I Seminário Segurança do
Trabalho e o Setor de Rochas
Ornamentais
Cachoeiro de Itapemirim
Novembro de 2005
SEGURANÇA E SAÚDE NA
EXPOSIÇÃO A POEIRA MINERAL
Zuher Handar
Médico do Trabalho
[email protected]
Segurança e Saúde no Trabalho são
temas importantes para cerca de 13
milhões de trabalhadores em minas
de pequeno porte.
Atuar com mais eficácia na atenção à saúde
requer
maior compreensão de
seus riscos e perigos
melhor conhecimento
de suas práticas
4
Características do Setor da Mineração

A exploração mineral tem importantes repercussões
econômicas, ambientais, laborais e sociais.

Representa uma parte significativa do PIB para os
países em desenvolvimento.

O impacto da mineração no meio ambiente pode ser
considerável e ter conseqüências a longo prazo.

Há muitos exemplos de boas e más práticas na gestão
e reabilitação de áreas de mineração.

O efeito ambiental das práticas da mineração é uma
questão cada vez mais importante para o setor e seus
trabalhadores.
5
•competitividade,
•a diminuição da
qualidade dos
minerais
•o aumento dos
custos de produção
obrigando as
empresas a
reduzir os
custos e
aumentar a
produtividade
•a reestruturação do
mercado
obrigadas a utilizar ao máximo suas equipes
e aplicar processos mais flexíveis e mais
intensos
6
A necessidade do aumento da
produtividade, a competitividade e
a reestruturação do mercado
adoção de
novas práticas
diminuição do
emprego
fechamento das empresas.
7
Características do Setor da Mineração

A busca de um equilíbrio entre o desejo
das empresas de reduzir os custos e o
dos trabalhadores de manter seus
postos de trabalho tem sido um tema
chave no mundo da mineração.
8
pressão cada vez mais forte, para a
melhoria da produtividade em um
mercado competitivo
ameaçam a rentabilidade
ou a sobrevivência da
empresa
pode por em perigo os princípios básicos
de liberdade de associação e negociação
coletiva
9
Características do Setor da Mineração

Trabalhadores e empregadores têm
acordado que o fato de flexibilizar tanto a
organização como os métodos de
trabalho não deveria por em perigo os
direitos dos trabalhadores e nem afetar de
forma negativa a saúde e a segurança dos
mesmos.
10
Perspectivas

Os aspectos laborais e sociais da mineração
não podem dissociar-se de outras
considerações, quer sejam econômicas,
políticas, técnicas ou ambientais.

O ideal é termos um modelo que permita
garantir um desenvolvimento do setor mineral
que beneficie a todos os interessados.
11
Segurança e Saúde

Os mineiros trabalham em um entorno laboral em
constante transformação.

ambientes sem luz natural ou ventilação,
escavando a terra,
extraindo material e, ao mesmo tempo,
tomando medidas para evitar que se produza uma
reação imediata de degradação ambiental.




Apesar dos importantes esforços realizados em muitos
países, a taxa mundial de vítimas fatais, lesões e
enfermidades entre os mineiros demonstra que , na
maioria deles, a mineração segue sendo o trabalho
mais perigoso em relação aos demais setores.
12
Segurança e Saúde


Ainda que a mineração empregue 1% do total
de trabalhadores, é responsável de cerca de 8%
dos acidentes fatais (15.000 ao ano
aproximadamente)
Apesar de não se dispor de dados confiáveis
sobre acidentes, o seu número é significativo,
bem como o de trabalhadores afetados por
doenças profissionais:




pneumoconioses,
perda da audição e
lesões causadas por vibração
cuja incapacidade prematura e inclusive a morte
são diretamente atribuídas ao trabalho.
13
Perigos para a Saúde na Mineração

Poluentes atmosféricos

poeiras minerais

Ruído excessivo

Vibrações

Estresse e Riscos Ergonômicos
14
Ruído





Compressores
Perfuratrizes
Britadeiras
Explosões
Outros equipamentos ruidosos

As fontes de ruído devem ser minimizadas com
material de proteção acústica que reduza a
poluição sonora a níveis aceitáveis
15
Vibrações

Principalmente as perfuratrizes pneumáticas
e britadeiras podem sofrer efeitos da
vibração nas mãos e nos braços

Vibrações de corpo inteiro produzidas por
várias maquinas e equipamentos levando a
lombalgias.
16
Riscos Ergonômicos e Estresse

A modificação de algumas práticas de trabalho
pode reduzir o estresse –


por exemplo, reduzindo a carga individual de
trabalho por meio de compartilhamento de tarefas ou
ainda de planejamento de adequados intervalos.
Deve-se levar em consideração exigências
fundamentais da ergonomia, inclusive a
disposição do local de trabalho, desenho de
equipamentos e ferramentas, técnicas de
trabalho, tempo de trabalho e formas de
descanso.

Lesões nos membros superiores e inferiores e em
coluna vertebral devido a tarefas de operação
manual ou por posturas inadequadas
17
Poeiras

São produzidas principalmente por
operações de perfuração, explosões,
extração de mineral, britagem de pedra ou de
mineral beneficiamento, carregamento e
transporte.

Todos eles se produzem em distintas proporções,
dependendo da mina ou da lavra, da composição
do mineral, das rochas circundantes e do método
de exploração.
18
Poeiras

Embora os minerais variem em sua
composição, todos eles geram uma
poeira que freqüentemente contém
sílica livre cristalina, cuja concentração
depende do mineral lavrado e da jazida
da qual se origina.

É a presença de quartzo livre que oferece
um risco consistente de danos à saúde,
em todas as operações de lavra.
19
As poeiras podem ser classificas segundo
algumas características básicas:

Forma da partícula - a forma da partícula é um
importante fator que influencia os processos de
impactação e deposição inercial no sistema respiratório.

Origem da partícula – minerais, animais e vegetais

Tamanho da partícula e distribuição de tamanho



Inaláveis – partículas menores que 100 micra, capazes de
penetrar pelo nariz e pela boca
Torácicas – partículas menores que 25 micra, capazes de
penetrar além da laringe;
Respiráveis – partículas menores que 10 micra, capazes de
penetrar na região alveolar.
20
s ilic ae s ilic
21
Efeitos sobre o organismo

Fibrogênicos

Cancerígenos

Irritantes
22
Efeitos fibrogênicos

Desencadeiam uma reação que produz um
fibrose localizada ou difusa do tecido pulmonar,
como no caso da sílica e do asbesto.

A lesão pulmonar é irreversível .

A inalação de poeira de asbesto pode originar
tumores malignos, como câncer broncogênico
ou mesoteliomas, com ou sem sinais
simultâneos de asbestose.
23
Efeitos cancerígenos

Os agentes carcinógenos afetam os
mecanismos reguladores bioquímicos
transformando as células normais e células
malignas.
24
Efeitos Irritantes

Irritação da pele, mucosa dos olhos e
do trato respiratório.
25
Poeira contendo Sílica Livre
Cristalina
e a Silicose
A sílica livre cristalina é o composto mais
abundante na superfície terrestre e, por
conseguinte, a poeira mais comum
transportada pelo ar a que estão expostos
os mineiros e os trabalhadores das
pedreiras e lavras.
O que é sílica?

Sílica livre e cristalina (SiO2) – o agente
etiológico da silicose – é um dos
minerais mais comuns na crosta
terrestre ; as três formas mais
frequentemente
encontradas
são
quartzo (a mais comum), tridimita e
cristobalita.
28
Cancerígeno

A Agencia Internacional de Pesquisa
sobre o Câncer (IARC) da OMS
considera a sílica livre cristalina
inalada, sob forma de quartzo ou
cristobalita, como um cancerígeno
humano pulmonar (Grupo 1).
29
Onde pode ocorrer exposicão?
Poeira de sílica é desprendida de muitas
operações, por exemplo:




cortar, serrar, polir, moer, esmagar;
qualquer outra forma de subdivisão de
materiais como areia, rochas, certos
minérios ou concreto;
jato de areia;
transferência ou manejo de certos materiais
em forma de pó.
30
Onde pode ocorrer exposicão ?












Minas e pedreiras,
fundições,
fabricação de abrasivos,
fábricas de vidro e cerâmica (objetos e louças de
cerâmica, porcelana, esmaltados),
construção,
trabalhos de manutenção,
limpeza e remoção de pintura de cascos de navios,
prédios,
pontes e outras superfícies metálicas,
trabalho em monumentos de pedra,
gravura em vidro e
trabalhos similares, entre muitos outros.
31
Onde pode ocorrer exposicão ?
As poeiras respiráveis são
freqüentemente invisíveis a olho nu e
são tão leves que podem permanecer
no ar por períodos de tempo muito
longos.

Estas poeiras podem também
atravessar grandes distâncias, em
suspensão no ar, e afetar trabalhadores
que aparentemente não correm risco.

32
A Silicose

É uma doença pulmonar crônica e incurável,
com uma evolução progressiva e irreversível;
nos estágios avançados é incapacitante e
frequentemente fatal.

É causada pela inalação de poeiras contendo
partículas finas de sílica livre cristalina.

O risco da silicose depende da quantidade de
sílica livre e cristalina inalada e depositada na
região dos bronquíolos respiratórios e
alvéolos pulmonares.
33
Sintomas

Na fase inicial não há sintomas, sendo a
doença identificada somente através da
radiografia de tórax.
Entretanto,

A medida que a silicose progride e
compromete extensas áreas dos pulmões,
aparecem sintomas tais como dispnéia (falta
de ar) e tosse.
34
Fatores de risco

Concentração atmosférica da fração
“respirável” de poeira;

Teor de sílica livre cristalina;

Tempo de exposição do trabalhador;

Freqüência respiratória (que depende do
esforço físico realizado);

Suscetibilidade individual.
35
Como se pode prevenir a silicose?

No inicio do século XX, Alice Hamilton,
grande pioneira da medicina e higiene
ocupacional, realizou estudos importantes
sobre a silicose nos EUA, e disse:

“...obviamente, a maneira de atacar a
silicose é prevenir a formação e a
disseminação da poeira...”
36
Medidas Básicas de Prevenção à
Poeira
Prevenção

Deve-se considerar estágio de planejamento
das instalações e processos de trabalho, ou
seja, com a antecipação dos riscos.

O local de trabalho e as atividades desenvolvidas
devem ser planejados de modo que a exposição à
sílica livre cristalina seja evitada ou mantida a um
mínimo aceitável.

As mesmas considerações devem ser aplicadas
na introdução de novos processos ou nas
modificações dos antigos.
38
A silicose é prevenida evitando a exposição e
inalação de poeiras finas contendo
sílica livre cristalina.

Isto pode ser alcançado através de medidas
que visem:
 evitar o uso de materiais que contenham
sílica livre cristalina,
 prevenir
ou reduzir a formação e
disseminação de poeira no local de
trabalho, ou,
 evitar que os trabalhadores
inalem a
poeira.
39
Medidas de Prevenção e Controle

Prevenção primária deve seguir a seguinte
hierarquia de controles:
 na
fonte
 na trajetória de transmissão
 no trabalhador

Deve ser lembrado que práticas de trabalho
adequadas e seguras contribuem, ou são mesmo
indispensáveis, para qualquer ação preventiva.
40
Ordem de Prioridade

Eliminar a exposição não usando sílica ou
usando-a nas menores quantidades possíveis e
de forma que ninguém se exponha;

Quando não se pode eliminar completamente a
exposição á sílica livre cristalina, então
controlar ou minimizar a emissão de poeira para
o ar;

Se não for possível controlar a exposição à
sílica livre cristalina por qualquer método,
então fornecer equipamentos de proteção
respiratória para os trabalhadores e outras
pessoas que necessitem circular pela área, se
necessário.
41
Controle na fonte

O processo de produção

O material contendo sílica como
constituinte tóxico

As práticas de trabalho
42
Controle na fonte

O processo de produção deve ser modificado
aplicando-se métodos que gerem menos poeira.

É necessário avaliar todos os efeitos da
mudança, levando em conta outros riscos
introduzidos com a modificação, efeitos no
desempenho do produto e, particularmente,
efeitos à saúde.

Devem ser estudadas maneiras de reduzir a
geração de poeira.
43
Controle na fonte

Métodos úmidos são conhecidos por
causarem menos exposição à poeira que os
métodos secos.

Nos processos de britagem e perfuração é
mais eficiente manter a poeira úmida no ponto
de geração do que tentar capturar a poeira
liberada ao ar do ambiente.

É necessário planejar o tratamento e o
descarte adequado de todo o efluente líquido
contaminado segundo as normas ambientais.
44
Enclausuramento e Ventilação

O enclausuramento consiste na colocação de
uma barreira física entre a poeira contendo
sílica e o trabalhador, por exemplo, isolando o
processo como em uma caixa.

Nas operações de manutenção e limpeza os
trabalhadores designados para essa tarefa
deverão portar equipamentos de proteção
individual (EPI).

Paradas não planejadas, que obriguem os
trabalhadores a abrirem o enclausuramento,
devem ser previstas.
45
Enclausuramento e Ventilação

Ventilação local exaustora é a remoção dos
contaminantes do ambiente, próximo de sua fonte de
geração ou liberação, antes que possam se espalhar e
alcançar a zona respiratória do trabalhador.

É necessário garantir que o fluxo de ar seja suficiente e
seu sentido apropriado, particularmente onde o
processo gera movimentação do ar.

O projeto dos sistemas de ventilação deve levar em
conta a necessidade de limpeza, o que pode envolver a
exposição do pessoal de manutenção, e o desgaste
devido ao efeito abrasivo da poeira.
46
Enclausuramento e Ventilação

É essencial que se garanta um programa continuado e
eficaz de inspeção e manutenção para que os sistemas
de ventilação continuem a trabalhar como planejado e
que trabalhadores sejam adequadamente informados e
treinados sobre seu uso.

É necessário garantir que a ventilação não arraste o ar
contaminado para trabalhadores mais distantes da
fonte e que a poeira contendo sílica não seja
descarregada para o ambiente geral pelo sistema de
exaustão.

Os dispositivos de exaustão não devem permitir a
descarga de poeira contendo sílica para o ambiente
externo ou sua recirculação para o local de trabalho.
47
Práticas de Trabalho

O cuidado na transferência de materiais, a velocidade de
trabalho e a postura corporal do trabalhador para
execução de sua tarefa.

A limpeza utilizando vassoura e ar comprimido devem
ser proibidas.

As refeições devem ser realizadas em área restrita e
especialmente designada para essa finalidade.

Cuidados pessoais, como lavar mãos, rosto e cabelos,
antes de comer e após o trabalho são medidas
importantes sempre que há contaminação por poeira.

Os trabalhadores devem ser adequadamente informados
sobre os riscos da exposição à poeira contendo sílica,
as medidas de controle e os resultados do
48
monitoramento da exposição.
Medidas Pessoais

todas as tentativas devem ser feitas para evitar ou
minimizar a exposição por outros métodos antes de
recorrer ao equipamento de proteção individual

a poeira não controlada pode se espalhar e afetar
trabalhadores que estão distantes da tarefa e por isso
não usam o proteção respiratória

o equipamento de proteção respiratória (EPR) é falível,
e pode não dar a suposta proteção, além de não
oferecer nenhuma proteção ambiental.

EPR deve ser limpo diariamente e conservado em boas
condições de uso para permanecer eficaz, o que
freqüentemente faz dele uma opção cara. Manutenção
deficiente torna qualquer EPR ineficaz.
49
Medidas Pessoais

Há algumas operações, como limpeza e manutenção,
onde o EPR é a única medida de controle possível;

Equipamento deve ser selecionado por pessoal
treinado, levando em conta o tipo de poeira a que o
trabalhador está exposto, a proteção do respirador, a
natureza do trabalho, a exposição esperada e as
características faciais do usuário;

Trabalhadores, supervisores e pessoal de manutenção
devem ser treinados adequadamente no uso,
manutenção e limitações do EPR;

As tarefas para as quais o EPR é prescrito devem ser
periodicamente reavaliadas para se verificar se outras
medidas de controle se tornaram aplicáveis.
50
Medidas Pessoais

As roupas dos trabalhadores não devem
permitir o acúmulo de poeira; bolsos e
recorte devem ser evitados.

A lavagem de roupas contaminadas com
poeira contendo sílica deve ser feita de
maneira segura, sob condições controladas,
nunca na casa dos trabalhadores para não
expor os familiares ao risco da exposição
indireta à sílica livre cristalina.
51
Vigilância em Saúde

É essencial, entretanto, deve ser lembrado
que somente pode detectar precocemente,
mas não prevenir primariamente a silicose.
52
Diagnostico Precoce

A detecção precoce da silicose, embora útil,
não pode ser considerada como um
instrumento de prevenção primaria.
 As
ações preventivas devem ser
tomadas antes que ocorram tais
alterações, ou melhor, antes que ocorra
exposição à poeira.
53
Detecção



É a administração de uma prova ou uma
série de provas - análises de laboratório,
reconhecimentos médicos e questionários a fim de detectar disfunções orgânicas ou
enfermidades em um momento em que a
intervenção seria benéfica.
Resultado positivo pode indicar a presença
de uma doença ou uma elevada
probabilidade de doença.
Detecta a doença em sua fase “pré-clinica”
54
Vigilância

É o “exame contínuo da distribuição e
das tendências da incidência da
doença mediante a coleta, a
consolidação e avaliação sistemática
de informações de morbidade e
mortalidade e outros dados
pertinentes”assim como a difusão
oportuna de dados a todos que
necessitam conhecê-los.
55
Programa de Vigilância
Objetivos





Seguir as tendências da incidência das
doenças nos locais de trabalho, ao longo do
tempo e entre zonas geográficas;
definir a magnitude absoluta ou relativa de
um problema;
descobrir novos perigos, fatores de riscos
ou populações em risco;
efetuar intervenções com um objetivo;
avaliar as atividades de prevenção e
intervenção
56
Download

I Seminário Segurança do Trabalho e o Setor de