociedade de classes, pois a vida social necessita de trabalhos diferenciados.
c) Ao criar seres indiferenciados socialmente, o “homem massa”, as cidades recriam a solidariedade mecânica em detrimento da
solidariedade orgânica.
d) O efeito principal da divisão do trabalho é o aumento da desintegração social em razão de trabalhos parcelares e
independentes.
e) O equilíbrio e a coesão social produzidos pela crescente divisão do trabalho decorrem das vontades e das consciências
individuais.
6. Leia o texto a seguir.
Antigamente nem em sonho existia tantas pontes sobre os rios, nem asfalto nas estradas. Mas hoje em dia tudo é muito
diferente com o progresso nossa gente nem sequer faz uma ideia.
Tenho saudade de rever nas currutelas as mocinhas nas janelas acenando uma flor. Por tudo isso eu lamento e confesso que a
marcha do progresso é a minha grande dor. Cada jamanta que eu vejo carregada transportando uma boiada me aperta o
coração. E quando olho minha traia pendurada de tristeza dou risada pra não chorar de paixão.
(Adaptado de: Nonô Basílio e Índio Vago. Mágoa de Boiadeiro.)
O texto aproxima-se sociologicamente da leitura teórica de
a) Comte, que defende a necessidade de formas tradicionais de vida em detrimento da desilusão do progresso.
b) Durkheim, que analisa o progresso como elemento desagregador da vida social ao provocar o enfraquecimento das
instituições.
c) Marx, que condena o desenvolvimento das forças produtivas por seus efeitos alienantes sobre o homem.
d) Spencer, que tem uma leitura romântica da sociedade e vê o passado como mais rico culturalmente.
e) Weber, para quem a modernização e a racionalização é acompanhada pelo desencantamento do mundo.
7. Nas ciências humanas, a existência ou não de equilíbrio entre elementos de um dado sistema é também uma questão
presente.
Com base nos conhecimentos sobre as teorias sociais, considere as afirmativas a seguir.
I. Na dialética de Marx, a sociedade capitalista produz os elementos para a emergência de um novo modo de produção, o
comunismo, pautado pelo equilíbrio entre o homem e a natureza.
II. As culturas ditas tradicionais comprovaram que o equilíbrio e a harmonia lhes são próprios e preservados quando estas
comunidades entram em contato com os valores ocidentais modernos.
III. A teoria de Maquiavel respaldou-se na compreensão do poder do Príncipe como força capaz de garantir o equilíbrio e a
harmonia social desde que os fins perseguidos não se chocassem com os meios utilizados.
IV. A ideia de leis regendo a vida social e a crença na possibilidade de se encontrar a harmonia conduziram o pensamento
positivista a identificar a sociedade como um grande organismo.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
8. Leia o texto a seguir.
De acordo com Susie Orbach, “Muitas coisas feitas em nome da saúde geram dificuldades pessoais e psicológicas. Olhar
fotos de corpos que passaram por tratamento de imagem e achar que correspondem à realidade cria problema de autoimagem,
o que leva muitas mulheres às mesas de cirurgia. Na geração das minhas filhas, há garotas que gostam e outras que não gostam
de seus corpos. Elas têm medo de comida e do que a comida pode fazer aos seus corpos. Essa é a nova norma, mas isso não é
normal. Elas têm pânico de ter apetite e de atender aos seus desejos”.
(Adaptado: “As mulheres estão famintas, mas têm medo da comida”, Folha de S. Paulo, São Paulo, 15 ago. 2010, Saúde.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd1508201001.htm>. Acesso em: 15 out. 2010).
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Émile Durkheim, é correto afirmar:
a) O conflito geracional produz anomia social, dada a incapacidade de os mais velhos compreenderem as aspirações dos mais
novos.
b) Os padrões do que se considera saudável e belo são exemplos de fato social e, portanto, são suscetíveis de exercer coerção
sobre o indivíduo.
c) Normas são prejudiciais ao desenvolvimento social por criarem parâmetros e regras que institucionalizam o agir dos
indivíduos.
d) A consciência coletiva é mais forte entre os jovens, voltados que estão a princípios menos individualistas e egoístas.
e) A base para a formação de princípios morais e de solidez das instituições são os desejos individuais, visto estes traduzirem o
que é melhor para a sociedade.
9. Leia o texto a seguir.
Em recente debate em torno das denúncias de pedofilia na Igreja Católica, um membro do clero brasileiro declarou que
“a culpa é da sociedade”. De acordo com repercussão na revista Veja, “sociedade”, nestes termos, é uma abstração destinada a
escamotear a verdade – a de que são os indivíduos os responsáveis por seus delitos.
(Veja, São Paulo, 12 maio 2010, p. 101.)
Com base no texto e nas teorias sociológicas clássicas a respeito da relação entre indivíduo e sociedade, é correto afirmar:
a) Para a concepção materialista da história, a sociedade é um aglomerado de indivíduos, o que impede compreender a vida
social em sua totalidade.
b) Para a concepção weberiana, o assunto tratado não é um problema sociológico, haja vista a impossibilidade de encontrar as
relações de sentido nos agentes envolvidos nestas ações.
c) Na concepção durkheimiana, o caminho adequado para se compreender a vida social é priorizar as ações individuais em
detrimento das manifestações coletivas.
d) Na perspectiva positivista, a violação de princípios norteadores de uma instituição tende a conduzi-la a um estado patológico,
o que demanda reformas para manter a saúde do corpo social.
e) Na sociedade comunista, indivíduo e sociedade podem viver em paz e harmonia, pois as contradições da vida social
desaparecerão.
10. Leia o texto a seguir.
A maior parte dos sábios, como Isaac Newton, era profundamente crente e pensava que descobrir as leis da natureza
graças à física é descobrir a obra de uma providência absolutamente divina e convencer-se de que a organização do mundo não
é produto do acaso. Muito antes das Luzes, é no declínio das antigas hierarquias e no turbilhão suscitado pela chegada ao Novo
Mundo que devemos buscar a fonte da revolução científica.
É nesse contexto que as novas ciências abandonam a concepção de natureza como algo maravilhoso, governado por
princípios ocultos, e passam a imaginá-la como uma máquina gigantesca. A tal engrenagem seguiria leis reguladoras e
necessárias, passíveis de serem traduzidas em linguagem matemática. Isso não impediria, contudo, que a visão mecanicista da
natureza continuasse por muito tempo como um ato de fé, incapaz de explicar fenômenos tão familiares como a coesão de
materiais, a queda dos corpos ou a maré.
(Adaptado de: JENSEN, P. “O saber não é neutro”. Le Monde Diplomatique Brasil, Ed. Instituto Polis, jun. 2010, ano 3, n. 35, p.
34.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a revolução científica, é correto afirmar:
a) A revolução científica possibilitou demonstrar, no terreno da vida social, que o saber é neutro, pois é baseado em provas
empíricas reveladoras de uma forma de verdade que não comporta manipulações pelos homens.
b) A revolução científica comprovou que as mesmas leis gerais que regem o mundo físico atuam também sobre a realidade
social, de tal modo que, compreendendo uma, se compreende diretamente a outra.
c) Para a revolução científica, ciência e religião são formas de compreensão racional da realidade, estando ambas regidas pelos
princípios de observação, verificação e experimentação capazes de demonstrar a hipótese inicial.
d) A grande contribuição da revolução científica para as ciências humanas foi demonstrar que as relações sociais possuem
regularidades matemáticas, o que permite prever com exatidão os comportamentos dos indivíduos e de grupos de
indivíduos.
e) Ainda que impossibilitada de explicar a dinâmica da vida social, a revolução científica trouxe para o terreno das ciências
humanas o princípio da racionalidade da investigação como caminho para a apreensão objetiva dos fatos.
11. Leia o texto a seguir:
A aluna Geisy Villa Nova Arruda, 20, não poderá mais frequentar o prédio em que estudava antes do dia 22 de outubro,
quando foi perseguida, encurralada, xingada e ameaçada por cerca de 700 alunos, no campus de São Bernardo (de uma
Universidade particular), alegadamente por causa do microvestido que trajava.
(Adaptado de: Folha de São Paulo. (Universidade particular) decide “exilar” Geisy em outro prédio. Caderno cotidiano, C1, 11
nov. 2009.)
A matéria refere-se ao recente episódio, de repercussão nacional na mídia e que teve como desfecho a readmissão da aluna à
referida instituição, após o posicionamento da opinião pública.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Durkheim, é correto afirmar que o acontecimento citado
revelou
a) a consolidação de uma nova consciência coletiva, de bases amplas, representada pelos alunos da referida instituição.
b) o desprezo da consciência coletiva dominante na sociedade em relação aos destinos individuais, no caso, à aluna que foi alvo
dos ataques dos estudantes.
c) a força da consciência coletiva da sociedade que se impôs aos comportamentos morais desviantes com a finalidade de
resgatar a harmonia social, preservando as instituições.
d) a presença de um quadro de profunda anomia social e o quanto os valores sociais de decência foram perdidos pela
consciência coletiva que se posicionou favoravelmente à estudante.
e) o perigo representado pela presença de uma consciência coletiva forte e majoritária atuando como obstáculo para o
desenvolvimento da vida social sadia ao impedir que alguns indivíduos defendessem os melhores valores morais.
12. A questão das classes sociais na Sociologia tem diferentes formas de explicação. Dentre as explicações clássicas, as de Marx
e Weber. Atualmente encontramos estudiosos que analisam a estrutura social brasileira de diferentes maneiras:
I. A classe C é a classe central, abaixo da A e B e acima da D e E. [...] a faixa C central está compreendida entre os R$ 1.064 e os
R$ 4.561 a preços de hoje na grande São Paulo. A nossa classe C está compreendida entre os, imediatamente acima dos 50%
mais pobres e os 10% mais ricos na virada do século. [...] A nossa classe C aufere em média a renda média da sociedade, ou
seja, é classe média no sentido estatístico. A classe C é a imagem mais próxima da média da sociedade brasileira. Dada a
desigualdade, a renda média brasileira é alta em relação aos estratos inferiores da distribuição.
(Adaptado de: NERI, M. C.; COUTINHO DE MELO, L. C. (coordenadores). Miséria e a nova classe média na década da igualdade.
Rio de Janeiro: FGV/IBRE, CPS, 2008, p. 34-35.)
II. “A reorganização do processo de acumulação no Brasil [após os anos de 1990] acarreta consequências imediatas nas relações
sociais, no trabalho, no emprego e nas classes sociais dele resultantes. Assim, podemos concordar que o operariado
industrial perdeu o seu peso relativo na nossa sociedade [...]. É certo que a classe trabalhadora [...] se multiplicou em
diferentes grupos sociais, uns talvez mais atomizados ou desorganizados [...]. Também percebe-se, [...] que houve um
processo de financeirização da classe hegemônica brasileira, que acabou reduzindo ainda mais os setores dominantes,
sobretudo entre os banqueiros, as multinacionais e os grupos econômicos, mesclados entre si com o capital financeiro e o
capital internacional”.
(Adaptado de: OLIVEIRA, F. et al. Classes sociais em mudança e a luta pelo socialismo. São Paulo: Fundação Perseu Abramo,
2002, p. 27-28.)
Considerando as duas teorias e os dois tipos de análise dos estudiosos, é correto afirmar que as análises de
a) I e II concordam com Max Weber simultaneamente.
b) I e II concordam com Karl Marx simultaneamente.
c) II concorda com Max Weber e as de I com Karl Marx.
d) I e II discordam igualmente de Karl Marx e de Max Weber.
e) II concorda com Karl Marx e I concorda com Max Weber.
13. Leia o texto a seguir:
Do ponto de vista do cidadão, a equação de trabalhar sem prazer para viver livremente nos períodos de folga é dura
demais, se considerarmos que passamos mais de 60% do dia envolvidos com o trabalho. E, como não há notícia de um ser
humano que tenha conseguido desligar o cérebro durante suas tarefas, somos também nós mesmos durante o labor.
(Dá para ser feliz no trabalho?, Época, 13 de jul. 2009, p. 68.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a visão sociológica do trabalho, considere as afirmativas a seguir:
I. Segundo a teoria marxista, só é possível avaliarmos que “passamos mais de 60% de nossas vidas envolvidos com o trabalho”
devido à organização capitalista que, em razão da propriedade privada dos meios de produção e do assalariamento, separa
tempo de trabalho e tempo de não-trabalho.
II. Para Max Weber, o desafio da explicação sociológica era o de reconstruir o processo por meio do qual se passou a aceitar o
trabalho de forma disciplinada como um fim em si mesmo, tornando-o passível de uma avaliação moral positiva. Foi essa sua
intenção ao analisar as afinidades eletivas do trabalho capitalista com a ética protestante.
III. O sentimento do trabalhador em relação à sua atividade estava ausente nas ideias da sociologia clássica, já que a felicidade
ou não dos sujeitos no trabalho é uma preocupação da sociedade contemporânea globalizada, que se baseia em valores
individualistas e hedonistas.
IV. Seguindo a linha de explicação oriunda de Émile Durkheim, a questão do prazer ou felicidade no trabalho não depende
diretamente do número de horas trabalhadas, mas se há uma compreensão em cada indivíduo da importância de cada um
no trabalho geral, em que exercemos nossa individualidade, “somos nós mesmos na execução de nossas especialidades”.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
b) Somente as afirmativas II e III são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
14. Observe a figura a seguir.
Sobre o processo de organização do trabalho representado na figura, é correto afirmar que esse expressa, segundo a forma pela
qual Max Weber o analisa,
a) o papel libertador da técnica na vida dos indivíduos, pois potencializa as capacidades físico-intelectuais humanas.
b) o tipo ideal de sociedade, pois esta, por ser justa aloca cada um nas funções para as quais tem aptidões inatas.
c) o declínio das formas racionais de dominação burocrática que, tradicionalmente, estiveram presentes nas sociedades
orientais.
d) a formação de uma ordem econômica e técnica que define violentamente a vida dos indivíduos nascidos sob esse sistema.
e) que o trabalho fabril escapa à tipologia das ações racionais, por ser repetitivo e marcado pela tradição, aproximando-se,
assim, do trabalho outrora existente nas comunidades.
15. A palavra “comunidade” entrou em vocabulário popular. É comum ouvir-se, por exemplo, a frase: ”UEL promove curso
voltado à comunidade”. Utilizada no dia a dia, “comunidade” é, no entanto, um conceito fundamental no interior do
pensamento sociológico clássico. Para Durhan,
Na linguagem comum, a noção de comunidade refere-se a uma coletividade na qual os participantes possuem interesses comuns
e estão afetivamente identificados uns com os outros. Essa ideia, que pressupõe harmonia nas relações sociais, é altamente
valorizada, constituindo, por assim dizer, o ideal da vida social. É nesse sentido que a comunidade aparece como um mito do
nosso tempo, pois ao ideal que ela representa opõe-se a realidade do conflito de interesses e da impessoalidade das relações
sociais própria da nossa sociedade.
(DURHAN, E. R. A dinâmica da cultura. São Paulo: COSACNAIFY, 2004. p. 221.)
Com base no enunciado e nos conhecimentos sobre o tema comunidade, considere as afirmativas a seguir.
I. A comunidade, para Tönnies, é um tipo de relação entre vontades humanas caracterizada por uma vontade social baseada na
concordância, nas regras sociais comumente aceitas e na religião.
II. A base da comunidade, de acordo com Weber, reside, a exemplo do que acontece na sociedade, em uma relação na qual a
ação social exprime uma compreensão de interesses por motivos racionais de fins ou de valores.
III. Segundo Marx, a verdadeira relação de comunidade só é possível no comunismo. Portanto, comunidade e sociedade de
classes são incompatíveis.
IV. A oposição comunidade-sociedade corresponde, de certa forma, à oposição entre solidariedade mecânica e solidariedade
orgânica, introduzida na sociologia francesa de Émile Durkheim.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e III são corretas.
c) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e VI são corretas.
Gabarito:
Resposta da questão 1:
[A]
O fato social normal é aquele que está de acordo com o estado normal da vida social e das suas condições de existência. O fato
social patológico, em contrapartida, é dado a partir da excepcionalidade. Exemplo disso é o crime, que se torna patológico
quando sua frequência aumenta demasiadamente. É importante ressaltar que o caráter patológico do fato social não está
relacionado com a ideia de progresso social, mas sim com a anormalidade e a anomia.
Resposta da questão 2:
[C]
Durkheim, em As regras do método sociológico, afirma que o cientista social deve afastar as pré-noções de sua análise no
sentido de querer resguardar a objetividade sociológica. Somente a alternativa [C] contraria esse princípio.
Resposta da questão 3:
[D]
A sociologia é uma ciência própria da modernidade. Sendo assim, está vinculada às transformações políticas (com a Revolução
Francesa), econômicas (com a industrialização e o surgimento do capitalismo), filosóficas (com a valorização do racionalismo e
do cientificismo) e sociais (com as transformações que surgiram junto com a urbanização) do período.
Resposta da questão 4:
[A]
O caso apresentado no texto corresponde a uma ação social com referência a fins. A ação de Menin corresponde a um cálculo
racional com interesses econômicos. Com o intuito de lucrar, ele criou o negócio de vender os apartamentos populares e
alcançou o seu fim: o lucro. Esse tipo de cálculo corresponde à principal manifestação racional da sociedade capitalista.
Resposta da questão 5:
[B]
Para Durkheim, a coesão da sociedade complexa é garantida pelo tipo de solidariedade nela existente: a solidariedade orgânica.
Nela, há uma complexa divisão do trabalho, que garante que cada indivíduo ocupe um local importante na vida social. Assim,
segundo o autor, as classes sociais não se tornam um problema a priori.
Resposta da questão 6:
[E]
Pelas alternativas, a única aproximação possível de ser feita é com o pensamento de Max Weber. Para ele, o processo de
racionalização carrega consigo um desencantamento do mundo, que ocorre tanto no sentido da impossibilidade de explicações
religiosas para o mundo, quanto da transformação desse mundo num simples mecanismo causal.
Resposta da questão 7:
[B]
Somente as afirmativas I e IV estão corretas. A assertiva II é incorreta porque o contato das culturas ditas tradicionais com os
valores ocidentais modernos nunca foi harmonioso. Pelo contrário, gerou conflitos e desagregação da tradição. Também a
alternativa III está incorreta. Maquiavel não se preocupava em garantir o “equilíbrio e a harmonia social”, mas somente a
preservação do governo do príncipe.
Resposta da questão 8:
[B]
Os padrões existem e são coercitivos, porque essas ideias, segundo Durkheim, que são normas e regras, devem ser seguidas
pelos membros da sociedade. Se isso não acontece, se alguém desobedece a elas, é punido, de certa maneira, pelo restante do
grupo.
Resposta da questão 9:
[D]
Se os membros de qualquer instituição não forem capazes de seguir os princípios morais que estabeleçam suas condutas,
certamente haverá problemas quase nunca aceitos e encarados, como no caso do clero brasileiro, que se isenta da culpa
colocando-a em outro. Quando isto ocorre, a instituição adoece e devem acontecer reformas que estabeleçam a saúde da
mesma.
Resposta da questão 10:
[E]
Os pensadores do século XIX lançaram as bases da sociologia como ciência, porque estavam interessados nos problemas que ela
lhes oferecia e por se ocuparem em estudar a realidade social racionalmente no momento em que a mesma estava se
consolidando e nela depositando problemas teóricos e práticos.
Resposta da questão 11:
[C]
A associação do episódio de Geisy Arruda com a sociologia durkheimiana ocorre por meio do conceito de Consciência Coletiva.
Como o próprio Durkheim definiu, consciência coletiva corresponde ao “conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à
média dos membros de uma mesma sociedade” e que constrange os indivíduos a agirem de uma determinada forma. No
episódio citado acima, a consciência coletiva se manifesta em dois momentos: (1) quando o grupo de 700 alunos agride
moralmente a estudante, e (2) quando a sociedade repreende a universidade por ter sido expulsa da universidade. Assim, os
dois comportamentos desviantes são punidos pela sociedade: o da aluna que utiliza o microvestido (e, por isso, ofende a moral
social); e o da universidade que expulsa arbitrariamente uma aluna vítima de violência (e ofende, assim, os ideais de liberdade).
Este corresponde, portanto, a um dilema típico das sociedades de solidariedade orgânica.
Resposta da questão 12:
[E]
Karl Marx e Max Weber apresentam concepções diferentes sobre o que constitui uma classe social. Segundo Marx, as classes
sociais são fruto da divisão do trabalho. Em um sistema capitalista de produção, essas classes se dividem entre aqueles que
possuem os meios de produção (capitalistas) e aqueles não o possuem (proletários). Os proletários, assim, formam a classe
trabalhadora, que é obrigada a vender a sua mão de obra em troca de um salário para manter a sua subsistência. Para este
autor, a luta de classes é o motor da história.
Weber, em contrapartida, apresentava uma concepção mais flexível de classe social. Para ele, as classes sociais incluem a
possibilidade de mobilidade de uma classe para outra, havendo uma tendência à diversificação das relações de classe. Weber
também recusa a ideia marxista de luta de classes como motor da história. Para ele, a história deve ser compreendida segundo o
princípio de multicausalidade.
Tendo isso como base, podemos afirmar que somente a alternativa [E] é correta. No texto I verificamos a possibilidade de
mobilidade social, mais adaptada à concepção weberiana de classe social. Já no texto II podemos perceber como o autor
enfatiza o processo de acumulação como causa imediata das relações sociais, sendo assim, uma análise tipicamente marxista.
Resposta da questão 13:
[E]
Esta questão é interessante por diferenciar os três principais autores da teoria sociológica clássica. Todas as afirmativas estão de
acordo com esses autores, com exceção da afirmativa III. Esta contraria diretamente a afirmativa IV, da teoria durkheimiana.
Além disso, a reflexão sistemática sobre a felicidade não é uma invenção contemporânea, estando já presente no pensamento
ocidental desde a época Clássica, na Grécia.
Resposta da questão 14:
[D]
Boa questão, mas de dificuldade elevada. Ela exige do aluno a compreensão do que Weber diria sobre a questão da divisão do
trabalho na sociedade capitalista, tema marginal na sociologia weberiana. De qualquer forma, o aluno pode acertar a questão
através de um processo de exclusão. A alternativa [A] está errada porque, para Weber, a técnica não era considerada
libertadora. A alternativa [B] é falsa porque trabalha de forma errônea com a noção de “tipo ideal”. A alternativa [C] é errada
porque as formas racionais de dominação burocrática não declinaram, pelo contrário, se intensificaram na sociedade moderna.
E [E] é falso porque não teria como o trabalho fabril ser excluído da tipologia das ações racionais, dado que também ele é fruto
do processo de racionalização da sociedade moderna.
Resposta da questão 15:
[D]
A distinção entre comunidade e sociedade é um problema clássico para a sociologia. Um dos grandes pesadores a respeito do
tema foi Ferdinand Tönnies, como bem apresenta a afirmativa I. Dentre as restantes, que tratam do pensamento de Marx,
Weber e Durkheim, somente a afirmativa II não é correta. Para Weber, em uma comunidade o que predomina são as ações de
motivo tradicional e afetivo e não as de motivo racional.
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